12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 46
Capítulo 46


Notas iniciais do capítulo

Como vocês irão perceber, os flashbacks continuam. Gostaria de dizer que as datas (anos, meses) são incógnitas, coloco anos aproximados em relação a época que estiveram juntos. Espero que estejam gostando, comentem suas preferências, o que acham, pois me ajuda muito. Obrigado ❤



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Retorna para o quarto com Vitória e a aconchega perto de si na cama. Faz as massagens na barriga da filha, como se lembrou que o médico havia ensinado. O tempo passa e a bebê adormece, ela sente a exaustão de uma madrugada inteira em claro e logo dorme também. Quando Dulce chega, as duas já estão dormindo, então retorna pro seu quarto. O dia não demora muito pra amanhecer, todos se levantam e aguardam Paula na mesa do café da manhã. Ao despertar, vê Vitória já acordada, e sorri.

– Mocinha, você não deixou mamãe dormir... - se levanta. Hoje o papai volta!

– Paula!?

– Oi, pode entrar... - pega Vitória.

– Bom dia! Está levantando agora!? - ri.

– Sim! Dormi faz pouco tempo... Essa noite Vitória deu um show.

– Eu nem ouvi... Estava cansada.

– Só porque eu havia dito ao Vitor que ela estava dormindo bem...

– Me dê ela e vá se aprontar, estão todos já tomando café.

– Tá bem... - entrega. Cintia, peça ao Elias pra buscar Vitor...

– Tá... Chamo Lucy pra aprontar a Vitória?

– Chama sim... Assim que eu terminar aqui, vou ajudá-la.

– Está bem... - se retira.

Paula termina de se arrumar e vai para o quarto de Vitória ajudar Lucy. Tempos depois vão rumo à sala de refeições, onde estão tomando o café da manhã.

– Bom Dia! - sorri.

– Que lindas... Bom Dia!

– Dormiram bem?

– Mais ou menos... Vitória teve cólicas.

– Isso é normal...

– Me deixe pegá-la Paula?

– Claro Julia... - entrega ela.

– Que fofa... Ela se parece muito com Vitor, não posso negar!

– Já estou me acostumando com isso. - se senta.

– É o melhor... - riem.

Ao terminarem o café, vão para a parte externa da casa, aguardando Vitor que não demora chegar. Paula se levanta com Vitória e vai até o carro que ainda está estacionando.

– Papai, meu amor... - sorri.

– Olá! - Marisa sai. Vem Vi... Cuidado. - segura a mão dele.

– Está tudo bem, mãe... Obrigado. - sai e se vira pra Paula.

– Vitor! - se aproxima.

– Oi... - a beija. Meu amor... Como você está linda! - sorri pra filha. Me dê ela...

– Filho, sente-se, depois você pega.

– Não... Estou bem. - pega ela. Vamos...

– Vamos então... - passa o braço nele.

– Está tudo bem?... - a beija na cabeça e vão rumo onde o restante do pessoal está.

– Melhor agora! - sorri.

Vitor cumprimenta a todos e junta-se a eles. Paula, de marcação cerrada, pede que logo ele logo vá descansar.

– Nem preciso dizer que podem ficar a vontade, né?

– Paula... - Lucy se aproxima. Levo Vitória pro banho de sol agora?

– Sim Lucy... - sorri.

– Vou precisar dela Vitor... - riem.

– Só por alguns minutos, depois me leve ela novamente... - entrega-a.

– Levarei... - sai junto das filhas do Monteiro que a acompanha.

– Bia, vamos que eu e Marisa iremos te mostrar o orquidário...- levantam-se e saem.

– Monteiro, a Cintia está te esperando no escritório, ok!?

– Estou indo pra lá, Paulinha! Vitor, descanse que ainda quero te ganhar no pocker!

– Isso nós veremos... - riem.

– Até mais... - sai rindo.

– Até... - olha pra Paula. E você? Vai pra onde...?

– Eu!? - se aproxima. Acho que vou para meu quarto!

– Me dê uma carona? Estou indo para o mesmo lugar...

– Besta... - riem. Vamos... - o ajuda a levantar.

– Isso está me irritando! Eu sei fazer as coisas sozinho... - pega a mão dela e saem.

– Deixe de besteiras... - beija a mão dele.

– Vamos ver a Diva...

– E depois, cama!

– Certo, senhora Chaves... Depois iremos pra cama!

– Mas, já está tão bem assim? - ri.

– Minha Diva... - a abraça. Claro que estou... E eu lá durmo no ponto? - riem.

– Não vai tomar jeito nunca, menino! - passa a mão no rosto dele. Deixe eu te abraçar de novo... - o puxa. Ai... Que bom você pertinho! Fique com tanto medo, seu branquelo.

– Não fique, meu anjo. - a acaricia. Estou aqui e louco pra comer da sua comida...

– Você vai! Daqui a pouquinho serviremos o almoço... Que está uma coisa de louco!

– Sinto água na boca só de imaginar!

– Agora vá descansar... Não fique enrolando Paula.

– Isso mesmo, Diva... Me ajude!

– Está bem... - se aproxima de Paula e a envolve. Vamos...Depois volto, Diva!- grita. Hoje é folga da Sol? - saem.

– Sim... Mais tarde ela deve voltar ou só amanhã.

– Ontem você não me ligou pra falar da Vitória...

– Perdão amor... Eu acabei dormindo.

– Ela demorou pra dormir?

– Um pouquinho... Era cólica.

– Que dó da minha pequena...

– Nem me fale... Entra. - abre. Me desesperei... - fecha a porta.

– Eu imagino...

– Vem... Vou te ajudar a se deitar. - arruma a cama.

– Que flores lindas!

– Gostou!? Troquei ontem... Hoje vou trocar novamente! - vai até ele.

– São lindas...

– São azaléias... Vermelhas porque significam amor longo! - sorri arrumando as flores.

– O nosso amor, então... Azaléias vermelhas significam Paula e Vitor. - sorri e a beija.

– Também... - se vira pra ele o abraçando.

– Eu te amo, Paula... De uma maneira avassaladora em mim. - Passa a mão sobre o rosto dela. Que falta você me fez... Todo esse tempo.

– Eu sei que me ama, você me deixa sentir... Toda vez.

Vitor a observa como se desenhasse cada curva de seu sorriso, de seu rosto. Sentia-se inteiro, o que chamam de felicidade. Paula era seu ponto mais fraco e o seu ponto mais forte, os dois lados de seu eu, a luz que havia por trás dele. A acaricia, sentindo o quanto ela sentia falta de seu carinho, de um momento que fosse assim tão simples, mas que ela pudesse esquecer todo o resto do mundo, das responsabilidades, dos compromissos, se entregando inteiramente a ele. Toca seus lábios como a coisa mais sensível da qual tivesse lidado...

– Obrigado...- sorri, ainda com os lábios dele nos seus.

– Pelo que?

– Por me fazer tão feliz. Por nunca ter desistido de mim... Mesmo quando te pedi isso. - se afasta.

– Não vamos lembrar disso, Pulinha... Você não tem que lembrar dessas coisas. - beija a mão dela. Desse passado que foi importante pra que vivêssemos o que estamos vivendo hoje... Toda dor que eu senti, que você sentiu, é só amor agora em todo segundo.

– Eu sei... - abaixa a cabeça.

– O quê está havendo? - se preocupa.

– Nada... - se entrelaça nele.

– Vem... - a abraça. Vamos nos deitar aqui... - se deitam na cama.

– Vou tirar os sapatos... - tira os dele primeiro e logo depois os seus. Está confortável?

– Estou... Deite aqui.

– Espera... Quer ligar a TV? Ou alguma música?

– Não... Quero que venha aqui, do meu lado. Quero que me permita saber o que está havendo.

– Não está havendo nada! - tenta argumentar. É que fico lembrando de tudo, e...

– Se arrepende?

– Claro que não...- vai até ele e se senta. Não me arrependo de nada, talvez só de ter sido tão iludida pensando que as coisas entre a gente já estavam resolvidas, atrasando tudo que isso que está havendo agora. Querendo te tirar da minha vida, só consegui te amar mais... Sempre que eu fugia, alguma coisa me trazia você, eu não sei explicar o quê. Era desesperador... Me pegava tanto tempo pensando na gente, em tudo que aconteceu, tudo que poderia ter acontecido... - segura forte a mão dele. Enquanto já poderíamos estar juntos há muitos anos, pois amor nunca faltou. Sempre me sentia sozinha, mesmo tendo alguém. Acho que eu sentia falta de um amigo... De um amor que um amigo me oferecia. - sorri. De alguém que eu pudesse desabafar meus medos sem medo de amanhã. Que eu pudesse confiar minha vida, carregando a certeza do quanto cuidaria bem... De um amigo com um amor que me conhecesse em cada canto do meu ser, de alguém que me fizesse se apaixonar todos os dias. Alguém de verdade, um parceiro, um companheiro, um amigo, um amor de verdade pra que eu pudesse ser uma Paula de verdade.

– Uma Paula de verdade... - sorri. Também me apaixono todos os dias por essa Paula. Eu acordo feliz por saber que ela existe, durmo feliz por saber que mesmo que eu não acorde, permanecerei eterno aqui como essa Paula. Você é uma extensão de mim... E eu sou quem precisa de você.

– Obrigado por estar aqui... - o abraça. E por me deixar sentir que nunca se foi e nem se vai!

– Nunca... - a aperta. Tenho vontade de te guardar...- ri.

– Guardar pra perder?

– Pensando bem, por esse lado, melhor não né!? - riem.

– Não... Ainda mais se tratando da pessoa mais bagunceira que conheço!

– Não faço tanta bagunça assim... Apenas sou desorganizado!

– Isso é diferente? Porque no meu entendimento não... Começando pelas suas roupas no closet, por favor, né? Até suas roupas íntimas que coloco separadamente, você desarruma!

– Vamos falar disso mesmo?

– Não... - ri. Desculpa... Você está cansado, né? - se levanta. Quer que abre a varanda?

– Sim...

– Está bem... - se levanta e abre. Os girassóis não nasceram ainda!

– Não é tempo, amor...

– Poderia ser tempo o ano todo. - observa a plantação.

– Daí você não teria olhos pra qualquer outra flor e todas as flores merecem ser vistas... Por isso cada um tem seu tempo.

– Faz sentido... - se vira. Aliás, você sempre arruma uma explicação pra tudo. - ri.

– Quase tudo... - ironiza.

– O que você não consegue explicar? - senta-se ao lado dele.

– Você. Deita aqui... - puxa-a pro peito dele.

– Meu lugar predileto! - se aconchega nele.

– Um casulo! - envolve ela.

– Poderíamos não ter compromisso algum e ficar aqui, sempre.

– Mas, podemos...- ri.

– Sabemos que não... - riem.

– Novidades daqui?

– Deixa eu ver...- pensa. Não... Não temos muito o que falar sem você aqui.

– Sei...- riem. A Lucy está indo bem?

– A Lucy é um amor... Vou fazer de tudo pra ela permanecer aqui por muito tempo...

– Ela queria estudar.

– Ela pode... Vamos falar com ela.

– Sim, Elias pode levar ela e buscar também toda noite.

– Isso... Amanhã vejo isso.

– É esquisito ter visitas lá fora...

– Um pouco... E a gente aqui.

– Mas são de casa, não tem problema.

– Vitor, eu resolvi te deixar ficar com os charutos...

– Você resolveu? - olha pra ela ironizando.

– Não gosto daquilo, principalmente por Vitória.

– Não fará mal a ela, porque nem dentro da casa pegarei.

– Assim espero... - adverte. Diva comprou, depois peço a ela.

– Entre... - batem na porta.

– Olá, o almoço vai ser servido.

– Obrigado Lucy... Cadê Vitória?

– Está com as meninas.

– Certo... - se levanta. Você fica aí que trarei aqui pra você comer...

– Você come aqui comigo?

– Farei esse esforço...- ri.

– Vou te aguardar...

– Tudo bem... Já volto. - sai.

Paula vai até a cozinha e confere a mesa para receber os convidados. Coloca as refeições dela e de Vitor em uma mesa portátil.

– Pega essa garrafinha colorida aí pra mim, Diva...

– Aqui...- entrega.

– Vou colocar essas flores aqui... - separa umas flores e a coloca na garrafa colorida.

– Que lindo...

– Legal, né? - observa o arranjo posto na mesinha portátil. Uma coisinha simples, fica lindo...

– Fica mesmo Paulinha... - sorri.

– Agora vou levar que Vitor está faminto...- ri.

– Qualquer coisa é só avisar...

– Digo o mesmo. Até mais... - sai.

– Que lindo!

– Também achei... - sorri. Bia, me desculpe não almoçar com vocês...

– Não se preocupe com isso, já me sinto em casa...

– Que ótimo! Agora vão comer que isso está com um cheiro maravilhoso...

– Como tudo que Diva e Sol fazem...

– Pior, né!? Minha dieta que sofre...- riem.

– Mas, nada de sair da linha!

– Opa! Não sairei...

– Vamos comer?

– Vamos Dulce... Vitor está bem, Paula?

– Está sim Marisa... Vou levar a papinha dele agora. - pisca.

– Qualquer coisa fale com a gente...- riem.

Dulce, Marisa e Beatriz vão à sala de jantar se juntarem com Monteiro, Cintia, Julia e Luiza. Almoçam todos juntos enquanto Vitor e Paula almoçam no quarto...

– Ficou linda sua mesa... - ri.

– Também achei linda. - riem. Sua papinha... Se arrume. - organiza a cama pra colocar a mesa portátil.

– Delícia! - observa o prato. Deixa eu ver seu prato... - puxa.

– Que isso...!? - senta-se ao lado dele.

– Quero ver se estamos comendo a mesma coisa!

– Que graça...- ironiza. Tira a mão daqui...- bate na mão dele. É tudo igual...

– Acho bom! Um vinho cairia bem aqui, né?

– Vitor, você parece que não caiu na real!

– Eu já disse mil vezes... ESTOU BEM. - olha pra ela. Não irei tomar esses remédios...

– É melhor você comer mesmo... Enfia comida nessa boca linda! - coloca comida na boca dele. Pra não falar tanta besteira...

– Sem graça!

– Se você continuar assim, vai comer aqui sozinho!

– Isso é uma ameaça? - a beija.

– E isso é uma chantagem baixa!

– Não importa... - volta-se pra refeição. Que foi? - olha pra ela que está rindo.

– Só lembrei de uma coisa...

– O que?

– Vendo tudo aqui, lembrei do nosso "primeiro" jantar juntos... - larga os talheres e ri. Primeiro assim... Sentados realmente pra comermos só os dois com esse intuito.

– Não! O que você tem que lembrar dessas coisas sgora?

– Meu amor... - passa a mão no cabelo dele. Não fique assim... Foi o melhor da minha vida!

– Chega de palhaçada.

– Não Vitor... - ri.

– Pare de rir, Paula!

– Mas, Vitor...

– Poxa Paula...

– Não fica enfurecido! Era o que melhor podíamos...

– Foi um fracasso. - não resiste e começa rir.

– Foi ótimo, terminou bem...

– Muito bem... E como terminou bem!

" 2002...

Vitor e Leo cantavam em bares pelos dispersos lugares de São Paulo. Paula, enfrentando dificuldades com a família e a situação financeira, os acompanhava sempre que podia, por insistência irrecusável de Vitor. Naquela noite, tudo seria um pouco diferente. Ou, absolutamente diferente.

– Fernandinho? (garçom).

– Oi...

– É você quem fecha o bar, não é?

– Sou eu sim, por que?

– Nada... Só curiosidade.

– Está aprontando alguma?

– Não... - ri. Só queria saber se há problema eu ficar aqui até um pouco mais tarde.

– Tem problema sim, porque preciso levantar cedo no outro dia!

– Sei... - ironiza.

– Pra que quer ficar até mais tarde?

– Uma pessoa muito importante pra mim vem aqui hoje e como vou cantar, não terei tempo pra me sentar com ela. Pensei que poderia ficar um pouco depois do show...

– Uma pessoa muito importante?

– Muito... - sorri pensando.

– E a Paulinha sabe disso?

– Hein!?

– Ué... Ela sempre te acompanha, você vive acompanhando ela, vivem juntos pra cima e pra baixo... Achei que rolava algo, mas agora você vem com esse papo! Não magoe a moça Vitor, ela parece gostar muito de você, aquele jeitinho dela de ficar aqui vendo você eu jurava que...

– Fernandinho... - interrompe rindo. É ela!

– Como assim? Agora estou sem entender... Ela vive aqui com vocês, qual a diferença?

– A diferença é que entre eles não rolava nada, mas agora... - Leo chega.

– Para com isso, Leo... Não vá ficar falando assim perto dela.

– Por que?

– Porque a Paula é toda... - para e respira. Leo... - adverte. Paula nunca teve um namorado, ela é muito tímida e se ficar de cara falando essas coisas ela vai pensar que sempre tive interesse nela, que saia com ela só por conta disso.

– E não foi...?

– Claro que não! Você como ninguém sabe que não.

– Estava brincando...- ri.

– Pois você vá pra bem longe com suas brincadeiras... - sai.

– Calma aí Vitor... - argumenta.

– Você Leo... - olha pra ele. Deixa o Vitor sem graça, moleque!

– Não mando ele ser travado assim... Ele sempre gostou dela, fica enrolando.

– Mas, não fica fazendo essas brincadeiras...

– Vou lá falar com ele. - sai.

Vitor está arrumando as cordas do violão para mais tarde quando Leo chega. Tenta ignorar sua presença, mas é inevitável.

– O que foi?

– Só queria te pedir desculpas...

– Você sabe o quanto é complicado e fica aí...

– Complicado por que?

– A Paula não é como qualquer outra dessas moças... Ela já sofre tanto, e eu morro de medo de... Sei lá.

– Medo?

– De me envolver com ela... Na verdade, dela não querer se envolver comigo.

– Por que ela não iria querer? Paula gosta muito de você Vitor...

– Gostar é uma coisa, amar é outra. Eu amo a Paula, Leo...

– Espera aí... - se sente confuso.

– Nunca me envolvi tanto com alguém assim. Alguém que realmente me conhecesse como ela, que me tornasse melhor... Sinto falta dela quando não estamos juntos, gosto do cheiro dela, do jeito dela.

– Vitor...

– Eu sei... Isso é perigoso. Paula é muito mais nova que eu e eu já tive outros relacionamentos e ela não.

– Por isso te digo pra pensar bem... Eu sei que há algo muito forte entre vocês. Extremamente forte... Vocês possuem uma sintonia indescritível. Você faz coisas pela Paula que não fez pra mulher nenhuma... Dá seu tempo, suas economias a ajuda mesmo sem ela saber. Eu também sou amigo dela e não faço metade do que você tem feito. Mas, não quero que os dois se machuquem...

– Por isso estou com medo! Primeiro porque nunca vivi algo assim... De um amizade tão forte, de uma irmandade tão acolhedora, não imaginei que me pegasse tão apaixonado por alguém. Paula sabe tudo sobre mim, Leo... Coisas que eu nem mesmo contei pra você.

– Segue em frente... Tenta. Ao menos tenta... Diz a ela o que sente! Deixa teu medo de lado, ao menos nesse momento.

– E se ela se assustar? Se não quiser mais andar com a gente...

– Ela não vai se assustar... Acredito que ela já tenha percebido.

– Meninos? - Fernandinho chega.

– Fala, Fernandinho...

– Tem um café ali, da hora... Vamos lá.

– Você vai Leo, eu vou na casa da Paula. Preciso pedir pra Dulce pra ela poder vir hoje, novamente...

– Boa sorte! - riem.

No caminho até onde Paula morava, Vitor pensa e repensa se deveria mesmo dizer algo, ou deixar as coisas da maneira que estavam. Assim que chega, Paula estava sentada junto de outras meninas da companhia, quando o vê sorri.

– Que bom que chegou...- se levanta. Não avisou que vinha...

– É... Estava no bar, estávamos mexendo no som.

– Verdade, hoje é dia de cantar lá! Veio pedir pra minha mãe?

– Vim...- riem.

– Ela está lá dentro! - sorri. Vamos lá... - puxa ele. Já volto, meninas.

– O que fez hoje?

– Fique o tempo todo aqui, sentada... Éramos pra nos apresentar amanhã, mas como é muito longe parece que não teremos transporte pra ir.

– Poxa Pulinha... - se entristece.

– Estou com medo Vitor... - para e se vira pra ele. Nós estamos ficando sem dinheiro, cada vez mais e acho que teremos que voltar pra Minas.

– Não... - respira fundo. Qual a diferença de lá e aqui?

– Lá teremos onde morar... Aqui, vivemos de um lado pra outro.

– Vocês podem morar com a gente...

– Está maluco? Somos quatro!

– Seu pai está aí?

– Não... Saiu, nem sei pra onde foi. Mas, ele sempre deixa eu sair com você, então não tem problema.

– Sim... Vamos falar com sua mãe, de uma vez.

– Vamos... - caminha.

– Você não está bem, não é? Também não penso que tenha como ficar... Paula... - a vira pra ele. Você não pode desistir, promete pra mim que não vai!

– Não posso... Não por mim. Mas, estou colocando a harmonia da minha família em risco, meus pais não param de brigar! O dinheiro é curto, todos os dias, a gente só não passa fome porque o Nilmar ganha uma cesta por trabalhar de aprendiz. Não posso te prometer que não vou desistir... Porque não sei até quando posso suportar isso. Até quanto tempo minha mãe pode suportar...

– Me sinto tão impotente...

– Não se sinta... Tá tudo bem... O que for pra ser, vai ser. Vamos lá logo... Vai me fazer bem sair um pouco.

– Sim... - se entristece.

– Mãe!? - grita, entrando na casa.

– Aqui Paula...

– Oi...

– Diga? Oi Vitor... - o vê.

– Oi Dulce.

– Chegou em um bom momento, quer um café?

– Não obrigado... - sorri educamente.

– O que você vai pedir hoje? - ri.

– O de sempre...

– A Paula quem sabe... Se quiser ir, tudo bem. Desde que retorne no horário de sempre, também.

– Certo! A trarei aqui no horário de sempre...

– Vocês dois...

– O que? - Paula olha assustada, indicando pra que ela não diga nada.

– Sim?

– É... Tomem cuidado, é perigoso andar na rua muito tarde. - olha pra Paula.

– Tomaremos sim, Dulce. Não se preocupe... Pulinha, - olha pra ela. Passo aqui às 20h pra te pegar.

– Não precisa, eu vou...

– Precisa sim, Vitor... Não quero você andando sozinha, seu pai me enche o saco depois.

– Passarei aqui, fique tranquila. Bem... Eu já vou, então...

– Tá... Te levo até lá fora.

– Até mais, Dulce...

– Vai com Deus.

– Amém...- saem.

– Não precisa passar aqui... Eu vou.

– Ás 20h passo aqui. Não dê pra trás...

– Não darei... Vai ser bom sair um pouco. - respira fundo.

– Vai sim... Depois podemos sair pra comer.

– Vitor... - ri. Com o que? Você ganha pra comer e eu nem ganho, a gente não pode ficar gastando assim, está apertado pra todo mundo.

– Mas, sempre dá...

– Toda vez eu como o lanche que o bar dá pra você e você fica sem ter o que comer... Hoje vai ser diferente, podemos dividir! - ri.

– Nossa... Te chamo pra comer e você quer dividir o lanche do bar?

– Não quero você gastando suas economias. Podemos muito bem fazer isso... Agora não se fala mais nisso!

– Oi Vitor... - uma das moças que estava sentada com Paula se aproxima.

– Oi... - sorri.

– Você lembra de mim, não é?

– Acho que não... Desculpa. - olha pra Paula que sorri.

– Não tem problema...Até porque agora irei trabalhar diretamente na mesma companhia que Paula e já que vocês são praticamente irmãos, iremos nos ver muito.

– É...- se incomoda com a comparação. Bacana...

– Você namora...?

– Clara...- Paula se intromete. Por favor... Vem Vitor...- o pega pelo braço e puxa até a saída, distante das outras garotas.

– Atirada, né?

– Desculpa... Acabei de puxando pra sair de lá, mas talvez você quisesse responder a ela.

– Não... Tá tudo bem.

– Falei tanto de você e ela acabou querendo conhecer mais.

– O que você anda falando de mim, hein!? - ri cutucando ela.

– Nada... - riem. Para... Isso dói! - bate nele.

– Todas elas vão trabalhar com você agora? - olha as meninas.

– Sim... Elas já faziam parte da Companhia, mas não cantavam.

– Vai ser perda de tempo cantarem! Ninguém é como você...

– Elogio de amigo, não vale! - ri.

– Vale muito, sim! Aquela menina, Clara, né!? Por que está te dando sinal?

– Ah...- se vira pra ele. Então... É que ela está interessada em você... Deveria ter te deixado lá pra vocês conversarem, mas acabei te puxando por impulso... Ela foi falando logo de cara.

– Ah... Interessada em mim?

– É...- abaixa a cabeça. Quer falar com ela?

– Não... Eu estou interessado em outra pessoa. - olha pra ela.

– Ah...- se decepciona. Nem me falou... - sorri. Eu conheço?

– Conhece.

– É alguma delas? Olha...- observa as meninas. Aquela morena, do lado da Clara... Ela também vive me pedindo pra apresentar você.

– E você?

– Eu? - engole seco. Eu o que?

– Não é interessada em ninguém?

– Como se alguém me olhasse... - olha pra ele.

– Estou olhando...

Paula respira fundo e desvia seu olhar, Vitor nunca agiu assim com ela o que a deixa mais confusa sobre seus sentimentos. Nutria uma paixão por ele que a matava todas ás vezes que alguma pessoa se aproximava dele e ela não podia dizer nada. Era uma dor passageira, porque em nenhuma das vezes ele sequer ficou com qualquer outra pessoa, mas sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde e além de perder o primeiro homem do qual ela se interessou pra valer, perderia um amigo... "

CONTINUA ( o flashback.


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Notas finais do capítulo

PESSOAL! Alguns personagens são criados, outro são reais. O Fernandinho, do flashback, é um personagem real, garçom de um bar em que Vitor tocava. No próximo capítulo o flashback continua...



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