12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 54
Capítulo 52, PARTE 2




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ai do escritório segurando as lágrimas, triste pela maneira que ele tratou o que era para ser um momento feliz para os dois. Estava preparando há meses, e a turnê fora do país ajudaria que eles pudessem comemorar o primeiro ano de casados; seria uma surpresa até ele descobrir e lidar da pior maneira. Vitor tenta ir até Paula, mas o telefone toca e retorna para atender.

– Alô!?

– Vitor!? É a Marianne...

– Marianne...?

– Esposa do Bruno...- ri.

– Perdão...- passa a mão nos cabelos. Me desculpe Marianne!

– Não há problema... Mas, perdoo se aceitar um convite meu!

– Claro...- ri.

– Hoje farei uma recepção para alguns amigos, Leo virá com Tati e gostaria que você e Paula viessem...

– Muito obrigado Marianne, falarei com Paula e faremos o possível para estar aí...

– Estarei aguardando... Será ás 21H. Por favor, venham! Será um prazer vocês aqui...

– O prazer será todo nosso! - sorri.

– Tenha uma boa noite...

– Você também! - desliga e sai.

Vitor vai até o quarto a procura de Paula. A encontra se arrumando.

– Onde vai?

– Buscar a Vitória...

– Me espera... Eu vou tomar um banho e já vamos juntos.

– Não. Pode ficar... - coloca os brincos.

– Me desculpa... Eu...

– Está tudo bem.

– Paula, nós vamos para os Estados Unidos.

– Não vamos. Eu vou! Eu e Vitória...

– Se eu não for, a Vitória não sai daqui!

– Isso é o que vamos ver! - se vira para ele.

– Por favor...

– Você foi grosso, frio... Tratou como se fosse pouco importante. Tenho planejado isso há meses... Pensando no nosso primeiro ano juntos. E o que você faz? RECLAMAR.

– Não reclamei! Apenas estava...

– Estava, como sempre, se achando o dono da situação. - pega as chaves.

– Paula, espere...! - se aproxima dela.

– Não precisa vir...

– Preciso falar com minha mãe... Preciso ir.

– Vá de cavalo! - sai.

Ele respira fundo e vai novamente atrás dela.

– Paula!

– Tchau...

– PAULA! CHEGA!

– Você está gritando novamente comigo!

– Estou tentando controlar minha paciência...- se aproxima dela, a pegando pelo braço. Paula... Me escuta! Você sabe o quanto fico contrariado quando tomam decisões sem me avisar.

– Era uma surpresa...

– Eu sei! Mas, também era sua turnê...

– Que era a surpresa...

– Tudo bem... - respira fundo. Me desculpa.

– Tenho ouvido muito isso ultimamente! - se solta.

– Por favor... Tenho tentado cada vez mais. Paula, eu te amo muito... Nunca duvide disso! Nada, absolutamente nada que estiver relaciono a nós será tratado por mim com indiferença. É muito importante nosso primeiro ano, só me senti... Queria saber disso antes. Eu vou adorar passar esse momento com você, seja lá onde for.

– Se quiser ir para sua mãe, ande logo. - vai até a cozinha.

– Tudo bem...- se vira, chateado.

Paula pensa em tudo que Vitor disse, ainda se sente triste, mas aos poucos vai deixando que todo mal estar pela situação se vá. Tinha a certeza do amor dele e isso era importante o suficiente. Não demora muito e ele chega, espalhando o seu cheiro único após o banho.

– Pronto...

– Certo...- pega a bolsa e sai.

– Ai Paula! - coloca a mão na cabeça. Marianne ligou aqui, nos convidando para uma recepção na casa dela, hoje. Leo e Tatianna irão...

– Ok...- sai

– Nós vamos? - segue.

– Não sei.

– Vai Paula... Por favor! Que clima ruim ficou entre nós...

– Tá...- volta-se para ele.

– Sim...?

– Nós vamos...

– Então coloque aquele sorriso de quem ama uma recepção!

– Está querendo demais!

– Não... Você adora recepcionar pessoas e ser recepcionada por elas. Não vai dar certo irmos nesse clima...

– É só a gente fingir...- sai.

– PAULA!

– PARE DE GRITAR! - se enfurece.

– Tudo bem...- ri e ela não se segura.

– Pare com isso...- riem.

– Então desfaça essa cara... - vai até ela. Coloque aquele sorriso bonito que amo! Imagine nós dois, em Nova York?

– É...

– Imagine nós dois na primavera de Nova York... Porque lá é primavera agora! - a abraça.

– Vitor... O que eu vou fazer com você?

– Quer saber mesmo?

– Não! - bate com a bolsa nele. Vamos logo!

– Só depois de um beijo..

– Vai sonhando! - entra no carro.

– Não costumo sonhar com essas coisas, porque elas são realmente reais. - abre a porta e a beija, fechando em seguida e entrando em seu lugar. Vamos! - coloca o cinto.

Vitor provoca Paula o caminho todo. Ao chegarem na casa de Marisa, são recepcionados pela risada das crianças.

– Oi! - ri.

– TIO! - Antônio se aproxima e o abraça.j

– Oi meu amor, tudo bem? - o levanta no colo.

– Tudo tio... A Vivi riu para gente. - ri.

– É!? - sorri.

– Meu amor...- Paula pega Vitória. Você estava rindo? - a beija. Que saudade!!!! - a abraça. Deu trabalho?

– Não! - sorri. Gente... Mandei vocês virem buscá-la só pela noite.

– É que vamos a um jantar pela noite...

– E Vitória vai? Antônio e Matheus irão ficar aqui... É na casa do Bruno, né!?

– É sim, mãe...

– Então a deixem aqui também e peguem somente quando retornarem...

– Que ótimo! Mamãe está aqui?

– Já foi... Mas, a convidei para jantar aqui também para darmos conta das ferinhas! - riem.

– Que bom...

– Cadê Matheus, mãe? - coloca Antônio no chão.

– Foi para aula de piano, tio.

– E por que você não foi?

– Não quero mais tocar piano! Só bateria.

– Sempre falei isso para seu pai! - vai até Paula. E você, minha vida? - a pega. Não foi para sua aula? - sorri ao ver Vitória sorrindo com a chegada dele. Papai estava com saudades desse sorriso! - a beija.

– Há que horas é o jantar, Vitor?

– Às 21H! Mãe, podemos conversar? Preciso te falar sobre aquele problema com a tia Léia... - entrega Vitória.

– Olha eles para mim, Paula?

– Claro.

Vitor e Marisa saem para a cozinha da casa.

– Problema com a tia Léia...? Do que está falando?

– Mãe...- observa Paula pela janela. Cancele a viagem para mim!

– Mas, por que? Já estava tudo pronto como você pediu! Vocês ião para Serra do Cipó, naquele hotel intimista...

– Paula também tinha uma surpresa!

– Mas, duvido que seja tão bonita quanto a sua...

– Mãe...- se aproxima dela. Bonito é onde ela quiser estar!

– Vitor... Ela ia amar! O lugar onde ela cresceu, vocês comemorando o primeiro ano casados no meio do mato.

– No meio do mato é ótimo! - ri.

– Não me conformo!

– Mãe, nem se ela não tivesse uma surpresa, não daria. Ela vai fazer uma turnê fora do país... Estamos avessos um ao outro porque reagi mal quando soube porque teríamos que cancelar tudo...

– Qual a ideia dela?

– Eu ir na turnê! Passarmos juntos em Nova York e onde ela for.

– Aí Vitor... - se chateia. Não gostei! Primeiro porque ela irá trabalhar...

– Não posso falar nada mais... - pega uma xícara com café. Vamos fazer assim...- bebe o café. Adie as reservas na Serra do Cipó... Coloque para quando chegarmos.

– Não sei se vai estar disponível.

– Mãe, ofereça o dobro se for precioso... Mas, tente. Ok? Depois me ligue avisando...

– E Vitória?

– Para Nova York ela irá conosco! E a senhora também... Já vá organizando seu passaporte,

– Eu!?

– Sim... Vai para nos ajudar com Vitória. Senão não haverá comemoração de casamento! - riem. Brincadeira...

– Não sei Vitor...

– Por favor, mãe. Vamos viajar um pouquinho, todos juntos. Dulce vai...

– Vou pensar... Quando é?

– No próximo mês! - deixa a xícara na mesa.

– Sobre essa viagem da Serra do Cipó, você terá que ir pessoalmente lá na agência adiar...

– Isso não é uma boa ideia.

– Por que?

– Porque não... - a beija e sai. Faça isso por mim, por favor!

– Filho...- o segue. Não tem como! Eles mesmos falaram que em caso de cancelamento ou adiar, só se tratava pessoalmente por conta do contrato. Você é dono de lá... Resolve em dois segundos.

– Está bem... Amanhã vou. - diz para encerrar o assunto já que estão próximos de Paula.

– Certo...- saem da casa. Antônio, vá tomar banho! Rapidão, hein? Vovó já vai ajudar...

– A não... Não precisa vó! - brinca com Vitória.

– Precisa sim Tato. Vai ficar sujo? Não pode...

– Você já vai embora, tia?

– Não, a titia vai ficar até você sair.

– Promessa de mindinho? - oferece o dedo e Paula cruza ao dela.

– Sim! - riem. Agora vai...

Eles saem restando apenas ela, Vitor e Vitória.

– Vá comer... Você deve estar com fome.

– Não.

– Paula, pare com isso... Parece criança mimada.

– Não estou te fazendo nada! - olha para ele.

– Não está? Olha o jeito que está agindo.

– Você é um imbecil, mesmo...- se levanta com Vitória.

– Sou mesmo! Você está certíssima sobre isso. Sou realmente um imbecil que atura muita coisa sem necessidade!

– Eu sou muita coisa sem necessidade?

– Paula não é... Paula! - se levanta.

– Vou para casa.

– Paula, espera...

– Esperar o que?

– Paula, eu não falei....

– Chega, ok!? Não aguento mais...- pega as bolsas de Vitória e sai.

– Também vou!

– NÃO! - joga as coisas dentro de carro. Não, meu amor... Shiu... - assusta Vitória. É a mamãe...

– Está vendo!? - pega Vitória dela e entra no carro.

Paula entra e saem, em silêncio. Durante o caminho todo não se falam, ela nem o olha. Ao chegarem na fazenda, Vitor segue para a casa e ela fica para retirar todas as coisas, entrando logo em seguida.

– Dona Paula! - se vira.

– Oi Elias...

– Só queria avisar a Sra. que também comecei a estudar e que vou pegar o transporte como a Lucy. Ok?

– Que maravilha! - sorri. Tudo bem, sem problema.

– Quer ajuda com as bolsas?

– Quero! - o entrega algumas.

– A Cintia não vem mais para cá?

– Vem... É que esses últimos dias foi atarefado.

– Entendi... Mande lembranças.

– Claro... - sorri. Pode colocar ali! - aponta. Muito obrigado, viu?

– De nada... Até mais! - sai.

Vai em direção ao quarto, até que o telefone do escritório tocar. Retorna e atende. Era Marianne novamente, dessa vez, cancelando a recepção pois um dos filhos não passou bem e seria inviável realizar aquele momento entre amigos.

– Não tem problemas... Melhoras para o Enzo.

– Muito obrigada, Paula. Faremos outro dia e quero vocês aqui...

– Iremos sim!

– Até mais!

– Até logo! - desliga e vai para o quarto.

Durante todo o restante da noite, não se dirigem a palavra mais do que necessário. Viram-se cada um para seu lado e adormecem. Ao amanhecer, despertam cedo e Vitor se arruma.

– Onde você vai? - segura Vitória.

– Vou até a agência.

– Vai fazer o que?

– Pensei que não estava falando comigo! - pega as chaves e sai.

– E não estou! - fala para si mesma.

Vitor sai sem nem mesmo falar com Diva e Sol que hoje estavam em casa.

– Bom dia! - sorri.

– O que houve com ele?

– Espasmos de falta de educação! Ele vive tendo...- coloca Vitória na cadeirinha. Saudades de vocês, meninas!

– Eu também estava! - beija a Vitória. O que vai querer comer, Paula?

– Estou sem apetite, Diva...

– Por que? Você sem apetite aconteceu algo... Você e Vitor brigaram, né? Por isso ele está assim também.

– Brigamos. E não me sinto nada bem quando brigo com ele...

– O que houve?

Paula conta toda a história.

– Ele é muito complicado! Mas, tenho certeza que ele tinha algum motivo para agir daquela maneira. Ele não reclamaria de viajar com você!

– Você acha?

– Claro, Paula! - senta-se com ela.

– É... Ele nunca reclamou mesmo.

– Se você sabe que ele já é cabeça dura, não seja também. Alguém precisa ceder...

– Sim. - pensa.

– Faz assim... Vá até ele. Conversem fora daqui, saiam para almoçar.

– Ele foi até a agência...

– A agência de viagens? - estranha.

– Sim.

– Faz tanto que ele não vai lá!

– O que ele fazia lá?

– Não sei... Mas, ia constantemente antes. Depois que vocês se casaram, ele não foi mais.

– Quer saber? - se levanta. Vou até lá! Peça pro Elias trazer aquele outro carro alugado e me esperar ali fora. Você fica com Vivi até Lucy chegar?

– Fico sim! Vá se trocar, fique maravilhosa! Uma diva que todos querem copiar...

– Diva! - riem. Só você mesmo... Já volto! - sai.

Se arruma e em poucos minutos já está no carro com Elias, a caminho da agência.

ENQUANTO ISSO NA AGÊNCIA.

Vitor está em sua sala e Erica entra.

– Bebendo desde cedo? - fecha a porta.

– Só estou me acalmando.

– Independente de como queira chamar, é bebida!

– Um bom vinho não faz mal para ninguém, independente do horário! O que faz mal são as doses. - deposita na mesa.

– Enfim... - senta-se. Aqui estão os papeis da viagem... Consegui adiar.

– Ótimo! - pega. Erica, não consigo acessar esse computador! - sai da cadeira. Como é?

– Com licença! - vai até o outro lado. É muito simples...

Quando leva a mão ao monitor para mostrar para Vitor como funciona, esbarra na taça e derruba todo o vinho em si.

– Caramba! - se levanta.

– Presta mais atenção!

– Fui te ajudar!

– Eu sei... Mas, deveria ter prestado atenção!

– Agora vou ficar molhada o dia todo! Nesse ar terrível vou pegar uma gripe!

– Vá até o banheiro... Tente se secar.

– Como vou me secar no banheiro? Não trouxe outro vestido.

– Como você vai se secar, eu não sei! Mas, tem um jato de ar quente nesse banheiro, fique embaixo.

– Que merda, viu!? - vai até o banheiro.

Vitor tenta limpar a mesa como pode. Retira a taça e passa um dos panos que sempre deixam ali para emergência.

– Vitor! - Erica grita.

– O que foi Erica? - termina de limpar.

– Vou precisar tirar o vestido!

– E? - joga a taça no lixo.

– Preciso de algo pra me cobrir enquanto isso. Não tem nenhuma toalha aí?

– Não Erica!

– Nenhum pano grande?

– Não... Somente esses de tirar pó.

– Vou morrer de frio aqui! - reclama.

Vitor respira fundo e vai até lá, entregando uma (das duas) das suas camisetas que estava vestido.

– Toma...- entrega por uma brecha da porta. E por favor, ande logo com isso aí! - retorna a mesa para analisar os papeis.

DO LADO DE FORA DA SALA...

– Bom dia! - Paula entra.

– Bom dia! - se levanta. Que honra a Sra. aqui.

– Só Paula! - estende a mão.

– Gabriel! - a cumprimenta.

– Vitor está por aqui?

– Na sala dele. Quer que eu anuncie?

– Não... Posso?

– Claro! - indica para ela.

Vai até a sala de Vitor, abrindo a porta e olhando-o diretamente.

– Paula? - se levanta, olhando para o banheiro.

– Oi...- sorri. Posso entrar?

– Claro! - vai até ela. Por que veio aqui?

– Nós estávamos brigando demais... Resolvi vir fazer as pazes. Você saiu de casa, nem falou com a Diva...

– Sim...- tenta relaxar.

– Está tudo bem Vitor? - estranha a reação. Você está tenso demais...

Ele sabia que se Paula visse Erica ali, ainda mais com sua camiseta, não deixaria que ele explicasse a situação. Entenderia do modo dela e o mal estar que está entre eles, se tornaria pior. Para sua infelicidade, Erica sai do banheiro ainda sem o seu vestido.

– Vitor, eu...- se vira devido ao barulho da porta. O que é isso?

– Paula!

– Por que ela está assim? Ah...- se afasta dele. Nem sei porque pergunto. Foi por isso que você veio para agência, né?

– Espera aí Paula! Nós havíamos conversado aquela vez, eu não estou dando encima dele ou coisa parecida... Isso está sendo um mal enten...

– Você cala boca! Meu assunto é com ele...- se vira para Vitor.

– Paula... Se acalme! Vamos conversar de maneira civilizada. Isso tudo é um grande mal entendido...

– Você também fique quieto! Quem fala aqui sou eu...- o encara. Quando eu sair por aquela porta, você não ouse vir atrás de mim. Não vou passar vergonha por conta da sua falta de vergonha...

– Paula! Você está me ofendendo... Não é nada disso! - tenta se aproximar dela.

– Não chegue perto de mim! - se afasta.

– Paula, por favor... Eu jamais faria isso! - se desespera pela reação dela.

– Vitor... Esses últimos dias só veio reafirmar o quanto você não merece nada do que eu sou!

– Paula...- tenta mais uma vez se aproximar dela. Por favor... Me escuta!

– Para que? - se vira e vai até a porta.

– Paula, fala comigo!

– Não estou disposta para você. Nem hoje, nem nunca mais! - sai.

– Erica...

– Vitor eu não sei nem o que dizer...

– Erica... - fica sem reação. O que eu vou fazer?

– Vá atrás dela! Vai saber do que ela veio... Ela não está bem, se dirigir daquela maneira...

– Meu Deus... - pega as chaves e sai.

Paula anda depressa, para não dar tempo dele alcançá-la. Encontra Elias a aguardando na porta do carro.

– Vamos Elias! - enxuga as lágrimas. Rápido!

– Certo...- abre a porta para ela, fechando após e entrando no motorista. Vamos para onde?

– Qualquer lugar Elias... - chora.

– Me desculpe a ousadia...- a olha pelo espelho. A Sra. está bem?

– Não... - o olha. Mas, não quero ir para casa agora... Nem para minha mãe. Me leve para qualquer outro lugar, por favor...- soluça entre o choro baixo.

– Vou levar a Sra. em um parque que tem aqui... - segue.

Na mente repassa todos os momentos, cada segundo de tudo que viveram juntos. As risadas, os carinhos, os filmes. O coração queima pela decepção, não consegue associar nada, tudo vai perdendo sentido aos poucos. Olha pela janela e se imagina sem Vitor, o vazio intenso que ele deixou. Parece que muitas nuvens que ele a ensinou ver, caíram agora sobre si... Todas as dúvidas, todo o medo a acomete mais veloz. Por outro lado, Vitor sai em disparado de carro, olha para todos os lados e não consegue ver ela. Não consegue ver nada além da miragem que resta de cada lágrima de medo. Medo de Paula não permitir que ele possa explicar toda a situação, medo dela não confiar que ele jamais faria algo assim.

– Chegamos...- desce e abre a porta para ela. Parque do Sabiá...

– Ah...- sai do carro.

– Pode ficar a vontade... Estarei aqui aguardando a Sra.

– Muito obrigado, Elias...- segue caminhando, sem saber para onde.

Parecia que cada passo era um pedaço de si deixado para trás. O que faria agora? Não sabia como agir, repugnava a ideia de olhar para ele novamente. Enquanto isso, Vitor dirigia enquanto ligava para Dulce.

– Oi Vitor!

– Dulce...- tenta segurar o choro. A Paula está aí?

– Aqui não... Por que?

– Se ela chegar...- se desespera. Me avise, por favor! - desliga, ligando para sua mãe.

– Filho?

– Mãe! - não se controla.

– Vitor, o que houve?

– A Paula está aí?

– Não...

– Mãe, se ela aparece por aí, me telefona... Pelo amor de Deus!

– Vitor, o que está havendo? - se preocupa ouvindo o choro do filho. VITOR! - ele desliga.

– Onde você está? - liga para casa.

– Fazenda Hor...

– DIVA!

– Vitor? O que está acontecendo?

– Diva, a Paula... - busca se controlar. A Paula está aí?

– Não... Ela saiu daqui atrás de você...

– Diva, quando ela chegar aí, você me telefona... Se ela ligar para casa, me telefona! Tente saber onde ela está, por favor...- chora e desliga.

– Onde você foi parar? - liga para ela.

Paula ouve o celular tocando e o pega da bolsa, vê que é Vitor.

– Amor...- lê o que está escrito na tela. Por que você fez isso? - pensa consigo mesma. Eu só queria...- senta-se no banco, chorando. Por que...? - desliga o telefone. Não quero te ouvir, não quero te ver! - joga o celular na bolsa.

O tempo começa passar, mas para Paula ele parece nem existir. Vai se recuperando aos poucos, tentando encaixar os pensamentos aos poucos. Pensa na filha, no quanto ela precisa de si. E, por ela, levanta-se e segue para o carro, intocável.

– Vamos Elias! - entra.

– Sim, Sra. - entram, seguindo caminho. Para onde?

– Minha casa.

Vitor vai para a casa, sabe que Paula logo retornará para lá por conta da Vitória. Ao chegar, Diva tenta acalmá-lo. Ele explica tudo o que houve, e diz não saber como convencer Paula da verdade.

– Tenha paciência... Tudo se ajeita. Se essa é a verdade, ela vai reinar... O amor é justo, Vitor. Mas, precisa do seu tempo...

Paula chega e sai antes mesmo de Elias. Observa o carro de Vitor estacionado, respira fundo e entra na casa.

– Paula! - se levanta ao vê-la. Paula, vamos conversar...

– Arrume suas coisas!

– Paula... - se aproxima dela.

– Não quero me exaltar com você. Arrume suas coisas e saia dessa casa... Não estou suportando olhar para você.

– Pelo amor de Deus! - chora.

– Não divido mais a minha cama com alguém que não me respeita! - vai para o quarto de Vitória. E...- retorna. Fique longe da Vitória enquanto não se limpar da sujeirada que aprontou!

– Você não pode fazer isso!

– Eu não só posso, como estou fazendo... Você tem uma hora para sair dessa casa com suas coisas. Mais que isso, sairá com a roupa do corpo e não pisa aqui para pegar nenhuma cueca nunca mais! - se vira e sai.

– Meu Deus... - vai até Vitor. Meu filho...

– Diva...- a abraça. Diva não é verdade..

– Tenha calma... Ela está nervosa...- o acaricia. É melhor você sair por agora... Não adianta conversar com ela nesse momento.

– Se eu sair, vai parecer que é verdade tudo que aconteceu! - chora. E NÃO É!

– Não Vitor...- o senta. Você precisa entender que ela está muito mal... Que ela precisa ficar de cabeça fria.

– Diva... Você sabe! Sabe que eu jamais faria isso...

– Eu sei! E ela também sabe... Mas, o que ela viu não favorece você no momento. Parece não haver alternativa para ela por agora... Vamos! - se levanta. Vou arrumar algumas roupas para você e pedir que Elias te leve.

Seguem para o quarto onde Diva pega uma mala e começa organizar as roupas dele, enquanto ele observa cada canto daquele lugar que era o refúgio para os dois. Pega uma das fotos do casamento, que ficava emoldurada na bancada do espelho.

– Por que ela não acredita em mim? - se vira para Diva.

– Não é o momento para você pensar nisso...

– Quando ela vai querer me ouvir? Se nunca mais ela quiser? - chora.

– Vitor... - vai até ele. Você precisa sair daqui agora... Deixar que ela entre aqui, que ela sinta você. Deixar que a mente dela se organize, para poder ouvir o coração. Ela precisa de tempo Vitor... E o seu só começa quando o dela terminar. Ela precisa se acalmar, para você começar a se explicar. Vem...- pega na mão dele. Você tem que sair logo!

– A minha filha...- se desespera. Preciso ver a Vitória... Por favor! - chora.

– Não...- sente o coração doer ao vê-lo naquele estado. Agora não... Vamos! - o puxa.

Passa pelo quarto de Vitória e é tentado a abrir, mas Diva logo o impede, o que o faz desmoronar. Ela o leva até o carro, Elias guarda a mala dele.

– Diva...- se vira para ela. Me mande fotos dela...- chora. Não sei quando vou poder vê-la! Nem se eu voltar para essa casa...- a abraça. Vou sentir sua falta!

– Vitor...- o segura. Você vai voltar! Mais breve do que imagina... Agora vai... Não espere ela aparecer aqui e vocês brigarem novamente. Entre...- abre a porta.

– Tchau...- entra.

– Ai meu Deus...- fecha a porta e segue para a casa, para que ele não a veja chorar mais ainda.

– Ele já foi? - aparece com Vitória nos braços.

– Acabou de sair...- enxuga as lágrimas.

– Tire todas as fotos dele da casa, Diva!

– Paula...

– Estou mandando!

– Me desculpe... Irei tirar. - sai.

Ao sair, Paula cai no sofá chorando por tudo que estava acontecendo. Uma tempestade que apareceu e levou tudo dessa vez! Vai para seu quarto e não se controla. Coloca Vitória no berço e vai até o lado dele da cama. Se recorda do dia anterior... Sente o peito virar pó. Se perde ali, com tantas lágrimas e não se dá por si quando adormece.

Na cidade, Vitor pede para ir para ai casa da mãe. É recebido sem muitas perguntas. Pede para descansar e não ser incomodado tão cedo. No quarto repensa em tudo e decide que vai dar a Paula o tempo necessário. Não havia o que se culpar e ela descobriria a verdade mais cedo ou mais tarde. Precisava só encontrar um jeito de ver Vitória enquanto isso.... Não queria recorrer a justiça. Não queria que essa situação durasse mais que um dia. O que infelizmente não aconteceu...

DIAS DEPOIS.

– Só retorno para casa por conta da Vitória...- se lamenta. Senão nem aqui eu viria... Ficaria na estrada e não voltaria nunca mais! - chora.

– Paula...

– Sinto tanto a falta dele, mãe...!

– Não está na hora de ouvi-lo?

– Não! - se levanta. Vitor não tem que ser ouvido...

– Paula, o que não tem que acontecer é essas maluquices que você está fazendo! Ele precisa ver a filha... E sei que só não entrou na justiça por gostar muito de você.

– Ele não gosta de mim!

– Pare! - se levanta. VOCÊ SABE QUE ELE GOSTA! Você só está com medo... Medo de ter errado em ter colocado ele para fora de casa sem deixar que ele se explicasse!

– Se a Sra. visse o que vi, não buscaria explicações.

– O quê você viu? Uma moça com a camisa dele saindo do banheiro e ele sentado, normalmente na mesa assinando papeis.

– Isso é pouco?

– Paula... Se estivesse acontecendo alguma coisa, estariam descabelados ou qualquer coisa do tipo. Vitor estava como ele fica com você, depois que se amam? Pode ter acontecido inúmeras coisas.... Eu sei que parece um absurdo pensar assim! Mas, não dá para tomar uma medida dessa sem ao menos ouvir o outro! Casamento precisa ser salvado! É um ato de compreensão, entendimento...

– Não dá para fingir que não foi nada! - chora.

– Não estou te pedindo para fingir isso... Estou só te pedindo para ouvir ele. Até a moça...

– Mesmo que não tenham feito nada... Aquilo não era jeito de uma funcionária estar na frente de um patrão!

– Isso é certo... Mas, isso você precisa conversar com ele.

– Paula? - Cintia chama.

– Oi...

– Oi gente...- respira fundo. Preciso dar uma notícia não muito legal...

– O que houve?

– A turnê foi adiada.

– O quê? - se levanta. Estava contando com essa turnê para me sentir um pouco melhor!

– Os shows lá foram vetados pela fiscalização. Querem o prazo de um mês, aproximadamente, para nos receber.

– E todos os shows demarcados por isso aqui no Brasil?

– Já enviaram a indenização! Alguns conseguimos remarcar, outros não.

– Droga! - senta-se. Está tudo dando errado... - chora.

– Não Paula...

– E pior... O aniversário dele é daqui dois dias. - chora novamente. Nosso primeiro aniversário dele... Que agora não existe mais nós! Não vou poder comemorar com ele...

– Paula! - a abraça. Você precisa resolver isso...

– Eu vou! Estou tomando coragem para dar entrada no divórcio...

– Está maluca?

– Não... - se levanta e sai.

Na casa de Marisa, Vitor permanece calado. Não fala muito desde o dia que chegou ali; por mais que a mãe tente voltar ao assunto, ele evita.

– Seu aniversário é daqui dois dias... - sorri.

– É...

– Vitor... Fazemos um bolinho para você aqui?

– Não mãe...- respira fundo. Não quero comemorar!

– Ao menos uma coisinha...

– Não... Por favor.

– Tudo bem! - se decepciona.

– Quero ver a Vitória... Não sei como Paula vai sair do país sem minha autorização.

– Já liguei lá inúmeras vezes, mas ela nunca está!

– É mentira dela... - não a olha enquanto conversa.

– Me dói tanto ver você assim...- ele abaixa a cabeça.

– Queria procurar um apartamento... Mas, não posso. Se Paula pedir o divórcio, não vou ter como manter...

– Não diga isso, Vitor! - vai até ele. Ela não vai pedir divórcio! Se ela fizer isso, eu vou até ela e conto tudo eu mesma!

– Como se ela fosse acreditar...

– Ela precisa acreditar! - se enfurece. Não me conformo com essa situação... - sai.

– Nem eu...! - segura as lágrimas.

Continuam suas rotinas, sem deixar que ninguém saiba sobre a separação. Estaria tudo normal se não fosse a falta que um sente do outro... Se pegam chorando volta e meia, revendo todas as fotos, as mensagens, sem coragem para apagar dali o que não apagavam do coração.

CONTINUA...


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Notas finais do capítulo

Comentem para mim quem, na opinião de vocês, está certo ou errado. Haha Beijos



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