A Arma Escarlate - O Muiraquitã. escrita por NahHinanaru


Capítulo 5
Capitulo 5 - Primeira paixão? Odeio minha família. Que situação.


Notas iniciais do capítulo

Primeiro quero agradecer ao Jackson por viver pedindo pra eu fazer um capitulo no meu ponto de vista, depois quero agradecer minha avó por ter me inspirado pro final do capitulo.
Quero agradecer meus críticos de capitulo, eles sabem quem são.

To sem ideia do que escrever aqui por causa da pressa de postar, esse povo tá me cobrando, nao deixou nem a imagem ficar pronta.

Desculpem os erros que aparecerem! Obrigada por lerem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/465753/chapter/5

Oi, Meu nome é Nádia, só Nádia, nada de Lima, nem de Torres, somente Nádia, só um rótulo basta! Não vejo a necessidade de haver três!

Primeiramente eu quero registrar que de todas as minhas férias desastrosas, essa com certeza é de longe a pior.

Vamos começar por partes, eu costumo passar minhas festas de fim de ano, na minha casa em São Paulo, com meus irmãos, mãe fiascos e padrasto azêmola. E eu simplesmente odeio ser bruxa. Isso não é legal, sabe o que é não poder usar nem uma mágica perto dos irmãos mais novos por que as crianças vão crescer traumatizadas, vão se perguntar se são aberrações?

Só que esse plano da minha mãe de vetar os MEUS poderes, só ME fez ficar traumatizada!

Eu tenho quatro irmãos que moram comigo, Flávia que tem 14 anos, garota irritante e arrogante, tem também a Maysa com seus 11 anos de pura ironia, o adorável Enzo com seus 4 aninhos, e a pequena terrível Helouise de apenas 2 anos! Todos citados são azêmolas, ou Fiascos, como preferir.

Da pra contar nos dedos meus familiares que são bruxos. Eu! Meu pai bastardo, minha irmã Cris que nasceu junto comigo, sim! Eu tenho uma gêmea! Mas ela mora com o imbecil e ausente do meu pai, ele fugiu com minha irmã poucos dias depois que nascemos, e depois nunca mais vi eles dois, na verdade não lembro nem como é a cara dele. Porem da minha irmã, trocamos correspondências sempre. Pretendo esse ano fazer intercambio para o Sul, só para ir vê-la!

Também tinha meu avô, ele também era bruxo, antes de morrer, mas ele não conta, porque nunca o conheci. E por fim meu tio Salvador, ele é um bruxo também.

Os bruxos que devo ressaltar para essa história? Eu e meu tio, enfim.

Bom quero ressaltar também que eu estou crescendo! E sei que é difícil acreditar, mas estou também ficando mais responsável. Hahahaha, Virgílio riria de mim se me ouvisse dizendo isso.

A essa altura você já deve conhecer o Virgílio, na duvida, ele também é conhecido por Índio. O meu Índio.

Outra coisa, quero esclarecer pra todo mundo que acha que eu amo ele desde que bati os olhos nele, teve um momento exato que isso aconteceu. Antes disso eu andava seguindo ele por que tinha meus próprios interesses. Até porque, eu me achava muito nova naquela época pra gosta de alguém. A situação mudou muito um ano depois.

Posso contar como eu me apaixonei por ele? Juro que vou resumir!

Até por que não foi um momento memorável e super fofo como nos livros.

Foi em um simples debate a respeito dos meus constantes atrasos em sala de aula.

Estávamos no segundo ano, na aula de leis da ética mágica, a aula mais insuportavelmente chata de todo o universo perdendo somente talvez para as leis azemolas, o que eu devo admitir que fico muito contente em não termos que aprender, e logo na frente de matemática, que também graças a deusa não temos, e seguido por historia da magia, que consegue ser mais chata que a azêmola!

Enfim, era a aula mais chata de todas, e também a favorita do Índio.

E eu mais uma vez chegara atrasada, atitude típica de mim.

Bom, tenho minhas táticas para entrar na sala sem ser notada. Não, não uso nada que mexa com o tempo, nem chá de sumiço, mas posso dizer que sempre que eu quero, consigo aparecer nos lugares que preciso sem ser notada.

Chamo de o dom de ser insignificante. *risos*

Eu abri meu livro tranquilamente na pagina que estava escrito no quadro negro.

Estava dando uma folheada pela matéria que estávamos estudando para saber o que eu havia perdido.

O professor hoje estava explicando sobre os tipos de advogados que existem, quando de repente noto uma interrupção na explicação e o professor então fala:

–Pois não, Senhor OuroPreto?

–Eu li em um lugar que as pequenas infrações cometidas na adolescência de um bruxo são as principais responsáveis pelos futuros criminosos da nossa sociedade. – disse Índio sério.

–E está correto. – confirmou o professor.

–Dizem que a probabilidade aumenta quando essas pequenas infrações são acobertadas pelos responsáveis. – comentou ele.

–Sim, muitas vezes é verdade. – reconfirmou o professor.

–Atrasos em aula são consideradas infrações escolares? – perguntou Índio esboçando um sorriso vitorioso. Depois disso eu entendi tudo! Ele notou minha ausência no inicio da aula.

–Sim, Senhor Virgílio, a pena é possivelmente uma advertência e dependendo do caso, como o professor desejar. – explicou o professor.

–Então eu estaria fazendo a minha obrigação ao avisar que finalmente a aluna fantasma, também conhecida como Nádia, chegou a sua aula? - sorriu Virgílio com um olhar desafiador para mim.

Aparentemente eu fiquei mais interessante do que as leis para eles. Pois todos se voltaram para me olhar!

O professor que eu realmente não sabia o nome até hoje olhou, e me perguntou:

–Onde a senhorita estava?

–Aqui. – respondi como quem não está entendendo nada. Mentira, dissimulada, estava eu aqui colocando tudo que eu aprendi nas aulas de teatro em pratica.

–Não tente me enganar, você não estava. – contra argumentou o professor firmemente.

–Claro que estava! – me defendi.

Ouvi então uma risada irônica vindo do Índio. Disgrameira! Que garoto chato! *Mal sabia eu o que me esperava ao pensar isso*.

–Mentirosa. – comentou Virgílio, então vi Capí o cutucando para me deixar em paz.

–Eu estava sim! – eu tanto me irritei com aquele sorrisinho que bati em um soco na mesa.

–Se controle por favor. – disse o professor, outro insuportável.

–Bom, eu estava aqui o tempo todo. Não tenho culpa se não me viram. – disse agora sorrindo.

–Mas é mesmo uma dissimulada. – desabafou Índio.

Eu vi então que dessa vez ia ser pega, olhei para os lados a procura de uma solução, o meu amigo Leonardo, um anjo, estava lá rindo da minha cara, junto com a amiga dele Steph. Índio olhava para mim divertido, esperando ver meu próximo passo. Senti minhas mãos tremendo quando vislumbrei uma frase no meu livro.

Todos são inocentes até que se prove o contrario.

Eu sorri, fiquei com vontade de gargalhar, mas me segurei.

–Professor, como você pode provar que eu estou atrasada? – perguntei.

–Você não estava em aula. – ele me disse.

–Bom, aparentemente estamos em sua aula, e acho que isso significa que eu estou em aula, aparentemente seu argumento é invalido. – sorri tentando fingir inocência.

O professor me olhou atônito, vi que ele não disse nada, e eu rebati por cima:

–Além do mais, alguém na sala me viu chegando atrasada? Alguém me viu entrando na sala depois que começou a aula? – olhei para os lados, e todos olharam espantados, e aquilo me fez querer ri mais ainda. Alguns disseram em tom quase inaudível “eu não vi ela entrando” Até mesmo o rapaz que se senta ao lado da porta dizia isso.

–Pois bem professor, o senhor não pode me acusar de algo sem nenhuma prova, e muito menos sem uma testemunha ocular. – olhei então para Índio que me olhava com raiva agora, e eu disse sorrindo abertamente pra ele e disse: - E principalmente você não pode me acusar, somente por causa de uma acusação sem fundamento e verdade, do seu aluno favorito. Favoritismo também não é certo.

Ouvi vários risinhos na sala então eu me sentei.

Quando bateu o sinal para o fim da aula. Ri e rapidamente peguei minhas coisas, joguei-as na mochila e passei pelo Índio e sussurrei secretamente para ele.

“Suas leis possuem falhas, baby!” e pisquei para ele. Não sei bem como, nem porque, mas o olhar do ódio dele fez meu coração saltar do lugar, vê-lo sentindo tudo aquilo por mim me fez querer tê-lo por perto. Eu senti vontade de abraçá-lo, rir e pedir desculpas. Eu estava ali parada olhando pra ele e ele pra mim, pra qualquer outro casal seria em uma situação fofa que a menina sairia apaixonada, já eu estava ali me derretendo de amores por causa de um olhar de raiva? Isso era mais atenção do que já havia recebido em toda minha vida! Eu já possuía uma ligação com ele a muito tempo atrás, mas eu acabara de criar uma ligação completamente diferente. Eu só pude rir e falar por fim:

–Te vejo mais tarde, garoto fofo.

E foi assim, que eu passei os meus três anos seguintes. Irritando-o, só para voltar a ver aquele olhar, pra mim, não importava muito se o sentimento era ruim ou bom. Só de saber que ele estava ali todo preocupado comigo me fazia sentir vontade de ser cada vez mais dependente das broncas dele. Sim devo ter algum problema. Mas fazer o que? Essa sou eu!

–----

Enfim, voltando ao que eu estava falando antes, minhas férias, eu cheguei na casa da minha avó, arrastando meu tio Salvador junto com o jovem bruxo que “trabalha” com ele. Levamos ele até uma espécie de edícula que ficava no fundo da casa. Que eu apelidei de “o cantinho da podridão”.

Era um quarto separado que morava um outro tio, alcoólatra e fiasco. Não vem ao caso saber o nome dele, enquanto entravamos pra jogar Salvador na cama dele, ouvia o velho jogado na outra cama do lado com uma garrafa de pinga entornando do gargalo.

Eu olhei pra ele e disse:

–Porque não tira logo o dosador? Sabe o que eu acho? Que você deveria entornar mais, você ta bebendo pouco, to esperando ansiosamente sua morte criatura nojenta. – ok peguei pesado com o velho, mas dava pra acreditar? Vocês não viram quem eu vi! Eu estava nervosa. Quando eu estava na frente da casa de Aloísio eu vi o Índio, sim o Virgílio! Ele me reconheceu, não dou muito tempo pra ele aparecer por aqui. Como vou explicar a minha maravilhosa linhagem de tios?

Um bêbado que agora não parava de me xingar embargado por uma voz que ninguém entendia, eu por exemplo, sabia que eram palavrões, mas não quais.

O outro um Jagunço, que bebe pra esquecer os problemas e causa mais problemas do que deveria esquecer! Uma outra irmã da minha avó era uma bruxa das trevas frustrada. Perdeu a magia de tanto fazer coisas erradas.

Pelo menos a minha avó era alguém decente, mas acobertava todos esses “trastes”, como ela dizia. Se fosse eu, a grande maioria já teria sido presa, ido a julgamento, ou sei lá o que.

Bom minha avó é legal, menos quando está escutando os discos do Amado Batista até de madrugada pra lembrar do meu falecido avô. Ninguém pensa ou dorme direito, por causa do volume alto da musica. Descobri esse ano isso. Primeira vez que vim aqui.

Entramos, estavam todos jantando, lavei minhas mãos na pia da cozinha, joguei meu capuz para traz e amarrei meu cabelo. Foi o suficiente para minha mãe perguntar:

– O que é isso no seu rosto?

–Isso? Foi o corte que eu ganhei por vocês terem ME feito ir atrás do imbecil do seu irmão mais velho mãe. – falei amarga enquanto colocava comida no meu prato.

–E cadê ele? – perguntou Marine aflita com cara de songa.

–Matou seu namorado e eu matei seu pai por isso.

Ela ficou com uma cara de choque, perto a cair no choro, então todos olharam pra mim, eu dei de ombros e sentei-me pra comer.

Quando o amigo de trabalho do meu tio entrou rindo:

–A loirinha tem senso di humô. Pudia ti mostrá umas magias, ocê ia se divertir.

Eu ri e disse:

–Não, eu gosto de irritar as pessoas e não matar elas.

–Posso senta pra janta? – pediu o homem de cabelos castanhos e pele pálida, usando vestes azuis.

–Não pode não. – dissemos eu e minha mãe ao mesmo tempo. Mas minha avó permitiu.

Tratei de comer logo, queria terminar algumas teorias sobre meu projeto de alquimia pro ultimo ano. É, eu estou indo pro quinto ano, mas mesmo assim já tenho quase concluído meu projeto alquímico para minha formação daqui alguns muitos anos, até lá ele já vai estar super melhorado e sem falhas! Eu vou chamar atenção no cenário acadêmico bruxo! *risos*

Saio correndo para o quarto que estou dividindo com os meus irmãos, quando entro pela porta vejo minha irmã de 2 anos desenhando em meu caderno! Eu simplesmente entrei em colapso:

–AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHH!!! EU DEFINITIVAMENTE ODEIO ESTAR DE FÉRIAS! ODEEEEEIOOOOOOOOOOOOOO!!! FIASCOS IMBECIS! AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHH!!!

Minha mãe logo entrou no quarto ofegante, por ter subido um lance de escadas correndo:

–O que aconteceu?

–Sua filha destruiu meu caderno! – eu disse puxando bruscamente o braço da minha irmã. Uma boa noticia. Ela não tinha chegado a riscar nenhuma pagina com desenhos detalhados do projeto. Má noticia, ela arruinou varias paginas de anotações e o desenho do Índio que eu havia desenhando em uma das minhas noites de insônia.

–Vem Helouise, vamos lá para baixo. – Disse minha mãe pegando a menina que eu havia jogado na cama sem cuidado nenhum, me olhando feio por estar tão irritada com a ela.

–Sua varinha. – ela disse.

–O que? – eu disse.

–Você está de castigo. Sem sua varinha até o inicio das aulas.

–Mas porque? Ela que destruiu minhas coisas! – eu disse inconformada.

–Primeiro, pra você aprender a respeitar seus irmãos por não possuírem magia. Segundo que eu sei muito bem que você usou magia para desacordar Salvador.

–Ahhh sim claro, e o corte que ele fez no meu rosto, não significa nada? – eu disse ainda mais inconformada.

–Não vem ao caso, arrume essa bagunça, limpe esse corte, deixei um remédio pra dor na primeira gaveta da cômoda, e depois desce por que a louça da janta é sua, por que a Flávia me ajudou a fazer a janta. – disse ela fechando a porta, não ficando para ouvir o que eu achava disso tudo.

Mas é claro que eu não fiquei pra ajudar na janta. Fui atrás do velho maluco! E eu nem queria ir!

Lembra o que eu disse? Ser bruxa é uma merda na minha família!

Eu estava lá lavando a louça quando escuto uma movimentação estranha na sala.

–Aloísio! – era minha prima tapada gritando. Eu ri. Mas é uma boba mesmo. O cara deu um pé na bunda dela por ter descoberto a gravidez dela, e ela ainda fica cheia de amores.

–A Nádia está? – eu congelei. Conhecia aquela voz. Eu travei, eu simplesmente travei. Fiquei parada no mesmo lugar até minha mãe aparecer na cozinha acompanhada do bruxo mais incrível que eu já conheci, pelo menos a meu ver.

Eu conseguia sentir ele atrás de mim. Mesmo sem olhar. Era algo meio bizarro, mas eu sempre sei quando ele está por perto, como um sonar.

–Oi. – ele disse.

–Nádia, esse rapaz disse que é seu amigo de escola. – comentou minha mãe.

Eu sabia que ele viria, e isso me deixou mais irritada do que eu já estava.

–Vai embora daqui Virgílio.

Eu estava furiosa por ele ter me seguido, então era assim que ele se sentia todos os dias? Devo admitir, me arrependi um pouco de ter bancado a perseguidora quase a minha vida toda, mas o arrependimento era tão pequeno que me fez olhar feio para ele voltar para a minha louça.

–O que foi? – perguntou ele igualmente irritado comigo.

–Nada! – respondi ríspida.

Acho que eu não estava agindo como ele esperava, por que ele fez uma cara de assustado, quando minha mãe interceptou:

–Não ligue pra ela, ela costuma ser assim, explosiva e rabugenta.

Ele então sorriu por educação e disse:

–Me desculpe senhora, mas não a Nádia que eu conheço.

Ao ouvir isso algo em meu peito parou de apertar rancoroso e eu disse:

–Eu sabia que você me amava, não me deixa nem ficar em minhas férias sozinha.

Virei fingindo meu melhor sorriso e ele fez a mesma cara de sério que ele faz.

–Bom vou deixar os dois a sós, pelo jeito tem muito que falar. – disse minha mãe saindo dali. Com certeza ela ficaria ouvindo atrás da parede, e por isso continuei em silencio.

–O que você está fazendo em Minas? Você não é de São Paulo? – disse ele em tom irônico.

–O que você está fazendo em Minas? Não estava morando em Brasília? – repeti numa imitação falida dele.

–Aff... Vou embora. – disse ele se virando. Então sorri e disse:

–Demorou pra ir, nem devia ter vindo.

–Por que não? – me perguntou.

Lembrei do meu tio, e todo o ódio que ele nutria pela família do meu pequeno bruxo indígena.

–Por que é perigoso. Você por acaso não viu o que quase aconteceu com seu primo? – respondi.

–Num vem ao caso... – ele começou, quando ouvi a voz do meu tio irritado com o aprendiz dele.

Meus olhos se arregalaram, olhei para a louça, depois pro Índio, depois pra cozinha, e depois larguei tudo corri, puxei ele e abri uma porta na cozinha e joguei o Índio para dentro, e me joguei em seguida, e fechei a porta.

–Droga, ocê me molho....

–Shiiiiii. – pedi silencio.

Encostei meu ouvido na porta.

–Aquela garota é uma vergonha pá família, sempre seguindo as regras. – era meu Tio.

–Eu gostei dela, ela daria uma ótima parceira pa mim. - disse então o carinha do mal.

–Fique calado Julio. – disse Salvador, sentando-se à mesa. – E coloca comida pra mim.

–Nádia, minha varinha, caiu. – sussurrou Índio ao meu ouvido apalpando seus bolsos a procura dela.

–O que? Merda. Fica quieto. – sussurrei de volta.

–Ela precisa de um castigo, qual é o nome dela mesmo? Nádia certo? Quem é o garoto dela? – perguntou meu tio.

–Deve sê aquele Aloísio. Acho qui foi por issu qui ela mi puxô pa ajudar a te segurar. – disse o jovem.

–E ocê foi? – disse meu tio com ódio.

–Claro! Ela disse qui iria nos denunciar! – explicou.

–Ocê é burro. E sobre o coletor de raios?

–Ahh isso, estamos quase convenceno ele a vir pru nosso lado. – ouvi Julio dizer.

–Espero que consiga logo, a cada segundo o pânico na Europa está se aumentando, é a nossa chance de conseguirmos o controle por aqui também. – argumentou Salvador.

Então eu pensei comigo mesma: Viny tem razão, esses brasileiros, até ditadura bruxa querem copiar da Europa.

–Vamos pa Brasília, quando conseguirmos? – perguntou Julio.

–Não seja idiota, lá está tudo sobre o controle já! Só fazem de tudo para camuflar para esse povo alienado!

Bom, né que o velho tinha razão no que estava falando. Por que, quer povo mais burro que o nosso? Quer dizer. Tipo, SEMPRE somos feitos de rebanho pelo governo! NADA se pode ser dito falado, nem nada! Somos o pais do futuro, mas cada vez temos uma população pobre por causa dos impostos abusivos, somos livres, mas proibidos de falar abertamente tudo que queremos, somos o povo de festas e do futebol sempre tão receptíveis mas que sofre de uma violência abusiva por parte de muitos os lados, não só os criminosos pobres, mas aqueles que estão lá no poder, aqueles vagabundos lá. Os mesmos que agora Salvador se referia!

Ouvi o barulho de uma bela golada direto da garrafa, então Salvador continuou:

–A ferida do Brasil, que está mais que machucada, e que iremos cutucar mais um pouco, é o centro de tudo que deveria ser mais importante e não é. As escolas.

–Mas mestre? As escolas? – disse Julio. – São só crianças.

–Essas crianças que podi mudá tudo. Óia só minha sobrinha, denunciá?! Onde já se viu! – outro gole.

–Ocê qué dize qui qué destruir mais ainda a educação do país?

–Eu quis dizer que vou terminar de derrubar a instituição que está mais do que falida, só pra não correr o risco de... – outro gole - ... Voltarem-se contra nós.

Olhei para trás e vi Índio me olhando assustado, havia até me esquecido que ele estava bem ali.

–Salvadô, num acha meió, para di bebe um pouco? – disse então Julio.

–Me deixa capacho. – urrou Salvador, levantando da cadeira aos tropeços.

Então pude ouvir Julio resmungando algo, que eu pude jurar que era algo como “ocê vai vê quem é capacho quando tivé di baixo da terra.”.

Eu sorri com esse pensamento, menos um pra me dar trabalho.

Depois disso não tiveram muitos papos interessantes, a bebida não deixava entende?

Bêbado é uma desgraça!

Quando vi que eles haviam ido embora tentei abrir a porta, mas ela não tinha fechadura por dentro. Sacudi ela, e nada.

Olhei pro Índio e ele disse:

–Abre logo isso!

–To tentando!

Sacudi mais e nada.

Ele então tomou a dianteira, e nada.

Ele apalpou novamente os bolsos e disse:

–Aff, a varinha.

–Por que você deixou ela cair? – perguntei.

–Ocê vai por a culpa em mim??? – resmungou ele irritado. Sabia que aquela proximidade toda dele de mim o irritava.

–Não! Mas você não pode sair por aí deixando sua varinha cair! – gesticulei irritada puxando ele pra trás e socando a porta.

–Vóóóóóó!!!! – eu gritei.

–Usa sua varinha. – ele sugeriu.

–Seria uma ótima idéia, se minha mãe não tivesse a confiscado! – respondi.

–Confiscou por causa do “Oxé”? – ele me perguntou.

–Quase isso. Digamos que castigo por causa de feitiço é o que eu menos estou preocupada.

–Como? Você pode ser expulsa! – ele gesticulou.

–Acorda Índio! Estamos no Brasil! Punição aqui não aparece não. Você tem noção de quantos homens meu tio já matou? Sabe quantas vezes ele foi detido? UMA! Uma! E por causa de uma briga de bar! Só! – eu respondi mais irritada ainda.

Sabe quando tudo dá errado? Então é isso, tudo errado, não estava nem sendo eu mesma com o Virgilio!

Ele agora me olhava perplexo, e eu prestes a cair em prantos.

Eu percebendo que estava pegando pesado demais, sorri travessa e disse:

–Qualquer coisa é só colocar a culpa no tio bêbado.

Vi um esboço de sorriso no rosto dele e então ele disse:

–Ocê não muda.

Eu então sorri, e voltei a gritar para minha avó me ouvir, enquanto batia na porta, até ouvir o que eu menos queria.

“Teu amor é impossível, só até eu te beijar.

Teu corpo é inacessível, só até eu te tocar.

Não acredito em derrota eu sou um cara teimoso demais...”

Minha avó ligou o CD dela do Amado Batista no ultimo volume, de novo!

Sentei então no chão, acabei esbarrando em um pote de vidro, só então notei que estávamos na dispensa de compotas da minha avó. Ela vendia pra poder se manter.

A cada parte da musica eu tinha mais vontade de chorar.

Índio então olhou pra mim, eu notei que ele queria rir e disse:

–Nunca pensei te ver assim, tão parecida comigo.

–Você ri né? – eu disse. – mas pra ser igual você tenho que ser um pouquinho mais chata e falar “ocê, Cadin’, coitadin”. A é verdade que cabeça a minha.

Fiz uma cara de bosta forçada, imitando a dele e disse com voz de nojo:

–Afff, eu sou o Índio, aff, sou chato, aff, certinho, aff, nunca pisei nem nada fora da linha, aff sou meió que Ocê minina, aff.

–Eu não falo assim! – ele disse se sentando do meu lado.

–Ahh não? Comigo é assim! E com aquele ser que você estava trocando saliva? Você fala como?

–Tá falando do que? – perguntou ele.

–Não se faça de santin’ – disse ela imitando o sotaque dele. – Você sabe muito bem do que eu to falando, lá no bar do Magal.

Ele então ficou quieto.

“As vezes a minha cabeça

parece faltar parafusos,

estão me chamando de louco,

é você, que está me deixando confuso...”

– Não é da sua conta! – ele disse irritado depois de mais um tempo.

–Eu ODEIO Amado Batista! – eu urrei.

Ficamos em silencio e pudemos ouvir mais um refrão da segunda musica que minha avó ouvia:

“Bate tum, tum, tum de saudade

doido querendo você,

vem trazer esse amor

arrancar minha dor

que eu sou ave ferida,

bate tum, tum, tum de saudade

volta correndo pra mim,

vem dizer que eu sou seu,

tráz de volta o que é meu

que é você minha vida.”

–Nunca mais reclamo de ocê. De longe, essa é a pior situação que eu já passei em toda a minha vida. – resmungou Índio do meu lado.

Eu ri dele um pouco, quando tive uma idéia.

E se a varinha do Índio estivesse sobre o nosso alcance e desse pra pegar por de baixo da porta?

Eu me espremi, joguei a metade inferior do meu corpo pra cima do Índio e ele resmungou:

–O que ocê tá fazendo?

–Tentando nos tirar daqui.

Eu olhei pela parte de baixo da porta e via a varinha bem mais longe do que eu alcançaria.

–Virgilio? – disse.

–Oi?

–Você consegue achar algo que passe por aqui que dê para puxar algo do lado de fora, por ai? – eu disse sorrindo contente pra ele.

Ele então se levantou me jogando pro lado. E procurou nas prateleiras acima, então encontrou uma régua de madeira, uma da espécie das que eram usadas para palmatória, e passou pra mim, acho que fiquei ali tentando puxar a varinha dele por umas 2 horas sem mentira, e nada, até que em uma das tentativas consegui puxar ela pra mais perto.

–To conseguindo! – eu disse me virando, e vendo que a expressão dele mudou de um tédio, descrença e cansaço pra uma de interesse repentino.

Quando bati de novo na varinha para chegar mais perto. Ela acabou escorregando pelo chão inclinado-mal-feito da cozinha de minha avó.

–Droga! - gritei.

–O que foi? – ele perguntou preocupado.

–Escorregou!

–Mas que merda Nádia! – ele se zangou.

“E agora estou sozinho reclamando sua ausência

Na esperança dos bons tempos te tocar

Lembrar de mim e saber que ainda existo.”

–Eu definitivamente! Odeio Amado Batista! – gritei batendo na porta de novo com ódio.

–Qual é o problema da sua vó? Já deve ser umas três horas da madrugada!

–Ela já deve ter dormido na poltrona da sala. – eu disse me sentando no chão de novo. – To com sono.

–Pode dormir, já não dá mesm’ pra eu voltar pra casa. Eu fico acordado, se ouvir alguém vindo, e chamo. – sugeriu ele, voltando a se sentar do meu lado.

–Obrigada. – sorri boba de ver ele sendo legal comigo.

Ficamos em silencio por um tempo, e arrisquei fazer o que eu queria. Encostar a cabeça em seu ombro.

Eu encostei, e ele sacudiu o ombro incomodado, então tentei de novo, acreditando ser rejeitada de novo, e para minha surpresa ele não fez nada.

Fiquei ali, sentindo que meu peito ia explodir de felicidade, quando parei pra prestar atenção na nova musica que começou no aparelho de som de minha avó:

“Cola teu corpo no meu que a noite está gelada

O dia já vem vindo, é de madrugada

O que interessa nessa vida é uma vida boa

Não vamos mais brigar, por qualquer coisa à toa...”

Eu levantei a cabeça pra olhar-lo, eu vi o rosto dele, tinha uma expressão que eu nunca vira ele ter na minha vida.

Eu olhei pra ele, e ele olhou pra mim, e começamos a gargalhar juntos.

Tipo rir muito mesmo, um da cara do outro. Acho que nunca ri tanto na minha vida! Tanto não ri que nem notei que a musica havia parado.

Continuávamos rindo, quando a porta do armário abriu abruptamente. Olhamos assustados.

E só vou falar uma coisa pra vocês. Estou lascada, fodeo.

Era minha mãe, com um olhar assassino, com cara de quem acabara de sair da cama, e absolutamente zangada. Eu estava morrendo de medo, agora sim posso dizer. Adeus mundo, foi muito bom conhecer vocês.

Eu acabara de ver minha vida passando diante dos meus olhos!

–Eu posso explicar. – disse Virgilio.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

ahuahauahuahauhauahuh Iai? o que acharam???? hauahuahauhauahuah Final comico.
E agora? kkkkkkkkk



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Arma Escarlate - O Muiraquitã." morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.