12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 161
Capítulo 161 - Jéssica?




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No outro dia pela manhã, não comparece para tomar café e segue direto para o local da gravação. Não troca qualquer palavra com Bianca e o produtor percebe a inquietude dele nas cenas.

 

 

— Vitor... Cara, não está rolando! Está ficando feio, sem qualquer emoção.

— Preciso de um tempo! - se retira.

 

 

Telefona para Paula por videochamada e ela atende.

 

 

— Oi! - sorri. Que lindo! Amei esse look...

— Oi amor! Tudo bem?

— Sim e você? Não está gravando ainda?

— Tivemos uma pausa...

— Ah... Olha quem está aqui! - mostra Francesca.

— Oi meu amorzinho...- sorri. Estou morrendo de saudades minha bebê. Como estão os outros?

— Estão bem, branco! Estão lá fora com sua mãe... Acordaram elétricos e foram andar um pouco. Acredita que as aulas aqui começarão daqui duas semanas? Acho tão inseguro ainda para mandar eles...

— E está amor...

— Pois é! Não acho ser o momento ainda. Ah... As meninas voltaram de férias.

— Que bom!

— Estou insistindo para Diva tirar as férias dela, mas ela não quer. Insiste em querer ficar... Tenta convencer ela? - ele apenas sorri - Por que está assim?

— Assim?

— Você está estranho...

— Não... Está tudo bem! Só saudades de você...

— Hum... Vou fingir que acredito até você querer falar a verdade.

— Pulinha...- olha para trás - preciso voltar para gravar! Te telefono mais tarde, ok?

— Ok! - sorri. Eu te amo! Seja o que for.

— Eu também! Muito.

— Beijos...- desliga. Está acontecendo alguma coisa! - olha para o celular.

— Oi...? - se aproxima.

— Vitor não está bem! Tem alguma acontecendo.

— Mas que tipo de coisa?

— Não sei!

— Tira isso da cabeça, filha...

— Não tem como...

— Você fica criando coisa Paula! - pega a neta. Minha raspinha... - a cheira - coisa linda de vovó! - sorri.

 

Dulce se retira com a neta e Paula fica pensativa. Vasculha as redes sociais e depois resolve brincar com as crianças.

 

 

— Mamãe, o Zé não tá comendo! - tenta dar um alface ao cabrito.

— Acho que ele não está com fome, Vítor!

— Mas é o café da manhã dele! - insiste.

— Filho, ele não quer! - ri. Vamos tentar outra coisa? Busca lá uma cenoura...

— Tá bom! - sai correndo para cozinha.

— Tira uma foto pra mostrar pro meu pai! - segura o cabrito.

— Ele é meu pai também Vitória! - olha para irmã.

— Vou tirar! Das duas. - tira a foto - Agora você Nini! - tira - Pronto! - envia para Vitor. Enviei!

— Quando ele volta? - vai até a mãe, sentando no colo dela.

— Vai demorar um pouquinho ainda, meu amor! - ajeita o cabelo dela.

— Estou com saudade dele. Eu amo você também mamãe, mas ele brinca de pega pega...

— Eu também estou morrendo de saudades dele, filhota! - a beija. Mas podemos brincar de pega pega!

— Não... Vou esperar ele chegar!

— Tudo bem! - ri.

— Olha mãe...- mostra as mãos cheias de terra. Vou plantar mais um pé de flor!

— Aqui! - chega com a cenoura. Come Zé! - oferece ao cabrito. MÃE! - pula - ELE COMEU! - sorri.

— Sim, amor! - ri da alegria dele. Está vendo? Ele queria outra coisa.

— Paula...- se aproxima com Francesca. Pega ela que vou ajudar no almoço. - entrega.

— Onde estava bolotinha? - arruma a filha.

— Vovó vai ter suquinho?

— Vai sim princesa! Vovó já vem chamar pra comerem...- sai.

— Vitor, não vai para longe! - adverte Lidi.

— Filho...- o vê correr - escuta a Lidi! Vem para cá Vitor...

— Onde o cabrito vai, ele vai atrás! - se levanta atrás.

— Vitória... Já plantou sua flor?

— Já! Vou plantar outra...- pega mais um galho no chão. Essa é para o papai!

— E a minha?

— É aquela, uai! - aponta para o galho plantado no chão.

— Tá bom! - ri.

 

 

Passa o tempo com os filhos e depois os leva para tomar banho com a ajuda de Lidi e Lucy.

 

 

— Vem aqui, vou pentear seu cabelo!

— Igual do papai!

— Tá bom...- penteia. Perfeito amor! Pode ir.

— Mãe, quando eu crescer eu posso cuidar de bichinho?

— Como assim filho?

— Ser médico de bichinho.

— Ah sim! - ri - Pode sim, Vi...- sorri. Você quer ser veterinário?

— Não. Eu quero ser médico de bichinho.

— Chama veterinário!

— Hum! Tá bom... Vou ser veterinário!

— Isso! - o beija. Eu te amo!

— Muitão?

— Infinito! - ri.

— Eu também! - abraça Paula.

 

 

Vitor segue para o almoço e espera a mãe chegar na sala de jantar para poder começar comer. Paula coloca Francesca no carrinho próximo a sua cadeira e senta-se com todos.

Após o almoço seguem para a sala de TV, onde ela liga para Vitor.

 

 

— Oi Vi! - ele atende - Tudo bem? As crianças querem falar com você.

— Oi amor... Tudo! - limpa a boca - estava comendo.

— Pai! - aparece.

— Oi! - sorri. Que saudade meu filhão! Como você está?

— Com saudade!

— Eu também, amor! Muita saudade.

— Você está bem?

— Estou! - ri da pergunta. Oi Nini! - vê a filha aparecendo no cantinho.

— Oi! - sorri. Você tá vindo embora?

— Ainda não filhotinha! Mas logo irei.

— O que você está fazendo aí?

— Trabalhando! Gravando clipes, cantando... Logo vocês irão ver!

— A mamãe não pode ir também?

— Esses dias não deu... Estou morrendo de saudades da mamãe também!

— Ela também está. Pai, você poderia me trazer alguma coisa?

— Que coisa você quer?

— Que tal um docinho?

— Que tal? - ri - Vou pensar! - riem.

— Deixa eu agora...- pega o celular da mão da mãe - Oi Pai...

— Oi minha Vivi! - sorri. Você está bem? O que tem feito?

— Oi! Estou bem sim. Tenho feito nada... Só brincado.

— Logo as aulas começam de novo!

— Eu vou para a escola?

— Ainda não amor! Mas vai estudar em casa.

 

 

Conversam um bom tempo com o pai, criando histórias para contar. Na tarde Paula se retira para ensaiar para os novos shows levando apenas Francesca por conta da amamentação enquanto os outros ficam com as avós e as babás.

 

 

— Olha quem veio...- mostra Francesca para o pessoal da banda.

— Ôh gracinha, meu Deus! - sorri. Coisa mais linda! - vem até a bebê. Tio Márcio baba demais nessa bonequinha!

— Que enorme que ela está Paula! - sorri.

— Sim! - ri.

— Cadê as outras ferinhas?

— Estão lá... Nem sabem que estou aqui. Se souberem, correm para cá! - riem.

 

 

Paula acomoda a bebê no carinho próximo de si e começam os ensaios. Durante uma canção, Vitor começa telefonar, ela pede que parem.

 

 

— Uai, ele sabe que estou no ensaio... Deve ter ocorrido algo! - atende preocupada. Oi amor, o que houve?

— Nada! Só estou com saudade de você...

— Vitor! - se afasta do pessoal rindo - me deu um susto!

— Por que? - ri.

— Estava ensaiando, branquinho...

— Ô Pulinha... - se lembra - me perdoa, pequena! Eu esqueci totalmente. Volte para o ensaio, te amo muito... Mais tarde ligo!

— Está tudo bem! Como você está?

— Estou bem! Volte para o ensaio, não vou tomar seu tempo! - ri - ligo mais tarde.

— Tá bem! Beijos...- desliga.

 

 

Volta ao ensaio e algumas horas mais tarde finaliza, voltando para casa com Monteiro e a filha. Consegue um tempo sozinha para tomar banho e aproveita para fazer isso na banheira.

 

 

WHATS ON

 

— Amor, tá desocupado?

— Oi, sim!

— Vou ligar de vídeo!!

 

WHATS OFF

 

Faz a ligação e ele atende.

 

— Oi...- sorri. Onde você está? - ri.

— Na banheira! - filma rindo. Consegui um tempinho... Sua mãe está passeando com Francesca pelo jardim...

— Que bom! - sorri.

— Você vem na Quinta mesmo?

— Sim! Chego a noite..

— Estou com muitas saudades!

— Eu também meu amor... - deita-se - aqui é lindo, mas não tem graça se você não tiver! - sorri.

— Me mostra o quarto!

— Tá bom! - se levanta - olha... - vai até a porta - entrando já vê a cama, aí aqui tem algumas coisas que não sei o nome exatamente...- riem - ali estou deixando minhas roupas, aqui tem o banheiro, ali a banheira...

— Perfeito! Lugar incrível. Amei o quarto, estilo antigo.

— Sim, colonial! Você ia amar a cama, super macia...- deita novamente.

— Se você tiver junto, amaria mesmo! - riem.

— Pulinha... - pensa se deve falar.

— Oi? Está tudo bem mesmo? Estou te sentindo meio fora de órbita... - ri.

— Preciso conversar algo com você, mas não queria que fosse por telefone!

— Vitor...- se preocupa. O que aconteceu?

— Só que não sai da minha cabeça e preciso que você saiba...

 

 

 

Ele conta todos os detalhes do que houve com Bianca, sem deixar nada para trás. Ela escuta atenta sem interrompê-lo.

 

 

 

— Eu fiquei muito nervoso... Eu ainda estou nervoso! Pedi para mudar de quarto, mas disseram que não tinha mais. Eu não correspondi, amor... Juro que não correspondi! Paula...- a olha em silêncio - por favor, diz alguma coisa! Você acredita em mim?

— Vitor... - respira fundo. Quando eu vi aquela menina, eu sabia que era problema! Eu senti! Foi intuição! Na hora! Quando termina as gravações?

— Talvez amanhã! Estamos adiantando tudo.

— Dê um jeito de vir o quanto antes.

— Pulinha...

— Quero você longe dessa maluca! Não sabemos o que ela pode fazer, do que ela pode te acusar. Não quero que ela atrapalhe seu projeto, sua vida...

— A nossa vida! É nossa vida.

— Estou preocupada com seu profissional e o quanto mulheres assim sem um pingo de juízo podem destruir a carreira de alguém. Quanto ao seu pessoal, ao menos penso que você não seja maluco de querer jogar anos e anos por conta de um rabo de saia!

— Paula...

— Eu sei que não! Sei que não cedeu. Eu confio em você e espero de coração nada acontecer até você voltar para casa.

— Não vai acontecer nada, pequena... Sei me cuidar!

— Não sabe mesmo! Não sabe. Se soubesse não iria aquela hora da noite ver bicho no quarto dela. Você é inocente demais e depois fala que sou eu!

— Paula!

— Estou falando sério. Mas tudo bem... Esquece isso! Se concentra no seu trabalho, você se esforçou muito para isso estar acontecendo! O projeto está lindo e merece seu melhor. Então se concentre!

— Você entendeu mesmo o que houve?

— Entendi! Está tudo bem...

— Preciso voltar a gravar, são as últimas cenas...

— Tá bem...

— Eu te amo!

— Também te amo! - desliga.

 

 

Termina seu banho com um misto de raiva e preocupação. Por que sempre tinha alguém se enfiando entre eles? Para trazer discórdia, dúvidas, aborrecimentos. Isso corrói seu interior, fazendo a pele pinicar de incomodação. No closet escolhe um biquíni e veste-o, tirando uma foto em seguida em frente ao espelho e encaminhando para Vitor. Passa pela sala e convida os filhos para tomarem banho de piscina. O resto do dia se preenche do riso das crianças na água, inundando o coração dela de tanta felicidade. No outro dia pela manhã, Vitor se prepara para as últimas gravações.

 

 

 

— Olha só...- chega com um buquê. São para você! - entrega.

— Para mim? - começa rir ao pegar. Quem mandou? - retira o cartão, lendo em silêncio.

 

 

“Oi...

Estamos morrendo de saudades! Beijos da sua Pulinha e dos seus pintinhos. Te amamos!! Bom trabalho.”

 

— Que lindas! - sorri emocionado. São da minha esposa e dos meus filhos! - cheira.

— Quer que eu guarde para você? Estou indo lá dentro... - oferece Bianca.

— Não! - a olha incrédulo. Eu mesmo levo! - se afasta.

 

 

 

No quarto telefone para Paula que logo atende.

 

 

— Acabei de receber as flores!

— Gostou? - ri.

— Amei! São lindas.

— Você está bem?

— Estou! Melhor agora.

 

 

 

Conversam mais algum tempo e desligam.

Mais alguns dias, ensaios concluídos e gravações finalizadas, Vítor está prestes a chegar na cidade e da banda de Paula, somente Monteiro permanece aguardando a chegada de Beatriz, que viria para passar uns dias com eles.

 

 

— Mãe... Ele está chegando? - pergunta enquanto observa a janela.

— Sim, amor! - sorri. Está com saudades, né? Mamãe também está. Precisamos aguardar.

— CHEGOU UM CARRO! - corre. É O PAPAI!

— Calma Vitória! - ri, a acompanhando com Francesca no colo.

— A gente já estava aqui... Nem vem! - olha para a irmã.

— Eu vou abraçar primeiro! Eu sou mais velha!

— Não é ele! - vê Beatriz sair do carro.

— É A TIA BIA! - Antônia corre até Beatriz.

— BORBOLETINHA! - a pega no colo. Amorzinho da minha vida! - a beija feliz.

 

 

As crianças recepcionam Bia e entram todos juntos para casa, distraindo.

 

 

— Ela está tão grande! - beija.

— Sim! - sorri. Parece que nasceu ontem! - riem. As meninas vão pirar quando ver ela!

— Mãe... - pega o celular de Paula. Pode por favor ligar para meu pai? - entrega para ela.

— Vitória, tenha um pouquinho mais de paciência... seu pai está vindo!

— Mas ele está demorando! - sai brava.

— Meu Deus! - ri. Estão ansiosos!

— Ela está ansiosa! Os gêmeos estão tranquilos. Sentem falta de Vitor, perguntam, aguardam, mas tem paciência. Vitória não...!

— E você coisinha? - olha para Francesca em seu colo. Você é muito fofa, meu amor! - a beija. Dá vontade de morder todinha. Papai deve estar morrendo de saudades.

— Está sim! - sorri. Vou te mostrar as fotos que tirei dela...

 

 

No início da noite, Diva prepara o jantar com a ajuda de Marisa. Paula arruma as crianças com o auxílio de Beatriz e sem se darem conta, Vítor chega na fazenda. Entra em casa, deixa as malas na sala e segue para os quartos dos filhos, não os encontrando. Ao se aproximar do seu quarto, sorri com a algazarra que consegue ouvir.

 

 

 

— Licença...- abre a porta.

— PAI! - pula da cama e corre até ele.

— Oi! - a pega rindo.

— Achei que você não vinha mais! - diz abraçada ao pescoço dele.

— Eu estava trabalhando filha...- a olha. Mas agora estou aqui, tá bom?

— Fiquei com medo de você não voltar!

— Vitória... Isso não iria acontecer, nem vai acontecer! - sorri.

— É O PAPAI NINI! - vem correndo do closet.

— Hei, amigão! - o pega. Como você está? - o beija.

— Estava com saudades, uai!

— Eu também, filho! - riem. Mas cheguei e vamos brincar muito! Cadê a Nini, Francesca, mamãe?

— Estão lá dentro! - aponta.

— Vamos lá! - segura na mão dos filhos e vai até o closet de Paula. Não me ouviu?

— PAI! - pula da poltrona e corre até Vitor.

— Oi! - a abraça. Minha borboleta cheirosa! - a acaricia. Como você está?

— Estou bem agora!

— Que bom! - riem.

— Papai, eu não falo, mas estou rindo olhando para você! - Beatriz fala ao ver Francesca sorrindo para ele.

— Oi Bia! - ri, a cumprimentando. Oi, minha raspinha...- pega no colo. Você também estava com saudades? - sorri. Papai também estava! - a beija. Cadê Paula?

— Está no banho! - ri. Eu fiquei olhando a turminha!

— Ah sim! - riem. Eu preciso de um banho também!

— Deixa eu pegar ela! - pega Francesca do colo dele. Aproveite e tome seu banho... Vou com eles para a sala! Vamos pessoal... Jajá o papai vai para lá!

— Na mala azul tem doces!! Podem abrir! - ri. Está na sala! - os vê correr. Obrigado! - olha para Bia, agradecendo por ela ficar com os filhos enquanto ele pode ter um tempo com Paula.

 

 

 

Entra no banheiro e ela está lavando o cabelo, inundando o banheiro com sua flor de laranjeira.

 

 

— Quem está aí? Não consigo abrir os olhos! - continua lavando enquanto escuta alguém. Mamãe sempre pede para baterem na porta! - enxágua os olhos e o vê.

— Me desculpe não ter batido! - retira a roupa.

— Só desculpo porque estou morrendo de saudades! - abre o box para abraçá-lo.

— Te amo, pequena! - beijam-se.

— Entra! - o puxa para dentro e fecha o box. Cadê as crianças? - ri.

— Bia os levou para sala, para podermos tomar banho! - se molha. Que saudades do meu chuveiro...- fecha os olhos deixando a água cair sobre o corpo.

— Me conte tudo! - o empurra, entrando na ducha. Sobre os clipes, os produtores! Tudo! Quero saber! - pergunta animada.

 

 

 

Ele descreve cada detalhe das gravações. Ela não toca no assunto da Bianca. Ele tão pouco. Seguem assim pelo restante da noite, partilhando de bons momentos ao lado dos queridos amigos que se oferecem para dormirem com as crianças, inclusive Francesca.

 

 

— Quer beber um vinho? - deita-se.

— Não! Já bebi o suficiente no jantar. Estive pensando... Poderíamos convidar Bia e Monteiro para apadrinhar a Francesca. O que acha?

— Vitor...- olha-o.

— O que? Não gostou da ideia? - se preocupa. Tudo bem, desculpe... Podemos escolher outras pessoas. Você quer alguém da sua família? Tia Neuza? Welton? O que...- ela o abraça e ele não entende - o que foi? - a vê chorar. Paula... - a segura - o que foi?

— Estou emocionada... Porque hoje mesmo eu pensei nisso enquanto vi os dois brincando com a Francesca! Mas não queria dizer nada porque jurava que você gostaria que fosse tia Leia a madrinha... E eu não iria me opor, ela é sua madrinha, é uma pessoa maravilhosa! - enxuga as lágrimas - mas a Bia e o Monteiro são segundos pais para mim... E eles amam tanto nossos filhos...

— Sim! - sorri emocionado. Amanhã ofereceremos a eles! - a puxa pra si. Amor... Hoje quando cheguei e Vitória me abraçou, ela me disse que pensou que eu não voltaria mais.

— Ela estava ansiosa para que você voltasse!

— Ela lembra de quando fui embora.

— Creio que não... Ela era tão pequena. E por favor, você NUNCA foi embora! Não diga mais isso. Nos separamos, você saiu um tempo de casa.

— Não estou perguntando Paula, estou afirmando! Vitória pensa que não volto toda vez que saio por alguns dias... Precisamos conversar com ela. E sobre ir embora... No fim das contas, é a mesma coisa.

— Claro que não é! - o encara. Você quer mesmo falar isso comigo? Eu sei bem o que é um pai ir embora. Sumir. Por 30 dias. - lembra do seu pai - sair de casa e não voltar e eu esperar ele...

— Pulinha...

— Estou bem! - se aconchega. Só estou te falando a diferença.

— Tudo bem! Por falar nele... Não ligou mais?

— Não! A última vez que ele telefonou, me pediu para falar com os gêmeos novamente. Eu deixei. Prometeu que ligaria na outra semana. As crianças ficaram esperando... Como eu esperava. E óbvio que ele não ligou. Não mandei foto da Francesca como ele havia pedido. E ela não vai conhecer ele!

— Você não me contou isso...

— Você estava ocupado demais e eu não queria pensar nisso! Mas não quero mais isso pros meus filhos... - olha para ele - se ele te ligar ou pedir algo das crianças, por favor, não manda, não deixa mais ele se aproximar dos nossos filhos! Tudo bem?

— Como quiser! - acaricia os cabelos dela. Sua mãe sabe disso?

— Não! E em hipótese alguma pode saber.

— Tá bem!

— Por falar em pais... Tem falado com o seu?

— Não!

— Ele deve pensar que te atrapalha ficar ligando!

— Não! - ri - Ele tem as coisas dele. Ele criou uma nova família... Uma nova vida sem mim, Leo e Paula, mesmo lembrando de nós. Mas ainda assim, tem a vida dele lá. E tudo bem. Me preocupo com isso... Em Maria achar que tenho uma vida que ela não faz parte!

— Ela não acha! Hoje mesmo conversamos por videochamada, ela me contou sobre as novas amigas, sobre o colégio... ela já está estudando lá!

— Sim! Ela me falou... - sorri pensando na filha. Sinto saudades dela a todo tempo!

— Eu sei! - o observa se emocionar.

— E ela está crescendo... Longe da gente. Bem longe dos irmãos. De mim. Mas tudo bem... - engole seco - precisamos aceitar o que é melhor para quem amamos e nem sempre é o que achamos ser melhor! Os EUA é a vida da Maria. Só não deixo e nem admito ela me esquecer.

— Ela não vai! - sorri. Você se faz presente todos os dias na vida dela! Ela te liga para pedir conselhos, até para pedir algo mesmo podendo fazer sem que você autorize. Ela confia em você...

— Não quero que um dia ela cresça e pense em mim como pensamos em nossos pais!

— Nossa... Tira isso da cabeça! Jamais acontecerá.

— Não tem como sabermos! Que horas são lá? - pega o celular.

— Quer ligar para ela?

— Sim! - telefona para a filha.

 

 

Maria atende a videochamada do pai e sorri ao vê-los.

 

 

— Você já chegou?

— Sim, amor! Cheguei hoje a noite.

— Cadê os pestinhas?

— Já estão dormindo, Má! - ri.

— Verdade! - riem - eu sempre esqueço tia do horário.

— Filha, posso te perguntar uma coisa?

— Pode!

— Você precisa responder com toda sinceridade, tudo bem?

— Tá bem, pai! O que foi?

— Sou um bom pai para você? Você sente e acredita que eu te ame, que me preocupe, que quero você sempre bem e que você é parte da minha vida, mesmo vivendo com sua mãe?

— Aunt, what does he have? - olha para Paula.

— Maria, eu sei falar inglês! - Vitor a encara.

— Tia Paula que não sabe muito, amor! - faz careca brincando com a enteada.

— Pois é! E não está havendo nada comigo. Só quero que me responda!

— Minha mãe ou meus avós fizeram algo ou falaram algo para vocês?

— Filha, não!

— Então porque está perguntando isso? Pensei que soubesse a resposta! - come um pedaço de pizza.

— Está comendo pizza a essa hora?

— Ainda estou no ontem, vocês que já chegaram na madrugada! - ri.

— Maria, estou falando sério!

— Tá bom! - guarda a pizza. Mas vou comer depois. Estou com fome ainda.

— Isso não está sendo uma rotina, né?

— Não pai! Foi só hoje. Eu estava estudando e perdi a hora de jantar. Minha mãe está trabalhando, só estou com minha avó.

— Eu sei...

— Sobre sua pergunta... Quando eu estava internada e ninguém ia me ver, você foi e não sabia ainda se era meu pai... Mesmo antes de saber, você voltou. Coisa que ninguém fez por mim. Você voltou por mim. Eu sinto seu amor, pai... Muito! E eu te amo em dobro. E amo meus irmãos, meus primos. Amo ter uma madrasta cantora - pisca para Paula - que todo dia manda foto do meu quarto, me pergunta do colégio, me manda áudio dos meus irmãos brigando por algum brinquedo ou vídeo deles brincando na grama. Eu queria estar aí, viver aí também. Mas também quero estar aqui... Eu vou ser médica! Vou estudar em Stanford. - sorri - preciso estar aqui mesmo amando vocês.

— Maria...- sorri entre as lágrimas - eu sei que você precisa estar aí... Não te perguntei para te forçar a vir embora, minha filha. Pelo contrário. Te perguntei para saber se você é feliz e se sente feliz com nossa situação sendo essa. Vivermos tão longe.

— Eu gosto daqui. Feliz, feliz não sei se é a palavra, porque sinto falta de você me abraçar e brincarmos, mesmo que eu já não brinque né? Mas mesmo assim.

— Eu entendo! - enxuga as lágrimas. Mas... me explica uma coisa - respira para se recompor - que papo é esse de Stanford? - sorri animado.

 

 

 

Entram no assunto sobre faculdades e se divertem com a animação de Maria contando do passeio que realizou na Universidade de Stanford. Ao mesmo tempo que Vitor sente-se feliz e realizado ao ver um mini projeto de si mesmo se programando para uma faculdade, sente o perto apertar por vê-la crescer depressa demais.

 

 

— Ela quer ir para Stanford! - coloca o celular ao lado. Meu Deus!

— Ela não quer! Ela vai - olha para ele sorrindo - você está todo orgulhoso, né? Uma filha que vai estudar em Stanford. Não é para qualquer um! - riem.

— Não, não é! - riem.

— É motivo para se exibir! - se cobra. Mas com seu gene inteligentíssimo não tem outro caminho... Fico aliviada de ter tido filhos com você. - ri.

— O meu gene não chega nem aos pés do seu... - se coloca sobre ela. Uma mulher inteligente, bonita, gostosa...- escorrega a mão para debaixo da camisola. Forte, batalhadora, destemida... - a acaricia - sensível, pura...

— Pura? - leva a mão dela para mais perto da sua intimidade.

— Não é bem essa pureza...- caem na risada.

 

 

 

Presenteiam a noite com o melhor de si mesmos. Entregues um ao outro, sem neuras e sem vergonha, compartilhando apenas do suor e de uma intimidade que amavam.

Nos dias seguintes se revezam com os filhos, deixando Lucy, Lidi é Diva em casa devido ao lockdown. Beatriz e Monteiro retornaram para BH na companhia de Dulce que foi ver Nilmar e Neider.

 

 

— A comida está pronta! - avisa eles.

— Obrigada mãe...- agradece. Vou levar eles. Cadê Paula?

— Estava no escritório ainda!

— Tudo bem...- se levanta da poltrona com Francesca. Será que é algo importante? Francesca não quer dormir e eu preciso dar banho nas crianças.

— Me dê ela e vai ver os outros! - pega a neta.

 

 

No caminho para os quartos encontra Paula.

 

 

— Por que demorou?

— Estava em uma reunião com professores da Vitória! O que houve? Cadê a bebê?

— Com minha mãe! Ela não quer dormir.

— Ela demora pegar no sono! Você não pode deixar de ir na sua consulta. Essa cirurgia precisa sair o quanto antes!

— Eu irei! É daqui a pouco ainda... Estou com tempo.

 

 

Arrumam as crianças, almoçam e ele se despede a caminho da cidade. Devido a pandemia, foram adiando a realização da cirurgia, mas com todos os protocolos na clínica pela qual foram encaminhados por Ricardo, decidiram retomar o processo o quanto antes.

 

 

— Boa tarde! - se aproxima. Tenho uma consulta com a Dra. Jéssica Mendes!

— Vítor Chaves Fernandes Zapalá Pimentel?

— Exatamente!

— Me acompanha! - sorri, caminhando até uma porta - Por favor... - abre - Dra. Jéssica, o paciente das 15h está aqui! - indica que ele entre.

— Obrigado! - entra.

— Com licença! - fecha a porta.

— Por favor, sente-se! - pede enquanto escreve uma receita de cabeça baixa.

— Boa tarde!

— Boa tarde, Vitor! - olha-o sorrindo. Quanto tempo, não?

— Jéssica...- surpreende-se.

 

 

Continua.


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