12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 47
Capítulo 47


Notas iniciais do capítulo

Boa tarde ❤ Espero que estejam gostando... Obrigado pelos comentários, pelas visualizações (que já ultrapassaram 11 mil visualizações) e pelas mensagens; leio e me emociono por gostarem tanto de uma história que conseguiu encantar vocês. Beijos ❤



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Paula respira fundo e desvia seu olhar, Vitor nunca agiu assim com ela o que a deixa mais confusa sobre seus sentimentos. Nutria uma paixão por ele que a matava todas ás vezes que alguma pessoa se aproximava dele e ela não podia dizer nada. Era uma dor passageira, porque em nenhuma das vezes ele sequer ficou com qualquer outra pessoa, mas sabia que isso aconteceria mais cedo ou mais tarde e além de perder o primeiro homem do qual ela se interessou pra valer, perderia um amigo.

– Acho melhor você ir... Leo deve estar bravo com você.

– Sim...

– Então... Tchau! Vou voltar pra lá e dizer a elas que você já tem alguém...

– Ainda não tenho, Paula. Ainda não... - a observa olhando assustada pra ele.

– Mas, vai ter... - sorri por educação, sem nenhum pouco de entusiasmo. Torço muito por você... Quem sabe um dia eu não cante em seu casamento!

– É, quem sabe...- sorri. Só sei que você terá que estar lá, senão não terá casamento.

– Ah...- ri. Espero que sua noiva seja compreensiva... Mas, talvez seu pensamento mude até lá.

– Os pensamentos da gente sempre vão mudar, mas os nossos corações não mudam. Eles não sabem o que é limite, o que é certo ou errado... Diferente dos pensamentos que se moldam a isso. O coração é uma vida individual dentro da gente, age como quiser.

– Gosto quando fala assim... Aprendo muito com você.- sorri.

– Não mais do que eu aprendo com você. - se aproxima dela e a beija na bochecha. Já vou... Fique bem. - passa a mão nos cabelos dela.

– Você também... Até mais tarde.

– Até Pulinha...- se vira.

Paula fica o observando partir, volta e meia se virando e olhando pra ela que sorri e resolve entrar. Não sabia explicar o que Vitor lhe causava, ele tinha um carinho por ela que a fazia se sentir protegida. Nenhum homem, depois que ele chegou, a destratou nos lugares que ia. Mesmo quando tentavam, viam Vitor virar uma fera. Retorna para onde as outras meninas estão, se senta já preparada pra chuva de perguntas que iria receber. Sentia-se feliz por ele não ser interessado nelas, mas triste por ter outro alguém na vida dele que poderia ser da idade dele, com a maturidade que ele achava essencial, com o corpo perfeito ou o jeito perfeito pra ele. Poderia ser uma mulher que não tinha metade dos problemas que ela tinha, uma pessoa que passaria a comer os lanches dele no bar e ocupar os lugares que eram dela. O tempo que ele dava a ela. Sente seu peito se comprimir e segura as lágrimas...

– Paula!? Hei, acorda... Oi... - passam a mão no rosto dela. Planeta terra, chamando.- estala os dedos.

– Oi...

– Dormiu no tempo, foi? Vai, me conta... Ele aceitou falar comigo?

– Clara, ele...- engoli seco. Ele já está interessado por alguém, não é ninguém daqui.

– Não sei porque pensaram que teriam chances com ele...

– Por que diz isso, Julia? - pergunta curiosa.

– Paula, você por exemplo... Ele te considera uma irmã. Ele nunca se envolveria com a gente, somos muito novas... Vitor já é um homem e não teria um relacionamento com pessoas como nós. Você tem sorte dele ainda te considerar uma irmã... Ainda bem que você nunca pensou em namorar com ele, né? - ri. Ou já pensou...? Porque se pensou, é melhor esquecer. Olha pra você, Paulinha...

– Credo Julia...!

– Só estou falando a verdade, você entende Paula... Não é!? Não quero te ofender, é que você muito menina e ele te vê como irmã.

– Está tudo bem... Mas, Vitor não é assim...- se levanta com um nó na garganta. Preciso entrar, outro dia a gente se fala. - sai.

– Nossa...!

As garotas se levantam e vão embora enquanto Paula corre pra casa, segurando as lágrimas pra que ninguém veja. Entra no quarto, passando por Dulce que estranha sua reação e a acompanha.

– Paula, o que houve?

– Nada, mãe...

– Por que está assim? As meninas falaram algo?

– Não...

– Paula... O que está havendo? Você está chorando? - a vira.

– Por que? Por que tudo isso comigo? Olha pra mim... Está tudo tão ruim!

– Do que está falando, Paula? Minha filha... A vida é cheia de desafios.

– Pra quem pode passar eles... Eu não posso.- chora. Nada certo! Temos passado tantas dificuldades e eu ainda... - chora.

– Claro que pode... - se aproxima dela e a senta. E você...?

– Mãe... Você acha que Vitor se interessaria por mim?

– Paula... Paula, Paula! - se levanta. Temia tanto isso! Você está apaixonada por ele, não é?

– Você também acha que ele não gostaria de mim, né? - limpa as lágrimas.

– Não é nada disso! Sempre desconfiei de vocês dois... Não é possível duas pessoas viveram juntas assim e não sentirem nada uma pela outra. Desconfiei desde o início... Por que não me falou antes?

– A Julia disse que ele jamais se interessaria por alguém assim...

– A Julia não sabe o que fala!

– Ele está interessado em alguém... - chora. E não sou eu...

– Ele te falou quem é?

– Não... Mas, disse que conheço. O Vitor foi a primeira pessoa da qual senti algo diferente! Ele estando com alguém, eu perco até o amigo.

– Não diz isso, Paula... - a abraça. Vitor gosta muito de você e por mulher nenhuma nesse mundo ele pensaria algo diferente sobre você ou agiria de outra maneira. Vamos ver uma roupa pra você sair com ele hoje?

– Não quero mais ir... Se ele aprensentar a namorada...

– Paula, não pense besteiras... Vem logo. Vamos ver uma roupa pra você ficar mais linda do que já é. Se aparecer alguém, vai ver como ele tem uma amiga linda! Mas, não vai aparecer...

– Não quero mais ir.

– Essa? Também achei linda...! Vou separar e depois você se arruma, ok? Filha... - vai até ela. O Vitor é uma ótima pessoa, não tenha medo disso. Tudo bem?

– Ás vezes ele faz certas coisas que acabo pensando que ele pode gostar de mim, bem mais que uma amiga... Mas... É tão estranho.

– Estranho?

– É difícil pensar que alguém como ele, gostaria de alguém como eu.

– Difícil é pensar que ele não gostaria...- olha pra ela.

– Ele me conta tudo... Se tornou o meu melhor amigo.

– Eu entendo... Fico muito feliz que você tenha ele pra te acompanhar.

– Sim...- sorri em meio as lágrimas. Não quero perdê-lo...

As duas ficam algum tempo ainda conversando e Paula resolve ir novamente, por ele e por tudo que já passaram juntos. As horas passam e às 19h53 Vitor já a aguardava no portão, como sempre.

– Já vou... - sai correndo.

– Volta aqui...

– Oi... - se vira.

– Ual! Ficou lindo em você... Quero ver ele olhar pra outra pessoa!

– Pare com isso, mãe...

– Juízo e estejam aqui na mesma hora de sempre.

– Papai e Nilmar não chegaram ainda?

– Não... Seu pai nem sei que horas vem!

– Vamos pensar que logo!

– Vai... Vitor já está te esperando. - a beija. Vai com Deus!

– Amém, fique com ele também.

Vitor a ouve e se vira pra vê-la, inconscientemente sorri. Quando ela retribui tudo parece ir acelerando, devagar.

– Vamos? - fecha o portão.

– Você está tão bonita...

– Uai, a mesma coisa de sempre.

– Verdade... Você é sempre bonita. Vamos... - dá o braço pra ela segurar.

– Leo já está lá?

– Não... Estava indo.

– Por que não veio com você?

– É que...- tenta desconversar. Não deu... Ele ia fazer outra coisa.

– Entendo.

– Você está melhor?

– Como sempre... Papai nem chegou ainda.

– Ele deve estar trabalhando...

– Não vamos falar disso... Pelo menos agora não. Depois podemos conversar sobre?

– Podemos sim.

– E você?

– Eu...? - se vira pra ela.

– O que me conta de novo?

– Por que nunca me olha?

– Hã!? - finge não entender.

– Você nunca olha diretamente pra mim...

– Tenho medo de me enxergar demais em você. - sorri.

– É... Tema isso mesmo. Mas, eu gosto de te olhar... De me ver dentro dos seus olhos!

– Já percebi isso... - ri.

Vão o caminho todo conversando sobre tudo. Ao chegarem no bar, Fernandinho se senta na mesa de sempre com Paula, enquanto os clientes não chegam. Vitor e Leo vão pro palco ensaiar.

– Fernandinho, o lanche do Vitor você deixa pra gente comer quando ele sair?

– Deixo sim... Vou caprichar hoje!

– Certo...- ri.

– Você está muito bonita!

– Muito obrigado...

– Não fui obrigado não, foi de coração mesmo!

– Fernandinho!? - o gritam.

– Estou indo... - se levanta. Inté Pulinda!

– Pulinda!? - ri. Vai lá...

Paula observa Vitor tocar seu violão, encantava-se com a maneira que ele tocava as cordas. Dizia a ela que suas mãos eram delicadas demais pra sangrar com o frio de cada corda daquela, mas, já que não poderia fugir daquilo, que imaginasse que seus dedos fossem o céu e o violão a lua. Ela precisaria tocá-los como a imensidão do céu beija a lua... E, vendo-o ali, era como se ele fizesse isso.

– Aê... - sorri e bate palmas.

– Obrigado! - Leo faz reverência.

– Pulinha, corre lá e pega o sal, antes que Fernandinho veja!

– Eita, é verdade... - se levanta rindo.

Todas as noites faziam uma brincadeira com Fernandinho e nessa noite, Vitor iria quitar toda pirraça que ele lhe fazia. Enquanto tocava violão, Fernandinho chegava e bebia seu café, pra tirar sarro dele que não podia no momento. Dessa vez, colocaria sal em sua xícara!

– Pronto... - entrega pra ele.

– Deixa aqui, mais tarde a gente apronta. - pisca.

Não demora muito pros clientes começarem a chegar. Vitor e Leo comecem as rodadas de canções com os olhos atentos de Paula acompanhando. A brincadeira com Fernandinho deu mais do que certo, não houve um ali que não risse da reação dele. Ao fim da apresentação, quando o bar já estava fechando, Vitor vai até Paula.

– Vamos...?

– Pra onde? Fernandinho vai trazer nosso lanche.

– Eu sei...- ri e se senta. Vamos pro nosso primeiro jantar...

– Primeiro jantar? A gente come todos os dias juntos...

– Mas, hoje é diferente... Nem Leo, nem Fernandinho comerá com a gente.

– Ah... - ruboriza.

– Paula... - a chama. Olha pra mim...

– Que mania você tem...- ri e o olha.

– Tá tudo bem... - segura a mão dela.

– Eu sei...- respira fundo.

– Que bom... - sorri. Fernandinho?

– Está se achando, né!? - coloca o lanche deles na mesa. Tenham um ótimo jantar...

– Obrigado...- riem.

– Queria que fossemos comer em outro lugar...

– Mas, eu amo comer aqui. Me deixa vir sempre enquanto estiver aqui?

– Por que essa pergunta?

– É que se... - pensa. Se você começar a namorar, sua namorada virá aqui...

– Ah... Você estava pensando nisso?

– É inevitável... - come. Só não quero que deixe de ser meu amigo...

– Não... Você falando assim, pensei em uma coisa.

– O quê? - olha pra ele, não diretamente.

– Na maneira que um homem ama uma mulher...

– Maneira? - coloca o lanche no prato novamente.

– Só consigo enxergar duas, desde que você apareceu na minha vida.

– Vitor... - tenta dizer algo, mas ele continua.

– A primeira é quando um homem se torna o melhor amigo de uma mulher e acaba se apaixonando por ela.

– É... - engoli seco.

– E a outra é quando ele se apaixona e aprende ser o seu melhor amigo. Não há caminho mais puro pro amor do que a marca de uma amizade. Porque lá no futuro, se o amor um dia se perder, achará sempre a estrada, novamente, pela luz que uma amizade emana.

– Ela é sua amiga...?

– Ela é minha melhor amiga... - se aproxima dela.

Paula sente seu peito se comprimir, Vitor estava se aproximando muito mais além do que já tinha feito todo esse tempo.

– Vitor... - tenta não olhar pra ele. Já está tarde... Vamos?

– Não quero te assustar... Não quero que se sinta mal, constrangida. Mas, eu preciso te falar uma coisa...

– Não... Imagina, tá tudo bem você sair com alguém, eu sempre vou vir te ver, de qualquer maneira... Você é meu... Melhor amigo. - tenta se levantar.

– Eu amo você, Paula...

– É... - o fita se aproximar mais ainda. Vitor...

– Me escuta... Eu amo você. Sinto falta de você o tempo todo, eu amo ver você aqui, ver você sorrir, me ver nos teus olhos. Me desculpa... Me desculpa se eu deixei que nossa amizade fosse abalada por isso, mas eu preciso que você saiba que existe alguém que te ama muito do jeito que você é.

– Eu preciso...

– Eu sei... Só me deixa te pedir uma coisa?

– Sim... - trêmula.

– Não foge de mim... Me deixa sentir sua presença sempre. Por favor... Não quero estragar o que há entre a gente...

– Não vou fugir... Vitor... - coloca a mão no rosto.

– Me desculpa... - se levanta e vai até ela. Pulinha... - puxa as mãos dela. Olha pra mim...

– Oi... - o olha com os olhos repletos de lágrimas.

– Nós sempre estaremos juntos... Não se esqueça disso. O amor que eu sinto por você, não vai sair daqui independente de qualquer coisa...

– Não quero que saia... - o interrompe.

– Oi...?

– Não quero que o amor que você sente por mim saia de você.

– Paula... - sente-se confuso.

– Eu...- o olha. Me sinto inteira do teu lado, mesmo sem saber como é isso. Não esperava... Por mais que eu já desconfiasse algumas vezes, eu não conseguia acreditar. Você seria bom demais pra mim... Uma das coisas mais bonitas que me aconteceria. No início, quando te vi na van, foi algo platônico. Pensei que passaria, que depois daquele dia não nos veríamos nunca mais e simplesmente a vida se encarrega de fazer você meu melhor amigo. Na verdade... Acho que já estava escrito pra ser, que você apareceria e me mostraria a diferença que existe entre uma paixão e um amor. Eu que pensei que era jovem demais pra entender um amor, quando dei por mim você já tinha pousado dentro do meu peito...

– Você... - se levanta. Você gosta de mim? - sente-se surpreso.

– Há muito tempo...

– Paula...

– Não queria perder sua amizade... - chora. Nunca pensei que você olharia pra mim assim...

– Eu sempre olhei pra você.

– Desculpa...

– Paula... - se aproxima dela novamente. Eu sei que é muito arriscado, que talvez seja cedo demais, que eu não seja o melhor pra você... Mas... Me deixa tentar. Tentar ser um pouco mais do que seu amigo... Me deixa agora poder te enxergar de outro jeito.

– Outro jeito...?

– Sem ser minha amiga, apenas.

– Não estou entendendo...

– Paula...- respira fundo. Quero namorar com você...

– Namorar? - leva um susto. Eu nunca namorei ninguém... Você já. Eu não sei... Vitor, olha...

– Não me importo em aprender tudo de novo com você. - se aproxima dela. Você é linda... - acaricia seu cabelo. São novos olhos, em velhos olhos... Me deixa te mostrar isso.

– Vitor... - chora.

– Não chora...- limpa as lágrimas dela. Se quiser, eu paro... Me afasto.

– A gente pode sair daqui? Preciso de um pouco de ar...

– Tudo bem... - pega a bolsa dela e a acompanha. Vou te levar pra casa...- se decepciona.

Seguem caminho em silêncio e Vitor começa se arrepender de ter dito algo. Talvez fosse melhor permanecerem como amigos, do jeito que estava. Paula, já calma, o corta de seus pensamentos...

– Faz tempo...?

– Tempo...?

– Que você sente algo por mim...

– Não sei... Está sendo tudo diferente do que já vivi.

– Eu nunca vivi, você disse que ia aprender comigo...

– Não sei falar sobre tempo... Desde o primeiro dia que te vi, já tinha algo em você que me incomodava.

– Incomodava?

– Sim... Não sabia o que era. Depois a gente se tornou amigos e você foi tomando conta de mim de um jeito que ninguém tomou.

– Por que eu? - para.

– Porque eu preciso de mim... Não é poesia quando digo que me vejo nos teus olhos. - olha pra ela. Você me devolve, de uma maneira extraordinária, tudo que sou e isso nunca aconteceu comigo...

– Nem comigo... Sei pode parecer normal eu dizer isso, porque nunca estive com alguém. Mas, já tive outras paixões, certos sentimentos que eu vivi sozinha e nenhum foi assim... - ficam em silêncio.

– Ficaremos assim...? - se preocupa com a distância que se abriu entre eles.

Paula não responde e continua caminhando um pouco distante dele. Ao chegarem até o portão da sua casa, se vira.

– Fique bem... Aqui. - lhe entrega a bolsa. Me desculpa se...

– Vitor...- o interrompe.

– Sim...

– Você vai pedir pra minha mãe?

– Pedir?

– Pra que possamos namorar.

– Então você...

– Eu aceito. Eu quero namorar com você... Só te peço uma coisa... - se aproxima dele. Tenha paciência comigo... Talvez um pouco mais do que já tenha. Tente me entender quando eu não souber como agir, como agora...

– A gente vai aprender junto... - se aproxima dela.

Vitor a toca, fazendo seu coração acelerar mais ainda. Ergue sua cabeça pra que olhe nos olhos dele, o que a torna segura.

– Eu...

– Fecha teus olhos. - Paula os fecha. Quando você sentir, vai saber o que fazer...

Quase que imperceptível, ele se aproxima cada vez mais dela que, de olhos fechados, sente seu corpo interior ir queimando aos poucos. São inúmeras as sensações que lhe tomam, das quais ela não sabe explicar... Quando sente ele tocar seus lábios, entende como se sente a flor quando recebe a visita de um beija-flor. Ela sentiu... Ela entendeu o que ele falou, ela quis entender como era ele também e viu o quão quente era seu ser, por dentro..."

– Você tinha um calor intenso...

– Calor?

– É... Você era mais quente do que eu imagina por dentro. Na verdade...- sorri. Ainda é!

– Você também! Paula, tive que esperar tanto tempo pra te beijar...- olha pra ela ironizando.

– Me beijou no mesmo dia em que me pediu namoro!

– E antes!? O que eu imaginava de você, realmente era...

– O que você imaginava?

– Que seus lábios eram macios, que você também emanava um calor imenso por dentro.

– Você ficou pensando nisso todo aquele tempo? - ri.

– Claro! Sua boca é uma das coisas mais lindas que já vi! Já reparou quando você sorri!? Tem tanta covinha dos lados... É como se, literalmente, uma flor se abrisse. Um sorriso largo... Uma risada gostosa. Sempre observei e sempre quis beber de tudo isso.

– Acredita que fico constrangida? Em lembrar que você me olhava assim...- ri.

– Eu não olhava, Paula... Eu ainda olho.

– E eu te amo... Ainda. Muito.

– Ainda!? - larga os talheres e limpa a boca. Pois, você pode arrumar um jeito de amar por muito tempo, pois não vou embora da sua vida tão cedo - ri. Depois do primeiro beijo, eu comecei a pensar em outras coisas.

– Outras coisas? - bebe o suco. Isso tá bom... Experimentou?

– Sem açúcar o meu... Nem quero. Sim, outras coisas... Paula, acho que sua convivência comigo te deixou lenta!

– Você fala pela metade... Como quer que eu saiba?

– Tá...- ri. Me dá o seu... - pega o suco dela.

– Diz, que outras coisas? Você não pode beber açúcar... - toma dele.

– Paula, se antes a gente pensa no beijo, depois a gente pensa em que?

– Ah... - olha brava pra ele. Deixa isso pra outra hora... - ri.

– É brincadeira, amor...- ri. Não fiquei pensando não, viu!? Vai ficar constrangida... - puxa-a.

– Você é muito sacana... - ri.

– Licença?

– Pode entrar...

– Vim trazer a Vitória... Está na hora de mamar!

– Verdade, Lucy... Meu Deus!- se levanta. Ainda bem que tenho você...- ri e a pega. Você pode levar essas coisas pra mim?

– Claro...

– Aqui Lucy... - arruma encima da mesa e a entrega.

– Obrigado Vitor... - pega. Depois podem me chamar...

– Não Lucy... Hoje você estará de folga. Tira o resto do dia pra você, parece que mais tarde as meninas vão pra cidade, vá junto! Você ficou aqui aquela noite, mesmo não precisando... Então tira hoje de folga.

– Se você prefere assim... - sorri. Tchau Vivi, amanhã a titia volta. - a beija.

– Tchau tia... - pega a mãozinha de Vitória. Até mais Lucy...

– Até amanhã! - sai.

– Vamos papar, meu bem? - vai até a cama. Arruma pra mim aí, Vi...

– Pronto... - ajeita os travesseiros. Cuidado... - a ajuda. Ela cresce tanto em pouco tempo...

– Muito... Segure ela aqui, pra mim tirar aqui. - a entrega.

– Ela está começando a se parecer com você... Não... Mentira. Pensando bem é comigo mesmo que ela se parece. - diz pra irritá-la.

– Vai começar...? - desabotoa o sutiã.

– É brincadeira... Ela tem muitos traços seus. Uma miniatura sua... Já reparou nas mãozinhas dela? - as pega. Me dê as suas... - segura. Suas unhas são do mesmo formato...

– Olha... É verdade. Nunca tinha reparado...

– Não vejo a hora dela começar aprontar!

– Teremos trabalho...- ri. Me dê ela...

– Toma... - entrega a filha.

– Calma... - Vitória resmunga. Está aqui, ó... - a coloca no peito.

– Que gulosinha...

– Isso é realmente seu...

– Como se só eu comesse.

– Que horas são!?

– Hora dos remédios... - se levanta com calma. Vou tomar, fique aí...

– Não Vitor, espere... Eu vou pegar, deixa só Vitória mamar...- em vão. Vitor! - ele se levanta e toma, a deixando furiosa. Você poderia contribuir...

– Não fique nervosa... - retorna pra cama. Não sou um inválido!

– Não é nada disso... Eu só quero que você entenda que precisa de repouso absoluto!

– A única coisa que eu entendo é o que você passou enquanto estava de resguardo. Isso é terrível...

– Terrível será se algo pior acontecer... Ajuda a gente, Vitor. É só obedecer...

– Nossa, que chatice isso... - respira fundo. Estou quieto...

– Não vou falar mais... Faça como achar melhor!

– Pare... Estou ajudando. Vou ajudar... Ficarei aqui como quiserem.

Paula, chateada com ele, não responde e se concentra só em amamentar a filha. Ao terminar, Vitória dormiu e ela a coloca no berço que tem no quarto deles, retornando pra cama e vendo Vitor a observar.

– Quer tomar um banho agora?

– Pode ser...

– Tá...- o observa, esperando que se levante. Não vai vir...?

– Uai, estou esperando você vir me ajudar... Não posso levantar sozinho.

– Tenho vontade é de te quebrar mais ainda...- sente-se contrariada.

– Nunca vou entender o que você quer... - se apoia nela. Não é pra ficar quieto?

– Ai...- desisti. Não aguento você! Muito pesado... Me ajude...

– Eu!? - se deita novamente. Não posso me mover!

– Vitor, pare de levar as coisas na brincadeira... Vamos, me ajude... - tenta novamente.

– Não... Quando eu puder, eu tomo banho.

– É isso mesmo que você quer!?... Ok. - respira fundo. Vou chamar sua mãe, daí ela te dá banho. - se vira e vai ao berço. Se Vitória chorar antes que voltemos, você se vira...- sorri.

– Paula...- a grita.

– Quer falar baixo!? - repreende nervosa.

– Vamos logo... Não precisa chamar ninguém. - se levanta tirando a camiseta.

– Ótimo... - segue-o até o banheiro. Segure ali que vou tirar sua calça... Você não pode se abaixar. - o ajuda.

– Pronto. - segura-se.

– Vamos tirar a roupinha do bebê...- ri dele.

– Vai ficar rindo?

– Vou! Algum problema!? - ri.

– Vários problemas... Nossa, isso não é nada excitante. - retira a roupa íntima dele.

– Nossa Vi... Sua barriga está tão machucada... E grande.

– E está doendo muito...

– Vem... - liga a ducha. Doendo? Vou ligar pro Ricardo depois...

– Logo deve passar.

– Vamos deixar o bebê cheirosinho... Mamãe...

– Não, mamãe não... - interrompe ela. Mamãe nem pensar!

– Por que? - ri.

– Mamãe quebra qualquer clima futuro.

– É assim que você pensa de mim? Só porque sou mãe agora não sente atração por mim como antes?

– Você tem o poder da distorção das coisas!

– Só estou te fazendo uma pergunta...

– Eu não quis dizer isso.

– Mas, eu entendi isso!

– Como sempre... - a molha.

– Para Vitor! - fica nervosa com ele. Presta atenção, daqui a pouco Vitória acorda e tenho que pegar ela!

– Me sinto atraído por você da mesma maneira. Talvez até mais...

– Você sente atração por outras mulheres?

– Vai começar?

– Nossa... Não dá pra perguntar nada pra você.

– Claro, perguntas idiotas é melhor nem fazer. Só sinto atração por você...

– É...

– Você não acredita?

– Acredito. Só estou falando "é...".

– Depois que nos casamos você tem uma insegurança...

– Não é isso...

– É isso sim! Vem com esse tipo de pergunta em toda oportunidade que tem... Se eu me sentisse atraído por outras mulheres, não me casaria com você. Seria livre e sairia com todas elas!

– Para de falar isso... - olha pra ele. Só tenho medo de perder você...

– Perder pra quem, Paula? Sempre estive com você, mesmo quando não estávamos juntos.

– Se enxagua...- o ajuda ir pra baixo da ducha. Eu sei... Só tenho medo de algo acontecer e separar a gente. Você não tem esse medo?

– Eu confio em você.

– Não é uma questão de confiança, Vitor...

– Está bem Paula, chega! - se irrita.

– Não posso conversar mais nada com você, seu grosso! - sai segurando o roupão pra que ele venha.

Vitor fica em silêncio, o que a enfurece mais ainda. Vão para o closet e ela o ajuda com a roupa.

– Pega essa outra camiseta...

– Vai essa aqui mesmo...- se aproxima dele.

– Mas, eu pedi a outra...

– Essa aqui mesmo! Levanta os braços...- o olha. Vai Vitor... Não tenho todo o tempo do mundo!

– Espero nunca depender fisicamente de você... - coloca nele.

– Olha aqui a bagunça... - abre a gaveta de roupas íntimas. Respira Paula...- respira fundo e vai até ele.

– Me dá aqui...- toma dela. Sai daqui, Paula! Vai lá pra fora, me deixa em paz...

– Você não pode se abaixar!

– Não quero que você faça nada por mim desse jeito! Vai, sai... Deixa que eu me viro.

– Vitor...

– Coisa mais chata, Paula! Você consegue ser mais insuportável do que se imagina...

– Você presta atenção como está falando comigo...

– Você está de TPM? Não é possível...

– Você é muito insensível quando quer...- se entristece.

– Não sei como vou agir com você! Juro que tento... Reclama de tudo, faz perguntas sem pé nem cabeça. Você consegue instalar um muro entre a gente em questão de segundos!

– Já te falei... No dia que não me suportasse mais, fosse embora! - sai.

– Volta aqui... PAULA!

Paula volta pro quarto já chorando. Observa Vitória enquanto Vitor ainda está no closet... Uma das coisas que menos gostava era brigar com ele. Se desentender daquela forma e principalmente nesse momento. Sentia um medo enorme desde que a filha nasceu, perder Vitor ou pensar que ele já não mais a veria como antes. Quando Vitor retorna pro quarto, já não está mais. Vai até a área externa pegar as flores pra trocar os arranjos dos quartos. Passa primeiro no de Vitória e depois retorna pro seu. Entra e se depara com Vitor de roupão, sentado perto do berço da bebê.


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Notas finais do capítulo

Vocês devem pensar porque escrevo tanta discussão entre eles, ainda mais por motivos bobos. Sinto que devo explicar e irei... A fanfic é uma história criada, mas nem toda história criado precisa fugir da realidade. Paula e Vitor são pessoas que, por mais que não pareça, extremamente diferentes também, e é normal que a convivência entre pessoas diferentes gere discussões assim. Não quero deixar uma imagem de perfeição pra algo que não é perfeito! Espero que entendam e gostem, porque também é divertido.



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