A Garota do Metrô escrita por Redfield


Capítulo 10
Doubt is your new best friend


Notas iniciais do capítulo

Pessoal, obrigado pelas dicas. Vou tentar seguir elas o máximo possível, bjs e boa leitura!



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Paul e Peter estavam na fila do Starbucks. Peter pedira um milkshake de baunilha e Peter, um de chocolate com flocos. Paul ainda não sabia do avanço amoroso do amigo, então tratou logo de perguntar.

— Você ainda não me falou como foi sua noite com a Lana — Paul sentou na poltrona.

— Foi incrível, sério. Na verdade, a Lana é incrível. Falando nisso, vi de manhã duas ligações perdidas com o seu número — Peter falava com um sorriso instantâneo. Aquela tinha sido a melhor noite de sua vida, melhor até do que quando sua primeira guitarra stratocaster do seu pai.

— É, eu te liguei. Se lembra que a Olivia disse que voltaria só no fim do ano? Pois é, ela vai voltar amanhã. Dá pra acreditar? Olivia Young vai voltar pra Nova York! — Paul dizia ainda incrédulo. Não dava mesmo mesmo para acreditar. Olivia Young, a irmã mais nova de Mel, era a melhor amiga de Peter e Paul até o término do ano passado, quando a garota foi morar com os tios em San Francisco e nunca mais dera notícias. Aquilo era tudo muito estranho, eles estudavam juntos desde pequenos e, de repente, Olivia decidiu morar com os tios e pedir transferência da Empire High School.

— Tem certeza? Quem te falou isso? — Peter não podia acreditar no que estava ouvindo.

— A Mel me falou na aula de biologia. Eu também não consegui acreditar de primeira, é muito confuso — Paul tomou mais um gole do seu milkshake e permaneceu em silêncio.

Aquilo só podia ser uma brincadeira de mal gosto. Bem que podia ser, mas não era. Peter não estava preparado para olhar na cara de Olivia, não tão cedo assim. Eles eram ligados demais, Olivia sempre tivera uma quedinha pelo garoto e, antes de ir embora, disse isso para ele. Peter ficou em silêncio no momento em que ela admitiu sua paixão platônica por ele, parecia um manequim humano. Olivia tinha ido embora e eles nunca mais se falaram. E agora ele se sentia na quarta série de novo, quando eles ainda eram melhores amigos e contavam segredos um pro outro.

— Acho que eu não reagi muito bem, né? Mas eu tô feliz por ela voltar — Peter percebeu que Paul o olhava com indignação.

— Você tem seus motivos pra agir assim. Quer dizer, ela foi embora de Nova York e nem sequer escreveu uma carta, não mandou um e-mail, nada. Nem parece a Olivia que conhecemos. Ou que conhecíamos... — Paul também parecia bastante afetado com a aparição repentina de Olivia.

— Eu não quero ficar pensando nisso agora. Ainda tenho até amanhã pra esfriar a cabeça e pensar a respeito — Peter trocou a expressão preocupada por um sorriso.

— Eu vou dar uma passada na biblioteca do colégio pra fazer umas pesquisas. Ainda não terminei meu relatório de química — Paul coçou o nariz e jogou o copo do milkshake no lixo.

— Eu vou com você. Combinei de encontrar a Lana na escola — Peter levantou e os dois andaram a pé até o colégio.

Ao chegar na biblioteca, Paul se dirigiu até a estante de livros didáticos e pegou alguns para ler. Peter sentou na mesa perto do fundo e leu uma revista sobre música enquanto mascava chiclete. Lana apareceu alguns minutos depois e cumprimentou os garotos.

— Oi meninos. Eu trouxe café, alguém quer? — Lana segurava uma caixa com três copos de cafés. Paul pegou um e voltou a jogar a cara nos livros. Peter pegou na mão de Lana e a levou até o fundo da biblioteca.

— Ei, a gente nem se falou direito hoje de manhã. O Paul me contou algo que me fez ficar conturbado, mas tá tudo bem — Peter falava olhando diretamente nos olhos de Lana.

— Não precisa ficar assim, tá? Eu tô aqui agora — Lana o puxou pela camisa e o beijou apaixonadamente. Peter retribuiu e colocou as mãos em volta da cintura da garota.

Paul notou que eles tinham o deixado só na mesa e olhou para trás, procurando pelos garotos.

— Peter, obrigado por ficar de pegação enquanto eu ralo pra fazer o maldito relatório de química — Paul brincou e voltou a escrever no caderno.

— Culpe a Lana. Não tenho culpa se ela é irresistível — Peter voltou a se sentar e Lana apertou forte o seu braço.

Ambos saíram da biblioteca de mãos dadas e acenaram para Paul que, por sorte, viu sua namorada entrando na biblioteca para devolver um livro. Mel reparou que seu namorado estava sentado na mesa dos fundos e andou até ele.

— Gato, você contou da Olivia para o Peter? — A garota colocou a bolsa sob a mesa e sentou ao lado de Paul.

— Contei. A reação dele não foi muito boa, acho que ele ainda não superou a ida repentina da Olivia para San Francisco. E, cá entre entre nós, aquilo foi esquisito mesmo. Sua irmã poderia ter ao menos ligado — Paul franziu o rosto e deu um gole rápido no café.

— Eu sei, eu sei. A minha irmã sabia que seria difícil ficar tanto tempo sem falar com vocês, por isso ela está voltando agora — Mel colocou as mãos nas de Paul.

— Ela conheceu alguém? Você sabe que a Olivia sempre foi afim do Peter e agora ele meio que tá com a Lana — Paul sabia que não seria fácil confrontar Mel daquele jeito, mas não havia outra opção.

— Não sei, uma vez ela me falou de um garoto chamado Henry que ela conheceu na academia de artes de San Francisco. Eu não acho que ela tenha esquecido o Peter ainda — Mel disparou. Ela sabia mais do que ninguém que sua irmã era completamente e loucamente afim de Peter Fischer desde que ele entrou no colégio, na primeira série, com uma camisa manchada do Pokémon e um sorriso bobo e infantil no rosto.

Paul checou se faltava algo mais para pesquisar e fechou o caderno. A manhã seguinte não seria uma das melhores. O garoto foi para casa com Mel e os dois navegaram na internet até tarde.

— Daqui alguns horas nós vamos buscar sua irmã no aeroporto. Eu liguei para o Peter e ele vem conosco. Tudo certo? — Paul deu um ligeiro beijo nos lábios da namorada.

— Não posso negar, eu tô com medo. E se ela não for mais a Olivia meiga, que gosta de comer tacos e se sujar toda e depois ainda rir da situação toda? — Mel levou o rosto até o peitoral de Paul, que a alisou sua cabeça e deu um beijo.

— Ei, princesa. É claro que ela é ainda aquela garota meiga que você conheceu. Ela só precisava de um tempo longe da gente, talvez estivesse cansada da vida agitada de Nova York — Paul a abraçou forte e os dois ficaram assim por algum tempo.

Mel adormeceu nos braços do namorado, que levantou sem fazer muitos movimentos para apagar a luz do quarto. O dia amanheceu algumas horas depois e o despertador barulhento de Paul tocou exatamente às 6:00. Olivia chegaria em uma hora. Mel acordou e tomou um banho rápido, colocou uma maquiagem leve e esperou por Paul na sala. O senhor e a senhora Banks eram sempre muito gentis, aprovavam inteiramente o relacionamento de Paul com a loira.

— Você dirige? Acho que não estou em condições mentais para pegar no volante agora — Mel dizia, tomando café na xícara rústica da família Banks.

— Claro, amor. Vamos ir buscar o Peter agora? — Paul abriu a garagem e eles entraram no carro. Chegaram na casa de Peter e encontraram o jovem sentado na entrada da casa, esperando pela chegada deles.

— Ela já chegou em Nova York? — Peter entrou e afivelou o cinto.

— Não, o avião dela só chega daqui vinte minutos, mais ou menos — Mel olhou para trás ao falar com Peter.

O aeroporto John. F. Kennedy ficava só dez minutos de onde estavam, então ainda teriam mais dez minutos para esperar Olivia. O estacionamento do lugar não estava tão cheio assim, Mel conseguiu uma boa vaga perto da entrada. Os três andaram até o setor de desembarque e esperaram pela garota.

— Acho que o avião atrasou — Mel estava impaciente. Os segundos pareciam demorar anos para passar. E então, num piscar de olhos, Olivia apareceu segurando uma mala vermelha e usando um wayfarer preto. Os cabelos loiros, assim como os de Mel, estavam mais curtos. Ao pousar os olhos nos garotos, ela tirou os óculos escuros para cumprimentá-los.

— Que saudade de vocês! — Olivia estava emocionada. Apesar do sumiço dela, os três estavam lá. Inclusive Peter.

— Eu senti tanto a sua falta. Mamãe fez o bolo de blueberry que você adora pra quando você chegar em casa — Mel enxugava as lágrimas do rosto e voltava a abraçar a irmã.

— Eu conheci uma loja vintage incrível em San Francisco. Eu trouxe um vestido de lá para você — Olivia pegou um carrinho e colocou as malas. Paul o empurrava enquanto eles conversavam. Peter permanecera em silêncio, pois não sabia o que falar naquele momento. Paul e Mel foram pagar o estacionamento e Olivia pôde, finalmente, ficar a sós com Peter por alguns minutos.

— Eu sei que você tá chateado — Ela tentava dialogar com o amigo, que não parecia muito interessado em suas desculpas.

— O Paul e a Mel podem ter superado, mas eu não. Você simplesmente fugiu e não deu mais notícias, Olivia. Eu pensei que fôssemos amigos — Peter olhava para o chão enquanto falava, ele não conseguia encarar os olhos castanhos da garota.

— Eu não fugi, Peter. Eu só não conseguia sobreviver a isso, Nova York estava me consumindo — Olivia tentou pegar na mão de Peter, que recuou.

— Então por que voltou? — Ele não conseguia entender nada. Só sabia que o que Olivia tinha feito não era o mais certo. Ela não havia pensado em ninguém, só nela mesma.

— Eu voltei por sua causa, Peter — Olivia tentou outra aproximação, mas Paul e Mel surgiram das cinzas ao lado dos dois e a guiou até o carro.

Tudo ficava cada vez mais confuso. Olivia sumiu da vista de todos por quase um ano inteiro e agora, do nada, voltou como se nada tivesse mudado. Todos ficaram calados durante todo o trajeto até a casa de Mel. Na chegada, Paul carregou as malas de Olivia enquanto ela abraçava o resto dos familiares.

— Vocês conversaram enquanto eu e a Mel estávamos pagando o estacionamento? — Paul suspeitou pela cara fechada de Peter.

— Sim, essa história está ficando cada vez mais estranha. A Olivia tratou a gente como brinquedo. Ela excluiu nós todos da vida dela, você não percebe? Eu até entendo o lado da Mel, afinal são irmãs, mas a gente não tem que aturar todas essas mentiras — Peter tentava convencer o amigo enquanto entravam na casa.

— Cara, relaxa. Você tá exagerando um pouco — Paul também estava um pouco desconfiado da amiga, mas quis dar uma chance mesmo assim.

Depois de toda a cerimônia de "boas-vindas" familiar, Olivia subiu as escadas e entrou no seu quarto que continuava do jeito que ela o deixou. Havia uma foto dela com Mel, rindo na piscina da casa do primo James e também havia uma foto que era sua preferida: Ela e Peter na casa de campo de sua família. Olivia estava com medo de montar um cavalo pela primeira vez em sua vida e Peter lhe dera a mão para que ela não tivesse mais medo, e funcionou. Ela gostava como tudo era fácil naquela época e agora tudo estava mais complicado do que nunca.

— Olivia — Peter entrou no quarto e fechou a porta. O skatista precisava desabafar de uma vez por todas.

— Fala, Peter. Me diz o que você tem pra me falar — Olivia sentou na cama e olhou atentamente para o amigo.

— Quando o ano letivo começou, eu não imaginei que seria tão difícil ir para a escola e não te encontrar lá. Eu ia para a pista de skate com o Paul e você não estava mais lá sentada no banco assistindo as nossas manobras como você sempre fazia. Aquilo doeu muito. A minha melhor amiga foi embora sem se despedir direito de mim. Acho que eu merecia ao menos uma despedida decente, concorda? — Peter olhava para o chão de madeira. Seus olhos estavam vermelhos, as lágrimas ameaçavam cair, mas ele era muito orgulhoso para deixar isso à mostra.

— Peter, foi difícil pra mim também. Eu conheci pessoas maravilhosas em San Francisco, mas nenhuma como você e o Paul. As pessoas de lá não são como as daqui, eles não riem de tudo como nós. E, mais do que qualquer outra coisa, eu senti sua falta — Olivia não conseguia disfarçar seus sentimentos.

Peter queria fazer alguma coisa a respeito, ele queria entender o que estava acontecendo. Ele e Olivia precisavam conversar sobre tudo o que estava se passando e foi isso o que ele decidiu fazer. Era isso o que deveria ser feito.


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Notas finais do capítulo

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