Yin Yang escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 28
No reino da sombra


Notas iniciais do capítulo

Fiquei animada com os comentários que recebi - principalmente o seu Frost girl, embora eu demore em postar é animador saber que tem leitor que ainda lê e comenta. Agradeço de coração, seus lindos.
Boa leitura



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A lua com seu grande esplendor saiu do esconderijo por de trás das únicas nuvens do céu escuro, destarte em clarear o caminho dos guerreiros de kung fu. Os quais empós deixar o Vale da Luz, andarem por horas a fim de chegar ao Vale da Sombra, nesse tempo, conversas paralelas tornaram-se a distração daquele momento. Todavia o ambiente descontraído escondeu à verdadeira situação, resumindo em duas palavras: medos e incertezas.

Tentaram não pensar no que iria acontecer, principalmente Po, e simplesmente ir colocando um pé na frente do outro, porém estes dois sentimentos ocultos começaram a surgir.

A trilha às vezes tornara-se difícil, as pedras e árvores dificultavam o trajeto. Todos os passos exigiram concentração. No momento em que se aproximaram de uma floresta, o silêncio é fantasmagórico. Os únicos sons que pode ouvir são semelhantes a sussurros e respirações pesadas.

Po começa a sentir que está sendo observado e uma vez chega a girar bruscamente para ver se há alguém por perto, contudo apenas uma densa neblina entre as imensas árvores.

Por mais que quisesse retornar o caminho feito, seus pés parecem ter vontade própria, determinados a continuar e entrar mais fundo na floresta, agora pouca iluminada, e cada vez mais fechada.

— Vocês ouviram isso? — pergunta ele, num sussurro, abafado pelas duas patas.

— Não. — respondem em uníssono.

De repente algo se mexe em um arbusto à frente, assustado, o panda apressa os passos, esbarrando em Macaco, esse caindo em cima de Song, e assim por diante, como um fila de dominós. Escuta a reclamação dos amigos, exceto do mestre, o qual desviou para o lado.

Com o coração martelando nos ouvidos e a boca subitamente seca, olha fixamente para o arbusto que se mexe, tentando ver o individuo. Os seus amigos notaram a súbita mudança e miram o mesmo ponto.

 Algo, como uma sombra, sai do local, o guerreiro preto e branco grita e cerra as pálpebras, com os braços a frente do corpo em forma de defesa; apavorado e pronto para lutar pela vida. Mas antes que possa golpear, o silêncio súbito fez abrir os olhos e reconhecer um coelhinho cinza, do tamanho de sua pata, o fitando com curiosidade. Respirando fundo soltando o ar lentamente, acalma-se, escapando um risinho de vergonha em seguida.

— Um coelhinho... Quem diria?... — ri novamente, desviando a mirada por breves segundos. — Oi amiguinho tudo bem? — pergunta para o animalzinho. Como resposta recebe um semblante curioso e a cabeça levemente tombada para o lado. — Qual é seu nome coelhinho fofinho? — indaga novamente, desta vez dando alguns passos.  Estendendo a pata espalmada a ele, retirando-a no instante que o animal cinza rosna, demonstrando os dois dentinhos brancos da boca, fazendo-o recuar e buscar abrigo atrás de Macaco. — O que aconteceu com o coelhinho fofinho? — O animal lhe mostra a língua, e saí pulando.

— Ele é selvagem. — responde Song.

— Existem animais selvagens na floresta? — questiona num tom alto, não chegas a gritar.

— Estamos numa floresta Po, o que você queria? — fala Macaco, empurrando as patas do amigo longe de seus ombros. — Por acaso o incrível dragão guerreiro está com medo? — ri levemente o encarando.

— Eu? — gargalha, depositando as duas patas na cintura. — Coragem é meu sobrenome.

— Pensei que era Ping. — contra - bate com sarcasmo.

Decide que está farto de sentir medo. Como uma afronta ao amigo primata, retoma a caminhada adentrando a floresta, tentando parecer mais confiante do que sente.

— É do outro lado dragão guerreiro. — articula Daisuki.

Algumas voltas depois, os mestres saem da floresta para uma imensa clareira.

Enquanto seus olhos se ajustam a semi-escuridão, começam a perceber uma enorme muralha feita de pedras acinzentadas, cada qual impressionado com a largura e altura, não conseguindo evitar que a vista seja atraída para o único local, contudo no instante que fortes rumores de vozes e passos destacados surgiram no silêncio daquele lugar, trouxe atenção.

Po quis inclinar-se a fim de ver os responsáveis, mas Shifu o brigou agachar-se entre alguns arbustos altos. Depós de reclamar pelo ato do mestre, fixa a mirada de cantinho dos olhos, até dois felinos cruzarem a clareira, seguindo em linha reta.

A expressão predominante em sua fisionomia é desconfiança.

Embora tente escutar a conversa dos felinos de armaduras, sua audição não é tão aguçada como de mestre Shifu, esse contraindo minimamente as enormes orelhas, ouvindo cada palavra balbuciada.

— O que eles disseram? — inquire ele, após vê-los ir.

— Falavam da rainha. — começa o panda vermelho, focalizando-se no guerreiro preto e branco. — ela estaria preparando uma armada para começar a conquistar a China. — acrescenta.

— Temos pouco tempo então. — observa.

Shifu fez um gesto com a cabeça, equivalente a um “sim”.

— Como faremos? — pergunta Louva-a-deus, este sobre o ombro de Macaco.

— Talvez se eu usar meu mundo invisível funcione. — responde Po, com certa empolgação.

— Primeiramente seus modos falham muitas vezes. — afirma Macaco, com deboche.

— Nada disso, eles nunca falham. — contra bate, franzindo o lábio com tédio e, atirando ao grupo inteiro, por cima do ombro, um olhar de ofensa.

— Panda, sem graçinhas. Estamos numa missão séria. — interrompe a discussão, antes que recomece. — Aqueles dois soldados devem ser vigias, e pelo que vejo estamos atrás do reino de Mirume...

— Não diga que vou ter que escalar esse paredão... — queixa-se invasivo e com um muxoxo.

— Sabemos disso Po. — responde Víbora.

— Você faz questão de dizer a todos. — adiciona Louva-a-deus.

— Continuando... — retoma a fala, lançando ao panda um olhar sério. — Entraremos pela única entrada. Provavelmente do outro lado. Só lutaremos se for preciso, certamente vários guardas e soldados estão à espreita.

— Mestre, isso é um plano certo? — indaga o primata. O grão mestre assentiu. — Acho que o Po deveria ter escutado até o final... — acrescenta, desviando o olhar para frente.

A face do mestre contorna-se em um misto de confusão e, compreensão, no instante que gira a cabeça, avistando o dragão guerreiro correr de maneira espalhafatosa, dando algumas cambalhotas de vez em tempo. Aquele momento soube que é seu modo “invisível”. Teve um resignado de expressão de choque, com um dos olhos com um tique nervoso.

— Daisuki e Yoichi, vão atrás dele, e garantam que ninguém o veja. — ordena ele, com a postura séria novamente.

Examina minuciosamente ao redor, utilizando da melhor forma seu modo invisível. Estranhamente o silêncio é desconfortável, pergunta a si mesmo a onde estariam todos. Segue por minutos o muro, pensou que assim chegará a sua entrada principal. Esconde-se novamente entre arbustos, os olhos atentos a três felinos de guarda, um deles dormindo recostado em uma cadeira, e outros dois postos com lanças.

Levanta a cabeça, após sentir algo cair em seu ombro. Um pássaro olha de volta a ele, com expressão de humor. Não ente o que exatamente o animal está indicando com tal semblante, todavia é feito a sentir um cheiro esquisito em seu ombro. Apenas dois segundos para sua mente processar o que aconteceu, rapidamente saiu do esconderijo limpando a região e, repetindo em voz alta: “que nojo.”

O pássaro deu um risinho, que para Po, soou como escárnio.

— Vai rindo, sorte sua, eu ser piedoso com meus inimigos. — O pássaro azul, usando uma das asas, abre um dos olhos e em seguida mostra a pequena língua. Nesse gesto de deboche, o guerreiro preto e branco, pega uma pequena pedra e joga a sua direção, o qual desvia. — Foge voando, não consegue encarar. — grita. Contudo após um breve instante, vários pássaros azuis o atacam, distribuindo bicadas por seu corpo avantajado. — Aí, aí, eu entendi, desculpa! — Os animaizinhos só terminam de torturá-lo, quando crêem que foi suficiente. Embora para o panda a dor continue, principalmente na região do bumbum, agradece mentalmente. Contudo ao girar nos calcanhares, encontra a poucos centímetros de seu focinho um dos guardas. — Oi, beleza? — ri um riso de nervosismo e sarcasmo, mostrando a primeira fileira dos dentes.

— Vossemecê é o dragão guerreiro? — Apesar de ter sido uma pergunta, Po entendeu como afirmação, como se o felino, um jaguar, fizesse cuspido às palavras. Apontando a lança a ele, continua a balbuciar: — Está preso em nome da rainha Mirume.

Po riu levemente, preparando-se para batalha. Outro felino aproximou-se nesse instante.

Com sua típica pose de batalha, dispõe em lutar, mas antes que possa fazer qualquer movimento, os dois guardas caem ao solo, como se estivessem paralisados. Teve um leve estranhamento, em seguida ergue o olhar, a sua frente, Daisuki e Yoichi fixam a mirada a sua pessoa.

—Diga, este é o seu modo invisível? — indaga o guepardo, sorrindo.

— Não é meu melhor modo... — Coça atrás da nuca, envergonhado. — Mas encontrei o portão principal. — Sua fisionomia rejubila com essas palavras.

Daisuki quis dizer que sabia sobre a entrada, no entanto prefere garantir alegria do amigo.

Os três guerreiros de kung fu aproximaram dos dois enormes portões, feitos de madeira, cuja estão na entrada. Figuras que ornamentam profusamente acima, concentradas principalmente ao redor, perdidos num emaranhado de figuras de tigres e flores de lótus.

Daisuki estranha que apenas um guarda, o qual dorme na cadeira, esteja vigiando a entrada, deveria ter arqueiros apostos em cima dos muros. Resigna-se, sem um gesto de tristeza atento a figura feita de pedra, uma tigresa, com uma túnica bem provocante, embaixo em letras grandes o seguinte nome: “Mirume.”

Vira-se para os dois amigos, e de soslaio os vê, Po depois de detalha a estatua e fazer um comentário, volta-se a ver o amigo, sorri de maneira gentil e dispunha a seguir a frente, com tal gesto Daisuki fez um gesto com a cabeça, equivalente a estas palavras: “Obrigado”. Sabe que Po jamais faria mal a ela, se não fosse necessário.

Yoichi desvia a visa, várias vezes; não entendo as trocas de olhares de ambos e, dá de ombros.

— Certamente há guardas espalhados aí dentro. — afirma Po, com convicção, estando com o ouvido sobre o muro, a fim de escutar.

— Parece que o vale é pequeno, mas não se enganes dragão guerreiro. — começa o guepardo, levantando o capuz. — Mirume fez essa muralha para proteger o lugar de possíveis invasores.

— Que tipo de invasores? — o questiona, vendo-o diretamente.

Não pôde responder, devido à intromissão do leopardo, esse usando o guarda dorminhoco como fantoche, enquanto distilas palavras aleatórias e frases sem sentido aparente. No instante que percebe os dois mestres de kung fu o encarando com as faces rígidas em incredulidade, Yoichi, em vez de prosseguir com a pequena diversão, olha para ambos com um gesto que tanto pode ser de vergonha como de indiferença, e, deixando escapar o seu predileto sorriso habitual, solta o guarda, esse caindo ao solo, como um peso morto.

O espírito inconstante de Po não se queria fixar apenas naquela cena hilariante e, depois de um silêncio, durante o qual não encontra palavras para rescindir a cena que havia seguindo-se, mas Daisuki fez por ele.

 O pacífico regulador asseio e da decência de sua alma; conquanto deparasse com tal cena, controla-se na ânsia de rir ou balbuciar palavras de sarcasmo.

— Tens outro modo, cujo não sejas “invisível”? — indaga o guepardo.

— Sim. — responde, mas vacilando. — Por quê?

— Pois precisaremos entrar sem ser vistos. E ainda que teu modo seja... Interessante... Vossemecê deveras usar outro. — acrescenta sorrindo.

— Pessoal veja só. — chama atenção Yoichi. — Eu escrevi meu nome completo no chão.

Tiveram uma mirada confusa, contudo ao notar o solo completo de urina, formando-se em palavras, compreenderam que não deveriam ficar mais ali, e após a repulsa no rosto de ambos, seguem em abrir os enormes portões.

Empós Daisuki e Yoichi saíram da presença dos mestres, Shifu explicou como seria a missão, enquanto os outros em silêncio, contentaram-se apenas em sacudir a cabeça em sinal de aprovação.

Bem próximos a muralha, cada um certificando-se que nenhum soldado ou guarda está por perto, tendo-os a confirmação, iniciam a escalar o paredão de pedras. Louva-a-deus, com a vantagem; devido ser pequeno suas perninhas encaixam-se nos estreitos espaços facilitando à subida. Sendo o primeiro a chegar ao topo, permanece esperando os amigos; nesse curto tempo faz um sinal com uma das pinças em direção a Rosetta, a qual está sobre um tronco de árvore, embora quisesse ajudar, Shifu aconselhou ficar em lugar seguro, pois ela nunca praticou kung e, seria proveito do inimigo.

No momento que todos estão acima da muralha, Louva-a-deus acena ultima vez, acompanhado de um sorriso lento, em seguida salta ao ombro do amigo primata, balbuciando as seguintes palavras:

— Onde está todo mundo? — Ninguém o responde de imediato, pois estão ocupados verificando os arredores.

— Talvez tenham saindo para uma festinha particular. — articula Macaco, com sarcasmo.

— Fala sério, quem iria para farra, sabendo que terá uma batalha? Isso vai contra todas as regras de um confronto.

— Existem regras em uma batalha?

— É a arte da guerra. — acrescenta por fim, dando de ombros.

— Mestre Shifu. — chama-o a serpente, cuja depois de minutos fixando a vista em duas torres de vigilância, sem nenhum guarda, tem pressentimento de algo, que nem ela mesma sabe o que é. Há momentos que optamos por acreditar em nossos extintos. — Isso está muito estranho, se realmente Mirume estivesse nos esperando teria guardas espalhados por todos os lugares, mas se for um tipo de emboscada?

— Suas palavras são certas, Víbora. — A viu de soslaio, voltando a manter concentração nas torres de vigilância e, depois nas ruas do vale. Apenas a brisa do vento lhe acariciando a face rígida, enquanto o silêncio funde-se em meio à escuridão. — Bastante Calmo... Muito calmo... — Suas orelhas contraem-se minimamente, como um radar buscando algo, neste caso, o som de qualquer individuo. Quando se dera por vencido, uma flecha foi defronte rapidamente, felizmente o mestre consegue esquivar-se com um mortal para trás. — Estamos sob ataque! Prepare-se!

Felinos com lanças e elmos surgiram em direções diferentes, surpreendendo os guerreiros de kung fu, alguns dos esconderijos tão minúsculos, que poucos acreditariam num sujeito, cujo possa se esconder em tais lugares, exceto Louva-a-deus, este não demonstra qualquer vestígio de surpreso.

Espadachins arremeteram com tal fúria contra os mestres, os quais seguiram caminhos opostos na batalha.

Song lançou um dos paladinos ao chão de maneira violenta, ele pretendeu reagir, mas a leoparda o segurou entre as pernas e os braços, tirando-lhe toda ação do corpo, saltou para frente levando-o junto e arremessando para longe. Defronte a outros paladinos, apertando os olhos com um ar mais ameaçador que nunca, os atacou distribuídos inúmeros golpes, de vez em tempo usando lanças e ajudando a amiga Víbora, ambas com o golpe: fantoche mortal, que consiste na serpente enrolar-se no adversário, e a felina servir de apoio, como um cavalo, desta forma controlar os movimentos do inimigo.

Enquanto machadeiros atacam o panda vermelho, arqueiros lançam flechas na direção de Macaco e Louva-a-deus, esses esquivam dos objetos, empurrando lanceiros como escudo, todavia quando as flechas se tornam de fogo, os dois amigos escondem-se atrás de barris de pólvora, aproveitando a oportunidade acendem os pavios e arremessam contra os inimigos, e antes que mestre Shifu impeça que ambos completem tal ato, explosões são ouvidas e sentidas por todos ali.

Após os clarões darem lugar a nuvens negras, as fisionomias dos guerreiros de kung fu se formam no breu do lugar, sentem que seus corpos pesam acompanhados pela tosse excessiva. A serpente verde é a primeira a abrir as pálpebras, apertando-as com força a fim de enxergar o ambiente, percebe as curvas de soldados correndo sem rumo e ainda pode escutar um deles gritando com desespero.

— Invasão no campo de treinamento.

Desliza com rapidez até os amigos, onde formam um circulo de defesa.

— Parabéns a vocês dois. — comenta Song, com sarcasmo.

— Não culpe a gente, agimos sem pensar. — responde louva-a-deus, pulando no ombro do primata.

— Deu para perceber... O que faremos agora?

— Espere um minuto, a onde está o mestre Shifu? — perguntou a amiga verde, depois de tossir.

Entreolharam-se por breves segundos, com a fisionomia desenhada em uma interrogação, a qual não teve resposta, pouco depois um forte rumor de vozes e passos em suas direções, lhe fizerem compreender que a melhor opção seria sair dali, e como se os soldados da rainha lessem suas mentes, minutos após avançaram. Dissipando a fumaça negra ao redor, tiveram a decepção: os mestres não se encontram mais ali.

Atrás de enormes alvos, cada um deles observa a movimentação dos felinos, Macaco comenta sobre o quais são inteligentes, devido alguns deles irem a lugares óbvios, Louva-a-deus sacudiu a cabeça afirmativamente e apoderou-se da fala do amigo com tal convicção, que ele não pôde deixar de rir.

Logo que se viram numa oportunidade, trataram de sair do esconderijo, na ocasião que o primata grita, pois esse sentiu uma pequena pata em seu ombro, trazendo a atenção de todos. Detrás deles, um filhote de tigre tem os olhos redondos e azuis fixando a eles, enquanto e, seus lábios, um sorriso tímido e singelo, equivalendo a estas palavras: “Não se preocupem”. E, toda aquela inocência silenciosa desconhecida dos mestres, por tal forma confunde e perturba que, no fim de alguns segundos desaparece, quando o garoto agarra a pata do primata, e no seu modo de olhar pede que o sigam.

O filhote, aparentando quatro anos de idade, os levou atrás de um dos quartéis de treinamento, onde abaixo da parede, e coberta pela lama e sujeira, um buraco médio está. O pequeno volta-se e, ordena que entrem, Song franze o lábio com nojo e, atirando ao grupo inteiro, por cima do ombro, um olhar de negação, afastando-se dizendo entre - dentes:

— Nem pense que irei aí, isso é esgoto.

O filhote a empurra para entrada, mas a leoparda nega-se, cansado de convencê-la, cruza os braços, e com o semblante indiferente, espera impacientemente que algum dos mestres dê o primeiro passo. Louva-a-deus pula no ombro do amigo primata, e assim ambos são os primeiros, em seguida Víbora, e virando-lhe as costas para a felina o tigre, e ainda que a mesma quisesse permanecer ali, vozes de soldados próximos a convence de sacrificar-se.

Uma vez reunidos, seguem a direção do filhote de tigre, em vez em tempo a leoparda das neves, reclama da sujeira e cheiro do lugar, recebendo a resposta que é um esgoto, sendo assim deveria ter essas características.

Passou por tudo isso, às cegas, sem ânimo de olhar para coisa alguma, se fizesse o que veria seriam fezes e ratos, e concluiu o seu julgamento franzindo os cantos da boca em um trejeito de repugnância.

— Tento salvar o mundo e ganho isso... — reclama, para qualquer um que a ouça.

— Acha que é só você? — questiona Víbora, a qual desliza sobre água de cor negra e asquerosa. — Precisarei de vários banhos para que esse cheiro saia do meu corpo.

— Vocês devem agradecer. — começa Louva-a-deus. — Se não fosse o baixinho ali, certamente iríamos ser capturados e levados para a louca da rainha.

— Fala isso porque não é você que está nadando em esgoto. — responde Macaco.

— E daí? Sinto que minhas narinas vão sagrar e minhas orbitas oculares saltaram a qualquer momento.

Teve uma expressão de resignado bom humor o tigre, e um espirro lhe escapa em seguida. A serpente preocupada com o filhote, indaga se ele está bem, um sim curto e rápido é a reposta dada por ele, mas a mestra verde não se contém apenas com isso, e pergunta:

— Qual é seu nome?

— Ju disse que não devo dizer meu nome há estranhos. — fala, mantendo a vista a frente.

— Ju é sua mãe?

— Ela é minha amiga. — pausa a voz e apressando antes de ser interrompido: — Mamãe e papai morreram.

Depós da revelação, não o questionou mais, percebera como sua voz saiu embargada com tristeza. Pensou como seria o pequeno tigre ter vivido sem o amor e carinho dos pais e, se tivesse a dor de não tê-los mais, provavelmente causara um ferimento em seu coraçãozinho.

Anda agora tão rapidamente que às vezes os mestres precisaram andar aos pulos para acompanhá-lo.

 Quando saíram do esgoto, limparam-se da melhor maneira que podiam; os olhos de cada um fixam defronte a uma casa simples, construída com madeira, com duas janelas e uma porta; com um gesto do pequeno tigre entraram, ali dentro observam o ambiente, algumas cadeiras espalhadas pela sala, um tapete bege cobrindo parcialmente o solo, uma lareira, portas para outros cômodos e, a cor marrom dando um aspecto escuro, como as folhas secas de outono.

Atenções dos mestres vão até a direção de uma leoparda, cujos olhos dourados possuem o escárnio predominante, e dali ao filhote de tigre; esse faz uma pequena caminhada defronte à adulta, e as duas figuras, entreolharam-se em silêncio, o olhar da felídea, ora terno, ora atrevidos, tão prontos ameaçam o pequeno.

— Ju procura você pirralho, está maior confusão aí fora, dizem que são invasores... — Desvia a mirada para os mestres. — Mas vejo que estes são eles, diga pirralho, você não teme a rainha? Quer ser morto? — sua voz insinuante e ligeiramente irônica causou arrepios em Macaco e Louva-a-deus.

Embora quisesse respondê-la, um baque na porta e um par de braços em volta de seu pescoço, o interrompeu; o tigre não replicou, mas pôs-se a desvencilhar dos abraços e beijos da fêmea, aborrecido com o insucesso, espera até que a mesma o deixe respirar, feito isso, a felídea, comas as patas em seus ombros, fala:

— Fiquei preocupada pequeno.

— Estou bem Ju.

Pousa a pata na testa do tigre e em seguida na bochecha.

— Estas com febre, falei para ficar em casa.

— Eu fui ajudar meus amigos.

— Que amigos?

Num gesto, a tigresa percebe os indivíduos, naturalmente com a intenção de levantar-se para indagá-los, mas em meio do caminho cambaleia e, quase desfalece nos braços do filhote, a outra, qual acompanha a cena, como os demais; ajuda-a segurando em seu braço.

— Viu que você fez pirralho.

— Não digas besteiras Meili. — Fica olhando primeiro para a face da amiga, e depois para o pequeno tigre. — Ela disse por mal pequeno.

°°°

Durante a luta que prosseguia o guerreiro preto e branco correu o mais rápido que conseguia, acertando socos e pontapés em alguns soldados que viam para atacá-lo, suas perninhas curtas não facilitam a corrida; sentindo grande ardência nos calcanhares, interrompe a batalha com um ou três felinos, a fim de recuperar o fôlego.

Invejava-se com a respiração curta observar o amigo Daisuki, uma inveja que produz admiração e respeito, o qual com a agilidade salta de telhado em telhado, derrubando arqueiros e paladinos, como gostaria de ter o porte físico do felídeo. Logo que se acha menos cansando, volve em torno os olhos, com a ameaça de uma fera agressiva, e avança a um leão; o irmão de Song, que está a paquerar uma bela tigresa, é chamado pelo mesmo, antes de ajudá-lo, beija o dorso da pata da dama e a elogia, com tal gesto o urso revira os olhos, questionando-se mentalmente por que não escolheu Daisuki como o parceiro de batalha.

O mestre, sem deixar de deferir golpes nos adversários, encaminha-se para um moinho e ia lançar-se sob, quando um soldado indo com uma lança toma-lhe a direção, desvia para o lado oposto, fazendo o individuo ir de encontro com a parede de tijolos com grande impacto, que fez um enorme fissura na região.

— Isso vai dar uma dor de cabeça. — comenta, com certa pena.

Desvia de três flechas lançadas à sua direção, pulando para o telhado de uma cabana de vassalo, derrubando várias telhas na face de tigres de bengala, golpeia repetidamente com chutes laterais e giratórios, tal concentrado está que não percebe um espadachim indo atacá-lo por trás, contudo Daisuki impede o possível golpe, o panda agradece, e ambos iniciam a batalha em conjunto.

No momento que Yoichi luta contra um paladino, tenta-lhe uma rasteira, todavia o outro com sua lança o impede, o leopardo das neves salta para trás, sentido a ponta agarrar-se no cinto de sua calça, agarra com as duas patas o objeto pontiagudo o lançado, junto com o soldado, para longe dali; vitorioso alegre-se pela façanha.

— Vocês viram isso? — questiona com o tom de voz elevado, em direção a Po e Daisuki.

— Sim. — respondem em uníssono, concentrados na batalha.

Embora quisesse glorificar-se mais, sua intimidade fica a mostra a despeito que sua calça caiu, as atenções de cada individuos fixam na região, inclusive o urso e o guepardo; de maneira constrangedora o panda e o felídeo após o olhar de incredulidade, afastam a vista.

— É daqueles sonhos malucos que vocês me visualizam nu? — pergunta e sobe a veste rapidamente.

— Não. — afirma os dois.

Dois soldados correm em direções contrarias até Po, o qual pula, causando a colidam dos felinos, toma impulso com pé sobre os corpos dos indivíduos, caindo em cima do ombro de um arqueiro, levando-o a sua queda, usa as duas nádegas de seu bumbum avantajado no pescoço do felino, o qual fica inconsciente.  Um sorriso curto desenha-se em seus lábios, e em seguida volve a postura de combate, acertando o nariz do jaguar defronte, num efeito dominó derruba os que viam por trás; abre um espaçaste jogando outros; entretanto a finalização mal sucedida o faz atravessar o telhado, quebrando inúmeras telhas. Daisuki cuja presenciou a cena corre para vê-lo.

— Eu acho que quebrei as costas... — reclama o guerreiro preto e branco, impulsionando as patas no solo a fim de levantar, ainda que tal posição o impeça de suceder ação, busca várias vezes a tentativa.

— Dragão guerreiro estas bem? Machucas-te algo? —indaga o guepardo, observando-o pela abertura do telhado.

— Deixando o fato de não sentir minhas costas, está mil maravilhas. — Rolando para o lado, apoiando as patas volve a postura normal com dificuldade. — Eu deveria calcular o que faço... Veja só quebrei uma de minhas garras, sabe quanto tempo demorei em deixá-la no tamanho ideal? Tipo assim de um tigre? — Leva o dedo indicador a boca para aliviar a dor da perda da garra.

Alheio ao redor, nota a presença de duas fêmeas na ocasião que levanta os olhos verde jade, elas o vêem com receio e incerteza; ele encolhe os ombros, a sorrir, escondendo o dedo ainda molhado com sua baba, o panda como de inocência, procura justificar o dedo na boca, as felinas preocupam mais pelo urso que caiu do telhado, do que pelo gesto bobo do mesmo. Pôs-se a sair da presença das damas, trombando em uma cadeira de madeira, logo depois em um vaso de flores, varre com os pés os cacos despedaçados para qualquer lado, estando junto à porta desculpa-se pelo inconveniente e saí. Yoichi aproxima-se de Daisuki, para ver o ocorrido, mas seus olhos concentram-se nas duas formosuras.

— Olá lindas vocês dariam a honra... — Antes que complete a frase o guepardo o puxa dali.

Animais correndo em direções distintas, as maiorias fêmeas e filhotes, o medo atingido a fisionomia de cada um; sente-se culpando, ainda que não fosse, quando nossa alma adquire a dor ou temor de alguém, é como se fosse o responsável. Caminha pela multidão, seu espírito inconstante não se fixa em um só ponto, de longe vê um filhote de leão, sentando e segurando uma manta azul, o ergue a seus braços, o leãozinho não hesita, está disposto aceitar a segurança de um estranho. Procura atentamente pela mãe da criança, todavia tigres avançam com velocidade a sua direção.

— Gosta de diversão leãozinho? — o averigua, com a voz terna e gentil. Ele balança a cabeça equivalendo a um “sim”. — Então se segura. — ergue o filhote na curva de seu ombro, e com uma das patas o segura, e corre antes que os soldados consigam se aproximar.

Daisuki utiliza a sua espada para golpear adversários, Yoichi que está alguns metros de distância do telhado, cujo guepardo está, pede qualquer arma que sirva para ajudá-lo, atendendo-o pega do cinto e joga-lhe, o felídeo com um sorriso que não lhe cabe a face em guarda o inimigo, recebendo um riso de chacota; franzindo a sobrancelha, percebe a arma que está: um bumerangue

— Daisuki! — reclama, voltando atenção para o outro.

— Desculpe-me!

Joga objeto com tédio, sem observar o trajeto percorrido, acertando em cheio vários felinos e voltando a sua pata no fim; fica impressionado com a façanha de um simples bumerangue; possuindo agora um sorriso malicioso aos soldados, cuja presenciaram tudo, engolem a própria saliva com receio, e correm logo depois, Yoichi joga-lhe a arma, acertando mais felinos.

O guerreiro panda esconde-se entre duas cabanas de servos, ainda com o filhote de leão no ombro, antes de sair do esconderijo certifica que não há tigres por perto, suspira aliviado abaixando o pequeno ao solo, sem ânimo de dar um passo em frente, coloca as patas nos joelhos, recobrando o ar gasto na corrida; os olhos pequeninos do leão conservam aquela expressão de divertimento que se fez presente em todo caminho: quando correu sobre os telhados das casas, pegou carona em carroças, cuja transportavam caixotes de verduras e legumes, inclusive comeu um rabanete; escapando pelas ruas movimentadas, atropelando de vez em tempo varais de roupas e felinos, etc.

Volve a ver o leãozinho, mas sua figura não se encontra defronte a ele, o procura, quando o vê nos braços de uma leoa, certamente a mãe do pequeno; um sorriso de satisfação e alegria não pôde ser escondido, a fêmea abraça e beija o filhote, como se agradecesse por ele estar ali, inteirinho, sem nenhum arranhão. Por conseguinte a adulta cessa o afeto, pois o leãozinho cochicha algo a seu ouvido, de repente seus olhos estão ao panda, cuja presencia a ação dela imóvel, conquanto ao sorriso nos lábios delicados da leoa, coça a cabeça, sua fisionomia encarregando-se de responder ao sorriso de agradecimento.

Logo que viu soldados procurando por ele, adentra ao breu daquele pequeno beco de duas casas, saindo na esquina de outras.

Não sabe quanto tempo corre e por onde, suas perninhas gordinhas quase falham inúmeras vezes, respira ofegante, questiona-se como venho parar em cima de uma enorme pedra, dispunha a continuar a fugir do exercito da rainha, mas um passo em falso o faz cair; escorrega no limo da rocha, só para estando com a face sobre o solo. Ergue-se cuspindo terra e grama, pôs-se após analisar o ambiente que está: um jardim bem cuidado; com árvores de pessegueiro e arbustos repletos de flores, encantando o lugar, dando o aspecto iluminado e vivo, visto que a lua ilumina vários cantos.

Tão admirado com a beleza do lugar, que cada passo dando não exigia concentração nenhuma, os únicos sons, cuja podia ouvir é o do seu andar esmagando algumas folhas secas e da sua respiração lenta e tranquila. Po começa a sentir que esta sendo observado e chega a girar rapidamente para ver se tem alguém ali, apenas vaga-lumes voam como se dançassem, lentos e suaves, deixando a suave brisa guiá-los. 

Enquanto seus olhos se ajustam à semi-escuridão, começa a perceber os detalhes escondidos, como pequenos chafarizes e casinhas para pássaros. Concentra-se no caminho. Enquanto rodeia as árvores, vê pela primeira vez uma figura, iluminada pela luz da lua, a qual parece se irradiar numa infinidade de lugares ao mesmo tempo, pensou que fosse um espírito, cerra os olhos minimamente, como se o gesto ajudasse a enxergar melhor, pôs-se a caminhar até o individuo, as sombras das árvores o acompanham no trajeto, sentindo-se arrebatado por inefável curiosidade.

A poucos metros da figura misteriosa, seus olhos surpreendem-se ao vê-la, uma bela tigresa, com um longo vestido negro, lembrou-se imediatamente da amada.

Defronte dela, daquele olhar ilustre e indiferente, o sorriso insinuante, o seu porte gracioso e robusto, e a cada passo que dispunha a se aproximar fez sobressair os seus encantos, os pequenos detalhes atrevidos que dizem respeito particularmente à sua pessoa.

E ali está ela, a pouca distância de sua face, queimando-o com ar quente de sua respiração.

— É um pulcro vê-lo, dragão guerreiro.


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Notas finais do capítulo

Suspense... Curiosos para saber o que vai acontecer entre o dragão guerreiro e a rainha? E mestre Shifu a onde ele está? Perguntinhas básicas para vocês bolar teorias, mais fácil para quem é “vidente”.
Obrigada por ler, até o próximo capitulo



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