Yin Yang escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 27
Medos, verdades e júbilos


Notas iniciais do capítulo

Antes que você leia o capitulo, tenho algo a esclarecer: Sei que não atualizo essa fanfic a um bom tempo, pois estava editando alguns capítulos, estava sem pen drive e por fim sem internet, e continuo. O único meio que posso atualizar é por celular, usando o wifi do vizinho, que por gentileza me deu a senha, ainda assim não é toda semana que será atualizado, preciso estudar para o Enem, a segunda vez que farei.
Agradeço de coração a todos vocês leitores que acompanham a fanfic, vocês são incríveis, são os peixes do meu oceano... Okay essa comparação foi meio melosa e desnecessária... Então é isso, não se esqueçam de comentar e dar sugestões, isso me motiva. Boa leitura.



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Quando as gotas de água começaram a cair do céu até formarem a chuva, Po agradeceu mentalmente por estar no vale da Luz, junto com os feridos. Elsuko foi simpática em aceitá-los, ajudou a levar cada animal às casinhas abandonadas, onde antigamente estocavam alimentos, por sorte havia colchões, cobertores e alguns grãos, como arroz e lentilha.
As infiltrações nos tetos foram um dos grandes problemas encontrados, mas logo resolvida com a solidariedade dos mestres de kung fu. Medicamentos não tinham, contudo Elsuko tinha variedade de plantas medicinais atrás de sua casa, com ajuda de Víbora e Macaco, saíram para pegá-las, enquanto os outros permaneceram acudindo as vítimas de Mirume. O que mais importa ali é estar com eles, amenizar a dor causada.
A leoparda das neves observa atentamente a face rígida com a expressão séria do guepardo a sua frente, ambos de joelhos ao lado de uma ovelha, aparentando mais o menos trinta anos de idade.
Song espera que o rosto de Daisuki se torne mais alegre, que a aquele sorriso, cuja ela conheceu esteja pintado novamente em seus lábios, porque assim ficaria convicta que a culpa de tudo o que aconteceu, não foi sua. E como o rosto permanece subitamente sério, suspira de desânimo. Gira a cabeça para outra direção, a vista Po e mestre Shifu conversando, volta-se para Daisuki, esse enfaixando o braço da ovelha.
Um sorriso curto surge em seus lábios, vê-lo cuidar de alguém é admirável, gostaria de ter o mesmo caráter, de fazer bem, e não ganhar a vida da forma indigna que faz. Embora tenha dito que não faz mais parte das damas das sombras, ainda continua no mundo do crime, pois é a única maneira, pois ninguém empregaria uma ex-bandida, talvez por causa do medo ou o preconceito.
Mantêm-se olhando para cada gesto e ação, até o momento em que aqueles olhos incrivelmente azuis encontram-se aos seus, uma estranha sensação de segurança surge diante disso, incomodada abaixa os olhos, sente que ele ainda a mira causando-lhe timidez, escuta-o ri levemente, uma risada que poderia enriquecer os tímpanos de qualquer um, como uma música.
— Tudo bem milady?
Suas palavras chamam a sua atenção, após um riso tímido, acena com a cabeça. E começa a balbuciar palavras aleatórias, tal ação é engraçada para o guepardo, cujo continua sorrindo, ao contrário de poucos minutos antes.
— Doutor. Ficarei bem? — indaga a ovelha, com preocupação nítida na voz.
— Ficará. Embora vossemecê tenha levado um golpe forte na cabeça, está tudo bem. Apenas teu braço foi deslocado, mas já endireitei. — sorri novamente, mostrando a primeira fileira de dentes brancos.
— Obrigada Doutor. — Lhe abraça com o braço que não está na tipóia e em seguida disponha a sair.
Daisuki estica entre os dedos um trapo de roupa branca, que usou para enfaixar o braço da ovelha, logo depois o deixa de lado, levanta a cabeça e encara a leoparda, essa por sua vez abre a boca várias vezes, tentando dizer quaisquer palavras para retomar a conversa. Como não fez permanece em silêncio por breves minutos, nesse curto tempo, o felino lança olhadelas fazendo-a ficar constrangida.
— Não se importa de ser chamado de doutor? — pergunta ela, relaxando os músculos. Voltando-se para o lado.
— Jamais, embora eu seja apenas comum, não me importa. É uma honra. — Teve uma expressão de resignado bom humor. — É bom ajudar, faz-me feliz. — acrescenta.
Ela sorri também, um sorriso curto e tímido.
Seu olhar em outra direção observa Po, o qual cuida de alguns coelhos, o guerpado a seu lado segue sua mirada e depois franzindo a testa levemente questiona:
— Está chateada?
Volta a olhá-lo e crava-os nele.
— Chateada eu? — ri brevemente. — Quem está chateada? Eu não, por que eu estaria chateada... — cuidou para que seu tom de voz parecesse natural.
— Por que está chateada? — Sorri-lhe novamente, um sorriso tranquilizador e terno.
Talvez possa confiar nele. Poucos conseguem transmitir num gesto tão simples conforto e paz. Decide confessar o motivo de sua chateação, se assim poderia ser chamado.
— Fiz algo muito errado. — Fala num tom suave, ainda que parecesse soar diferente. — Eu poderia não ter feito, mas fiz, eu pensei que assim ajudaria alguém especial... — Os lábios se apertam comprimindo as palavras e os olhos têm aquela expressão que Daisuki conhece muito bem, assemelha-se a tristeza e angustia. — nesse ponto se fez um silêncio. Movimenta a cabeça para frente e começa a falar em voz mais baixa. — E agora por minha culpa talvez o Po não goste mais de mim, talvez todos não gostem de mim. Eu nem deveria lhe estar contando meus problemas — ri. Um riso curto. — Aposto que tem os seus próprios para se preocupar.
Pousa a pata em seu ombro fazendo-a a estremecer, nega com a cabeça, em seus lábios aquele sorriso, o qual desconcerta a leoparda.
— Todos têm problemas, desabafar ajuda encontrar alguma forma de resolvê-los. — responde.
— Talvez... Se eu pedir desculpas. — murmura inclinando-se para apanhar uma pequena pedra, e em seguida usá-la para fazer círculos sobre aquele chão de terra.
— Pode ajudar, mas ainda assim, vossemecê deve pedir desculpa a si mesma.
— Você é bom com as palavras. — diz a felina voltando-se para o guepardo que ainda sorri. — Gostaria de saber sua história de vida.
— História de vida? — indaga rindo baixinho. Recuando a pata do ombro de Song.
— Sim, qual é a sua?
— Talvez eu lhe diga em outro momento. — fala, usando o mesmo tom descontraindo dela.
— Talvez?
— Talvez.
Ambos riram em uníssono e por breves instantes seus olhares cruzam-se , poderiam continuar deste modo, no entanto uma raposa, — aquela que Daisuki ajudou — atreve-se a interromper o momento sentando-se entre eles e destilado palavras, as quais nenhum dos dois entende no primeiro instante.
— Adivinha quem conseguiu um encontro? Eu aqui! Ela é bem diferente de mim, mas é linda como uma coelhinha fofinha, afinal ela é uma coelhinha fofinha. — diz atropelando as palavras e apressa-se em continuar: — Daisuki você precisa me dar algumas dicas de como conquistar as fêmeas. Estava pensando em comprar algumas flores e levá-la para jantar, depois que tudo isso acabar.
À medida que a raposa fala, Song ia mostrando uma expressão de júbilo.
Com o semblante suave mantém o olhar a Daisuki, voltando, uma vez e outra, a vista ao animal vermelho.
Levanta-se depois de alguns minutos, gira nos calcanhares a fim de sair, o guepardo pede que fique mais um pouco, ela nega, pois quer falar com Po, e por fim deixa a presença dos dois machos.
Conversava com o panda sobre Tigresa, contava-lhe como a adotou, de vez em tempo pausando a voz para ter a certeza que ele o escutava ou quando o mesmo fazia perguntas. Narrava sem nenhuma emoção, como se os músculos das faces fossem feito de gesso, embora seu coração agitava-se de maneira descompassada.
Lembrou-se de quando ela era pequena, seu chi real revelou-se assim que a adotou, no entanto após um acidente de treinamento não se manifestou mais, pensou que assim seria melhor, ocultar algo que poderia lhe matar, pois Mirume estava atrás dela, ou melhor, do chi. Escondeu o colar do yin após o acontecimento, e assim que ela acordou a única lembrança que Tigresa tivera foi o que ele contou.
Embora se culpe por ocultar parte da vida da aluna, não tem arrependimentos, fez o que fez, por que a ama, qualquer pai faria o mesmo. O único arrependimento que possui foi de nunca tratá-la como filha.
Todas as vezes que a presenciava a escondidas treinando, os seus ossos quase se partindo, apenas para dar-lhe o orgulho, seu coração apertava-se, assim como é dado um nó em uma corda.
Teve tantas vezes o desejo de dizer que se sentia orgulho, para assim vê-la sorrir novamente, como na primeira vez que ela pisou os pés no palácio de jade. Um sorriso revelador, o qual transmitiu os sonhos resguardados há anos em seu coração, mas arruinado por ele. Por causa do quê? Do medo de perdê-la, como fez com Tai Lung, jamais permitiria que isso acontecesse novamente, no entanto seus esforços foram em vão. Ela cresceu como alguém incondicional, capaz de fazer o bem, contudo ocultando as próprias emoções, para assim torna-se a guerreira perfeita, há qual um dia chamaria de filha.
Após anos, ambos se tornaram como mestre e aluna, nada de afeto ou carinho de uma família, só depois do dia que Po foi escolhido o dragão guerreiro que houve uma esperança. Ele a mudou de uma maneira, que jamais conseguiu, lhe deu amizade, carinho e quem sabe amor. Não saberia como agradecê-lo, ainda assim se fosse, não seria suficiente.
Com o fim da conversa sobre a aluna, o panda vermelho decide mudar de assunto. Pergunta-o sobre os acontecimentos, principalmente sobre o ataque contra a hospedaria, embora seja estressante e triste para o panda responde-lhe, ele o fez.
—... Foi por isso mestre que os soldados de Harume conseguiram atacar a hospedaria... Tudo foi minha culpa, eu não deveria ter me descuidado, se alguém que deve culpar sou eu. — Pausa a voz. O Olhar inexpressivo na direção do mestre que o encara. — Desculpe. — acrescenta, não podendo mais vê-lo abaixa a vista.
Ele não soube o que balbuciar para confortá-lo, se antes tinha as palavras certas para dizer, presenciar a face melancólica do dragão guerreiro, as fez desaparecer.
Por breves minutos ambos ficam desta maneira, quietos, deixando as falas dos presentes serem o silêncio entre eles.
— Você fez algo para Tigresa?
Não foi a pergunta em si que incomodou Po, e sim a maneira como foi dita, como se o crucificasse por ferir os sentimentos da mestra.
— Sim. — responde, encarando-o novamente. Se esse é o momento para confessar o que sente por Tigresa, dizer-lhe a verdade, que seja. Não quer mais ocultar.
— O quê? — indaga. Está apreensivo é nítido, embora a face rígida e séria esconda perfeitamente.
Ele pondera por alguns segundos, aquele semblante lhe dá calafrios. Respira profundamente e com uma só respiração confessa:
— Eu feri os sentimentos dela quando eu a traí com Song!
De repente seus olhos antes redondos, ficam mais redondos; devido o espanto de tais palavras, não acreditando, pergunta-o sobre o que ele está falando. Na verdade quem é Song? Apesar do nome ser familiar, sua memória lhe falha.
— Lembra-se do cálice que Oogway lhe presenteou? — pergunta. O panda vermelho acena confirmando. — Depois que ela com ajuda das damas das sombras roubaram, eu, Víbora e Garça recuperamos...
— Espere um pouco. — interrompe, estendendo as duas patas bruscamente. — O que isso tem haver com Tigresa, panda?
— Tudo bem, pulando para a parte final: eu beijei Song , quando eu e Tigresa,estamos reconciliando, estávamos juntos antes, mas devido os acontecimentos, decidimos ser amigos, então descobrimos sobre o colar do yin yang e depois venho os soldados, os feridos, a hospedaria em chamas, eu a machuquei, um leão a levou, em seguida eu não sei o que aconteceu pois eu desmaiei e...
Tenta a todo custo entender as palavras que são ditas, mas sua mente parou ao escutar a frase: “feri o sentimentos de Tigresa”. Preocupado ordena que o panda pare de falar, e assim questioná-lo sobre a aluna, é nesse exato momento que entende o que o guerreiro quer dizer, ele estava namorando com ela e a atraiu com uma tal de Song.
De todas as ações de como: “matar um panda”, o grão mestre poderia aplicar, o que ele fez deixa-o surpreso. Ao contrário do que imaginava, o panda vermelho permanece em silêncio e em seus lábios um sorriso curto, ainda que o gesto seja de alivio, o ressentimentos de qualquer momento de que o mesmo esgane-o até a morte lhe vem a mente repetida vezes.
— Mestre você irá me matar? — pergunta, colocando as patas a frente da face, esperando pelo pior.
— Não. — responde, alargando mais o sorriso forçando. E, respondendo à pergunta seguinte de Po antes que ela fosse feita: — Eu sei que você não faria de propósito algo que fosse devastar o coração dela, afinal você o maior fã e amigo de Tigresa... Se “amigo” é a palavra mais apropriada... Jamais arrancaria o coração dela do peito, para matá-la em melancolia.
— Oh... — Apenas este som preferido de sua boca saiu. Tamanha perplexidade da reação do mestre o fez ter a certeza que morreria, embora esteja sorrindo — um sorriso forçado, que fez os cantos da boca tremer.
—, o tique nervoso em um dos seus olhos é a dica, que o mesmo está camuflado as emoções. — O senhor escutou o que eu disse? Eu feri os sentimentos dela. — “Estou querendo morrer.” — pensa em seguida.
— Sei que não fez de propósito.
— Mas ela foi capturada pelos soldados por causa de mim.
— E?
— Ela pode ferir-se gravemente e o senhor não vai me bater? Ou me culpar por isso? — questiona, devolvendo-lhe o olhar de incredulidade.
— Não.
— Com todo respeito o senhor está bem?
— Qual é seu plano dragão guerreiro? — Como uma brisa varrendo a poeira, a voz dele afasta a pergunta de Po.
— Eu não sei. — diz baixinho, surpreso com a sonoridade da própria voz. —Estou preso em uma caixa de madeira tentado de qualquer maneira encontrar uma saída... — Confessa o guerreiro. Dá uma pausa, com para dar peso ás suas palavras nitidamente pesadas. — O que devo fazer mestre? — pergunta, voltando olhar para o chão.
— Me diga você. — Shifu sorriu por dentro.
De novo o silêncio, e a face do panda vermelho, embora permaneça suave, assume uma intensidade a qual poderia olhar no fundo de sua alma, para além da preocupação e angustia.
— Eu tenho tanto medo mestre... Não é o tipo de medo que se resolva enfrentado, é algo que vem daqui... — Aponta para o peito, e em seguida encara o grão mestre. — Cada vez que penso encarar a irmã de Tigresa, de vê-la nos olhos, me dá um medo de como vou reagir, de como as coisas serão. Se ela fez mais a Ti, eu a amo muito, amo todos vocês... Jamais me perdoaria se algo acontecesse... Acho que é medo da perda... — Resolve sentar-se ao chão e olhar a escuridão de seu próprio vazio.
Antes de respondê-lo, uma voz feminina lhe chega aos tímpanos.
Levanta os olhos, a fisionomia de uma leoparda das neves entre ele e Po, franze a testa, esperando quaisquer palavras da felina, como ela não se pronuncia, o panda vermelho a indaga, no entanto é interrompido por Po, que pede que os deixe as sós.
Embora queira permanecer ali, após um suspiro de resignado mau humor, dispunha a sair, nesse curto tempo lança um olhar sério a dançarina, a qual estremece apenas em visualizar olhos com tal acuidade.
Ela olhou profundamente para a figura do panda, o qual não a encara a nenhum momento, toma-lhe coragem e senta-se a frente dele, após um breve silêncio o chama, o mesmo levanta a vista a ela, é nesse instante que a felina nota o olhar fatigado e abatido.
— Oi Song, como vai?
A leoparda percebe seu maxilar se apertando e sente a culpa começar a crescer. O que deveria ter sido apenas uma pergunta parecia mais uma semente amarga que gostaria de cuspir. Tenta relaxar, e assim encobrir as emoções, contudo vê-lo deste modo, como se o peso do mundo estivesse as suas costas, a fez sentir a pior pessoa do mundo.
— Precisamos conversar. — diz ela, e tomando ar suficiente para prosseguir: — Sinto muito pelo beijo, eu não deveria...
— Não foi sua culpa. — a interrompe. — Eu deveria ter dito que estava com Tigresa, que estávamos de certa maneira “reconciliando” — houve um riso amargo a dizer esta palavra. — O ultimo culpado aqui sou eu. — acrescenta.
— Po na verdade eu...
— Song, por favor... Já está sendo difícil para mim, mas dizer que não foi minha culpa é como atravessar um camelo por o fundo de uma agulha, impossível.
O silêncio se seguiu às palavras de Po. Luta para manter a compostura, contudo o coração discorda com a mente, quer dizer-lhe a verdade, amenizar o próprio mal, ainda que não fosse perdoada, estaria arrancando um peso a menos.
— Eu sempre gostei de você, mais do que um amigo. — Ela inclina-se mais a frente, pousa a pata a dele. — Você é gentil, carinhoso, fofo e além de tudo se preocupa com os outros. Em todos os lugares que visitei nunca encontrei alguém como você Po... — pausa a voz a fim de respirar. Os olhos verdes jade a contempla com confusão. Ela sorri. — Eu gosto de você Po, eu o amo... — Aperta-lhe a pata, para depois levá-la a sua bochecha esquerda acariciando-a. —
— Mas você não é meu, ela o ama de verdade Po.
— Song...
— Escute: Alguns acreditam que amor cresce com o tempo, que podemos amar alguém mesmo não o conhecendo, mas na verdade é o conhecimento que cresce. Quando estamos juntos com aquele que amamos começamos a prestar atenção em cada detalhe. A comida favorita, a cor, a flor... O amor simplesmente se expande, enquanto o conhecimento cresce. Eu conheci Po, com você. Não quero uma chance, só quero que saiba que Tigresa te ama e não é uma rainha “louca” que fará isso ser diferente.
— Eu não sei o que dizer... Eu...
— Não diga nada, só prometa que fará de tudo por ela.
Ele não a responde de imediato, visto que a leoparda lhe beija na bochecha direita, um beijo quase sem lhe tocar a face. Quando visualiza novamente, um sorriso terno está pintando em seus lábios.
Aquelas palavras o haviam aturdido de tal maneira que não conseguiu reagir de outra maneira, se não lhe retribuir o sorriso, até que consegue articular:
— Obrigada. Sei que encontrará alguém que a ame de verdade.
— Talvez eu encontre.
***
Elsuko, Macaco e Víbora, entraram pela a única porta onde está a maioria dos feridos, entretidos numa conversa. A mais velha segura nas patas uma cesta de palha, com variedades de plantas medicinais, o primata e a serpente por sua vez, com vasilhas e copos feitos artesanalmente de barro.
Suas vestes estão molhadas, exceto a mestra verde, cuja não usa roupa, visto que é uma serpente.
A cabra inclina-se para ficar com os olhos na mesma altura de seu filho, o qual passava por eles, segurado cobertores e roupas costuradas a mão, ordena que ajude o mestre Garça com as vítimas, a pantera negra sorri, a cena com a cabeça e assim dispunha a sair, contudo um leve puxão na barra de sua calça verde musgo, chama-lhe atenção, abaixa a vista, a fim de ver o responsável. Dois olhinhos cor de rosa, o encara de maneira inocente e gentil.
— Papai eu quero brincar. — diz ela com um sorriso meio triste.
— Querida eu não posso, preciso ajudar nossos amigos. — responde o felino, fazendo um gesto em direção aos mestres de kung fu.
A criança teve um olhar de decepção, e por um instante os presentes creram que de sua boca iria sair um berreiro, pois seus lábios tremeram de certa maneira, como se fizesse um muxoxo. Ao contrário do que todos cogitaram, a menina apenas deu de ombros, saiu correndo em outra direção. Nesse tempo fixaram a mirada nela, talvez por medo da reação da pequena. Na ocasião que a viram pular nas costas de Shifu, fazendo-o quase ir ao solo, soltaram um suspiro de alivio, seguido por um sorriso.
— Ela é tão fofa... — comenta Víbora.
— Concordo. — começa Macaco, com o mesmo olhar de admiração à leoparda. — Só acho que mestre Shifu não pensa o mesmo. — acrescenta, no momento que a vê fazer o panda vermelho de cavalinho e as orelhas do mesmo de rédeas.
— Pensei que ela fosse tímida. — reflete a serpente.
— Às vezes ela é. — responde Elsuko. — Outras vezes não. — Dá de ombros e retoma a caminhada, junto com o filho. Os mestres a seguem logo depois.
Aproxima-se a Garça, o qual termina de examinar um bode, esse com leves escoriações no rosto e braços, chama-lhe atenção proferido um som na garganta, a ave devia a mirada à pantera negra, espera quaisquer palavras, como o felino não fez, o indaga, é quando se lembra que a comunicação verbal é inútil, pois Diego não fala o mesmo idioma, decide falar por meio da linguagem de sinais, embora seja péssimo nisso.
À medida que tenta, percebe que seria mais fácil ensinar alguém a ler e escrever, do que conversar com o felino, visto que a maioria dos gestos que fez, ele compreendeu como uma ofensa ou xingamento.
Desiste em meio à impaciência, nesse tempo, Louva-a-deus e Rosetta, os quais iam a sua direção, percebem o que está acontecendo.
A borboleta pousa primeiramente no ombro da pantera negra, o qual devia a mirada a ela, e com um sorriso a cumprimenta, em seguida voa em direção à Garça, as perninhas pretas tocam o chapéu da ave, a fim de testar o local, e acomodar-se ali. Espera Louva-a-deus saltar até sua presença, para começar a balbuciar:
— O que está acontecendo amigos? — pergunta, num tom que se assemelha a voz de uma criança, ainda assim como a de um adulto.
— Digamos que dialogar com alguém, que não fala o mesmo idioma do que o meu, seja complicado. — responde a ave.
— Tentou linguagem de sinais? — questiona Louva-a-deus.
— Já tentei de tudo. — diz irritado. E apressando-se antes de ser interrompido: — Se quiser tente você. Dou-lhe minhas inúmeras “tentativas”
— É um desafio? — indaga, com um sorriso malicioso. Garça dá de ombros. O inseto considera esse gesto como um “sim”. — Diego se você estivesse em perigo... — pausa a voz, pensando nas seguintes palavras. — Talvez... Perdido em uma montanha — sua voz adquire empolgação — completamente só, com uma avalanche se aproximando de você, para lhe roubar uma das únicas setes vidas que você tem, e a poucos metros de distância está seus dois salvadores: uma ave magra, medrosa, com perninhas de palito... E no outro um inseto forte, bonito...
— Pode parar por aí. — interrompe Garça, levantando a mirada ao inseto, sobre seu chapéu. — Quem são a ave e esse inseto Louva-a-deus? — averigua incrédulo.
— São personagens. — Revira os olhos, como se a resposta fosse obvia.
— Sei lá, mas minha intuição me diz que se refere a nós.
— Se a carapuça serviu. — Adota uma postura de chacota e zombaria.
— Você só pode estar brincando... — Bufa irritando. — Como zombar de mim lhe ajuda a comunicar-se com Diego?
— Não faz, apenas achei divertido.
Rosetta não pôde conter a risada que dera em seguida. Para louva-a-deus foi como ouvir uma linda melodia, ao contrário de Garça, cujo considerou como motejo.
— Vocês estão bem?
O questionamento proferido pela pantera negra permanece sem resposta.
Porquanto a ação da borboleta e do mestre verde, Garça não mede as palavras, profere com escárnio uma indireta sobre a “queda”, cujo ele tem por ela. Por conseguinte o mestre verde assume a postura séria, ainda que para os presentes se assemelhe a constrangimento.
— Do que ele está falando Louva-a-deus?
A ave sobressai e responde por ele:
— Rosetta o que quero dizer é que ele nutre uma paixão platônica por alguém pequeninha, igual a você.
Ela encara o amigo verde e pergunta:
— Sério? Quem é ela? — Sua fisionomia ilumina-se, como uma criança a espera de um segredo.
— Oh... Ela é... — diz batendo as pinças uma na outra, para aliviar a tensão. — Você a conhece bem... — Recua alguns passos para o lado oposto do chapéu de Garça. Ela o segue, mantendo a vista. — Na verdade... Tem olhos lindos... — Gira bruscamente. Sente que a face começa acalorar. — Sorriso encantador... Asas lindas... Personalidade magnífica...
— Apressa-se, meu chapéu não é um ponto de encontro romântico. — aconselha a ave, com zombaria.
— Está sendo complicado aqui, okay?!
Rosetta franze a testa em confusão, sua tromba treme levemente, devido à confusão e a afobação.
— Certo... Nessa semana eu meio que comecei a gostar de alguém... — recomeça com nervosismo.
Para o inseto verde, apenas existe este momento. O que acontece a seu redor está inconsciente a sua mente, visto que não percebe a chegada de Po, Macaco, Song e o Raposo, os quais fixam a mirada a ele.
Suspira penosamente, quer conta-lhe, no entanto tem medo, lembra-se da única namorada que a amou, a qual destroçou seu pequeno coração em pedaços. O motivo? Não ser o dragão guerreiro.
— Lá vai... — Após uma virada brusca, e um olhar destemido a ela, aproxima-se e lhe pega a pequena patinha negra. — Eu gosto de voc... Daisuki...
— O quê?! — indagam os mestres em uníssono, exceto Diego.
Teve um minuto antes de processar a própria fala, e quando fez, recua alguns passos, caindo sentado sobre o chapéu chinês.
— Eu não entendi. — confessa, olhando com inocência para ele.
— Ninguém entendeu. — intromete-se Garça.
Seu rosto adquire se torna inexpressivo, não foi a fala de Rosetta, mas a forma com ela fez, que incomodou. Em nenhum momento Rosetta percebera que se referia a si mesma. Talvez quisesse apenas matar a curiosidade. Causa-lhe certa decepção e tristeza. Estando de pé novamente, mantém a vista as linhas traçadas do chapéu de Garça. Espera quaisquer palavras dela, de tal modo que esquece a razão do equivoco a confessar-lhe o que sente. Destarte a corrigir rapidamente o erro, todavia os amigos complicam a situação.
— Então o Louva-a-deus ama o Daisuki? — especula Po.
— Sim. — responde Macaco, abafando o riso com as patas.
— Isso é sério? — questiona Song, com um semblante incrédulo. — Quer dizer... Eu não tenho nada contra a esse Tipo de... Relação... Mas o Daisuki não é meio grandinho...
— Tamanho não é documento. — afirma Raposo, olhando de soslaio para a felina a seu lado. — Apesar de que na hora de acasa... — Certo arrepio lhe atinge a espinha, devido o pensamento de um possível relacionamento entre Daisuki e Louva-a-deus. — Estou com náuseas... — acrescenta levando um das patas a boca, contendo o vômito.
— Louva-a-deus e Daisuki juntos passeando, logo vão estar se beijando... — cantarola Macaco, acompanhado por gargalhadas de Garça.
— Vocês entenderam errado... — tenta se explicar, contudo é ignorado.
— Eu acho que vou vomitar... — diz Raposo, apressando-se para pegar um dos cobertores com Diego, como se fosse um saquinho de vômito.
— Seu nojento! — exclama Song, a qual recua para o lado oposto dele.
— Eu ainda não sei o que está acontecendo. — fala Diego.
Louva-a-deus teve uma impressão de aborrecimento, principalmente quando Macaco insinuou um relacionamento com Daisuki, embora não fosse verdade, a forma que aludiu se tornou grotesca.
Na ocasião que o responsável por tal humilhação, se pôs a frente, todos os mestres o fitam, exceto Po, esse está ocupado fantasiando a suposta relação, ainda que seja peculiar, sua menta imagina momentos extremamente bizarros, cujo é desnecessário descrever em palavras.
Quando Daisuki percebe os olhares a si mesmo, franze a testa em confusão, desviando várias vezes aos lados opostos, a fim de confirmar que se trata de sua pessoa, perguntou ao Macaco a razão das miradas, após um relance de olhar, que o guepardo identifica como um tanto malicioso, o primata lhe responde. Instantemente a expressão que desenha a sua face é de espanto e surpresa.
— Como disseras? — indaga bruscamente.
— Louva-a-deus confessou que te ama... — reponde, com aquele jeito único de vestir as palavras com drama e sarcasmo.
Bate os calcanhares e enfrenta o olhar do inseto verde.
Aguarda breves segundos por qualquer explicação plausível. Está apreensivo e curioso.
— Você apareceu bem no momento que iria dizer que amo... Uma garota... Eu me confundi. — Derrotado, caí sentando no chapéu da ave, e suspira.
— Espere um pouquinho aí. — fala Song evasivo. — Quer dizer que você não gosta de machos? — interroga diretamente o mestre felino, o qual responde com um “não”.
— Então vomitei à toa? — queixa-se a raposa, usando o antebraço para limpar a boca.
— Querido, você vomitou com o propósito de me sujar. — responde Song, revirando os olhos.
— Eles formariam um casal fofinho... — fala Macaco, tentando afinar o tom de voz, arrancando dos de mais gargalhadas.
— Você não é?... — pergunta Po, logo depois de piscar os olhos repetidamente e bloquear sua imaginação fértil. — Droga, eu já estava preparando o segundo encontro...
— Que encontro? — inquire Daisuki.
— O que você e o Lou... — pausa a voz, percebendo que sua mente lhe pregou uma peça, e como se suas palavras nunca foram ditas, dá de ombros, e pede que o guepardo esqueça. Em seguida articula: — Devemos ir ao vale da Sombra para resgatar Tigresa e impedir a irmã dela de dominar a China. — Desvia o olhar para cada um dos amigos. — Elsuko, Diego, Raposo e Garça cuidarão dos feridos.
— Como faremos Po? — indaga Louva-a-deus. — Aquela rainha louca tem o exercito imbatível, e nós... Somos nós mesmos...
— Eu ainda não sei... — abaixa a vista por breves segundos. — Mas tenho esperança. —diz calorosamente. — E para falar a verdade com um pouco de medo. — acrescenta.
Todos ali tiveram um curto riso, devido à confissão do guerreiro. Poucos admitiriam o medo, embora cada um deles, assim como o amigo, também estarem com medo.
De repente a filha de Diego montada nas costas de Shifu, faz o ambiente se tornar mais descontraído. A menina usa as orelhas enormes do panda vermelho como rédea, bate as perninhas para incentivá-lo a correr, como se o gesto não bastasse grita “vai cavalinho” a cada minuto, fazendo o mestre correr em círculos.
As gargalhadas dos presentes são irritantes, seu próprio semblante confirma a desaprovação da ação dos alunos, contudo não diz nada, prefere pensar num meio de dobrar o treinamento deles, talvez subir e descer as escadarias do palácio quinhentas vezes, seja um bom começo.


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Notas finais do capítulo

Então chegamos ao final do capitulo, com o coitado do Louva-a-deus ainda solteiro, Song confessando a paixão por Po, Shifu sendo cavalinho... O que faltou?...Tigresa. Sei que esperam o momento que Po irá se encontrar com ela e a irmã, por isso estou preparando o capitulo. Adoraria sugestões.
O que mais gostaram no capitulo? Comentem amores. Beijos.