Sei, agora que, não tenho a melhor vida que alguém pode ter. Minha família é rica, mas isso não quer dizer que temos tudo, somos presentes, mas não felizes e é isso oque os fantasmas queriam me mostrar. Quando perdemos o laço que nos unia, tudo começou a cair, mesmo que isso fosse algo silencioso, conseguia ruir aos poucos oque levamos anos para destruir.

Agora vejo, vejo porque os fantasmas abriram meus olhos. Não bastava apenas eu gostar do natal, e sim ajudar a minha família sair das cinzas. Sei que sozinho, não vou conseguir, mas também não vou desistir. Tia Emily iria querer que eu desistisse? Não, ela prezava o bem dessa família e não ficaria contente se soubesse que nós mesmo estamos a destruindo.

Então, decido fazer um jantar para todos. Acho que esse é o melhor jeito de reunir a família. Sem conversas separadas, todos juntos. Agora ninguém está em casa, só eu e isso me dá todo o tempo de preparar oque é necessário.

Quando minha mãe chega, eu conto tudo oque estou planejando. Ela não hesita em nenhum segundo e quando termino, aceita logo.

Ocupamos nossa tarde comprando o necessário para o jantar. Durante todo o trajeto minha mãe não parava de falar, mas isso não me perturbava, ficava feliz em vê-lá tão empolgada e me ajudando com tudo. Depois da Tia Emily, minha mãe era o suporte do laço e quando ela morreu, minha mãe conseguiu sustentá-lo pelo maior tempo, mas uma hora cansa e isso significava o buraco que estávamos nos afundando. Nós finalmente vamos conseguir reunir esse laço de novo, do jeito que Tia Emily iria querer e não vou deixar ela decepcionada, não dessa vez. Meu pai e meu irmão ainda não sabem oque vamos fazer, minha mãe pediu para que eu não contasse.

***

O jantar está marcado para às 21h e agora são 19h. Hoje é o dia em que Joe volta para casa, depois de todo o seu acidente, ele passou alguns dias na casa do Sr. Monanza, acho que ele fez um bom trabalho com meu irmão, apesar de ser doido.

Minha mãe me pediu que eu o buscasse. Pedi que Damian preparasse os cavalos para partimos e quando estava tudo pronto ele me chamou.

– Onde vamos, senhor? - Pergunta ele

– Na casa do Sr. Monanza buscar Joe. Creio que agora ele já está complemente recuperado. Vamos? - Ele acena com a cabeça e eu entro na carruagem.

As ruas estão cheias agora, como o natal e o ano novo passou, as pessoas voltaram para suas casas e agora Hillios voltou a ser oque era.

A lua brilha alto, mas ainda há alguma claridade do sol que acabou de se pôr. Passo pelo parque onde o primeiro e o último fantasma me encontraram, pelo banco onde agora está as mais remotas lembranças. O lago com os peixes e o parque com o verde. Passo pelo bairro onde Salomon me levou e agora, concordo com oque ele disse à mim, aquelas pessoas são mais felizes do que eu.

Quando chegamos, a casa de Adam, ela está toda iluminada. Peço para que Damian me espere como fiz da última vez e sigo em direção a porta. Espero, até que Adam aparece para abrir a porta.

– Ora ora, Sr. Jones. Que prazer em recebê-lo. Entre, por favor!

Desde a última vez que vim aqui, sua casa não mudou em nenhum aspecto.

– Sente-se, chamarei seu irmão. - Assim ele sai cômodo afora e quando volta, traz consigo aquele Joe que, antes das drogas, era saudável, bonito.

Quando ele me vê, aparece um grande sorriso em seu rosto e ele corre em minha direção, para me abraçar, faz tem que isso não acontecia.

– Joe, que saudade meu irmão! - Digo retribuindo o abraço, agora sorrindo também.

– Eu é quem o diga! Que semanas horríveis passei aqui. Sem ofensas Adam. - Diz ele rapidamente. - Fico feliz em revê-lo.

– Igualmente.

– Sentem-se, rapazes. Vou pedir a Beth que sirva um chá para nós. - Diz o Sr. Monanza

– Não, obrigado Sr. Monanza, mas agora Joe e eu temos de ir à um compromisso de família. - Assim, agradecemos ao Sr. Monanza por tudo oque ele vez por Joe e nos despedimos voltando para a carruagem. Joe acena para Damian e ele nos leva de volta para casa.

Quando chegamos, temos a sorte de chegar junto com nosso pai, então a surpresa será com os dois juntos. Entramos em casa e peço para que eles esperem e vou até a sala de jantar. Fico mais surpreso do que devia estar, está tudo tão lindo e preparado.

– Mãe, eles chegaram.

– Ótimo, pode mandá-los entrar.

– E a propósito, bom trabalho. - Sorrio

– Obrigada. - Ela não está apenas alegre, está radiante.

Volto até a sala e os chamo. Quando eles entram na sala de jantar, sua surpresa foi imediatamente igual a minha. Meu pai correu para abraçar minha mãe por ela ter feito tudo isso, assim como Joe.

– Isso foi ideia de Jay, não minha.

– Que isso, foi nossa ideia.

O jantar foi o mais agradável que tive em toda minha vida. E posso dizer que isso reuniu minha família de um jeito que antes não conseguiria.

***

Após o jantar, subo para meu quarto dormir. Repasso toda a semana anterior em minha mente e agora tudo não passa de uma grande história. Acham que agora que eu gosto do natal, os fantasmas pararam de me visitar? Sim? Pois, a resposta é não. Não que isso seja um incômodo, pois não é, eles só queriam me dar uma última visita.

– Jay Jones? - Aquela voz da qual eu ouvi quando estava sozinho em casa, retorna, e dessa vez, não é o medo que me preenche e sim a gratidão por eles terem me salvado.

– Sim?

– Acho que conseguimos mudar suas idéias, não? - Agora é Salomon quem se pronúncia.

– Sim, mudaram e oque eu tenho é só agradecer pelo oque fizeram.

– Ficamos satisfeitos em ver isso. - Diz o terceiro fantasma agora.

– Aliás, quero agradecer. Se não fosse por vocês três, minha família não estaria reunida agora, desde a morte de minha Tia Emily, nunca os vi tão felizes assim antes, então, muito obrigado.

– Esperamos que a partir desse dia nossa lição não saia de sua mente, lembrem-se, se você esquecer vamos acabar voltando.

– Não se preocupe, não esquecerei e muito obrigado novamente. - E assim eles partem me deixando sozinho em meu quarto. - Obrigado. - repito e vou dormir.