Os preparativos para tal acontecimento do ano estavam realmente prontos, Elsa não mentira. E por ser inverno, havia uma das coisas que mais agradaram Anna e a todos: uma fonte de chocolate quente no meio do salão. Até Olaf queria tomar um pouco, mas Anna vetou-o, achando que aquilo faria o boneco derreter.

O casamento havia sido realizado do lado de fora do castelo, em uma parte da cidade onde cabiam todos os convidados. Kristoff andava de um lado para o outro enquanto Sven comia cenouras perto do altar. O padre já havia mandado-o se acalmar diversas vezes, mas ele não conseguia. E olha que Anna nem estava atrasada, ainda faltavam alguns minutos para a cerimônia.

– E se ela não vier? - dizia ele.

– Ela vai vir, ela ama você. - continuou dizendo, imitando a possível voz de Sven.

– Você tem razão, Sven... Mas e se ela não vier?!

Era a típica preocupação de um noivo. Ele estava vestido como deveria: um terno, gravata, sapato social. A pouca neve que caia do céu não era o suficiente para fazer Kristoff morrer de frio, estava acostumado com o gelo. Aos poucos o resto dos convidados ia chegando, todos se acomodando em cadeiras que o reino providenciara. A decoração era laranja amarronzado, a cor dos cabelos de Anna. E a neve fazia com que tudo ficasse mais bonito. As pessoas que iam até a frente do altar para cumprimentar o noivo lhe davam tapinhas nas costas e ele sorria, mesmo com o nervosismo. E não parava de olhar para o relógio.

– Parece que está havendo um casamento por aqui... - Kristoff ouviu uma voz masculina dizer. Quando se virou para responder, se deparou com um estrangeiro, de cabelos muito loiros. Podia arriscar-se dizer que eram brancos. Ele usava um moletom azul escuro e calça marrom, e se apoiava em um pedaço grande de madeira, como um cajado. - E você é o noivo, certo?

– Sim. - disse Kristoff, passando as mãos pelos cabelos loiros e olhando para o cara à sua frente. Ele franziu as sobrancelhas. - Desculpe, eu te conheço?

– Não. Eu sou um... viajante. - respondeu o estranho, dando um sorriso de dentes extremamente brancos. - Enfim, parabéns pelo casamento. Quem é a noiva?

– A princesa. - respondeu Kristoff, rindo. O estranho não era um dos convidados, mas ele aceitou sua mão e apertou como se fosse. A mão dele era tão gelada quanto o próprio gelo. O outro deu um sorriso e aceitou o convite de Kristoff para se juntar às cadeiras e assistir a cerimônia. - Ah... Por que o cajado?

O estranho, ao invés de responder, deu risada. Uma risada grossa e aveludada, que parecia mais como um abraço. Ele levantou uma das sobrancelhas e deu de ombros, indo se sentar com o resto dos convidados, em um cantinho. O que fez Kristoff coçar o queixo. Nunca tinha visto aquele ser na vida, mas ele parecia ser... familiar. Não seu rosto, mas o jeito e o que emanava dele. Kristoff não podia explicar. Ele se voltou para o altar de novo, verificando o relógio pela milésima vez, até ouvir o som de uma badalada. O padre sorriu, Sven sorriu, todos se viraram para o começo da praça, onde uma noiva estava pronta para entrar na pseudo-igreja.

E ela estava linda, mas... diferente.

Estava mais sorridente do que nunca. Uma música começou a tocar exatamente no momento em que Anna colocou os pés no tapete. Ela vestia um vestido simples, branco e colado no corpo. Não era exatamente o tipo de vestido que uma noiva usaria. Mas então Elsa estava ao seu lado. E claro...

A irmã mais velha levantou uma das mãos e, enquanto caminhava para o altar com a mais nova, fez com que neve e cristais de gelo grudassem no vestido simples, o transformando em um gigantesco vestido de noiva, mais brilhante do que a própria lua. Anna não conseguia parar de sorrir. As pessoas começaram a aplaudir a magia, e Elsa manteve seu rosto sereno, enquanto ia transformando o vestido da irmã em algo primordial, até ela chegar perto do altar. Quando estava se aproximando, a neve começou a grudar nos cabelos de Anna, formando uma espécie de coroa e tornando-se um véu, que lhe caía pelas costas. A multidão aplaudiu mais, e então Elsa puxou a irmã para um abraço antes de entregá-la para Kristoff.

A rainha estava vestida de azul. Honrava os pais com um medalhão com seus rostos no pescoço. Ela se direcionou para o seu lugar no altar e passou os olhos azuis pela multidão.

Então percebeu aquele jovem sentado. Parecia não fazer parte do cenário, como se aquilo tudo fosse muito incrível. E o mais estranho era que ele a encarava com uma admiração fora do normal. Em seus olhos, Elsa podia perceber que havia algo a mais. E ela nunca o vira em toda a sua vida. O garoto a olhava com um misto de admiração e medo. Algo dizia para Elsa que ele não era dali e que nunca tinha visto uma demonstração de seus poderes antes. E ele era todo estranho, porque vestia roupas não muito comuns para a ocasião, além de carregar algo como um cajado. Mas, para alguém que cospe neve pelos dedos, julgar os outros de esquisito era bem indevido.

Então, sem saber o que fazer e começando a ficar corada, ela apenas sorriu para ele. E o estranho sorriu de volta, mas logo o sorriso desapareceu.

Elsa levantou uma das sobrancelhas e voltou a atenção para o dia mais importante da vida de sua irmã. O padre os abençoou e começou a cerimônia. Como de costume, os votos, as palavras. Quando os dois disseram "Eu aceito", os convidados explodiram em vivas, em palmas e em gritos. Exceto o garoto estranho, como Elsa podia ver pelo canto dos olhos.

– Onde estão as alianças? - perguntou o padre.

Outra música começou a tocar, o que fez com que todos se virassem para o início da praça novamente. O que viram foi tão hilário que começaram a rir, risos baixos e palmas. Era Olaf, com uma coroa de dama de honra e carregando uma bolsinha com alianças. Elsa colocou a mão na boca para abafar o riso. Não era culpa dela. O boneco de neve se ofereceu para ser daminha de honra, agora ele estava com mania de "acumular experiências". Olaf sorria e acenava, carregando as alianças para o altar.

– Você é incrível, Olaf. - Anna deu um beijo no rosto nevado do boneco, que o fez pular de alegria.

E então a troca de alianças foi feita. Os noivos foram carregados para fora do círculo de pessoas nas costas de Sven, que pulava de um lado para o outro. Elsa continuou no altar, observando tudo de longe, aplaudindo e fazendo nevar para algumas crianças brincarem ali perto. A rena e os noivos se dirigiram para o castelo, para onde a tão esperada festa aconteceria. E a rainha continuou em seu lugar, sem saber o que fazer. Agora Anna estava feliz, Kristoff estava feliz. Sua vida estava completa.

Junto com os outros moradores de Arendelle, Elsa se dirigiu para seu próprio castelo, sua própria casa, sem perceber que o estrangeiro dos cabelos claros a seguia de perto, tão curioso quanto uma criança.