12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 153
Capítulo 153 - A sucuri




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A família Fernandes Chaves passa por uma dura quarentena. Enquanto Paula redobra os cuidados por conta da gravidez, Vitor cuida dos filhos em tempo integral.


— O que você está fazendo?
— Que?
— Vitor!
— Só respondi uma! - mostra. E ela vai passar para a letrinha dela depois.
— Você só pode estar de brincadeira! - pega as coisas da filha da mesa. Não é para fazer a atividade para ela! É tarefa dela Vitor, pelo amor de Deus.
— Ela está brincando...
— Você está bem? Porque NÃO PODE uma pessoa como você, inteligente, fazer uma PALHAÇADA dessa! - fica nervosa.
— Calma Paula! Foi só hoje. Fica calma. Você não pode ficar nervosa.
— POR QUE NÃO PENSOU NISSO ANTES?
— Paula...
— Olha... Você não vai mais ficar responsável por ajudar nas tarefas.
— Que seja! - se retira.
— VOLTA AQUI! NÃO VIRE AS COSTAS PARA MIM. VOCÊ ESTA ERRADO!
— Uai...- retorna. Estou. Não estou discutindo. Agora posso ir?
— Aff! - joga as coisas na mesa e sai contrariada.


Na cozinha Dulce prepara um bolo e pergunta pra ela a razão do escândalo.

— Hum...
— Você acha normal isso? Não pode!
— Acho não. Mas não é da minha conta.
— Aff! - sai.


Paula pede para as crianças entrarem. Leva-os para lavarem as mãos e manda Vitória chamar o pai para ajudar no café da tarde.

— Senta filha...- coloca Antônia.
— Pai, olha aqui! - levanta a xícara com desenhos.
— Coloca na mesa, Vitor. Vai cair.
— É linda, filho. Agora coloca na mesa!

Ele ajuda as crianças a tomarem café. Dulce os leva em seguida para ver televisão.


— Você está bem?
— Sim.
— Quer que eu peça algo do mercado?
— Não, temos tudo.
— E farmácia?
— Também.
— Vai ficar assim comigo até que dia? Até Lua nascer? - senta-se.
— Você sabe o que fez!
— Sei. Mas não justifica você se estressar tanto. Pensa na nossa filha, pense em você. Não quero perder mais ninguém, Paula! - enche os olhos. Não fiz nada intencional, não quero você passando mal.
— Vitor, você precisa relaxar. Estou bem! Estou brava com você por você achar normal.
— Tá bom...
— Você tem que dar banho neles depois...- se levanta.
— Vou dar! Vou ver se minha mãe consegue vir ajudar.
— Vai ser bom! Veja com ela se ela terminou de fazer os coelhinhos? Quero colocar para gente esconder o chocolate.
— Tá bom.
— Vou sentar com eles na sala.
— Vou terminar de lavar aqui!

Vitor organiza a cozinha enquanto ela brinca com os filhos na sala. A noite Marisa chega, jantam todos juntos, e quando as crianças dormem, fazem os esconderijos dos chocolates.

— Coloca aqui o da Vivi...- aponta. Ficou linda essa cestinha! - sorri.
— Sim! - arruma no canto que Paula fez.
— Ela vai amar com esse coelhinho! - ri.


Arrumam as pistas e as cestas de pascoa para os filhos. Paula se deita, aguardando Vitor que demora chegar.


— Por que demorou?
— Estava arrumando uma coisa para Lua!
— Para Lua? - ri.
— Vamos filmar e quando ela estiver maior, vai ver que sempre lembramos dela.
— Você está animado com essa gravidez. Só te vi assim na gravidez de Vitória...- se cobre.
— O que você quer dizer?
— Nada Vitor! Estou brincando.
— Só fiquei muito preocupado nas...
— Vitor, eu sei! Estava brincando.
— Não se brinca com isso!

Ele segue para o banheiro e se arruma para dormir. Na manhã seguinte, eles se levantam juntos e vão até o quarto das crianças para acordá-las.


— Mãe, o coelho não pega corona?
— Não filha! - riem. Ele está bem! Vamos ver o que ele deixou para vocês?
— Vamos!
— Olha só... - olha para eles. Cada um com sua cestinha... - entrega. Vão pegando as pistas, tá?
— Tá bom!


Saem animados e começam a recolher os recados no chão, entregando para os pais lerem.

— Uai... Esse é para mamãe! - entrega.
— Para mim? - pega. "Oi, mãe... Temos uma surpresa para você!" - lê. O que é isso? - ri.
— Vamos andando... - continuam.
— Aqui tem outro! - pega do chão. Toma pai!
— Vou ler para você! - olha para Paula. "Nós, junto do papai, vamos fazer você ter uma páscoa diferente! Nossa última irmãzinha vem vindo aí, precisamos encerrar esse ciclo com muito amor."
— O que você fez? - olha para Vitor emocionada.
— Vem... - caminham até a sala.
— Aqui mãe! - entrega. Coloca na TV!
— Meu Deus... O que vocês aprontaram!? - vai até a televisão e coloca um pen drive.


Sentam todos juntos no sofá e na TV começa a passar um vídeo em que Vitor e os filhos começam cantar Apaixonados pela Lua.

— Ah não! - chora.


Enquanto ela se emociona com os filhos cantando enquanto Vitor toca, Vitória busca o colar que ele mandou fazer, com o desenho de uma borboleta para cada filho. Ao fim do vídeo, Dulce, Marisa e Cintia já haviam se juntado na sala. As crianças entregam para ela o presente.


— Por que fizeram isso? - chora mais ainda ao ver.
— Mamãe, não chora...- faz carinho. Você tem que estar feliz!
— Meu amor, sou muito feliz! - olha para o filho.
— Você não é feliz com a gente?
— Claro que sou!
— Por que fica chorando mãe?
— Minha filha...- chora. A gente chora de felicidade também. Não é só de tristeza! Tá bom? - sorri.
— Quando a Lua nascer, ela vai ficar chorando assim? - olha para o pai.
— Provavelmente! - riem.
— Vocês cantaram tão bem! - beija os filhos.
— Papai ensinou a gente certinho!
— Sim! - riem.
— Não vai beijar ele não, mãe?
— Vitória! - riem. Vou sim! - vai até Vitor. Olha...- olha para as crianças. A mamãe está muito feliz com vocês, vocês são sempre incríveis e são as melhores coisas que a vida me deu! E claro... Que o papai me deu também! Ele é teimoso, ranzinza, birrento e ao mesmo tempo é a melhor pessoa que encontrei na vida...- olha para ele. Amo você Vitor! Você sabe, nem tenho que dizer... - beijam-se.
— Ás vezes é bom ouvir! - riem.
— Agora a gente já pode procurar o chocolate?
— Pode! - riem.
— Mas já vou avisando: nada de chocolate antes do almoço!
— Papai tem sempre que estragar! - sai.


Ajudam os filhos a procurarem o chocolate. Passam o dia com as crianças, almoçam, abrem os ovos, brincam no quintal até cansarem. Na noite, após o jantar, os colocam para dormirem e vão resolver suas coisas. Paula decide fazer uma live, enquanto Vitor está na cozinha fazendo um chá.


LIVE ON

▪︎ OI! - sorri. Resolvi aparecer... Estava com saudades. Não vim antes porque dar conta de três crianças não é fácil. - ri. Dormiram agora!
Espero que vocês tenham tido uma páscoa linda... Repleta de amor, no aconchego de suas casas. Me contem: ganharam muitos chocolates?
Eu ganhei só da minha sogra! - ri. E já comi! - mostra o pacote rindo.
[ ] Hoje fizemos caça aos ovos com as crianças, foi muito divertido. Morar em fazenda é maravilhoso, porque mesmo em época de pandemia, temos um lugar imenso para andar, para se divertir com as crianças. Eles iam pirar ficarem trancados! Oi...- olha Vitor entrando. Estou fazendo live! - avisa e ele sinaliza que ok. Olhem quem chegou comendo chocolate! - Vitor ri dando tchau. Pegou de quem esse aí?

▪︎ Antônia me deu!

▪︎ Só assim então! - riem. Vivi mexeu aí hoje...- vê ele tentando arrumar a TV. Veja se está dentro da gaveta o controle! ISSO aqui passa muitooo rápido, não consigo ler... Mas li aqui uma pergunta sobre quem dos três é mais espoleta. Então... Sempre falam que é o mais novo, mas aqui em casa não é! Por incrível que pareça, a mais espoleta é a Vitória! - ri. Ela é impossível. Antônia é super tranquila, Vitor é tinhoso, mas pura calma, só que Vitória... Ela é triste! - ri. Temos que estar sempre conversando, explicando, etc... Você concorda, Vi? Que é a Vivi...

▪︎ Sem dúvidas!

▪︎ Outra pergunta aqui... Se eu tenho algum apelido. Tenho vários! Mas o mais usado mesmo é Pulinha.
Vitor eu chamo sempre de Vi, Vitu, braquino... Depende! - ri ao responder uma outra pergunta de como ela chama Vitor. E ele me chama de Pulinha... Ou pequena. Desde sempre me chamou de pequena, tanto que virou a versão dele de Meu Eu Em Você! - sorri. Vi, estão te perguntando uma música minha que você goste. Não vale dizer todas.

▪︎ Difícil falar... Mas acho que Sede de Amor e Apenas Flor.

▪︎ Nem eu sabia essa! - ri. Estão pedindo pra te filmar...- ele começa rir. Ele é tímido, gente... - ri. Não está acostumado com câmeras. Ele está arrumando a televisão... Provavelmente será noite de mais documentários! - riem.

▪︎ Cadê o controle?

▪︎ Na gaveta! - aponta. Não estamos só nós, não...- lê a pergunta. Minha mãe, Marisa e Cintia estão aqui também. Sempre juntinhas. Vitor, querem saber quando você vai lançar álbum novo!

▪︎ EM BREVE! - grita.

▪︎ Pronto! - ri. Vai estar lindo, vocês vão ver. Querem saber se teremos mais filhos! - olha para ele que começa rir. Quem sabe né...- riem mais ainda. Não fechamos ainda a fábrica... Mas já vamos fechar. Estamos no controle da situação. - ri. Que legal! - sorri ao ler um comentário. Acredita que nunca bati papo com mãe de gêmeos? Quando eu descobri que eram gêmeos o que senti foi o mesmo que voce: um misto de pavor, alegria, medo, felicidade. - ri. Foi uma loucura! Os meus não são gêmeos idênticos. - sorri. Nem em fisionia e nem em personalidade. Totalmente diferentes, coisa de outro mundo. Quem puxou a quem, Vitor? De temperamento. Querem saber aqui...


▪︎ Hum...- pensa, enquanto mexe no controle da televisão. Vitória é sua releitura. Antônia é muito parecida comigo, em ser mais zen.. e Vitor é praticamente eu na parte mais teimosa! - riem.


▪︎ Pior gente...- riem. Isso é verdade! Quanto a fisionomia, todos são a cara do Vi e da família dele. Antônia tem traços meus, mas pouquíssima coisa. Vitória é a cara da tia Paula e Vitor é praticamente o pai quando criança.
Por que moram em uma fazenda? - lê. Então... Amamos a energia daqui, é nossa vida. Não pensamos duas vezes para viver aqui e as crianças não se adaptam mais na cidade. Andam descalças o dia todo, brincam na terra, com os bichos... Como foi nossa infância. Esse contato é importante, não queremos privar eles. Uma pergunta legal aqui... Se as crianças querem ser cantoras, o que elas acham da nossa profissão. Isso é engraçado, né? - olha para ele. Nunca sentamos com eles e conversamos sobre. Para eles estamos indo trabalhar normalmente. Eles não são deslumbrados com tudo... Até porque eles levam uma vida comum, como toda criança, os privamos de toda essa turbulência da mídia exatamente por isso. E sobre serem cantores, não querem! Nem um deles. - ri da reação de Vitor. Vitor está comemorando! - riem. Mas amam música. Os três fazem aula de música!
Estão falando para você se sentar aqui e responder perguntas! - ri. Não vai rolar galera! Ainda não consegui esse feito. - ele começa rir. O que mais gostamos de fazer juntos? - lê. Comer, dormir e filhos.

• Nossa Paula... - olha para ela rindo.

• Olha aqui Vi... Perguntaram para você o que mais te irrita em mim...

▪︎Perfeccionismo! Mas não chega ser algo muito ruim... Mas ás vezes você fica muito mal com isso. Querendo ter controle de tudo.

▪︎ Exatamente! E o que mais me irrita no Vitor é a teimosia - ri. Ariano teimoso e cabeça dura. - ele ri. Sem contar na toalha molhada pela casa e a nova mania... - olha para ele. Posso falar? - ri. A cueca molhada pendurada no banheiro... Não dou conta!

▪︎ Perfeccionista!

▪︎ Ah! - riem. Tá bom... Sei! Gente, não tem condições de fazermos quiz juntos... - vê o pessoal pedindo. Acho que alguém acordou...- escuta um dos filhos. Vou ter que desligar galerinha! Alguém já despertou antes da hora. Lá vou eu! Depois volto. Bjs!!!

LIVE OFF

Paula vai até o quarto de Vitor que começou a chorar.


— Que foi filho? - senta na cama com ele. O que houve?
— Deixa eu ir dormir com você, mãe?
— Mas porque? O que houve? Foi pesadelo?
— Sim!
— Mamãe vai deitar aqui com você! - se deita com ele. Vai ficar tudo bem...

Faz o filho dormir e volta ao quarto.


— Está nessa saga ainda?
— Não consegui... Quem era?
— Vitor! Teve um pesadelo.
— Não dá para deixar Vitória mexer nessa televisão.
— Eu nem vi ela mexendo... Vi, deixa eu te maquiar? Quero maquiar, mas não posso passar em mim.
— Você está brincando, né? - ri.
— Não, por favor... Estou sem sono.
— E eu que me ferro?
— Vou pegar as coisas! - vai ao closet e retorna com uma maleta.
— Depois você vai tirar!
— Tá bom! Senta aí...- ri.


Ela começa limpar a pele dele enquanto vão conversando sobre as mudanças na casa.


— Vitória precisa ficar sozinha... Vamos colocar a Lua com Antônia.
— Não... Vamos pegar um quarto de hóspedes mesmo e reformar.
— Tudo bem! Depois vemos.
— Como será que ela vai ser? Parecida com qual deles?
— Não sei! - ri. Mas acho que ser a bochechuda como eles eram e com os cabelinhos claros.
— Sim! A imagino assim também. Será que terá olhos claros como Antonia e Vitória?
— Não sei... Pode ser que sim. Vitor não tem...
— Sim! As meninas puxaram meus pais.
— Principalmente seu pai com olhos azuis! Os da Marisa são verdes.
— Sim!
— Você está ansiosa?
— Sabe que não? Estou mais tranquila... Quero que tudo corra bem dessa vez.
— Vai correr, Pulinha... Meu olho está ardendo!
— Espera! - olha. Eita... Acho que você tem uma leve alergia! Vai se lavar...- segue com ele para o banheiro.
— Está vendo o que dá essa sua brincadeira? - lava o rosto.
— E eu ia saber que você tem alergia? - ri. Poxa... Estou sem sono ainda.
— Vamos lá fora! - enxuga o rosto. Está ardendo ainda.
— Jajá passa!


Saem da casa para andar um pouco do lado de fora.


— Temos que colocar mais uma luminária ali...- aponta. Uma verde... O que acha?
— Vai ficar lindo, amor! - sorri.
— Sim!
— Essa fazenda é tão maravilhosa... Não consigo explicar o que é viver aqui. Nunca vou conseguir. Ás vezes penso que deveríamos ir para a cidade... Uma casa em algum condomínio ou até mesmo uma cobertura em algum prédio. Mas quando saio aqui fora, me sinto... Completa. É meu lugarzinho. Nosso lugarzinho...
— E o lugarzinho dos nossos pintinhos! Pintinhos não vivem na cidade.
— Sim! - riem.
— Você sente falta de BH?
— Ás vezes sinto, não vou mentir...
— Eu também sinto Pulinha...
— Mas não sairia mais daqui... Por conta da Fazenda. Mesmo que lá tenha nossa chácara, não é a mesma coisa. Esse lugar cheira nós dois...
— Isso é verdade! - sorri. Olha que linda...- aponta para o céu. Toda exibida hoje!
— Logo, logo essa aqui se exibe também...- coloca a mão na barriga.
— Você quer que eu opere?
— Sim! Por favor...
— Farei isso. Mas vai ter que ser depois que você ter a Lua...
— Dá até medo... Porque sendo depois, ainda posso engravidar. - riem.
— Não... Agora chega! Nunca me vi em uma família com muitos filhos... E olha só... Ganhei cinco.
— Tão pouco eu! - ri. Mas não consigo me ver sem nenhum deles. Quando penso que um deles poderia não existir, me dói tanto... Porque cada um ocupa um espacinho tão gigante de mim.
— Sim... Não seria a mesma coisa! - sorri.
— Quero ter a Lua em casa... Em um parto humanizado, com todo o cuidado, mas em casa, no nosso quarto com a varanda aberta!
— Vai ser lindo!
— Sim... - encosta a cabeça no ombro dele. Você vai ficar comigo, né?
— Sim! Como todas as outras vezes...- sorri. Segurando sua mão e cantando para nosso filhote chegar. Olha o Sereno onde está...- olha.
— Parece inquieto, Vi. - solta da mão de Vitor e vai mais próximo. MEU DEUS! - grita.
— Paula! - se assusta. O que foi? - a alcança.
— Olha o tamanho daquilo! Vai matar meu cavalo, Vitor...- se desespera.
— Pulinha... - vê. É só uma Sucuri... Tá indo embora.
— Só uma Sucuri? Olha o tamanho desse bicho Vitor... Meu Deus! Ela vai pegar o Sereno, Vitor...
— Não vai Paula... Calma!
— Ele está inquieto Vitor! - começa chorar. Ela vai matar meu cavalo.
— Pulinha...- a abraça. Não vai matar... Ela é inofensiva!
— Vitor, me poupe! Vou chamar o Elias...- se solta dele e sai andando nervosa.
— Elias está na cidade! - a segura. Calma! Vou lá tirar o Sereno...
— Você tá maluco? Ela mata você e o Sereno! - diz nervosa.
— Vou por trás, pego o Sereno e trago para cá... Você fica aqui quietinha... Não fica fazendo barulho.
— Toma cuidado! - chora.


Vitor vai até a entrada do estábulo, um ambiente totalmente aberto com apenas uma cerca de madeira para dividir do gramado da casa feito só para Sereno. Sobe na cerca, para não fazer barulho abrindo a porteira e assustar Sereno. Vai devagar até o cavalo que o reconhece, cheirando-o e puxa-o com calma para fora.


— Vem...- fecha a porteira. Devagar Sereno! - fica animado ao ver Paula.
— Meu filho...- abraça o cavalo. Morri de medo de você ser engolido por aquele bicho! - beija. Vamos levar ele para dormir lá perto da varanda do quarto, para mim poder ficar vendo ele.
— Olha lá... Já até foi embora! - fica olhando a cobra sumir. Preocupante elas estarem vindo para cá! Amanhã tem que avisar nossas mães para não deixar as crianças sozinhas aqui...
— Estou tremendo ainda! Amanhã eles nem vão sair de dentro de casa!
— Podem sair, pequena. Só precisamos cuidar... Mas elas não aparecem onde tem muito movimento. Né garoto? - acaricia Sereno. Ficou com medo? - ri. Já passou...- alisa-o.
— Você é o único namoado que ele gostou! Ele nunca deixava os outros montarem.
— Com razão, né Sereno? - beija o cavalo.
— Sei! - ri. Vamos...


Sobem novamente até a sede, resolvem deixar sereno na garagem e seguem para dentro de casa.


— Onde vocês estavam? - vê eles chegando.
— Estava ansiosa... Fomos andar um pouco. Acredita que tinha uma Sucuri enorme no estábulo do sereno? Vitor tirou ele de lá.
— Meu Deus! Por que estão vindo para cá?
— Também não sei Cintia... Mas alguém deve estar queimando as matas ali para baixo. Vou descobrir isso amanhã.
— Sim! Tentar brincar aqui dentro com as crianças.
— Por falar nelas, vou dar uma olhada... Você está bem ou perdeu o sono?
— Vim beber água só...
— Ah sim... Vou lá ver as crianças! Leva água Pulinha?
— Sim, vai indo... - vê ele sair. O que você tem? Não parece bem...
— Igor me viu com Elias hoje... Estávamos só conversando, nada de mais.
— Ele brigou com você?
— Sim... Ele fala que parece que sinto algo ainda por ele.
— E você sente.
— Não...
— Não foi uma pergunta, Cintia!
— Paula!
—Uai, não era assim que você falava quando se tratava de mim e Vitor?
— Nada disso. É diferente!
— Não! Não é nada diferente. E a gente foge da resposta, porque acha que o que está vivendo é suficiente, que não podemos mexer no passado, que não podemos revirar a história. Eu te digo com todo meu coração, você não vai conseguir ficar com Igor assim... Cintia, eu não consegui. Por mais que eu tentasse e você é prova disso. Quantos e quantos anos fiquei com tantas pessoas, vivi e fui coisas que eu mesma não queria para me enquadrar na vida delas, na história delas e fugir um pouco do que eu não esquecia. É difícil admitir para nós... Mas depois que a gente admite que não adianta dar murro em faca, que precisamos ter consciência, que precisamos viver um tempo só com nós mesmas antes de entrar em qualquer relacioname por carência, de fato percebemos e aceitamos. Quero você feliz, branquinha...- abraça. Para de se machucar! Olha para minha história...- beija-a na bochecha. Vai dormir... Amanhã é um novo dia! - sai. Esqueci a água... - volta.


Pega a água para Vitor e vai para o quarto. Escuta ele tomar banho e vai até lá.


— O que aconteceu com Cintia?
— Nada de mais...
— Quando você responde isso é porque não quer falar o que houve! - ela ri. Acertei!
— Só problemas com Igor...
— Hum... Quer entrar?
— Sim! - tira a roupa. Estou com medo da cobra voltar...- entra.
— Provavelmente ela vai. Mas cobras não ficam onde tem muito barulho.
— Então não vai ficar perto das crianças! - riem. Mas e o Sereno?
— Peça a Elias para colocar uns arames no estábulo...
— Vou pedir...- acaricia-o. Te amo...
— É, eu sei...- ri. Obrigado!
— Mas eu te amo muito...
— Nesse caso muito obrigado! - riem. E... Também te amo muito! - beija-a. Muito mesmo!
— Eu também sei! - ri. Vamos devagar, tá? Acho que as coisas não podem acontecer ainda...
— Tudo bem! - ri. Eu sei! Vira... Vou te dar banho! - a vira.
— Não molha meu cabelo! Já está limpinho... - arruma o coque.


Vitor a ensaboa e vai jogando água. Terminam e logo deitam, cansados. Na manhã seguinte são acordados por Antônia que derruba sem querer um vaso de flor no closet da mãe.


— Êh Antônia! Você tem que ter cuidado. - continua passando o batom. Mamãe vai brigar com você, hein?
— Mas foi sem querer, Vivi... Fala para ela!
— O que vocês estão fazendo? - encontra elas.
— Pai... Não conta nada para mamãe! - guarda o batom. A gente só veio aqui ver umas coisinhas dela!
— Vitória... - a observa tirar o cabelo que grudou na boca. Sua mãe já falou com você sobre isso!
— Pai... A gente só veio ver! - desce da poltrona de Paula.
— Ver o que? - Paula aparece.
— Suas maquiagens! Mãe, não briga comigo...
— Mãe... Eu derrubei sem querer. - mostra pra ela o vaso caído.
— Vão para fora... Vai... - aguarda elas saírem. O que eu faço? - olha para Vitor segurando a risada.
— Não faço ideia! - riem. Elas são comédia demais!
— Cadê Vitor, hein? - vai atrás.


As meninas seguem para cozinha onde as avós se divertem vendo Vitória maquiada. Paula chega em seguida atrás dos filhos.


— Bom dia! Cadê Vitor?
— Pulou cedo e foi atrás do Elias nos cavalos.
— Ah sim... Já volto! - retorna para o quarto. Espera...- volta para cozinha correndo. Alguém avisou Elias da cobra?
— Que cobra?
— Tinha uma sucuri enorme ontem no estábulo do sereno! Alguém avisa Elias, pelo amor de Deus.
— Vou lá... Santo Deus! Meu menininho tá junto. - Marisa levanta e sai atrás do neto.
— Onde você e Vitor estavam ontem a noite?
— Fomos andar...
— Paula, você sabe que não pode.
— Andar?
— Não. Outra coisa!
— Mas fomos andar! E não outra coisa. - sai rindo.


Retorna ao quarto, se arruma e segue para dar atenção as crianças enquanto Vitor continua dormir, o que não demora. Levanta assustado com uma gritaria na sala.


— O que está havendo aqui?
— Elias, calma...
— Mas foi ele quem veio aqui! Eu não fiz absolutamente nada.
— Você é empregado Elias, cala boca!
— O QUE ESTÁ HAVENDO AQUI?
— Vitor...- vai até ele chorando. O Elias perdeu a total razão... Eu entendo se você quiser demitir ele.
— Mãe eu não fiz nada!
— VOU SOCAR A CARA DESSE INFELIZ! - vai para cima de Elias.
— HEI! - Vitor vai até Igor e o segura. PODE PARAR! DENTRO DA MINHA CASA VOCÊ NÃO BATE EM NINGUÉM. - vai o tirando para fora. Você está louco? - o solta. Como você entra assim na casa dos outros e faz esse escândalo?
— Esse cara fica atrás da Cintia... Eu já avisei ele, ele não parou!
— E o que eu e minha família temos a ver com isso? Porque você entrou dentro da minha casa... Meus filhos estavam assustados, minha esposa está grávida, uma gravidez de risco, e está muito nervosa. Minha mãe, minha sogra são pessoas de idade e Cintia é como uma irmã para mim. Para namorar ela você não veio aqui... Mas para fazer ela passar vergonha você vem?
— Você ainda vai defender esse canalha?
— PARA IGOR! - Cintia aparece chorando.
— Vamos comigo! - puxa-a.
— SOLTA ELA! - puxa Cintia dele.
— Calma Vitor... - Paula vai até ele.
— VOCÊ NÃO VAI SAIR DAQUI COM ELA NESSA ESTADO! - o empurra.


Vitor tenta conter Igor que está extremamente nervoso, em vão. Ele sai da fazenda de carro extremamente nervoso.


— Cintia...- vai até ela. Está tudo bem! - a abraça. Está tudo bem... Ele vai ficar bem!
— Ele está muito nervoso para dirigir! - chora.
— Calma... Vai ficar tudo bem!


Leva Cintia para dentro, onde Paula já está com a mãe, a sogra e as crianças, assustadas.


— Pai, porque ele bateu no tio Elias? - começa chorar.
— Filho...- vai até ele. Calma, meu amor! - pega-o no colo. Está tudo bem!
— Ah... Não está não... Elias tá chorando pai!
— Vitória! - olha para filha. Por favor... Seus irmãos estão assustados! - Paula intervém.
— Vocês estão bem? - olha para a mãe e para a sogra. Levem Cintia para o quarto... Amor...- vai até Paula. Vamos conferir sua pressão.
— Não Vi... Estou bem! Fica tranquilo.
— Mas vamos medir só por precaução!


Seguem para o quarto com os filhos.


CONTINUA...

 


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