12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 71
Capítulo 69




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Vitor vai para o banheiro e Paula deita Vitória em seu colo. A filha olha diretamente para os olhos dela enquanto ela canta calmamente para que ela possa dormir. Sente um conforto ao mesmo tempo que uma angústia quando a bebê segura sua roupa fortemente. Continua a embalá-la, mas Vitória fecha os olhos e logo os abre, como se não pudesse dormir. O tempo passa e Paula ainda canta até que a vê fechar os olhos e adormecer tranquilamente. Vai até o berço e a coloca, beijando a ponta dos dedos e colocando sobre o coração da filha.

– Eu te amo... Durma bem, meu anjinho! - sussurra.

A cobre e respira fundo colocando a mão sobre o ventre...

– Vitor...- chama, buscando o ar...

Paula tenta se apoiar no berço, mas é inútil, vai caindo devagar no chão, apertando os braços contra a barriga e buscando o ar que parecia-lhe fugir cada vez mais. Esforça-se para chamar Vitor, mas não consegue gritar, algo dentro de si lateja todo o corpo, a faz ir perdendo o sentido pausadamente, até que não consegue enxergar mais nada. Vitória desperta pelo barulho do impacto ao chão, chorando assustada em berros desesperadores. Vitor escuta a filha, mas continua a banhar-se crendo que Paula estava junto dela. Entretanto, o choro não para, ficando cada vez mais alto e cansativo... Começa estranhar Paula não ter aparecido para pedir a ajuda dele, então pega a toalha e enrola na cintura, com outra secando o cabelo sai do banheiro.

– Pulinha, o que está... PAULA! - a observa no chão, agacha-se rapidamente. PAULA, O QUE HOUVE? PAULA! ACORDA PELO AMOR DE DEUS. PAULA! - bate eu seu rosto. PAULA, POR FAVOR...- começa a chorar. DULCEEEEE? - grita o mais alto que pode. DULCE! MEU DEUS! - olha para o corpo de Paula e se dá conta que há sangue. O que.... - se rasteja até as pernas dela.

Vitor passa a mão sobre as pernas de Paula, olhando depois o sangue em suas mãos. Levanta-se sem tirar os olhos dela, sem reação vai se afastando até que esbarra em um móvel derrubando todos os porta retratos. Passa as mãos nos cabelos, tentando controlar a respiração.

– Vitor! - abre a porta. MEU DEUS! - olha a filha no chão.

Dulce mexe em Paula, mas ela não responde. Olha para Vitor, imóvel.

– VITOR! VITOR! FAZ ALGUMA COISA. PEGUE O CARRO, A GENTE PRECISA LEVAR ELA! - ele não responde, ainda olhando Paula. VITOR, PELO AMOR DE DEUS! - chora.

– Gente... Por que essa...- Diva entra. Minha Nossa Senhora! - coloca a mão na boca.

– Diva, me ajuda! Peça ao Elias para arrumar o carro... Pegue Vitória!

– Tá bem...- pega Vivi e sai correndo.

– VITOR! - se levanta e vai até o genro. VÁ SE TROCAR, NÓS PRECISAMOS IR PARA O HOSPITAL! - o segura pelos braços. MEU DEUS VITOR! O QUE ESTÁ HAVENDO COM VOCÊ?

– A Paula...- chora.

– A PAULA PRECISA DA SUA AJUDA! - chora.

– Dulce...- Diva retorna com Vitória. Ele está choque! Segure Vitória aqui...- entrega-a. Vitor...- o segura, olhando bem nos olhos. A Paula precisa da sua ajuda! Olha para mim...- vira a cabeça dele para si. Vitor, você está me ouvindo? - ele faz que sim. Você entende que Paula precisa de você? - confirma. Vem...- sai com ele, que ainda sim não tira os olhos de Paula. Vou levá-lo para se trocar, Elias já está vindo.

Diva ajuda Vitor colocar uma roupa. Aos poucos ele vai caindo em si, chorando desesperadamente. Retorna para o quarto e se abaixa, com as mãos em Paula.

– O que você fez? Me diz...- deita a cabeça em sua barriga. O que está havendo? - chora.

– Vitor, você precisa levar a Paula até o carro!

– O que ela fez? - levanta a cabeça chorando.

– Ela precisa ir ao hospital!

– Por favor Vitor... Levanta a Paula daí! - Dulce tenta conversar com ele.

Vitor segura Paula no colo e levanta-a, indo em disparado para o carro. Ajeita ela no banco traseiro e entra em seguida. Dulce entrega Vitória para Diva e entra no carro, já ligando para Ricardo e avisando do ocorrido.

– VAMOS ELIAS! - Dulce grita.

– Minha Pulinha...- sussurra só para ela, com sua cabeça junto da dela. O que você fez!? Não vai embora assim... Por favor. Fica aqui comigo... Fica comigo, por favor. - chora. Se você for embora, me leva junto... Volta aqui e me leva junto! - a beija.

– Vitor...- Dulce olha para trás e o vê beijando Paula. Tenha calma... Tenha calma, por favor.

– Pulinha...- passa a mão no cabelo dela, a chamando. Pulinha! Fala comigo... A Vitória está esperando a gente em casa! Por favor... - chora, deitando-se novamente sobre ela.

Dulce se emociona e resolve ficar em silêncio. Era um momento dele, uma maneira dele de lidar com a dor, com o medo. Elias corre o tanto que pode, mas ainda chegam ao hospital somente vinte minutos depois. Ricardo já os aguardavam com uma equipe preparada. Vitor desce do carro e tira Paula, colocando sobre a maca com a ajuda dos enfermeiros. Tentam afastá-lo, mas ele finge não ouvir e não ver ninguém além de Paula. Entram no hospital as pressas, Ricardo segue Vitor que empurra a maca sem tirar os olhos de Paula.

– Vitor, meu amigo...- coloca a mão no ombro dele. Você precisa ficar aqui!

– Pulinha... Oi, minha Pulinha! Fala comigo...- Paula abre os olhos, mas logo os fecha.

– ELA ESTÁ VOLTANDO! LEVEM-A PRO CENTRO...- Ricardo grita para a equipe. Vitor, vem comigo...- o puxa.

– NÃO! - tenta se soltar de Ricardo.

– EMERSOM, LEVE ELE PARA A ENFERMARIA. - grita para o enfermeiro ajudante.

– NÃO... MINHA PAULA! - chora, olhando a direção que a levaram. ME SOLTA! - empurra Ricardo que quase cai.

– PEGUEM ELE! - manda dois enfermeiros irem atrás.

Pegam Vitor, usando a força. Levam-o para enfermaria e Dulce, que vê a situação, o acompanha.

– Precisamos acalmá-lo! - olham para Dulce.

– Tá... Mas, o que vão fazer?

– Nós vamos aplicar um calmante, não se preocupe. Por favor, tente pedir que ele fique quieto...

– Vitor...- vai até o genro que ainda está sendo segurado. Vitor, meu filho... - coloca a mão sobre ele. Tenha calma! Paula não quer te ver assim! Por favor... Se sente aqui, calmamente, eles já trarão Paula! Eu prometo... Senta aqui! - arruma a cadeira e ele é solto, se sentando.

– O que está acontecendo Dulce? - agarra-se nela, chorando. Por que isso com ela?

– Acalme-se...- não suporta e começa chorar também. Vitor, olha...- abaixa-se e olha para ele. Vitória precisa de você! Você tem que ser forte! TEM QUE SER FORTE! - o chacoalha. Vão te aplicar um calmante... Tudo bem? Você vai ficar bem e vai ser forte. Me ouviu? - ele faz que sim.

Os enfermeiros aproximam-se e um deles aplica o calmante em Vitor. Servem ele com um copo de água, o deitando logo em seguida. Vitor apaga em questão de minutos.

– Ele vai ficar assim por quanto tempo?

– Não sabemos como pode reagir o organismo dele. Pode ser que fique por algumas horas ou simplesmente por alguns minutos...

– Mas, ele vai acordar bem?

– Sim! Só um pouco zonzo, mas muito melhor do que está!

– Vitor não sabe reagir...

– Ele é um pouco fraco para grandes emoções! Mas, ao mesmo tempo é muito forte para suportar elas. A questão é só o impacto no início...

– Sim!

– Vou me retirar... Fique a vontade. Qualquer coisa é só nos chamar...- sai.

Dulce resolve ligar para Marisa. Informa sobre o que ocorreu e pede que ela venha ao hospital, para também ficar com Vitor. Inquieta, anda de um lado para o outro, sem noticiada filha e com o genro naquela situação. Telefona também para Cintia e logo depois para Diva, avisando que chegaram e que logo mandariam notícias. Pela janela o dia amanhece e Dulce não aguenta mais esperar na enfermaria; sai da sala e vai em busca de informações.

– Por favor...- para uma enfermeira. Sou a mãe da mulher que entrou por aqui... Você pode me dizer como ela está?

– Não tenho informações, minha senhora. Peço que aguarde naquela sala...- aponta. Logo o médico dará notícias.

– Se você nem sabe informações, como vai saber que o médico virá?

– Por favor... Aguarde. - sai.

– Aff...- sai contrariada.

Dulce entra no quarto de Vitor e encontra Marisa.

– Que bom que veio! - se abraçam.

– O que aconteceu? Eu estou sem entender...

– Marisa...- a encara. É uma longa história...

– Pois me conte Dulce! Meu filho está em uma cama sedado e minha nora sabe Deus onde está!

– Esse hospital nunca dá informações! Estou para transferir Paula daqui!

– O médico dela deve estar com ela. Por serem conhecidos, não deve comunicar a ninguém sobre o estado... Mas, vamos esperar. Vou procurar um amigo médico... Antes me conte o que está havendo!

– Paula está grávida! Uma gravidez de risco e... Enfim. Eu já não sei mais!

– Meu Deus! Vitor...- olha para o filho. Vitor sabia disso?

– Não! Não sabia de nada...

– Como puderam esconder isso dele?

– Marisa... Eu nunca aceitei Paula agir assim! Mas, o que eu podia fazer? Na cabeça dela, contar para o Vitor somente quando estivesse fora de risco, seria o melhor. Nunca aceitei isso...

– Faz quanto tempo Isso?

– Uns dois meses...

– Dulce! - fica indignada. Como...- vai até Vitor. Eu estou...

– Eu sei que é... Mas, Paula preferiu assim e eu não podia fazer nada!

– Não sei como Vitor vai encarar isso!

– Também estou temendo a reação dele quando souber... Ainda mais agora!

– Você acha que...- se afasta dele. Você acha que ela pode ter perdido o bebê? - fala baixo.

– Eu sinceramente não sei...- chora.

– Dulce...- se emociona. Eles sofreriam tanto...- pensa.

– Eu sei! A Paula vai ficar...- se senta.

– A gente precisa saber alguma coisa...- enxuga as lágrimas e busca o celular na bolsa. Vou fazer uma ligação, já volto...- se retira.

Marisa sai do quarto e se depara com Leo e Tatianna.

– Mãe...- se aproximam. Cadê o Vitor, a Paula?

– O Vitor está aí dentro e Paula... Não sabemos!

– Como assim?

– O que houve Marisa?

– Paula estava grávida e sofreu um sangramento...

– Meu Deus! - se abraça em Leo.

– Não sabemos o estado dela... Ninguém diz alguma coisa!

– E a mãe dela?

– Está com Vitor... Entrem... Vou tentar falar com um amigo que é médico, ver se ele nos ajuda em algo.

– Ok... Vamos ver Vitor.

– Já irei...- saem.

Leo e Tatianna entram no quarto e Vitor começa despertar. Dulce ao vê-lo se movendo, levanta-se em direção a ele.

– Vitor...

– O que está havendo? - fecha os olhos novamente. Minha cabeça...- coloca a mão na cabeça.

– Fique tranquilo... Espere um minuto, vou chamar os enfermeiros. Olhem-o, não deixem que ele se levante! Já volto...

– Tá bem...- vai até o irmão. Vitor...

– Leo, onde é que estou?

– Em um hospital...

– Hospital? A Paula! - lembre-se, tentando se levantar com pressa.

– Não! - o segura. Acalme-se...

– Cadê a Paula?

– Foram...- pensa. Foram ver como ela está! Você precisa ficar quieto... Ao menos até os enfermeiros chegarem.

Os enfermeiros entram acompanhados de Dulce. Aplicam mais um medicamento nele, para que não se sinta tão zonzo. Ajudam-o a se levantar...

– Sente sede?

– Um pouco...

– Dêem a água...

– Aqui...- entregam para ele que bebe.

– Obrigado...

– Sente aqui... - o senta. Logo a tontura passará e não sentirá qualquer tipo de enjôo...

– Onde está Paula? - olha para o enfermeiro. Você é o enfermeiro que me atendeu quando minha filha nasceu! Você é da equipe do Ricardo e sabe onde minha esposa está... Me diz o que houve com ela! Por que ela estava sangrando...? Alguém a feriu? Ou... Ela mesma esbarrou em algo? Por favor... Não sei nada! Me diz ao menos que ela está viva...- chora.

– Ela está! Agora preciso ir...

– Não! - Dulce se aproxima. Você vai me dizer onde Paula está!

– Ricardo está cuidando muito bem dela! Entendam...- olha para eles. Não posso falar do estado de um paciente sem autorização do médico. Preciso que ele me passe corretamente o que está havendo, para que eu possa comunicar vocês... E por enquanto ele não nos comunicou.

– Mas... Você sabe que ela está viva!

– Eu sei. Eu também sei onde ela está, mas o que está havendo lá eu não posso dizer... É o meu emprego e peço que respeitem as nossas regras! Com licença...

– Então... Só me diga se irão demorar para nós comunicar!

– Não... Se quiserem podem aguardar na sala de espera, na ala 8. Ou podem ficar aqui... Avisarei o médico.

– Nós iremos para a sala de espera...

– Ótimo! Daqui alguns minutos o médico procurará vocês... Agora preciso ir! Qualquer coisa me chamem pelo bip...- se retira junto dos outros.

– Vitor... Eu o ajudo! - se aproxima dele.

– Não precisa... Estou bem. - levanta-se. Vamos para a sala de espera...- abre a porta.

Saem da enfermaria e vão para a sala de espera. Vitor questiona Dulce a todo momento, por não entender o que está havendo, como ela poderia sangrar.

– Ainda não entendo... É tão...- chora.

– Vitor...- Marisa senta ao lado dele no sofá. Meu filho... Tente se acalmar! Sei que você já teve um crise... Você precisa ser forte, Vitor! Pela própria Paula e pela Vitória!

– Vitória...- olha para Dulce.

– Ela está bem! Já liguei para Diva e ela está cuidando da Vivi junto de Lucy, que já chegou das férias.

– Vitor...- Leo se aproxima. Não fique assim! Paula logo estará aqui conosco...

– Leo tem razão...

– E esse médico? Disseram que não ia demorar e até agora...- levanta-se.

– Calma... Ele já deve estar chegando!

– Tia...- Cintia chega. Cadê Paula? E como está o...- olha para Vitor.

– Ainda não sabemos.

– O Vitor já...- sussurra.

– Não! Estou morrendo de preocupação...- puxa ela em um canto. Ele está me perguntando toda hora o porquê Paula ter sangrado! Acha que ela caiu e se machucou...

– Não quero ver quando ele descobrir...

– Nem me fale! A família dele já sabe...

– Você contou?

– Tive que contar...

– Acho melhor tentarmos falar com ele, antes que o médico diga algo!

– Ah... Cintia! - olha para Ricardo se aproximando. Não dá mais tempo!

– Meu Deus...- vão até o médico.

– Ricardo! - Vitor vai até ele. Ricardo, cadê Paula? Por favor...

– Acalme-se...

– Ricardo, ela está bem? O que estavam fazendo? - Dulce questiona.

– Vou explicar tudo...- olha para Dulce. Já contaram?

– Não...- chora.

– Contaram o que? - olha para todos.

– Paula está bem! Estávamos no centro cirúrgico...- se emociona.

– Centro cirúrgico? Meu Deus... Nem sei o que houve com ela! Me diga Ricardo...

– Vitor...- olha para ele. Ás vezes eu deixo de ser médico, para virar homem, para virar um ser humano tanto quanto você.

– Eu não entendo...

– Sinto muito...- chora. Nós fizemos tudo o que pudemos! - o encara.

– Do que você está falando? - se assusta.

– Meu Deus! - Dulce senta no sofá no chorando.

– O que está acontecendo aqui!? - Vitor observa todos.

– Meu amigo...- coloca a mão sobre ele. Paula estava grávida, mas o bebê não resistiu! - chora.

– O...- sente-se confuso. Paula estava grávida!? - o olha. Meu filho morreu? - as lágrimas escorrem.

– Eu sinto muito! - o abraça. Já passei por isso... Estou aqui como alguém que já passou por isso! - choram.

– Ricardo... Eu nem soube! - chora. A minha Pulinha...- olha para ele. Ela já sabe? Ela já sabe que nosso filho morreu?

– Já...- se emociona.

– Como ela está!? Preciso ver ela, Ricardo...- implora chorando.

– Vitor... Vou permitir que você entre. Não sei se conseguirá falar com ela, porque Paula ainda está sob medicação. Fizemos um procedimento que se chama curetagem, te explicarei mais tarde... Mas, é um processo muito dolorido para a mulher!

– Por que Paula não me contou nada? - olha para a Dulce.

– Vitor...- o observa. Ela temia que isso ocorresse! - chora. Paula sofreu durante todo esse tempo...

– Agora eu entendo... Entendo porque ela não bebia, a insegurança, os choros...- chora. Paula não tinha o direito de me esconder! Ela deveria...

– Vitor! Entenda que Paula só queria te poupar de sofrer...

– Não dá...- senta-se.

– Vitor...- Ricardo vai até ele. Paula sonhou com esse filho. O cuidou ainda dentro dela, ficava imaginando o momento certo de te contar tudo da melhor maneira... A dor da perca para ela é incomparável... Ela precisa de você. E mesmo que tudo esteja quebrado dentro de você, cuide dela!

– Eu...- respira fundo. Eu preciso ver ela...

– Vem comigo... Daqui algumas horas, eu permito outras visitas! Vamos Vitor...- saem.

– Ela está...

– Um pouco pálida... Paula, perdeu muito sangue.

– O que levou ao aborto?

– Desde o nascimento de Vitória, Paula tem uma fragilidade no colo do útero. Recomendei que não engravidasse ao menos até o primeiro da filha de vocês. Vínhamos tratando isso já há algum tempo e principalmente quando ela descobriu a gravidez... Estava tudo correndo bem, mas esse aborto espontâneo era algo natural que poderia ocorrer sem que pudéssemos fazer algo! Ela chegou aqui desacordada, provavelmente teve uma dor aguda e não suportou...

– Você falou com ela em algum momento?

– Falei... Assim que ela acordou fizemos o procedimento necessário e constatamos que o bebê já não estava vivo.

– Ricardo...- chora. Meu filho morreu sem que eu pudesse sequer saber da existência dele...

– Ela quis te poupar de mais sofrimento! Vitor...- param em uma porta. Pense bem no que irá falar para ela, caso esteja acordada. Isso é um trauma muito grande!

– Eu sei...- enxuga as lágrimas.

– Está pronto...?

– Posso ficar um pouco sozinho?

– Claro... Qualquer coisa estarei ali. - se retira.

Vitor desaba em frente à porta, com a mão na maçaneta tenta buscar o equilíbrio necessário para encarar Paula. Depois de longos minutos, respira fundo e abre a porta. Ela ainda dorme... Com um semblante sereno e visivelmente abatido. Ele se aproxima vagarosamente... Passa a mão sobre o seus cabelos, fecha os olhos e a beija. Paula se esforça para abrir os olhos... Aperta a mão de Vitor tão próxima da sua.

– Estou aqui...- sussurra. Está tudo bem agora...

– Me desculpa...- abre os olhos. Eu errei...

– Teremos todo o tempo do mundo para conversar... O importante agora é você se recuperar.

– Eu quem deveria ter ido... Não o nosso filho...

– Não diga isso, Paula...- segura as lágrimas.

– Vitor... Eu estava sonhando.

– Sonhando?

– Que ele nascia... Era um menino! - tenta sorrir com algumas lágrimas já escorrendo por seu rosto. Dávamos a ele o nome de Joaquim...

– Paula... Não vamos pensar nisso!

– Ele era tão lindo... Tinha os cabelos como os seus...

– Deus sabe o que faz! Confie...

– Está doendo, Vitor... Ele foi arrancado de mim sem que eu pudesse defendê-lo. Fui uma péssima mãe...

– Paula! - aproxima-se bem do rosto dela. Aconteceu o que tinha que acontecer... Não foi culpa sua, culpa de Deus... Não foi culpa de ninguém. Simplesmente teve que acontecer... Infelizmente certas coisas exigem que sejamos grandes para podermos suportar. Eu entendo sua dor... Mas, vamos superar isso juntos.

– Você não está bravo comigo?

– Não...- se levanta. Depois nós vamos conversar...

– Vitor...- chora. Não fica frio comigo... Por favor! Eu te falei que foi para seu bem...- aperta a mão dele.

– Vamos pensar em sua recuperação... Em sair daqui, irmos para casa. Vitória precisa muito de você!

– Vitória...- sorri. Como ela está?

– Bem. Diva está cuidando dela...

– Ela não queria dormir, Vitor... Estava inquieta como se soubesse o que ia acontecer.

– Pulinha... Em todos esses anos você foi forte para superar todos os problemas. Dessa vez, eu apenas lhe peço que queira superar... Serei força junto com você para tocar nossa vida em frente. Você está aqui... E em pouco tempo já poderemos ter outro filho! Não vai substituir o que perdemos, mas nos fará compreender a vida de um jeito que jamais imaginaríamos. Se lembra quando comentamos a morte do filho de Ricardo? Eles foram fortes. Eles quiseram colocar a vida de outras crianças no mundo, mesmo tendo perdido a vida do filho deles. Nós também vamos conseguir... Nós somos capazes. - chora.

Paula fica em silêncio, encarando as paredes do quarto. Vitor tenta ser forte o suficiente, para que ela não sofra mais. Guarda a dor de terem escondido, entendendo que para Paula O momento era mais dolorido do que qualquer outro que ela tenha enfrentado. Depois de algum tempo sem falarem, ela quebra o silêncio...

– Quando sairei daqui?

– Eu ainda não sei... Mas, acredito que assim que estiver melhor.

– Posso te pedir uma coisa?

– Peça...

– Me tire daqui...

– Paula... Não poderei fazer isso.

– Só estou te pedindo. Me tire...

– Eu...- a observa sofrer calada. Eu farei o que puder para que você saia até amanhã.

– Por favor! - aperta a mão dele, fechando os olhos em seguida.


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Notas finais do capítulo

Leio tudo que me pedem. O que aconteceu nesse capítulo, já estava escrito... Mas, não fiquem tristes e nem abandonem a Fanfic (haha, o mundo gira e a vida corre! Alguns sacrifícios são necessários e o amor é sempre maior... Muita coisa ainda vai acontecer! O capítulo ficou pequeno, porque não quero misturar muita coisa no próximo. Aguardem!



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