Yin Yang escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 38
Depois da Batalha




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Os raios do sol iluminam cada extensão do vale, evedenciando a destruição deixada, o odor de sangue é inalado por Tigresa de forma involuntária, suas íris de cor vermelha vagam por um momento em busca de qualquer resquício de vida, o vazio se instala na sua mente, dá um passo a frente, mortalmente ferida e cansada, abruptamente dor na região lhe atinge, fecha as pálpebras imediatamente; de longe Macaco observa a aproximação de Po até a sua figura.

O panda de face franzida chama-lhe o nome, ela desvia atenção e sorri, um sorriso curto, como se quisesse afirmar o seu bem-estar, ainda assim a guerreira não pode conter o semblante triste, que não abandonara desde a morte da irmã mais velha, obstante a essa sensação, o alívio oculto lhe estabelecendo pouco a pouco, sem lutas ou batalhas, um recomeço para os habitantes daquela região e para si própria.

Estando a olhar para o amigo preto e branco, agora ao lado esquerdo, a felina sente, de repente, segurança, ele deposita a pata negra sobre o ombro dela, com o polegar massageia a região, transmite nesse toque confiança, os olhos verdes e brilhantes como jade a guiam para um passo além daquela corda bamba invisível, exatamente inevitável, então em outro suspiro, agarra lentamente a pata do dragão guerreiro, conecta o restante de aura qual possuí no colar que ele tem.

Ambos de olhos oclusos, emanam do aperto energia azul e clara, que espalha em um solavanco pelo vale, acertando primeiramente o primata, esse caí de costas no solo barrento, em seguida nos seres da escuridão, transformando-os novamente em animais.

De expressão melancólica, o pequeno filhote, corria sem direção, às lágrimas contornam a pelagem de seu rosto, inúmeros questionamentos que a si próprio formula involuntariamente, na maior angústia e raiva, ora por descobrir que Mirume era sua mãe, ora pela morte de Ju, ora por não saber quem é, tratado como um tigre, talvez, no fundo da alma soubesse da verdade, um híbrido, filhote de uma tigresa e um guepardo, uma berracão.

Esse pensamento se fez presente quando cessa seus passos, cerra os punhos fortemente, olha diretamente para uma poça da água, notando as próprias linhas e detalhes de sua aparência peculiar; as pálpebras e as bochechas de cor branca, enquanto o rosto é alaranjado, as listras negras na face e as pintinhas abaixo do pescoço que iam até seu abdômen, orelhas redondas, assemelham a de um guepardo, e por fim os olhos azuis, a mistura perfeita de seus pais.

De repente caí no solo, uma rajada de luz intensa lhe atinge, atordoado pisca repetidamente, de modo a aliviar a tontura momentânea, de joelhos pôs-se a mirar na direção de onde sentira essa aura, franze a testa em um semblante confuso, então percebe, os dois mestres do palácio de jade, fecha as pálpebras brevemente absorvido pela a iluminosidade, durante esse tempo, Dishi conserva-se calado, quando alguns dos seres ao seu redor, transformam-se em suas formas originais, assusta-se e recua, não pelo o que vê, mas devido um tigre quase cair em cima dele.

Reconhece a aparência dos mestres, rapidamente alcança a figura de Víbora, Garça e depois de Song, coloca o ouvido no peito da ave e da felina, checa os batimentos cardíacos, depois com a pata verifica a respiração da serpente, suspira aliviado, um rastro de lágrima caí na pele escamosa da dançarina, trata de limpar o próprio rosto, sem poder mais, demonstrar fraqueza.

Ouve um gemido de dor, desvia atenção para o panda vermelho, qual acorda tonto, o vê colocar a pata na testa, encontra-se ao lado dele agora, ajudando-o a levantar, no processo lhe entrega o cajado, que encontrara a certa distância de ambos, o grão mestre agradece, curva os labios fechados em um curto sorriso, chama-lhe atenção dois jaguar que se abraçam, existe felicidade e amor no semblante de ambos, essa sensação tão comum, mas tão dolora, novamente lembra-se de Ju, a única qual o amoou verdadeiramente, poderia continuar perdido nessa recordação, todavia a voz baixa e próxima de Song interrompe, concentra-se na fisionomia dela, suas roupas rasgadas e sujas, cortes por todo corpo, ela perguntara o que houve.

As impressões que todos sentem são da mais complexas e variadas, mas nenhum respondeu, ao invés disso Louva-a-Deus surge pulando no ombro da leoparda das neves, e aponta com as duas piças, eles seguem a direção apontada, vilumbram os dois protetores do Yin Yang, junto com Macaco, qual acena.

Um raio de luz cruza o céu, que apesar de tudo, permite que a escuridão suma e distingue a destruição do vale, percebem então que Mirume havia sido derrotada, sentiram-se tomado por um sentimento de alegria e exaltação semelhante ao que constumam experimentar a cada batalha vencida, exceto mestre Shifu, teve um suspiro e no seu olhar profundo e acentuado pelas linhas da idade, empatia por Dishi, coloca a pata no ombro do garoto, que vê no canto dos olhos o sorriso tímido oferecido, imita o gesto em busca do próprio refúgio.

A medida que os animais tornam-se novamente livres, os mestres do palácio de jade se reúnem para ajudar os felinos feridos e machucados, os que não sobreviram, devorados ou mortos de forma brutal, seus corpos estão por cima do campo de batalha, o sol majestoso brilha intensamente, a mistura com sangue se de desprende em um cheiro estranho, estão cansados e exaustos principiam a perguntar a si próprios se Mirume estivesse viva causaria mais dor e sofrimento, e estristece seus rostos, lê-se a dúvida e em cada alma surge a certeza da resposta.

Uma força incompreensível obriga-os a continuar, cobertos de suor, sujos de sangue, reduzidos a um terço, ainda assim continuam a ajudar, mesmo aqueles que os atacaram: os generais, soldados, quaisquer combatentes. Existe além da vitória, é a consciência moral.

E a noite caira rapidamente, a lua cheia com seu expledor respladece o Vale da Sombra, enquanto Tigresa e os médicos circulam ao redor do acampamento improvisado para atender os feridos, localiza-se no pátio do castelo, são barracas e camas, acomodando crianças e adultos, os outros que tiverem só as casas destruídas foram realocados para os inúmeros quartos do castelo, o exercito servia água e alimentos para todos, por ordens da líder dos cincos furiosos.

— Tigresa temos dez crianças perdidas, devo acrescentar na lista de desaparecidos? — pergunta Macaco à Tigresa. Ele se aproxima, segura em sua mão direita um pergaminho e na outra uma pena, analisa por breves segundos os demais nomes de filhotes.

Ela não interrompe os passos, conversa com um senhor de idade, deitado na cama, depois com duas médicas felinas, uma leoa e pantera, obstante a isso a segue por breves minutos, finalmente obtém a resposta.

— Faça isso. — pausa a fala, indo até Garça, qual checa com um estetoscópio os batimentos cardíacos de um filhote de leopardo. — Veja se precisam se alimentar, Po e Li Shan terminaram de fazer a sopa dêem a eles. — acrescenta.

Embora as vozes altas dificultam a compreensão das palavras ditas, as entende, prontamente deixa a presença da amiga.

Após realizar o que foi ordenado, encontra-se novamente com o guerreiro preto e branco, na cozinha, puxa um banco de madeira e senta-se, tem a vista vagando pelo local bem iluminado, as prateleiras acima do fogão a lenha repletas de temperos e utensílios de prata, panelas e copos sobre a pia de mármore, diferente da cozinha simples do palácio de jade, existe grandeza ali, desvia atenção para mesa, de uma material qual não reconhece, consegue ver seu reflexo, assemelha a um espelho.

— As crianças gostaram da sopa? — indaga o panda, um sorriso curva os lábios negros, seus olhos verde jade concentram-se na sopa, misturando os ingredientes da sopa de legumes com auxílio de uma colher de bronze.

Não consegue ver a face do amigo, devido esse estar de costas, mas indentifica o tom de voz radiante.

— Amaram, é um sucesso. — afirma. Enrola o pergaminho e deposita no cinto da calça. — Cadê seu pai? — indaga.

— Foi levar mais sopa para as senhorinhas. — Coloca uma pequena quantidade do líquido na palma esperimentando o gosto. — Falta sal. Macaco pode me passar esse frasco aí em cima. — Acena, mantendo atenção na panela.

— Como você está se sentindo? — Usa a cauda para apoiar o corpo e agarrar o pequeno recepiciente na patileira alta, aproxima-se do guerreiro preto e branco, entregando-o.

— Em relação? — Franze o a testa.

— A Li Shan.

— Oh, entendi. Saber que meu pai está vivo é incrível, conversamos depois da batalha, falamos sobre a vilarejo panda, contei de vocês e do palácio de jade…

A tristeza perpassou-lhe o olhar; lembrou da mãe, recorda das palavras ditas por seu pai, a descrevendo, isso o fez voltar no dia qual Shen atacara o vale, matando-a.

Aperta a colher fortemente, raiva lhe soma a tristeza e culpa, pisca diversas vezes, para ter certeza de que a mente não lhe pregara peças na ocasião que o primata o chama, quisera responder, o silêncio quebrado pelo barulho de risadas masculinas, Louva-a-deus e Li Shan passam pela porta.

— Ele tentou cozinhar arroz engolindo cru e bebendo agua fervente. — comenta o inseto verde em meio a gargalhadas, encima do ombro do urso.

— Sério? Todos sabemos que se deve usar arroz colorido. — responde o panda, em risadas.

— Sim, espera, o quê?

— Pai. — transmitiu o dragão guerreiro, interrompendo a conversa de ambos, sabendo que é o assunto. — Sopa está pronta, vamos levar. — Pôs uma generosa quantia em alguns patros, e depois de ajeitar em uma bandeja, a leva para o adulto. — Aqui, cuidado está quente.

— Para ser senhorinhas elas comem muito. — diz, tentando equilibrar a bandeja com as duas patas.

— Acho que é porque elas são felinos. — fala o inseto.

— Pelo menos não estamos no cardápio. — comenta o mais velho, causando risadas em todos, exceto em Po, que revira o olhar, mas sorri ligeiramente.

Quando os três amigos deixam o panda sozinho, lança um olhar para a porta e depois para os próprios dedos, movendo-os desajeitadamente, sua mente se perde no vazio de pensamentos soltos, senta-se na cadeira de madeira distinta, agarra o colar Yang do bolso do short, passa o dedo indicador pelo símbolo do sol, agora que a luta havia acabado, o objeto não pode mais interferir no seu destino, querer unir ele e Tigresa.

Expira profundamente, imóvel a recusa das marteladas do coração, seu ritmo prolongado chega às extremidades do corpo, mal reconhece a aflição do espírito, outro suspiro escapa, fecha os olhos e apoia-se contra o encosto da cadeira, o silêncio tão convidativo, invade seu cerne, oposto a ser controlado por esse amuleto, a esse fato, um nó na garganta surge, entre abre a mirada, se Tigresa também está livre, logo a ligação qual possuem é falsa.

Aperta o colar fortemente, pensar sobre isso nesse momento manifesta-se inadequado, decidamente levanta, guarda-o outra vez, prestes a sair a figura do mestre Shifu lhe detém.

— Po podemos falar? — pergunta a voz suave do mestre.

— Na verdade eu estava indo ajudar os feridos. — diz meio sem graça. — Pode ser depois?

Apressado, passa pela porta antes que o mestre abre a boca para responder, anda pelos corredores do castelo, reconhece o salão do trono, onde Daisuki foi morto por Mirume, um passo hesitante a frente, o rastro de sangue é visível a seus olhos, a sensação de reviver o acontecimento causa-lhe um nó no estômago, quando dá meia volta, vê logo atrás de si a figura de Fala Macia, assusta-se, recuando, com a pata no peito e a respiração pesada contém o assombro.

— Está perdido? — ela pergunta, sorrindo.

Realmente está, porém não deixa transparecer.

— O que você faz aqui? — indaga, recuperando a postura.

— Eu sei o que quer.

— Remédio para coração? — Seu tom de voz saí sarcástico.

A vidante mais próxima do panda, apoia a bengala no piso escorregadio, existe diversão nas feições dela.

— Quando quiser conversar fique a vontade. — Pôs-se a sair, girando nos calcanhares.

Ele ri, um riso genuíno.

— Por que todos resolveram conversar? Estou bem, tirando o fato que uma rainha sociopata tentou me matar, conquistar a China e quase destruiu a todos, além disso, não há nada que me aflige.

Olhando novamente, estranha que a anciã sumiu, suspira, ele acredita nas próprias mentiras, o fato de reencontrar o pai mexeu com sua paz de espírito, a morte tornou-se um medo atroz, sua mãe foi tirando dele e por algum tempo seus amigos, jamais conseguiria imaginar viver sem eles, os ama imensamente, são sua família, não pudera fazer nada para protegê-los, que tipo de dragão guerreiro é? Se não fosse por Tigresa estaria á trinta palmos do chão.

— Eu disse que não era por aqui.

A voz masculino conhecida lhe tira do transe, desvia a vista para a fisionomia de Garça, em seguida para Yoichi, pensa se seria pedir de mais um minuto de sossego.

— Oi Po. — acena o leopardo das neves.

Ele sorri.

— O que faz aqui? — investiga Garça.

— Me perdi nos salões. — dá de ombros.

— Nós também, estávamos levando esses suprimentos, e remédios para os quartos onde estão as crianças, mas como pode notar nos perdemos, se não fosse por causa de um certo atalho de alguém.

— Olhe bem ave, não foi minha culpa se falei para virarmos a direita e você preferiu seguir a esquerda. — defende-se ele.

— Se me lembro bem quem está levando o peso todo sou eu.

O felino cruza os braços no peito, indiferente.

— Estou mais preocupado com as crianças. — responde.

Atento a ambos, os dragão guerreiro meneia a cabeça ligeiramente, seus lábios formam um sorriso discreto, pega as três caixas de Garça, qual agradece, explica o caminho e saí voando a fim de prestar seus serviços no acampamento, olhando para Yoichi, seu semblante neutro supõe frustração, ainda assim o leopardo obtém uma das caixas, equilibrando no ombro.

— Você é forte. — afirma o panda.

— Eu nem malho. — sorri, começando a andar.

— Acredito. — diz ironicamente.

— Até que para um panda não está nada mal.

— Obrigado, vou aceitar como um elogio.

— Disponha.

O silêncio atinge o ambiente, enquanto os dois caminham para fora da sala do trono, chegam a um corredor, os quadros pregados nas paredes, de pinturas paisagísticas, suprimem a curiosidade de ambos.

— Então dragão guerreiro — inicia o felino, rogando atenção do amigo para si. — o que fará agora? Sabe depois que derrotou Mirume.

Franze a testa.

— Na verdade foi Tigresa que a derrotou. — confessa.

— Ah para de ser modesto, eu vi o que fez, lutou contra aquela louca como um verdadeiro herói da China, teve uma parcela de ajuda sua. — Dá um soco no ombro dele, fazendo-o sorrir. — É meio doido saber que tive algo com ela.

Sabendo até onde esse diálogo está indo pigarreia incomodado.

— Podemos mudar de assunto?

— Fica tranquilo, só foi uma vez, e nossa! É o tipo de garota de uma única e… — Fez um gesto com uma das patas.

Se não fosse coberto de pelos seria possível ver a vermelhidão nas bochechas do guerreiro, recua a cabeça para outro ponto, barulhos de crianças lhe chama atenção.

— Chegamos. — exclama Yoichi, olhando em direção a porta entre aberta.

Equilibrando as duas caixas de madeira, empurrou-a e abriu, o que encontra é filhotes de diferentes espécies de felinos pulando e brincando no quarto, durante Song esforçar-se para deter dois, quais saltam na enorme cama de casal, a cena é engraçada, aproximar-se anunciando sua chegada, a leoparda ao vê-lo agradece mentalmente, ele deposita as caixas em cima de uma cadeira, o urso recebe a amiga em um abraço rápido e afetivo.

— Preciso de ajuda, esses filhotes não ficam quietos. — o tom de voz dela é um pedido de auxílio, nunca foi boa com crianças.

— Mana, tem que dar o que eles querem. — intromete-se o irmão, deixando a caixa de lado, erguendo as duas patas no alto, alongando-se.

— O quê? Meu pescoço para brincarem de forca? — zomba, sua cauda serpenteia no ar no ritmo de sua fala.

— Crianças são astutas e espertas, principalmente felinos, adoram morder, correr, saltar, essas coisas, você era assim quando pequena. — pausa a fala, indo até um grupo de tigres e leoas, quais brincam de luta. — Ei, quem quer ouvir uma história? — Conseguindo atenção, continua o diálogo: — Como derrotei um polvo gigante do mar, apenas usando uma adaga de gelo.

— Você já navegou? — pergunta a leoa menorzinha, segura em uma das patas uma manta rosa.

— Se já? — gargalha. — Vivi no oceano por vinte anos.

Po pergunta para Song se as palavras dele são verdadeiras, a felidea balança a cabeça negativamente, ambos riem da situação.

— O que têm nas caixas? — investiga ela.

— Curativos e remédios. — dá de ombros, abre as duas tampas que unem uma delas.

Ela se aproxima.

— Onde conseguiu?

— Eram de Mirume. Garça me contou que ela tinha um estoque guardado, caso acontecesse algo com o hospital do vale.

— Como ele sabe disso?

— Lía, uma das dama de companhia de Mirume, contou a ele.

— Oh.

Ele leva as patas a um frasco e a duas gases, gira nos calcanhares, os olhos verdes vão à uma jaguar pequena, ela possuí a postura sonolenta, chupa o próprio dedão, sentada em uma almofada no chão, estando próximo a pequena, chama-lhe atenção o corte no antebraço, cauteloso para não assustá-la, segue o olhar azul cobalto, fica de joelhos, ao vislumbrar o coelhinho de pelúcia no colo, o guerreiro preto e branco deixa escapar o sorriso refreado, as bochechas se erguem um pouco, os lábios pressionados, acompanham a ação.

— Qual é o nome do coelhinho?

A jaguar assustada, tira o dedo da boca e aperta o bicho de pelúcia contra si, existe medo em seu rosto.

— Eu também tenho um amigo o nome dele é ursinho panda, mas não é tão fofo , ele adora comer rabanetes, do que seu amigo gosta de comer?

— Cenouras… — responde baixinho, está menos receosa.

— Adoro cenouras, principalmente em sopa, mas parece que ele não está tão feliz.

A jaguar ergue o amiguinho na altura dos olhos, franze o cenho.

— Por quê?

— Seu machucado, ele está triste.

Ela desvia a mirada para o próprio antebraço.

— Mamãe disse que os amigos se preocupam com amigos — a voz dela é doce e angelical. — , então… o Jin está preocupado comigo?

— Exatamente, se quiser eu posso te ajudar. — Mostra-lhe o fraco de água e a gase.

— Vai doer?

— Pode doer um pouquinho, mas vai te fazer melhor e Jin vai ficar super feliz.

Fez-se silêncio, a criança analisando o semblante do amigo, depois do desconhecido a sua frente.

— Qual seu nome? — indaga ela desconfiada.

— Me chamo Po.

— Você é um panda.

— Sou. — Não foi uma pergunta, contudo a responde.

A pequena felina estende o braço a ele, fecha as pálpebras, o mestre entende o gesto, coloca um pouco de água na gase e começa a limpar a ferida entre a pelagem negra, a vê contorcer a face de dor, demora poucos minutos, durante esse tempo conversa com ela, não obtendo respostas.

Song contempla a cena admirada, se lembra de quando era filhote, Yoichi cuidando do seu machucado, após uma queda, naquele tempo seus pais haviam morrido em um acidente, o leopardo foi sua única família, mesmo quando fugira para ser dançarina, ele sempre a apoiou.

— O que você está olhando?

Pergunta Yoichi. Aproximar-se segurando nos braços dois tigres, ambos estão em um sono profundo, ele segue o olhar da irmã mais nova.

— Imagina que quase destruí tudo isso. — Mantém atenção no panda. — Fazer o acordo com Mirume para te salvar.

— Sobre isso… Sinto muito.

O tom de voz embargado em melancolia lhe traz uma sensação amarga, concentra-se nele agora.

— Deveria mesmo.

— Estou tentando me desculpar aqui.

— Suas desculpas não seram mais aceitas se fizer isso novamente.

— Está arrependida?

— Não, é minha única família que possuo, faria tudo por você.

Seus cantos do lábios formam um sorriso largo e genuíno.

— Veja só, toda sentimental, essa é a Song que conheço? A trocaram?

O riso a fez virar o rosto envergonhada e irritada.

— Cale a boca.

O leopardo sorri.


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