12 anos em 12 escrita por 12 anos em 12


Capítulo 10
O acerto




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VITOR

Paula me pede para ir no banheiro, levo ela ao banheiro do quarto e aproveito para pegar a carteira. A noite me deixou mais tenso do que eu estava, Paula me tira do sério.

Ela sai:- Pronto, obrigado.

Sorrio para ela e vou até closet, está um pouco frio e ela está de vestido, pego uma blusa para ela:- Aqui, está um pouco frio.

Ela agradece:- Vitor, vamos conversar... você não está bem.

Olho para ela:- Você não está cansada?

Ela nega com a cabeça. Abro a janela da sacada e me sento no chão.

Paula vem logo atrás:- Que legal aqui.

Sorrio:- Muito. Vou buscar uma coisa, espera aí.

Saio para a cozinha, pego o doce de leite e volto pro quarto. Quando Paula vê, ri:- Vou engordar assim.

Dou uma colher a ela:- Não se preocupa com isso, você vai ficar bonita de qualquer jeito.

Ela sorri timidamente:- Vitor, não é só isso que te incomodou, não foi?

Dou a primeira colherada:- Não.

Paula:- O que aconteceu? Se quiser contar...

Ela come. Digo:- Meu divórcio vai ter que ser adiado por uns 3 meses. Meu advogado, como eu já te disse, viajou com urgência. Não tenho como arrumar outro advogado agora.

Paula:- E é só por isso?

Nego com a cabeça:- Cláudia me ligou, vamos ter que começar a divisão dos bens.

Paula:- Você casou em comunhão?

Aprovo com a cabeça:- Não estava pensando em nada.

Paula:- O que você vai deixar para ela?

Me ajeito no chão:- O apartamento, o carro, mas não sei mais o que ela vai pedir.

Paula:- Talvez ela não peça nada, apenas espere que você decida.

Olho para a Paula:- Talvez...

Paula:- Vitor porque você se preocupa com tão pouco? Não posso dizer muito também, porque sou igual. Mas, se é um processo aos poucos as coisas vão se resolvendo, não entendo porque você está se preocupando tanto.

Como mais um pouco:- Você tem razão. Só me preocupo porque não queria resolver nada disso pessoalmente, mas sem o Ricardo aqui eu vou ter que ir.

Paula:- Quer que eu te ajude com um advogado? Posso te ajudar a procurar um, tem o meu advogado, ele é muito bom.

Puxo um pouco a janela, o vento está forte:- Vou pensar, muito obrigado.

Paula:- Vitor... preciso te agradecer por hoje. Tinha me esquecido do quanto é bom estar com você.

Sorrio:- Eu que agradeço, foi um dia totalmente diferente do que costumo passar.

Paula ri :- Uai, porque? Você assistiu filme, como sempre faz. Foi a uma festa da família, como sempre vai.

Sorrio:- É. Mas você estava aqui, depois de tantos anos e você sempre torna as coisas diferente. É muito bom ver você rir.

Paula sorri:- Posso te pedir uma coisa?

Confirmo com a cabeça. Ela continua:- Não deixe de ninguém mais apague seu sorriso. Ele foi o que me fortaleceu por anos. Não deixe que ninguém leve mais, porque o Vitor que eu conheço é assim... passa uma paz, é carinhoso. Toda a sua frieza é motivo do seu orgulho, e se você tem orgulho eu sei que foi porque já te feriram muito. Penso que, poderia ter me apaixonado pelo Leo, aprendido a amar ele. Sempre se pareceu mais comigo, mas foi você me fez sorrir de verdade, que lá no fundo era igual a mim.

Não me contenho:- Nunca quis te fazer sofrer, jamais foi minha intenção te deixar, eu só tive que fazer isso porque o era o melhor pra mim e pra você, mas sofri demais e percebi tarde demais que poderia ter continuado do seu lado. Também não esperava ter me apaixonado por uma menina, mas foi você que fez, tão cheia de vida, eu me sentir completo. Você é o que eu não sou e me faz feliz do teu lado nem que seja por poucos minutos.

Paula me toca..., vou me deixando levar aos poucos correspondendo.

PAULA

Senti falta destes toques, dessa maneira, com essa calma, com essa delicadeza. Vitor me beija de manso, me faz tremer só por sentir o cheiro dele tão perto. Me impulsiono cada vez mais pra perto dele, me seguro cada vez mais com força.

Ele me segura e me olha:- Não vou fazer nada que você não queira...

Sorrio. Sinto o desejo de Vitor, mas bem mais que isso, o nosso desejo de ter um ao outro:- Só quero que você me ame.

Sinto-o escorrer a mão sobre meu vestido, me deito do chão. Acaricia minha pele, me faz segurar mais forte nele. Vitor se escorre sobre mim enquanto tiro dele, a roupa.

Vitor me beija:- Eu estava com saudades de você...

Me viro sobre:- E eu de cuidar de você...

Beijo-o em cada parte do corpo, como faz comigo.

Vitor sussurra em meu ouvido:- Queria dizer que não te amo tanto...

Me entrego cada vez mais para ele, o respondo:- Eu também...

Vitor se entrelaça em meu cabelo, me toma de mansinho, me faz dele cada vez mais, mais dele... só dele, mais plena...

E o chão, que minutos antes era o palco de uma conversa informal, virou a intensidade da consequência de um sentimento.

Não faço ideia de nada do que aconteceu. Nada, quando digo tempo. Só sei das caricias, do desejo que só aumentava, consumia, ardia. Quando abro os olhos e dou por mim, já estou na cama, não me recordo dele ter me carregado, mas também estava muito cansada. Passo a mão do outro lado e Vitor não está, é quando ouço o barulho no banheiro e resolvo ir até lá. Me enrolo em um dos lençóis e vou. Vitor está tomando banho, encosto na porta, ele ainda não percebeu que estou aqui, me repara quando se vira:- Você aqui...

Sorrio:- Quer que eu saia?

Ele sorri:- Não. Quer tomar um banho?

Penso se devo entrar com ele:- Posso?

Vitor:- Claro...

Me aproximo e êxito um pouco para tirar o lençol.

Ele ri:- Não precisa ter vergonha Paula.

Rio ainda tímida. Quero entrar mas tenho um certo receio:- É um pouco estranho.

Vitor sorri:- Quer que eu saia? Não tem problema algum...

Interrompo-o:- Não, é bom te ver...

Ele me estende a mão, seguro-a e com a outra tiro o lençol e entro.

Vitor ainda me segura:- Pronto... Você é linda.

Quanto ao meu corpo:- Me sinto a vontade com você. Só tenho um certo receio porque faz muito tempo...

Vitor não me solta:- Eu sei como é, também tenho quanto a você.

Me molho:- A mim?

Vitor me solta e alcança um shampoo:- Sim, não tenho mais 20 anos. Se vire...

Rio fazendo o que ele pede:- Você se preocupa com isso?

Coloco a cabeça sobre ele quando sinto massagear meus cabelos.

Vitor:- Não muito, porque não dispenso meu doce de leite. Estou bem comigo, com a minha barriguinha.

Me viro para ele que sorri:- Você é muito bonito. Arranca muitos suspiros...

Coloco as mãos sobre o cabelo dele e faço o mesmo. Ele sorri:- As pessoas me conhecem pelo meu trabalho, pela imagem que tenho que ser nele.

Continuo massageando, tenho que ficar bem próxima dele por ser muito alto:- Mas eu vejo acordar. Já vi bravo, feliz, com raiva, contando piada e criticando nervoso. E de todo jeito você é lindo, e todas estas pessoas que o sentem sabem o tamanho da sua beleza interior e exterior. Você nunca fica velho para mim, pelo contrario, me apaixono cada vez mais.

Ele segura as minhas mãos:- Não posso te ver como todos os outros homens, mas queimo de desejo quando eu estou perto de você, nem pelo seu corpo mas é pelo seu jeito de me amar.

Sinto uma vontade tão grande de beija-lo:- Você respeita cada parte do que eu sou, sempre foi assim. Me faz mulher como nenhum outro, porque sabe como me amar.

Ele me puxa e me beija, me prendo nele. Quando me solta:- E estou ficando velho, minha barriga provavelmente vai crescer (ri) e eu vou ficar muito mais chato.

Rio dele:- Você se imagina assim?

Ele ri:- Sim. E você... vai estar linda ainda. Um pouco mais mandona, mais linda ainda.

Sorrio:- E se e puder ficar do teu lado eu vou continuar te amando de qualquer jeito. Porque eu já desisti de tentar te esquecer.

Ele passa a mão no meu rosto:- Do meu lado...

Abraço-o e ele se surpreende:- Me deixa terminar de te lavar.

Ele me encosta na vidraça do banheiro, mais uma vez me fazendo sentir só dele.

Vitor:- Conheço cada parte do teu corpo. E acho lindas suas pintinhas no colo.

Abaixo minha cabeça e as olho:- Você repara tudo.

Ele se estica mais uma vez e dessa vez começa a esfregar um sabonete liquido sobre meu corpo:- Que cheiroso... É isso então que você passa?

Ele sorri:- Sim.

Quando termina vou até a água me enxaguar e ele fica observando.

Minutos depois saímos do banheiro e me deito novamente na cama.

VITOR

Vou logo atrás de Paula e me entrelaço nela novamente:- Você está com fome?

Ela me acaricia:- Não.

Sorrio. Se ela soubesse o quanto eu sentia falta de carinho...:- Você é a única mulher que consegue me deixar sem falar nada.

Rio:- Isso é bom ou ruim?

A trago para mais perto de mim:- Acho que ótimo.

Me viro sobre ela beijando-a, me pertencendo, trazendo sobre mim a forma mais bonita de dois corpos se encontrarem em um só. Sinto Paula em mim cada vez mais, em todo instante. Assim vai amanhecendo mais o dia, mais a minha vida.

Quando desperto Paula ainda está na cama adormecida. Me levanto devagar, coloco o roupão e vou para a cozinha. Vejo um recado de Diva, dizendo que não poderá vir. Assim que termino de aprontar o café levo no quarto para Paula.

Entro e ela está se sentando na cama:- Bom dia.

Ela sorri:- Ótimo dia.

Rio entregando uma caneca a ela:- Aqui, bebe pra começar melhor ainda o dia.

Ela pega:- Obrigado. Vitor eu preciso perguntar uma coisa...

Bebo meu café sentado na poltrona ao lado da cama:- Sim...

Paula:- O que a gente vai fazer agora?

Bato os dedos sobre a caneca:- Viver...

Paula:- Vitor...

Me aproximo:- Paula, calma. Quero te pedir uma coisa, que você fique comigo.

Paula:- Mas enquanto seu divórcio não sair nós não podemos dizer a ninguém.

Me sento novamente:- Sim, eu prefiro não dizer por você. Não iriam poupar dos comentários, e eu não quero essa perturbação atrapalhando você e a sua carreira.

Paula:- Como vai ser?

Bebo mais um pouco:- Nós podemos namorar, de forma que somente quem quisermos saiba até o divórcio sair e pensarmos como faremos.

Paula;- As escondidas? De novo? Vitor eu não...

Interrompo:- Não tenho idade mais para isso, nem você. Só precisamos de um tempo, Paula se não for assim nós vamos ter que esperar mais meses pra poder ficar juntos?

Paula:- Isso não. Vou conversar com o pessoal de casa, e... espera, quando é que você vai conhecer minha chácara?

Sorrio:- Em breve. Preciso falar com algumas pessoas também, as que acho necessária, porque outras não tem nada a ver conosco.

Paula:- Você acha cedo demais para iniciarmos algo assim?

Bebo o restante de café:- Não. Nós demoramos demais para iniciar. Eu estava esperando estar pronto, e eu sinto que estou, mas você sabe que eu...

Paula interrompe:- É complicado de se lidar... sim, eu sei. Sei que é arriscado colocarmos em risco de novo uma amizade que estava começando novamente a florescer, mas eu também me sinto preparada e mesmo que não estejamos, somos adultos e nos conhecemos o suficiente para aprender.

Digo:- Você aceita esperar algum tempo para que possa te assumir publicamente? Aceita ser a mulher novamente de um homem como eu?

Paula:- Creio que eu esteja suficientemente preparada. Mas não se rebaixe sim Vitor, não gosto quando você diz isso sobre você. Ser alguém cheio de ideias próprios é normal, nada que aos poucos você não vá sabendo controlar, e eu aprendendo mais a lidar. Vitor, eu te amo assim e espero não afrontar mais seus sentimentos mais para que você não seja tão radical. Mas quero, pro seu bem, que você retome sua terapia.

Respiro fundo:- Vou falar com a Paula (irmã psicóloga de Vitor) para que ela me encaminhe.

Paula vem até mim:- Você também sabe que sou muito perfeccionista, que sou chata mesmo quando devo e exigente. E você por tanto tempo soube lidar comigo.

Me envolvo nela:- Só não me afronte... Você consegue me tirar do sério.

Paula:- Nós vamos resolver isso...

A cheiro:- Você precisa falar com quem deve que eu farei o mesmo. E com calma vamos acertando tudo, não quero que seja escondido dos nossos amigos, das nossas famílias.

Paula:- Com a minha família eu resolvo, e com a sua? Tenho medo da reação, de pensarem que foi por minha causa que você se divorciou.

Encosto a cabeça nela:- Quem deve, sabe o porque me divorciei da mesma forma que se sabe porque me casei. Não fica se preocupando com isso.

Paula:- Você sabe que minha vida é um pouco diferente do seu ritmo, o que não significa que eu não me adapte a você como acredito na sua capacidade de entender. Entender que meus amigos são diferentes dos seus, os nossos costumes são um pouco diferentes...

Seguro a mão dela:- Nós já estivemos juntos, na pior época. Não vai ser agora que isso vai ser problema, não sou nem um tipo de chato para estas coisas, pelo menos para isso (rio)

Paula ri:- Eu sei, eu sei disso, mas é bom já falarmos tudo para depois não ter problemas. Tem mais uma coisa...

Ela se vira para mim:- Você sabe o quanto me criticam, gosto de ser assim e ás vezes é diferente das pessoas que você vem a algum tempo convivendo...

Interrompo-a:- Conheci você desse jeito. Não importa as pessoas que convivo, já quebrei a cara por tentar ser igual, idealizar alguém que fizesse isso, comprar um certo status para viver. Você é linda, é menina e também sabe ser mulher, não posso e não vou idealizar você de outra maneira, mudar seus costumes, invadir sua vida e querer transformar tudo. Da mesma forma, espero que você entenda o meu jeito.

Paula:- Jamais te mudaria. Só não abro mão de te ajudar a resolver muitas das suas confusões. Engraçado que, somos tão iguais e ao mesmo tempo diferentes.

Acaricio-a:- Nós temos o nosso mundo, o lá de fora fica lá... e eu não vou mudar teu mundo pra fazer parte do meu, nós vamos aprender com maturidade a viver a diferença do outro. Confesso que nós teremos muito pra aprender...

Paula me abraça:- Eu sei...

Ficamos por mais alguns minutos conversando sobre a nova etapa um tanto delicada que começaríamos:- Quer ir pra Fazenda ainda? Leo vai estar lá e pediu ontem que eu avisasse que é pra você ir.

Paula:- Claro. Vou passar no Hotel, me trocar e nós vamos...

Concordo e assim é feito.


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