12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 72
Capítulo 70


Notas iniciais do capítulo

Presente para vocês, capítulo bem grande!! ESPERO que gostem 😘



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/465962/chapter/72

– Por favor! - aperta a mão dele, fechando os olhos em seguida.

Vitor se retira do quarto chorando e vai à procura de Ricardo.

– O que houve? - se levanta da mesa.

– Nada... Só não gosto de vê-la daquela maneira.

– Entendo... Sente-se.- aponta.

– Preciso falar com você...- senta.

– Sim...- senta-se também.

– Ricardo, Paula não quer ficar aqui...

– Vitor, infelizmente...

– E eu vou tirá-la. - o interrompe.

– Sem minha autorização?

– Mas, você vai autorizar! Entenda Ricardo... Paula está sofrendo aqui, se ela for para casa, ver Vitória eu sei que ela ficará bem!

– Paula precisa de repouso absoluto.

– Interne ela em casa! Contrato a equipe médica para atendê-la...

– Vitor...- pensa. Isso é inviável...

– Não! Se você quiser que ela fique bem, precisa me ajudar. Ela não vai se recuperar nunca aqui!

– Ao menos mais duas noites.

– Não! Uma noite... Apenas essa noite e amanhã, pela manhã, a levarei. - se levanta.

– Não Vitor... Não dá.

– Dá sim! Se você não autorizar, a levo do mesmo jeito. Contrato outro médico!

– Acalme-se...

– Quero minha esposa bem! Você entende isso...- chora. Por favor, me ajude! - implora.

– Tudo bem... Isso é uma maluquice, mas eu vou permitir.

– Quero que você a cuide em casa.

– Mandarei uma enfermeira chefe, muito experiente, para dormir lá e observá-las pelos próximos dias. Irei todos os dias vê-la...

– Ótimo! Acertaremos o valor depois, ok? Não trouxe nada aqui...

– Tudo bem, sem problemas.

– Uma ambulância precisará levá-la?

– Não... Um carro mesmo.

– Ok... Amanhã, de manhã, estará um aqui. Posso dizer a ela?

– Claro...

– Muito obrigado, Ricardo...

– Não precisa agradecer! Espero estar fazendo o melhor...

– Estará! - apertam as mãos.

– Ela está acordada?

– Sim... Estou indo lá. Até mais...- sai.

Vitor retorna para o quarto e uma enfermeira está ajudando Paula a se sentar.

– Obrigado...

– Se precisar de mais alguma coisa, me chame... Com licença. - sorri ao ver Vitor.

– Toda...- segura a porta para que ela passe, fechando em seguida. Tenho uma novidade...- caminha até a Paula.

– Eu também tenho.

– Tem? Então me diga a sua primeiro...- segura a mão dela.

– Não quero ter mais filhos! Farei uma cirurgia para não ter...

– Paula...- se desaponta. Falaremos disso depois. Antes, vamos nos recuperar!

– Vitor...

– Pulinha...- arruma o travesseiro atrás dela. Amanhã de manhã você vai para casa!

– Você conseguiu? - o olha.

– Sim!

– Quero ficar perto de Vitória.

– Amanhã...

– Minha mãe...

– Ela está aí fora... Sairei para que ela entre.

– Não...- aperta a mão dele. Fique aqui...

– Ela quer te ver... Cintia, Leo, minha mãe, a Tati... Estão todos aí.

– Sabem que nosso filho...

– Sabem. Só eu fui o último a saber mesmo...- se levanta.

– Vitor, você entende o que fiz?

– Não tem como entender...- a encara. Enfim...- respira fundo. Vou deixar sua mãe entrar...- vai até ela. E já volto aqui...- a beija.

– Vou passar a noite aqui...

– Ficarei com você. Já volto...- sai.

Vitor vai até a sala de espera. Dulce se levanta do sofá aguardando alguma informação dele.

– Entre para vê-la...

– Como ela está?

– Como alguém que acaba de perder um filho!

– Eu...- entrega a bolsa para Cintia. Eu vou lá...- se retira chorando.

– Por que foi tão mal educado assim? - Marisa questiona o filho.

– Perdi um filho que fui o último a saber que existia! - olha para Cintia. Você também sabia?

– Vitor....

– Já! - sorri ironicamente. É claro que você sabia. Para que eu servi? Só para fazer? - chora. Porque para cuidar dele eu não servia...- se retira da sala.

– Eu vou falar com ele! - Leo sai. Vitor! - o chama.

– Não grite... Está em um hospital!

– Não estou gritando...- se aproxima. Apenas te chamei! Entendo que esteja passando por um momento difícil, mas ninguém tem culpa... Tente se acalmar!

– Você tem razão... É que está me machucando tanto não ter descoberto antes! - chora. Não consigo entender o porquê Paula fez isso! - olha para o irmão.

– Vitor...- o leva até umas cadeiras. Conversamos entre nós quando você saiu...- o encara. Paula descobriu a gravidez há pouco tempo, uma gravidez que vocês deveriam ter evitado por um tempo, para segurança dela e do bebê. Mas, ela não poderia saber que isso era tão grave... Ela teve um problema no nascimento de Vitória, que achou melhor resolver sem te preocupar. Todo esse tempo ela pensou em você! Sei que é difícil associar isso, mas é essa a verdade. Na cabeça dela não te contar antes era uma forma de te proteger de uma dor maior caso o fim fosse esse.

– Eu... Dói tanto! - abraça o irmão.

– Ô meu irmão... Eu posso imaginar e ainda será pouco. Mas, eu acredito na força de vocês! Acredito no seu amor pela Paula, pela Vitória... Você precisa ser forte! Imagine para a Paula que já sabia? Que estava sonhando em lhe contar isso... Sonhando com o bebê. Pense no sofrimento dela todo esse tempo e principalmente agora! Não a julgue por não ter te contado antes...

– Estou muito confuso!

– Não te ficar...- o afasta, encarando. Você precisa é ser forte! Engole essa sua dor e vá cuidar da dor da Paula.

– Eu estou tentando...

– Você vai conseguir! - o balança.

Vitor força sorriso desanimado, agradecido pela força do irmão. Sabia que o que deveria fazer era realmente engolir sua dor e ajudar Paula a se recuperar... A irreconhecia naquele estado, a irreconhecia nos últimos meses sempre que ficava distante, que se negava a algo. Entende que a dor dela já havia começado há muito tempo... Retornam para sala e Vitor se desculpa com Cintia. Assim que Dulce retorna, faz o mesmo...

– Está tudo bem...

– Não Dulce! Não tinha direito algum de ter sido mal educado com você... Me perdoa. - a abraça.

– Nós precisamos estar juntos nesse momento...

– Estaremos! Paula lhe contou que amanhã irá para casa?

– Contou... Estou indo para lá organizar tudo.

– Muito obrigado...

– Você deveria ir Vitor... Tomar um banho, descansar.

– Não... Está tudo bem. Ficarei aqui...

– Não vai adiantar falar nada, você vai querer ficar mesmo... Então vou indo! - pega a bolsa com Cintia.

– Sim...

– Também vou... Com licença. - saem.

– Vitor...- se aproxima. Paula receberá alta amanhã?

– Não, mãe... Amanhã ela vai ser internada em casa.

– Em casa?

– Ela quem pediu... Tati...- vai até a cunhada. Você pode ajudar Diva com Vitória? Leve as crianças para lá hoje... Assim Vitória se distrai!

– Farei isso!

– Obrigado...- sorri. Leo, vá para minha casa também e use o estúdio de lá para terminar o disco! Eu ia fazer isso nessa próxima madrugada, mas não vai dar... Faça isso você. Aproveite e organize para mim um carro para levar Paula amanhã...

– Pode ser o meu...

– Não... Não se preocupe! A fazenda está precisando de mais um carro... Compre um para mim, meus documentos estão todos em casa. Ligarei na concessionaria avisando que você irá.

– Tá bem...

– Mãe...

– Diga Vitor...

– Quero que a senhora fique aqui comigo.

– Vou ficar...- sorri.

– Preciso fazer uma ligação... Já volto...- sai cabisbaixo.

Vitor se dirige até a recepção, pede para usar o aparelho telefônico.

– Obrigado...- pega e vai até um canto privado. Diva?

– Vitor?

– Eu mesmo...

– Vitor! O que houve? Como está Paula?

– Está bem...- enche os olhos de lágrimas. Diva... Meu bebê morreu.

– Ai meu Deus! Paula estava grávida...

– Estava....- chora.

– Eu sinto tanto meu filho... Sei bem como é essa dor!

– Sabe...?

– Outro momento conversaremos... Me diga como está Paula?

– Ah Diva... Sofrendo! Sofrendo daquele jeito dela...

– Calado...- se entristece.

– Exatamente!

– Sinto muito Vitor... Mas acredito na força de vocês! Tem uma pequena aqui aguardando os pais... E tem muito mais vida pela frente, para que vocês possam ter mais filhos.

– É Diva... Não sei muito bem. Paula disse que fará uma cirurgia para não ter mais filhos...

– É o momento. Mas, conversaremos com ela...

– Vou respeitar qualquer decisão dela...

– Ela não quer isso!

– Diva... Quero te pedir um favor.

– Diga...

– Vá até o meu quarto e busque por uma agenda que guardo na primeira gaveta do cômodo ao lado da cama.

– Ok... Estou indo.

– Preciso que procure lá o nome de...

– Quer esperar!? - o interrompe. Cheguei aqui...

– Desculpa...

– Tá... Achei! Uma preta?

– Ela mesma.

– O que quer que eu faça?

– Procure o nome do pai da Paula, o Osvaldo.

– Tá... Osvaldo, Osvaldo...- folheia. Achei!

– Diga para mim...

– 3897 7436

– Ok...

– Só isso!?

– Só... Como está Vitória?

– Inquieta! Parece que sabe...

– Meu Deus... Tati irá para fazenda mais tarde e amanhã Paula já irá para casa, será internada aí.

– Dulce me ligou avisando...

– Prepare tudo junto dela, inclusive um quarto para uma enfermeira que irá dormir aí.

– Farei isso...

– Obrigado Diva, por tudo!

– Não agradeça. Tenha força Vitor... Muita força!

– Estou buscando... Vou desligar, que estou pelo telefone do hospital. Mandarei notícias...

– Fique com Deus!

– Amém! Cuida da minha menininha, Diva...

– Estou fazendo isso.

– Obrigado... Beijos! - desliga.

Vitor disca o número de Osvaldo e é atendido na quarta chamada.

– Alô!

– Osvaldo? Aqui quem fala é Vitor...

– Ele mesmo. Oi, Vitor...

– Lembra-se da nossa conversa?

– Lembro... Estava aguardando.

– Daqui alguns dias o senhor vem!

– Mas eu nem...

– Não se preocupe! Cuidarei de tudo... Só preciso mesmo que o senhor venha.

– Tudo bem... É na sua casa?

– É... Paula estará lá com Vitória.

– E ela sabe?

– Ainda não... Mas, fará bem a ela.

– Por que? Houve algo...?

– Houve... Nós acabamos de perder um filho.

– A Vitória...

– Não! O outro filho... Ela estava grávida novamente, mas o bebê não resistiu a alguns problemas.

– Ah... Tem certeza que ela não ficará mal?

– Tenho... Se o senhor fizer tudo direitinho!

– É só me dizer o que é para fazer...

Vitor explica para Osvaldo o que fará. Diz a ele tudo o que ele tem que fazer, para que não acabe ferindo mais ainda a Paula.

– Farei... E... Ela está bem?

– Bem...? Não sei o que é bem nesse momento. Talvez bem fisicamente, mas emocionalmente não...

– Compreendo...

– Por isso o Sr. não pode fazer nada de errado!

– Eu sei... Sinto muito pelo ocorrido.

– É... Osvaldo, preciso desligar. Amanhã mesmo o senhor vem... Irão te buscar!

– Estarei aguardando...

– Tenha um bom dia e até amanhã...

– Desejo que fique tudo bem com a minha filha...

– Ela ficará muito feliz de ouvir isso do Sr.!

– Até mais...- desliga.

Levanta-se olhando para o telefone e pensando se sairá tudo realmente como planejado. Entraga-o novamente para a recepção e retorna para a sala em que estavam.

– Onde estava?

– Fui fazer umas ligações... Eu avisei.

– É que demorou...

– Mãe, preciso da sua ajuda...

Explica para a ela sobre o pai de Paula. Marisa irá providenciar tudo...

– Fique tranquilo... Resolverei isso.

– Agradeço...- a abraça.

– Meu filho...- o acaricia.

– Queria que tudo isso acabasse logo! - chora novamente.

– Vitor...- o puxa para olhar. Força!

– Estou tentando... Juro!

– Você vai conseguir! Precisamos ir até o quarto de Paula... Ela está sozinha.

– Está bem... Vamos! - enxuga as lágrimas.

– Você precisava de um banho...

– Sim... Mas, depois eu tomo. Vamos lá...- pega na mão dela e saem.

Seguem para o quarto. Ao chegarem uma enfermeira aplica um medicamento em Paula, que se segura para não chorar de dor.

– Algum problema? - corre até ela.

– Não...- respira fundo. Está doendo um pouco...

– Vai ficar tudo bem...- segura a mão dela, sentando na cama. Já se alimentou?

– Não... Não estou com muita fome.

– Mas, você precisa... Vitória amanhã não te dará sossego! - sorri.

– Você telefonou para casa? - sorri.

– Sim! Estão preparando tudo para sua chegada...

– Ficarei assim lá?

– Sim, meu amor... É preciso. Ricardo irá te ver todos os dias e uma enfermeira ficará conosco...

– Quantos dias ficarei assim?

– No máximo dois...- Ricardo chega. Olá...- para na beirada da cama. Vim conversar...

– Que bom... Me expliquem o que houve.

Ricardo e Paula se entreolham...

– Vitor...- puxa uma cadeira, sentando-se. Paula estava grávida de algumas semanas, tendo um problema chamado de istmo-cervical, um tipo de fragilidade no colo útero que ela desenvolveu desde o nascimento de Vitória. Pedi que em pelo menos um ano ela não engravidasse, par que pudéssemos pesquisar a fundo a gravidade do problema. Mas, aconteceu... Até então não era um grande risco, mas requeria muitos cuidados e tivemos. A hipótese do aborto já existia, mesmo que distante... Paula preferiu não lhe contar nada porque não queria te preocupar e resolver o problema para que pudesse contar depois, quando tivéssemos um controle maior. Já estava tudo certo... A consulta era hoje e você viria para saber, mas a vida deu suas próprias voltas! Paula chegou aqui e já havia acontecido... Como a expulsão não ocorreu por completo, fizemos um processo que chama curetagem, para eliminar qualquer sujeira e evitar infecções. Logo depois já fizemos a cirurgia de fechamento do colo do útero, chamada cerclagem.

– E... Isso significa o que?

– Que resolvemos o mal...

– Agora? Depois do que houve? - se levanta da cama.

– Você precisa entender que isso não decorreu apenas desse problema. Paula é uma pessoa frágil, que enfrentaria uma gravidez de risco da mesma maneira. O aborto poderia acontecer independente do problema... Isso só veio a somar e enquanto grávida nem tivemos tempo de soluciná-lo pelo meio cirúrgico.

– Deixe Ricardo... Ele deve estar pensando que foi culpa minha! - olha para Vitor.

– Não! - se aproxima. Não foi... Me perdoa! Eu não quis dizer nada disso...

– Te conheço o bastante para perceber que você não me perdoou por não ter te contado. Só peço, pela primeira vez, que pense um pouco na dor que foi para mim... Na dor que está sendo! Pense na minha dor por ter imaginado esse filho, por ter sorrido por ele, planejado mil coisas para você saber...- enche os olhos de lágrimas. Pense na minha dor de mãe! De mãe que amou essa criança desde o minuto que soube que ela estava aqui... Imaginei todo esse tempo como te contar. Como te deixar feliz com a ideia... Mas, nem sempre a vida nos permite só sorrir! - chora.

– Paula eu não... Eu não quis dizer nada daquilo! Não é nada do que você está pensando...

– Por favor...- Marisa vem até deles. Vocês precisam estar juntos nesse momento...

– Muito juntos! - Ricardo os observa. Vocês precisam ver o quanto são ainda jovens, sadios, o quanto ainda podem viver e trazer ao mundo tantas outras crianças...

– Quero ficar sozinha! - limpa o rosto com as mãos e encara a porta. Por favor, me deixem sozinha.

– Não Paula! Eu vou ficar aqui...

– Você não vai. Volte para casa e fique com Vitória... Será mais útil do que aqui.

– Vitor...- Marisa segura o filho. Vamos deixá-la... Ela precisa de um momento só.

– Paula...- se levanta.

– Ricardo, quantos dias terei que ficar assim? Não aguento mais!

– Mais dois dias e depois liberamos você para fazer coisas simples. Mas, qualquer outro tipo de coisa, como exercícios, relações sexuais só depois de longos quinze dias de descanso e boa recuperação.

– Preciso tomar esses medicamentos ainda?

– Sim... Só para não ter mais dores. Daqui dois dias você também para de tomá-los! Paula e Vitor...- olha para os dois. Eu e Carolina já perdemos um filho, no parto... Eram gêmeos...- sorri. Um casal... Estava tudo pronto, o quarto, as roupinhas, nossa casa estava decorada com o nome dos dois...- ri se recordando. Bento e Julia... Eu acompanhei o parto, ao lado de Carolina, todos os minutos... Eu ouvi meus filhos chorarem, eu os vi! Eu vi Julia nascer primeiro e vi Bento vir depois... Mas, ele não resistiu. Foram aproximadamente uma hora de sofrimento... Meu filho ali e eu médico sem poder fazer nada. O amei. Amei do segundo que soube que ele existia e amo até hoje! Carolina o viu, o que acredito ter sido mais difícil para ela, não poder fazer nada pelo filho! Não poder cuidá-lo. - enche os olhos de lágrimas. Ainda havia Julia! Precisávamos ser fortes por ela. Tínhamos uma filha, que jamais poderia ser colocada na posição de consolo pelo irmão. Uma filha que precisava ser amada puramente e hoje sinto orgulho por termos conseguido. Nosso casamento ficou abalado até podermos nos recuperar... Mas, se não tivéssemos juntos, um entendendo a atitude do outro, eu... Eu não estaria aqui! - engole seco. Enfim... Se amem mais ainda, se respeitem mais ainda, estejam mais juntos do que nunca! - olha pra eles. Agora preciso ir...- sorri.

– Sentimos muito pelo Bento...

– Sei que meu filho está no lugar certo! Ele é um anjo... Sei que a coisa certa aconteceu, mesmo que de um jeito tão dolorido. Deus sabe o que faz...

– Sim!

– Paula...- se vira para ela. A enfermeira está lhe tratando bem?

– Muito. É um amor...

– Ela quem ficará com você esses dias, não se preocupem que é de minha confiança.

– Ricardo... Muito obrigado por tudo.

– Não precisam agradecer...- sorri. Agora vou indo... Qualquer coisa me chamem!

– Você ainda quer...

– Quero...- não o olha.

– Tá... - entristece.

– Vamos...- Marisa e o leva e saem os três da sala.

– Vitor...- ao fechar a porta Ricardo o chama. Aprendi a amar muito mais minha mulher depois desse ocorrido!

– Eu imagino...

– Não a julgue por não ter contado, ela queria que sua dor fosse menor...

– Como se isso fosse possível! Mas, eu entendo... Teria feito o mesmo.

– Vou pedir que Carolina venha falar com ela...

– Por favor...

– Agora vou indo, minha filha está com febre! Preciso vê-la... Logo estarei de volta.

– Melhoras para a Julia...

– Obrigado. - sai.

– Mãe...- olha para ela.

– Vai ficar tudo bem...- sorri.

O resto do dia passa e Vitor sempre a porta do quarto de Paula. Carolina conversa com ela pela noite e logo na manhã seguinte ela retorna para casa. Ricardo cumpre ao prometido, indo vê-la pelos dois dias restantes de recuperação, que parecem se estender para ela. Vitória não quer sair de perto da mãe, o que se torna um bálsamo para alma de Paula. Vitor retorna aos palcos e os fãs descobrem o ocorrido por uma nota emitida pelas duas assessorias, assegurando o bem físico de Paula e avisando pelos shows cancelados até a recuperação. Passam-se mais dez dias e Vitor tem tentado retornar todos os dias para casa, mesmo que ele e Paula mal conversem... Olhar para ela todas as madrugadas chorando, lhe doía muito, o fazendo ficar sem saber como agir.

– O que está fazendo aí...? - abre a cortina da varanda. Está frio, Paula... Venha se deitar.

– Está tudo bem...- olha o céu.

– Vitória quase acordou...

– Sim! - limpa o rosto ao vê-lo se aproximar.

– Pulinha...- abaixa-se. Estou aqui...- olha nos olhos dela.

– Eu sei...- chora. Queria nosso filho também...- o abraça.

– Paula! - a aperta. Lembre-se do que Ricardo falou... Nosso filho também é um anjo. Deus o quis como um anjo...

– Por que o nosso? - chora inconsolavelmente.

– Porque ele foi feito com amor! Entenderemos todas as dúvidas com o tempo... Você precisa reviver, Paula! Por favor...

– Eu...- chora.

Vitor a leva para cama, segurando sua mão até que pudesse dormir, mesmo que fosse com a ajuda de remédios. Paula tem tomado medicamentos para conseguir dormir, o que acaba lhe fazendo trocar o dia pela noite, ficando todo o tempo praticamente deitada. Mais dois dias se vão e Vitor retorna para a estrada, mas dessa vez já não retorna para a casa, nem quando tem folgas.

– Você vai ficar onde?

– Vou trabalhar. Vou ficar aqui no estúdio...

– Vitor... Paula e Vitória precisam de você.

– Não me faça me sentir culpado. É que tenho me sentido um inútil lá... Não consigo fazer nada para trazer Paula para vida! Ela passa o dia inteiro dopada, a madrugada toda chorando. Estou me desespepegando! Vitória não vai mais com ninguém, só quer ficar com a mãe. A casa está escura, sem vida... Eu não tenho vontade de voltar para lá! - chora. De ver tudo aquilo... Eu sou tão fraco, Leo! Tão incapaz de ajudar Paula...

– Vitor...

– Sinto falta da alegria dela! Sinto falta dos nossos momentos, dos beijos...

– Você precisa ter calma...

– Eu preciso da minha esposa de volta!

Na fazenda, Paula vai até a sala e encontra Dulce lendo.

– Vitor não telefonou? - abraça-se com os próprios braços, sentindo frio.

– Paula! - olha a situação da filha. Que roupas são essas?

– Ele não telefonou?

– Vai ficar no estúdio...- vai até a filha.

– Ele não quer voltar para a casa.

– E não o tiro a razão! Olha sua situação... Com tantas camisolas, você dorme assim... E esse cabelo, Paula? - se preocupa com a filha. Vem aqui...- a leva até o sofá. Escute, minha filha... Está na hora de por um fim nesse luto! Paula, a vida continua e você sempre foi tão forte... Olhou para sua casa? - olha ao redor. Está sem flores! Está sem cor... Sem alegria. Seu marido sequer quer retornar para casa! Nós estamos sem ter o que fazer... Eu sei que dói, mas você precisa aceitar que tudo continua. Sentimos falta de você... Os cachorros nem entram mais aqui! Você é casada, Paula... Precisa cumprir com suas obrigações.

– Eu vou para o quarto...- se levanta em silêncio.

– Filha...- observa, tentando falar, mas é em vão.

Paula vai para o quarto, pensando em tudo que ouviu. Observa Vitória e estranha a filha estar dormindo tanto, coloca a mão sobre ela e percebe que a temperatura está alta. Pega a filha no colo e coloca sobre si, percebendo que realmente está com febre.

– Meu Deus, Vitória...- corre para a sala. Mãe! Mãe?

– O que foi!? - se levanta.

– Vitória está com febre! Olhe...- leva a filha.

– Eu já sabia! Mas, ela está com febre novamente?

– Sabia? Vitória está ardendo em febre e está dormindo...

– Eu dei a ela um chá e um remedinho mais cedo! - vai até a neta.

– Em que momento isso? - olha para filha.

– Enquanto você dormia sob medicamentos...- briga com ela enquanto pega a neta. Vitória! - chama a neta. Ela precisa acordar!

– Mãe! - fica nervosa. Deveriam ter me chamado!

– Chamar como? Você não acorda, ninguém consegue conversar com você! Vitória...- chacoalha a neta.

– Chame Lucy! Vou me arrumar e vamos correr para o consultório de Carolina! - vai para o quarto e Dulce vem atrás.

– Calma Paula... Lucy não veio hoje, é a folga dela.

– Chama um carro então! - retira a blusa correndo.

– Vitória! - a neta acorda chorando. Calma...

– Meu bebê! - retorna ao ouvir a filha. Vem com a mamãe... Calma. - a balança.

– Vou chamar um carro e ligar para Carolina! - sai correndo.

Paula sai pela casa pegando as coisas para a filha, Dulce retorna e pega a neta enquanto ela se arruma.

– Pronto! - vem correndo com uma bolsa. Cadê o carro?

– Está vindo ainda!

– Como vindo? Cadê os carros daqui?

– Ocupados Paula!

– Não acredito nisso! - fica furiosa indo até o telefone ligar para Vitor. Atende, atende...

Repete o processo mais cinco vezes, mas Vitor não responde. Joga o telefone no sofá e vai para fora de casa.

– DIVA? DIVA?

– OI! - grita da horta.

– Qual o número da Fazenda ao lado? - vai até ela.

– Não sei... Mas, porque?

– Preciso levar Vitória ao médico e não tem um carro sequer aqui!

– Meu Deus! - sai da horta e vão para dentro de casa.

– Vou tentar ligar para Marisa! - pega novamente o telefone.

Disca o número da sogra que logo atende. Explica a situação e pede que ela o envie algum carro para a fazenda. Marisa logo se prontifica em vir...

– Ele vai vir! - vai até Dulce. Vitória...- acaricia a filha. Ainda com febre, mãe...

– Acalme-se!

– O que será que é?

– Ela não passeia mais, vive enfurnada dentro dessa casa que anda toda fechada! Deve ter pegado alguma alergia!

– Meu Deus...- passa a mão sobre os cabelos dela. O imbecil do Vitor não atende o telefone, não sei para que ter um se não vai atender!

– Tenha paciência, Paula...

– Paciência, mãe!? Pelo amor de Deus... Deveria ter me acordado com uma bomba se fosse preciso, me avisar que ela estava com febre. - pega o telefone, discando pro Vitor que novamente não atende. Olha aí! - joga. Que nervoso que me dá!

– Paula você precisa ficar calma... Não pode se exaltar assim.

– Está tudo de pernas pro ar! Olha isso aqui...- aponta para o móvel da sala.

– Você sabe muito bem que precisa autorizar para que mexam em tudo. Apenas limparam, mas a bagunça de papeis, coisas, é você quem tem que ver! Se tiramos algo seu do lugar, sai de baixo... Essa casa é sua, você precisa organizar sua vida Paula!

– O que preciso agora é de um carro que leve minha filha até um hospital! - vai até a bolsa e pega uma mamadeira. Será que ela está com fome? O que ela comeu hoje? - vai até ela.

– Ela não quis comer!

– Como não quis comer? - pega Vitória. Não existe isso... Ela tem que comer! Tem que insistir...

– Paula... Olha bem para mim! - a encara. Quem é a mãe dessa criança? Por favor, não descarregue nada em nós! Fizemos o possível e o impossível, mas quem é mãe aqui é você!

– Aqui Vivi... Só um pouquinho meu bem...- coloca na boca dela. Vamos Vitória...- insiste. Por favor, filha... Olha só o bichinho...- mostra na mamadeira. É... O bichinho...- sorri, colocando na boca dela aos poucos. Isso... O bichinho lindinho...- brinca.

– Está vendo? Ela precisa de você... Essa casa precisa de você e de uma limpeza geral para tirar toda essa poeira que está causando alergia em Vitória.

– Como tem tanta certeza que é alergia?

– Porque ela estava espirrando o tempo todo... Paula, ela precisa passear, tomar ar fresco, sol... A casa precisa viver aberta! Fiz isso todo esse tempo, até você passar e fechar tudo! Fica difícil...

– Ok, mãe! Eu já entendi...

– Espero que tenha entendido mesmo.

Paula não responde mais, preocupada com Vitória. Vinte minutos passam e Marisa chega com o carro, mal desce e já vão todas para a cidade. Durante o caminho, a bebê passa mal, vomitando o pouco que havia comido. Marisa acelera o carro e logo chegam ao consultório...

– Olá... Boa tarde! Tenho uma consulta com a Dra. Carolina Viegas.

– Claro... Ela já está aguardando...- sorri. É a primeira porta à direita...

– Muito obrigado...- sai. Me dê ela... Carolina já está esperando, já volto! - vai até a sala da médica. Olá...- entra.

– Olá...- se levanta. Por favor, entrem... Como vão? - cumprimentam-se. A girafinha! - sorri, ao ver Vitória observando o desenho na parede. O que está havendo? - a pega no colo levando até a maca para avaliar. Mamãe está aqui... Vem aqui Paula!

Paula se aproxima de Vitória, conversando com ela enquanto Carolina a avalia.

– O que está havendo?

– Febre e no caminho vomitou o pouco que havia comido. Tem dormido bastante, mas não tem comido direito...

– Minha filha estava assim há alguns dias... Abre a boquinha Vivi...- abre a boca da bebê. Olha aí... A garganta está irritada, por isso a febre, o vômito. Ela está com dorzinha...

– Meu Deus! - pega a mão da filha, preocupada. Isso é muito grave?

– Não! É normal, Paula...- escreve a receita. Aqui está alguns remédios e a maneira de dá-los... Evite dar após refeições, porque ela vai acabar vomitando eles pela dor na garganta. Cuidem para ela não pegar algum resfriado! Ela está com irritação alérgica, por isso abra toda a casa, deixe ser o ar fresco invadir tudo!

– Ok...- pensa no que está fazendo.

– Como você está? - entrega.

–- Sendo uma péssima mãe... Uma péssima dona de casa, esposa, cantora, tudo!

– Não diga isso, Paula... Você passou por um momento difícil. Te expliquei aquele dia que realmente certas coisas ficam de lado durante um tempo...

– Fui muito fraca, Carolina...- pega a Vitória. Minha filha está doente e eu só soube agora, minha casa está de pernas pro ar e Vitor nem lá aparece.

– Então...- coloca a mão sobre o braço dela. É hora de abandonar o luto e aceitar que a vida segue em frente.

– Eu sei... Agora mais do que nunca! - olha para Vitória. Muito obrigado por tudo...- a abraça.

– Eu quem agradeço! Fiquem bem...- acaricia Vitória. Qualquer coisa me ligue, não se preocupe com a hora. Estarei de plantão nos próximos dias, se precisar de algo é só aparecer também...- sorri. Mas, essa mocinha é forte e não vai precisar!

– Não mesmo, né meu bem...- arruma o cabelinho dela. Agora vamos! As vovós devem estar desesperadas lá fora...- riem.

– Levo vocês até a porta...- seguem. Faça o que falei, dê os remédios no horário certo e tudo ficará bem!

– Farei! - sorri. Tenha um bom dia Carolina, tchau...- se despedem.

Vai até a secretária de Carolina e acerta todos os detalhes da consulta, marcando a próxima.

– Olha lá as vovós...- entrega a bolsa para Marisa.

– Como foi?

– Garganta inflamada e algum tipo de irritação alérgica.

– Ôh meu Deus...- passa a mão na neta.

– Onde vamos agora? - Dulce pega Vitória

– Vou a farmácia e depois vou a uma floricultura...

– Posso levar vocês...

– Marisa, não precisa se incomodar! Podemos pegar um táxi...

– Não, de maneira alguma! Vamos... Levo vocês. - seguem.

Saem do hospital e passam em uma farmácia que atende a família para comprar o necessário. Logo depois Paula vai até a floricultura de um conhecido que organizou seu casamento e escolhe arranjos de flores e pequenas mudas para plantar.

– Pronto...- se aproxima de Dulce e Marisa que agora está com Vitória nos braços.

– Não comprou nada?

– Comprei... Eles vão entregar em casa.

– Então vamos...

No caminho, Paula liga para casa e pede para Diva reunir as funcionárias de limpeza. Vitória adormece, mas chega na fazenda resmungando pela dor.

– Vou falar com o pessoal...- desce do carro. E a senhora leve Vitória para o outro lado da casa que é mais arejado até limparem aqui. - ajuda a mãe descer e pega as bolsas. Marisa, você não vai descer?

– Não, minha filha... Já vou voltar para cidade antes que fique tarde.

– Muito obrigado! - a cumprimenta.

– Não precisa agradecer, mais tarde ligo para saber de Vivi! Vou me despedir dela...- desce do carro e vai até Vitória. Tchau, meu amorzinho... - pega ela no colo, beijando. Vovó queria ficar, mas não enxerga muito bem no escuro para voltar mais tarde...- riem. Fique bem, meu anjo...- a beija novamente, entregando para Dulce. Aí que dor ver doente...

– Mas, logo ficará ótima!

– Sim! Agora preciso ir mesmo...- se despede de Dulce e novamente Paula, logo depois saindo.

Dulce leva a neta para outra parte da casa enquanto Paula conversa com os funcionários.

– Entenderam? Ok... Toda a casa! Quero que virem de cabeça para baixo, mas que limpem tudo! De agora para frente quero isso todos os dias.

– Está bem, dona Paula...

– Não precisa me chamar de dona...- sorri. Podem ir, comprem o necessário e amanhã vocês começam. Berto...- chama um dos funcionários. Comprei algumas mudas de flores brancas... Separe um canteiro para mim no jardim.

– Está bem...- sorri.

– Pode ir...- sorri.

Respira fundo enquanto amarra o cabelo em um coque. Diva se aproxima e ela sorri ao vê-la chegar.

– Oi...

– Oi Diva...

– Podemos conversar?

– Claro...- vão até a cozinha. Aconteceu algo? Sol só retorna na semana que vem, né!? Quer que eu coloque alguém aqui com você?

– Não... Está tudo bem!

– Então do que quer falar...? - senta-se na bancada.

– Sobre algo que aconteceu comigo...- senta ao lado dela.

– Sim... Me diga! - se preocupa.

– Como você sabe, eu tenho dois filhos... Um que trabalha na fazenda do Leo e a Lucy.

– Sei sim...- sorri.

– Mas, também tive um terceiro...- se arruma no assento. Antes de e engravidar da Lucy, eu fiquei grávida e também perdi o meu bebê.

– Meu Deus, Diva...- a encara. Perdeu como eu perdi?

– Sim... Na época não íamos a médico frequentemente, mas quando ocorreu o sangramento me levaram na cidadezinha mais próxima e lá constataram que era um aborto espontâneo.

– Sinto tanto por você..

– Não sinta! Aprendi muito com o que ocorreu... Eu praticamente voltei a viver. Quando perdemos algo, na verdade não perdemos, ganhamos. Porque algo que sai de nós, nos da a chance de ver tudo que chega de outra maneira...

– O que você quer dizer, Diva...?

– Que a vida não para! E que se nós mães ficamos aqui, é porque temos muito o que fazer... Logo você estará grávida novamente e verá o quanto as coisas terão mudado em você. Aproveite essa chance que Deus lhe deu... Ele não te tirou nada, apenas te mostrou que você é escolhida para tudo que ainda irá chegar.

– Um sacrifício para um benefício...

– Um sacrifício para uma evolução...

– Diva...- a abraça. Muito obrigado! - chora. Entendi o que você disse e vou honrar minha chance...

– Eu sei que ainda dói... Eu ainda sinto pelo meu filho. Eu sei que quando uma mãe perde um filho, todas as...

– Outras mães também perdem...- completa. Depois que tive Vitória, sei bem o que é isso! Dói muito... Mas, estou me acostumando a ideia de saber que ele sempre estará por aqui. Pertinho de mim, dentro de mim, protegendo a irmãzinha dele.

– Você fala como se fosse menino... Você já sabia o sexo?

– Não... - desce da cadeira. Mas, eu sentia ser um menino... Eu sonhei, quando estava no hospital, que ganhava um menino! - sorri. Cabelinhos iguais aos do Vitor... Chamava Joaquim!

– Lindo nome! Guarde para sua próxima gravidez... Você tem tudo para fazer do seu sonho uma realidade, basta querer! Voltar a vida...- sorri. Se arrumar como sempre fez, ficar linda até para ir na horta...- riem.

– É Diva...- pensa. Preciso ocupar meu lugar novamente! Devo isso a minha família, aos meus fãs...

– E fico feliz por isso!

– Vou me trocar e buscar Vitória...

– Ok...- desce também.

– Já volto...

Paula vai para o quarto. No closet, ao pegar um vestido, se depara com uma peça de Vitor. Observa por alguns minutos e toma-a em mãos, exalando o perfume dele.

– Que saudade...- sussurra, colocando a peça logo em seguida novamente no lugar.

Troca-se e arruma sua cama, como sempre fazia. Organiza as coisas de Vitória e afasta o berço da filha até a janela. Abre todas as cortinas e deixa o sol entrar no quarto. Sai do cômodo fazendo isso por todos os outros... Busca Vitória com Dulce e leva a filha para tomar o remédio.

– Vivi...- abre a boca dela. Coloca mãe! - Dulce despeja. Pronto! - levanta a bebê, tentando distrair. Engoli tudo... - limpa a boca.

– Parece que você brinca de boneca com ela...

– Por que? - a olha.

– Por nada... É bonito ver as duas juntas.

– Ela é uma bonequinha linda! - sorri. E logo, logo estará melhor... Cadê os cachorros? - olha ao redor.

– Não sei... Devem estar nos morangos!

– Os morangos nasceram? Meu Deus...

– Sim! Estava lindo de se ver...

– Vamos lá!

Vão até os morangos e Vitória se diverte puxando as frutinhas vermelhas que lhe chamavam tanto a atenção. Paula passa o resto da tarde brincando com a filha, sorrindo e fazendo a todos sorrirem por saberem que ela estava tentando duramente reviver! Quando entram para casa já é tarde, Dulce vai dar banho na neta enquanto Paula recebe as flores que chegaram.

– Muito obrigado...- assina.

– Desculpe a demora!

– Sem problemas!

– Até mais, Sra. Paula! - se despedem.

– Que flores lindas!

– Chegaram agora. Vou montar o arranjo da sala ainda hoje... E o restante colocamos amanhã depois da limpeza.

– Ok...

– Eu adorei essas flores! - sorri. Olha essa...- pega na mão. Que linda!

– Minha preferida são essas! - aponta.

– Orquídeas! - sorri, pegando um vaso delas. Minha predileta também... Assim como o girassol! Gostou de qual cor?

– Da branca!

– Dessa...- troca o vaso. Leve para você...- entrega.

– Mas, Paula...

– Por favor... Leve! É um presente, de mãe para mãe...

– Muito obrigado! - pega. Você é grandiosa! - a abraça.

– Somos! Guerreiras...- se emociona.

– Chega de chorar! - olha para Paula. Agora vá arrumar seus arranjos...

– Vou sim! - enxuga as lágrimas. Mas, vou fazer isso mais tarde... Quando a casa estiver calma, depois do jantar!

– Você vai jantar hoje?

– Vou...

– Que noticia maravilhosa! Vou fazer o melhor jantar do mundo! - riem. Vitor vem?

– Ah...- vira-se, entristecida. Não sei... Acho que não, Diva.

– Ah...- percebe a situação. Eu vou na cozinha...- sai chateada.

Paula observa as flores, separando os vasos e deixando tudo pronto mais tarde começar. As horas voam, jantam e logo depois conversam e brincam com Vitória. A bebê, cansada, logo adormece ainda febril...

– Quando será que isso vai passar? - cobre Vivi no berço.

– Logo! É só a gargantinha melhorar...

– Mãe, vou tomar um banho e arrumar uns arranjos... Se ela acordar, me chame?

– Chamo sim...

– Pode dormir na minha cama! Vitor não vem...

– Ele te ligou?

– Não... Nem se deu ao trabalho de retornar! - diz triste. O dia passou e eu não vi Cintia... Cadê ela?

– Está na cidade... Liguei para ela avisando, ela disse que amanhã vem.

– E Nilmar?

– Vem daqui alguns dias sem falta.

– Ótimo! Ele nunca vem para cá...

– Falta de tempo...

– É... - respira fundo. Vou tomar meu banho...- vai para o banheiro.

Entra no chuveiro e ao sentir o cheiro do sabonete, lembra-se de Vitor. O corpo queima ao se lavar, pela saudade dele ali, tão perto e tão parte de si. Ao terminar vai até o closet e resolve colocar uma das camisolas que ele mais gostava, mesmo que ele não estivesse ali.

– Que delícia... Que cheiro bom é esse?

– É esse creme! - mostra. Uma delícia mesmo...- entrega para ela. Pode ficar com esse aí!

– Flor de laranjeira...- lê o rótulo.

– Sim! Mãe... Vou para a sala arrumar as flores. Qualquer coisa me chame...- a beija. Ligue a TV, o controle está na primeira gaveta...

– Ok...

Vai para a cozinha e prepara um chá de maçã com canela para si. Segue para a sala e liga as luzes baixas, para não incomodar ninguém. Sincroniza seu celular ao aparelho de som e começa mexer nas flores...

– Loving can hurt... Loving can hurt sometimes...- canta enquanto separa. Lá, lá, lá, lá... Lá, lá, lá...- cantarola no ritmo da música. We keep this love in a photograph, we made these memories for ourselves... Where our eyes are never closing, hearts were never broken and time's forever frozen still...- cheira uma das flores. So you can keep me inside the pocket of your ripped jeans...- fecha os olhos.

Se envolve pelo som de olhos fechados, dançando em meio as flores.

– So you can keep me inside the pocket, of your ripped jeans... Holding me close until our eyes meet, you won't ever be alone and if you hurt me that's okay baby... Only words bleed Inside these pages you just hold me and I won't ever let you go, wait for me to come home...- começa colocar as flores em um vaso.

Dança até as flores, recolhe uma por uma, e retorna colocar no vaso, encima de um outro móvel na sala. A porta da casa se abre e ela não escuta, concentrada na canção e no que estava fazendo. Ao se virar novamente ele a segura, pegando sua mão e dançando...

– Hearing you whisper through the phone, wait for me to come home (Ouvindo você sussurrar pelo telefone, espere por minha volta para casa)...- canta.

Continua...


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostaram? A música que Paula cantarola é do Ed Sheeran, PHOTOGRAFH. Super indico ouvirem para também entrarem no clima desse capítulo... O outro estará mais legal ainda. Beijos!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "12 anos em 12" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.