O sol ainda estava tímido, quase não era visto do céu da grande cidade. Peter acordou com o som da música "Last Friday Night" da Katy Perry vindo do quarto de sua irmã.

— Será que ninguém mais pode dormir nessa casa? — Peter reclamou ao descer as escadas. Seus pais estavam sentados à mesa tomando café da manhã. O garoto juntou-se a eles a se serviu de waffles.

O senhor Fischer mexia seu capuccino e podia perceber que seu filho não estava tendo uma boa semana, então tentou entender o rosto triste do garoto.

— Algum problema no colégio? — Ele perguntou e Peter continuava com a cara de velório.

— Não, eu só estou preocupado com algumas coisas — O jovem respondeu e subiu de novo para trocar de roupas.

Quando seguia seu caminho para a estação de metrô, o garoto ouviu um som abafado de uma buzina e pensou ser Paul e Mel. Virou em questão de segundos e notou que não era nenhum dos dois. Era a Olivia.

— Posso oferecer uma carona ao meu velho amigo? — Uma janela do carro se abriu e Olivia apareceu sorridente.

— Claro, velha amiga — Peter riu e entrou no carro.

O colégio inteiro só falava no baile de inverno que se aproximava cada vez mais. Peter temia, pois sabia que seria horrível ver Lana entrando pela porta do salão de mãos dadas com Carter. E, para piorar a situação, Lana agora estava na sua classe de sociologia que seria a primeira do dia.

Quando a aula começou, o professor Parker disse que eles iriam trabalhar de uma forma diferente naquele dia. Ele orientou que todos deveriam trabalhar em duplas, que seriam escolhidas por ele. A cara de Peter não foi uma das melhores quando ouviu o nome de Lana como sua dupla. Ela também se sentia constrangida com a situação.

— Senhor Parker, será que eu poderia trocar de dupla? É por uma questão de afinidade. Eu e o Fischer não somos muito próximos... não mais — Ela sussurou a última parte, mas o garoto havia ouvido muito bem.

— Sinto muito, mas isso não será possível — O senhor Parker fez uma cara esquisita e voltou a fazer suas anotações.

De repente, um silêncio profundo reinava sob os dois. Peter queria falar alguma coisa, mas não sabia como começar um diálogo sem trazer à tona tudo o que estava sentindo, então Lana foi quem quebrou o silêncio.

— Enfim, como estão as coisas com a Olivia? O nome dela é Olivia, não é? — Uma pontada de repúdio podia ser notada quando Lana pronunciava o nome da garota.

— É, o nome dela é Olivia. Algum problema? Achei que estivesse mais interessada nas conversas idiotas do Carter — Peter revirou os olhos e rabiscava algo na folha de papel.

— O Carter nunca mentiu para mim, ao contrário de certas pessoas, né? — Lana respondeu, irônica.

— Eu nunca mentiria para você. Você tem ideia do que eu senti quando você acreditou no Carter e duvidou da minha palavra? — As coisas ficavam casas vez mais tensas. Por fim, o sinal tocou e Lana continuava sem dizer uma palavra. Ela só olhava profundamente para Peter, hipnotizada por seus olhos azuis e singelos.

— Eu ouvi falar que você vai com a Olivia para o baile. Se divirtam. Tchau, Fischer — A garota levantou e saiu da sala sem olhar para trás, por mais que quisesse ver a reação de Peter.

Depois de toda aquela frustração matinal, as aulas finalmente terminaram e Peter foi distrair um pouco na casa de Paul.

— Você prefere assistir Supernatural ou The Walking Dead? — Paul perguntava enquanto segurava dois dvds nas mãos.

— Pra falar a verdade, eu tô precisando conversar. O lance com a Lana não tem sido fácil — Peter arregalou os olhos.

— Eu sei, maninho. Talvez você precisa mostrar para ela que gosta mesmo dela, se declarar, sabe? As garotas gostam disso. Se lembra quando eu escrevi aquele poema bobo para a Mel e ela chorou por horas? — Peter se lembrou e a cara de bobo apaixonado começou a surgir na sua face.

— O que eu poderia fazer para a Lana? — Peter pensava em alguma maneira de reconquistar a garota.

— Pensa nas coisas que ela gosta e faz uma surpresa para ela — Paul estalou os dedos, parecia saber do que estava dizendo.

— Cara, não vai me dizer que você anda lendo as revistas de dicas de relacionamento da sua mãe — Peter riu.

— Talvez, mas só um pouquinho — Paul riu também, mas logo fez cara de desentendido.

O celular de Peter tocara e o nome de Olivia podia ser visto na tela.

— Oi, Peter. Tá tendo um show agora do Jake Bugg no Times Square e eu me lembrei que você adora as músicas dele — A voz da garota estava estridente.

— Claro, vou aí agora — Peter desligou o celular e voltou a conversar com Paul.

— A Olivia me chamou pra sair, quer dizer, não literalmente isso. Ela quer que eu vá para um show com ela — Ele dizia enquanto Peter o olhava com cara de segundas intenções.

— Nós vamos sair só como amigos, é sério — Peter tentou se expressar melhor.

— Não esquece da surpresa da Lana, ok? Pensa em algo que ela goste muito — Paul incentivou o amigo, já não aguentava mais o ver para baixo.

Peter saiu em disparada para o Times Squares se encontrar com Olivia enquanto pensava em alguma coisa que pudesse o fazer ficar bem de novo com Lana. Ele odiava aquela situação, não existia nada pior no mundo do que não poder conversar com a Lana e saber que agora ela sentia ódio dele. O garoto pensou, pensou e pensou. E quando ouviu a última música do show, Peter finalmente conseguiu a inspiração que precisava para tomar uma atitude.