Winter Love escrita por Anita Scheller


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

~ 15 pessoas acompanhando a história! Muito obrigada, gente!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/465371/chapter/3

Jack Frost estava no topo da lista de malcriados.

E isso só podia significar que era um travesso sem limites. Então, seguir aquela garota loira não era nem um pouco difícil sem ser visto. Principalmente agora que tinha a melhor motivação do mundo: ela era igual à ele. E claro que, como todo cara curioso, Jack precisava descobrir quem diabos era aquela e o que ela mais podia fazer.

Estava se sentindo patético. Patético por nunca ter descoberto mais alguém como ele e patético por ninguém tê-lo dito isso. Havia ido parar naquele reino por acaso. Se não fossem os ventos fortes de um furacão perto de onde o garoto voava, jamais teria encontrado aquele lugar. E agora estava seguindo uma criatura extremamente loira e tão mágica quanto ele, no meio de uma festa de casamento. Era patético.

Não que não gostasse de casamentos. Era divertido e romântico, apesar de ele achar uma perda de tempo. Casamentos podiam ser mais divertidos. Como quando o boneco de neve (vivo!) entrou carregando as alianças. Fala sério, aquilo tinha sido cômico e foda ao mesmo tempo. E sem contar que o fato de duas pessoas estarem se casando significava menos meninas solteiras, e sabe como é...

Mas agora ele só tinha pensamentos para aquela loira. A quem todos chamavam de rainha. E já que o noivo dissera que estava se casando com uma princesa, Jack presumira que as duas eram irmãs. Como ele nunca soubera daquele lugar antes? Arendelle era o nome da cidade. Como nunca tinha ido parar ali antes? Estava com raiva de si mesmo, porque já tinha rodado o mundo inteiro e sequer sabia a existência desse reino. E da rainha.

A festa em si poderia ser mais bem aproveitada por Jack se ele não estivesse tão concentrado na rainha Elsa. Ouvira algumas pessoas falando com ela, citando seu nome. Elsa. Era um nome bonito. Ela rodava o salão, conversando com pessoas, e por vezes passando para fazer fondue de frutas na enorme fonte de chocolate quente que tinha no meio do salão. Mas nunca ficava perto de alguém por muito tempo. Ela parecia elétrica por alguma coisa, e Jack estava disposto a descobrir o que era. Ele reuniu toda a sua coragem para chegar até ela. Se fosse qualquer outra menina, seria moleza... Mas não era.

– Oi? - disse o garoto, se aproximando. Ele mantinha os olhos semicerrados e a expressão tão misteriosa quanto o escuro.

– Oi. - respondeu Elsa, levantando uma das sobrancelhas. O que aquele cara estava fazendo com um cajado dentro da festa?

– Então quer dizer que você é a rainha. - Jack se aproximou ainda mais, sua voz rouca arrepiando a nuca de Elsa. - Muito prazer, majestade.

– Sou. E você é...? - Elsa tentava respirar mas não conseguia. A expressão cara estava acabando com o ar de seus pulmões. Ela não conseguia explicar, mas tudo o que sentia perto dele era... frio.

– Jack Frost. - respondeu ele, com um sorriso de canto nos lábios. - Meio que estou de penetra na sua festa.

Jack Frost... Elsa não se lembrava de ter convidado nenhum Jack Frost mesmo. Sabia que ele era um estranho, um estrangeiro, e queria descobrir o motivo de se sentir tão fria perto dele. Não que o frio a incomodasse, mas era uma sensação estranha. Elsa nunca sentia frio. Nunca. Então aquela reação não podia simplesmente ser considerada normal. Ela cruzou os braços e se recostou na parede, para que pudessem ter uma conversa mais reservada sem que fossem interrompidos pelas pessoas que dançavam no salão.

– Percebi que está de penetra. - disse Elsa, revirando os olhos. - Mas seja bem vindo, mesmo assim. De onde você é?

Ela estava curiosa demais para o gosto dele. Na mente de Jack, ele faria as perguntas, e ela responderia. "Qual é..." pensou Frost. Ele não podia ficar enrolando para sempre. Não era do tipo que enrolava demais para falar as coisas. Precisava de respostas imediatas. E não queria entrar em nenhum joguinho que a rainha estivesse tramando. Isso é, se é que ela estivesse tramando alguma coisa.

A cabeça dele era um mar de confusão, especialmente quando estava aflito de curiosidade. Jack não respondeu. Ao invés disso, apoiou os ombros na parede e olhou Elsa de soslaio. Isso a fez arrepiar de novo. Ele riu, um riso baixo, rouco. Ele colocou uma das mãos no bolso do moletom e a outra ficou apoiada no cajado.

– Como você descobriu que podia fazer nevar, Rainha Elsa?

– Eu não sei. - disse Elsa, fazendo biquinho. - Simplesmente nasci assim.

– Nasceu? - era a vez de Jack levantar as sobrancelhas. Ele mordeu o lábio inferior e baixou ainda mais a voz. - Nada de lapsos de memória?

– Lapsos de memória...? - respondeu Elsa, o encarando com uma expressão esquisita. Isso fez Jack rir. Ela percebeu que suas bochechas estavam coradas.

– É uma coisa bastante incrível, fazer nevar, sabe. - Jack mordia o lábio inferior. Aquele ato deixava Elsa nervosa. E ele tinha um porte físico de bad boy muito... curioso. - Deve ser extremamente... raro.

– Nunca conheci ninguém que fizesse o mesmo que eu. - Elsa engoliu seco, dando de ombros. Quando olhou para o garoto de novo, ele ria. Aquela risada rouca de novo. Aquela rouquidão que a arrepiava. Por que raios ficava assim? - Suponho que seja mesmo uma habilidade rara.

– Sim... Raríssima. - ele ainda ria. Jack encostou a cabeça em um dos ombros e olhou para Elsa. Ele parecia um gatinho fazendo algum tipo de manha. - Você também conversa com a lua?

– Eu o quê?! - Elsa levantou uma das sobrancelhas de novo. Isso só fez o estranho dar risadinhas baixas. Parecia que estava zombando dela. Ou parecia fazer uma piada interna consigo mesmo. - Por que tantas perguntas?

– Foi bom conversar com você.

E então ele saiu andando. Elsa ficou ali, parada, encarando a figura de cabelos tão loiros que chegavam a ser brancos. Ele só podia estar de brincadeira. Desde que as coisas em Arendelle estavam bem, ela não tinha percebido nada de esquisito. Tinha uma vida muito bem equilibrada. Até agora. E estava disposta a descobrir quem era esse cara e o motivo de tantas perguntas. E o motivo daquele cajado. Que era aquilo, afinal? Elsa revirou os olhos e começou a segui-lo. Estava longe, uma distância consideravelmente grande, mas nada tirava aqueles cabelos perolados de seus olhos. Driblou algumas pessoas, pediu licença, e o seguiu até a porta. Elsa ia gritar seu nome, mas não teve tempo. Quando ele colocou os pés para fora, ela podia jurar que viu Jack Frost começar a voar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!