Yin Yang escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 21
Escolhas do coração


Notas iniciais do capítulo

Aquele guepardo misterioso irá aparecer nesse capitulo, vamos ver o que ele irá causar...



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De todos os sentimentos que a mestra do estilo tigre, poderia estar sentido, no momento em que saiu daquela casa, o mais plausível era o de raiva.
Raiva por ter que aturar Song, raiva por ter ferido seu melhor amigo, raiva por está confusa... Não caberia em palavras o quanto odeia estar desse jeito, preferia nunca ter indo nessa missão, se pudesse voltar ao passado não desobedeceria ao Mestre Shifu, ficaria no Vale da Paz. Um breve instante, pensou nele, se sua insistência para ela permanecer tinha significado, se o panda vermelho sabia sobre o Vale da Sombras? Não, impossível, se não diria a ela.
Está cansada, quis sentar-se num tronco de árvore, por que na verdade não se importa de estar com fome, visto que há horas não come, contudo resolve treinar. É a única maneira de aliviar o estresse devido os acontecimentos.
Soca repetidamente o tronco de árvore, a noção do tempo é perdida, diria que estava ali por horas, pois o pôr do sol se fez presente. Suspira pesadamente, sentido cada músculo das patas contorcerem, respira levando o ar até as narinas, soltando-o pela boca, aperta os dois punhos, o sangue desliza, como um fio ao redor dos dedos, o ferimento que causou doeria se sentisse dor.
Suas orelhas se movem captando o som de passos, gira nos calcanhares, vê Elsuko segurando um pano branco e uma bacia média de água, ignora voltando a deferir socos, a velha cabra tem um sorriso lento, aproxima-se da felina, e com um gesto delicado pouca a pata ao ombro dela, sente-se a tensão de seu corpo. Relaxa os músculos logo depois e senta-se no solo, encosta a coluna no tronco e os joelhos no peito, rodeado com os braços, os olhos distintos e distantes, a senhora pôs-se a sua frente, uma expressão de resignado humor.
Coloca o pano e umedece-o na água, leva as patas da mestra, cuja estendeu. Em nenhum momento a mira nos olhos.
— Então você usa a dor para aliviar? — questiona, mas a felina não responde. — Você faz isso, como se estivesse em uma fortaleza, para proteger alguém.
— Ou para não causar dor. — acrescenta Tigresa. Os olhos têm aquela tristeza evidente.
— O medo de enfrentar suas emoções para não ferir ninguém, embora eficaz, sempre traz consequências, está privando-se do verdadeiro motivo.
— Do que está falando? — Levanta a vista a ela. — Só quero proteger quem eu amo, qual tipo de consequência poderia trazer?
— Mentir, esconder, não é proteger, são motivos para esconder a dor. Está fazendo isso.
— Não importa. — diz com certa irritação.
— Importa sim, peça perdão e deixe que seu perdão cure. Assuma os riscos da honestidade.
— Está referindo-se a Po não é mesmo? — pergunta de um breve silêncio. Sopra, nostálgica, o ar que respira, lembra-se do urso. — Acho que ser honesta causou tudo isso.
— Está sendo egoísta, construir uma muralha em volta de si mesma, a fim de tentar recusar o que sente pode feri-la, por isso mente, recusa a ferir-se.
O pano agora de cor velho é devolvido à recipiente, as patas da guerreira limpas, são visíveis os hematomas e arranhões. Tigresa afunda-se o rosto voltando à posição que estava antes, embora seja verdade, quer negar, já se feriu tantas fezes, não se importa se mais.
— Sei que o colar pode ter me unindo a ele, mas tenho medo de machucá-lo. — comenta com voz trêmula e cansada.
— Criança, é parte da vida, mesmo que invite, irá acontecer, o que deve fazer é deixar fluir.
— Eu posso... — Volta-se a ela, dessa vez forçando um sorriso. — Tentar...
Ela retribuiu o sorriso.
— Quer saber mais sobre seus pais? — questiona a senhora, ela afirma acenando com a cabeça timidamente. — Sua mãe era uma pessoa boa, amava o seu povo, sempre prezou por todos, jamais deixou alguém sozinho, sua honestidade, sua simplicidade e a gentileza eram suas maiores qualidades. Claro ela tinha defeitos, se isso é mesmos defeitos... — pausa a voz para continuar. — Teimosa, odiava vestir vestidos, preferia ficar correndo pela floresta subindo em árvores de vez em quando, sempre dizia. “Assim não sou mais uma da realeza”
— E sua aparência? Ela era bonita?
— Muito, seus olhos brilhavam como os raios do por do sol de tão laranjas que eram, é igualzinha a você. — ri brevemente devido os o olhar da felina, lembra o da antiga rainha. — Seu pai tinha olhos vermelhos, como o fogo.
— Acho que por isso dizem que meu olhar é âmbar rubi, por causa de meus pais. — Sorri, imaginando os dois.
— O rei era bem diferente dela, claro tinha o amor pelo reino, mas sua personalidade séria e de autoridade causava medo em alguns, principalmente em mim. — Essas últimas palavras saem em forma de sussurro. — Odiava quando algum menino aproximava-se de Mirume, a ponto de mandar enforcá-lo, mas nunca acontecia. — Ela lhe toma a pata, quando percebe o olhar triste da felina. — Ela não é melhor irmã do mundo, embora odeie você, jamais faria mal a seus pais.
— Como tem certeza? — pergunta, com sarcasmo no tom de voz.
A cabra desvia a mirada brevemente para a pata da mestra, nota a luz preta emanando na região, sorri e volta-se a ela, na qual tem a vista baixa.
— Está ficando tarde... Vocês devem ir logo, a noite é perigosa. — afirma.
— Certo... A senhora tem razão...
Ficando de pé, e antes de ir, a velha cabra acrescenta.
— Fale com ele.
Não reponde, apenas segue em direção a casa dela.
O guerreiro preto e branco, deitado no meio de várias almofadas, está com o olhar ao teto, o silêncio do ambiente é abafado pelas gargalhadas de seus amigos, esses ao fundo da casa jogando uma brincadeira, cujo Diego o ensinou minutos antes. Gostaria de estar com eles, ainda que fosse para observar, mas nem isso se fez disposto, a preguiça tomou conta de seu corpo, disfarçada ao cansaço e a tristeza. Mantém-se ali, naquela posição, qual propõe minutos de pensamentos. No momento em que a porta da entrada se abre, permanece na mesma posição, pois sente o cheiro dela, a única, cuja possuí o aroma de jasmim.
Os olhos são cerrados, a fim de não vê-la.
Está magoado, a ferida que ela causou não é a responsável, e sim suas palavras.
A guerreira teve um semblante incerto, em como começar a falar.
— Se venho dizer que temos que ir, iremos, só espere nossos amigos acabar de jogar. — diz ele, antes que a tigresa fêmea comece.
Suas palavras têm aquele tom de irritação e tristeza, sabe quando está ferido, é nítido. Observa sua figura, agora de lado, como se a convidasse a deitar, igual à noite passado na caverna. O sorriso curto não é escondido por sua parte, mesmo magoado, ele não deixa de ser fofo, ou melhor, o Po que conhece, o riso desfez dos lábios finos.
— Poderia levantar para falarmos. — pede, com um gesto cansado.
— Estou bem aqui, na verdade é bem macio, se quiser fale daí. — contra - bate com ironia.
Ela bufa irritada.
— Pare de gracinhas, quero conversar e você está agindo como uma criança. — afirma. E apressando-se antes de ser interrompida. — Agora me escute.
— Desculpe, mas não quero ouvir.
— Panda...
— O quê? Não disse o suficiente? Estou aceitando que não quer estar comigo por causa desse maldito colar, eu suporto isso, agora viveremos como antes: você sendo minha amiga e eu sendo o seu. — fala num tom impessoal.
Tigresa, que aquele momento mantém a calma, por uns segundos a mesma expressão até que finalmente, a irritação se desenha em seu rosto.
— Fique aí então. — balbucia, girando nos calcanhares para atravessar a porta. — O grande dragão guerreiro tem medo de conversar... — acrescenta com ironia.
O humor de Po claramente muda. Talvez para dissimular tal alteração, ele se levanta e a segue. Fez isso em silêncio. Depois de estar atrás da fisionomia da guerreira responde:
— Fale, o quer conversar? — a voz é doce, como sempre, ainda que para Tigresa tenha soado como uma ordem volta-se a ele.
Suspira antes de começar, a fim de tomar coragem.
— Desculpe pelo o que fiz em sua bochecha e por todo resto. — Enquanto a mistura de emoções ia e vinha, com a de amargura dando lugar à dor, uma nova onda de arrependimento começa a se misturar com a sua tristeza. — Eu estava com... — Não admitiria que estivesse com medo. — Confusa... Tudo que está acontecendo é muito para mim... Realmente desculpa-me, eu entendo se não quiser ser mais meu amigo, mas, por favor, não me olhe, como se eu fosse... — pausa a voz, não querendo completar a frase.
Po fica ali imóvel em silêncio com a incerteza invadida sua alma. Todas as perguntas sem respostas e os pensamentos dolorosos, afundam-se num poço de entendimento. No final sempre estaria ao lado dela, mesmo que ela o machucasse, fisicamente ou emocionalmente. Não é preciso um dicionário para entendê-la, apenas seu olhar o faz compreender.
— Sei o que está passando, me senti assim quando descobri sobre meus pais e tudo mais. — começa ele com a voz calma, transmitido seriedade. Ela mantém o olhar ao dele. — Seremos amigos então... — Ele sorri e ela retribui. — Por enquanto... — sussurra num tom confidencial, como se mais alguém escute.
Aproxima dela, dessa vez ela não recua, o urso estende a pata a felina, na qual aperta sem hesitar. Ambos não percebem a luz branca e negra que emanam de suas palmas, diferente dos outros contatos que tiveram, quando aconteciam flashbacks, nada, além disso, acontece.
— Sempre estarei aqui. — afirma ele. — Assim como nossos amigos... Não é pessoal? — questiona a eles, nos quais estão escondidos na quina da casa.
— Sim! — respondem em uníssono, causando certo riso nos dois mestres.
— Deveríamos ser mais silenciosos... — sugere Louva-a-deus, no ombro de Macaco.
— Ou talvez usar o modo “invisível” do Po. — acrescenta Macaco. — Certamente seria mais fácil para você Louva.
— Meu tamanho, não impede que Tigresa me veja, ela é tipo, sei lá, vidente.
— Ou esperta. — afirma Garça.
— Está supondo que eu não seja? — indaga o inseto, o mirando.
— Talvez, de todos nós ela é...
— Nem pense em completar Garçosa.
— Não me chame de Garçosa. — pede com irritação na voz.
— Então não me chame de burro.
— Ninguém lhe chamou de burro. — revira os olhos.
— Dizer que não sou esperto é a mesma coisa. — contra – bate irritado.
— Ambos estão agindo como crianças bobas. — comenta Víbora.
— Oh quem diz: a senhora certinha, afinal por que está espionando com a gente? — questiona o mestre verde.
— Não estou espionando... Só observo... — afirma com um sorriso curto nos lábios.
— Ah, é verdade? — Ele desvia a mira, fingindo surpresa.
— Ainda me pergunto o que estou fazendo aqui... — questiona-se Diego.
Ignorando a discussão dos mestres, ambos permanecem ali, parados, encarando-se, de repente a presença deles mesmos é constrangedora, como se acabassem de se conhecer. O urso tenta dizer algo, mas desiste.
O minuto de silêncio evapora-se, na ocasião em que uma bola azul escura bate atrás do calcanhar de Po, chamando sua atenção. Agacha-se para pegar o objeto, percebe dois olhinhos redondos de cor rosa, após ter o brinquedo nas patas, sorri, a fim de devolver para a dona, contudo, a leoparda recua para trás e corre em direção a Tigresa, ficando atrás de suas pernas. A mestra não reage, apenas tem um sorriso esboçado em seus lábios finos, a ação da pequena é doce, sabe quando uma criança tem receio de algo, afinal cuidou de uma. Anos atrás.
— Ei o que foi? Não sou tão feio assim... — Abaixa-se ficando a altura do filhote, essa se esconde mais. — Ela está com medo de mim? — pergunta diretamente para Tigresa.
— Acho que ela nunca viu um panda antes. — supõe
— Eu também nunca vi. — responde.
— Quer mesmo que eu responda? — questiona com a fala sarcástica.
Não fez questão de continuar a conversa, aproxima da criança, como se temesse que ela fugisse, estende a pata segurando o objeto redondo, espera que ela o pegue, após determinado tempo, o filhote timidamente dá alguns passos, e com rapidez agarra o brinquedo, depois volta ao “esconderijo” protetor, cujo são as pernas do tigre listrado. Tal ação é graciosa para ambos.
— Quer brincar comigo? — indaga o guerreiro preto e branco. Recebe um “sim” da pequena em seguida. — Você joga e eu pego, e depois eu jogo e você pega. — Ela confirma com a cabeça, indo até ele. — Vamos lá! Pode jogar Esmeralda.
Tigresa fica ali observando os dois, escuta as risadas e gargalhadas divertidas, e também as discussões de seus amigos. Decide sentar-se no momento em que considera necessário. Os olhos ainda fixados nas duas figuras. É na ocasião na qual relembra a conversa com Víbora; a ideia de ter filhotes não é ruim, nunca seria, considera filhos uma benção, porém se imaginar como mãe: amamentando, trocando fraudas, entre outras coisas, é impossível, não está sendo egoísta pensando no que perderia, e sim no filhote, visto que (a) acredita que seria uma péssima mãe (b) o medo de machucar ou fazer besteiras (c) a felicidade do filho, como o criaria num ambiente de kung fu e (d) quem seria o pai eleito, visto que ela e Po são de espécies diferentes.
De repente escuta a voz dele alertando, pisca algumas vezes antes de perceber a esfera redonda indo a sua direção, coloca as duas patas a frente da face por ato reflexo, cerrado as pupilas, sem sentir o impacto do brinquedo, pergunta-se o porquê, abre os olhos devagar, mantendo a mesma posição, as orbitas oculares se abrem como se fossem saltar, o objeto flutua rodeado por uma fina camada de energia azul.
— O quê? — assusta-se, fazendo o brinquedo cair ao solo. Levanta-se apressadamente, Po assim como Esmeralda chegam até ela. — Mais como eu...
— Ti, está tudo bem? — A mestra acena com a cabeça, ainda com o acontecido na mente. — Como fez isso? É algum golpe de kung fu? Se for me ensina.
— Eu acho... É o Chi de minha família, é a energia que Elsuko nos contou. — afirma, olhando para as próprias patas.
— Faz de novo, de novo! — pede a criança, dando alguns pulinhos de empolgação.
Teve um breve silêncio.
— Não conte a ninguém o que viu aqui. — ordena o tigre receoso, agradecendo por os outros não presenciarem a cena e nem o grito do amigo.
— Certo. — concorda.
***
Depois do acontecido, nenhum dos dois pronunciou quaisquer palavras sobre o assunto, ainda que por parte de Po quisesse saber mais sobre o Chi especial, como: se poderia aprender a voar, um dos grandes desejos de sua vida. Achou engraçado esse pensamento que se inclinou a rir por breves segundos. Um panda voador combatendo o mal...
Seguem andando numa estrada cheia de pedras e barro seco, a caminho da tal hospedeira que Elsuko comentou, anoiteceria em breve porquanto deverão ser mais apressados. Antes disso tinham se despedido dela, de seus filhos e de Esmeralda, essa fez birra para poder ir com eles.
— Eu quero ir também! — gritou o filhote de leoparda, entrelaçado os braçinhos ao pescoço de Po, enquanto seu pai tenta puxá-la a qualquer custo. — Eu quero ir com o “Afagos”. — pediu suplicando, usando o apelido carinhoso, cuja nomeou o panda. — Por favor! — encena um choro, fazendo os presentes ter dó, exceto Diego, esse conhece a própria filha.
— Filha o deixe ir. — suplicou a pantera cansada.
— Não! — gritou apegando-se mais ao urso, cujo sente ligeiro desconforto e falta de ar.
— Vamos ficar aqui olhando? — perguntou Garça a qualquer um que responda.
— Quer mesmo tentar tirar ela do agarre do Po? — indagou Macaco com sarcasmo.
— Acho que não. — respondeu, notando as pequenas garras de Esmeralda ficarem no pescoço do panda.
Tigresa permaneceu por instantes olhando e escutando a birra do filhote, de vez em tempo deu um ligeiro sorriso, notado apenas pela velha cabra.
Lembrou-se do tempo de criança no palácio de jade, não fazia birra, mas em compensação tinha uma teimosia que deixava os serventes do lugar de cabelo em pé, sua única diversão era com eles, ás vezes com Mestre Oogway, mas esse sempre estava ocupado, foi quando as brincadeiras deixaram de existir, para dar lugar à responsabilidade, ainda que não quisesse. Se fosse para conquistar o orgulho de Shifu deveria se tornar a sua imagem, igual a ele.

— Tigresa!
O grito de um dos zeladores do palácio de jade ecoou num tom de raiva e indignação, a pequena tigresa correu o mais veloz possível, cujo suas pernas podiam, enquanto uma risada alegre e divertida a acompanhava.
Mestre Shifu estava em missão em uma aldeia distante a fim de libertar os aldeões do mestre Cavalo, no qual distribuía sua ideologia e segregação.
Mestre Oogway não lhe dissera a aonde iria, mas certamente era importante.
Com isso ela ficou sozinha no enorme palácio, apenas com os empregados, embora não fosse sua melhor opção de distração, resolveu pregar peças em alguns, o último teve os pêlos pintando de azul.
Parou de correr ao trombar com alguém, fazendo-a cair sentada ao piso, abriu os olhos, passado a patinha sobre focinho sentido ligeira dor na região, assustou-se a notar o sujeito que impossibilitou sua passagem, rapidamente levantou-se ajeitando seu colete vermelho, e em seguida fazendo uma reverência.
— Desculpe, eu não queria esbarrar no senhor.
— Fica mais atenta a próxima vez. — ordenou o sujeito, de modo que suas palavras saíssem em tom sério.
Ela acenou com a cabeça, para depois levantar o queixo à altura do felino cinza, ele a assustava, talvez pelo seu tamanho e músculos, ou por causa de sua voz grossa e autoritária.
— Não irá se repetir. — disse timidamente.
— Sabe a onde está mestre Shifu? — perguntou o leopardo, relaxando os músculos.
— Sim, ele foi numa aldeia, não disse quando voltaria.
Dita essa frase, o individuo saiu de sua presença, ela esperou apenas alguns segundos após vê-lo sair do hall dos heróis e ao escutar novamente o grito da vítima de sua brincadeira, para recomeçar a correr.
Dias depois Shifu ordenou que parasse de pregar peças nos funcionários do palácio, embora tenha concordando em primeiro momento, os gansos continuarem a berrar com a jovem mestra.

Aproximou-se do urso lentamente, os presentes deram a atenção a ela, cuja com delicadeza tirou as patinhas de Esmeralda do pescoço do panda, na não qual não hesitou, esse livre do aperto dela esfregou as almofadas das patas na região dolorida, visivelmente arranhada pela as garras da pequena.
Permaneceu com o filhote aos braços, na qual se apoiava nos ombros da mestra, e com o olhar concentrado nos olhos âmbar rubi.
— Ei fique calma — começou Tigresa com a voz doce. — O Afagos vai voltar para visitá-la, assim como eu. — Usou o polegar para limpar uma lágrima na bochecha da leoparda. — Tudo bem? — questionou.
Seus olhinhos rosa antes redondo ficaram mais redondos, todos ali tiveram que conter o suspiro de tão fofa que estava; principalmente à mestra laranja. A Menina ponderou por breves segundos, mas concordou abraçado-a, Tigresa assustou-se, contudo retribuiu o gesto de carinho.
— Como ela conseguiu? — questionou Macaco ainda impactado.
— Sei lá cara — começou Louva-a-deus —, deve ser tipo coisa de felino.
— Ou instinto maternal. — acrescentou Víbora, com o olhar sonhador e um enorme sorriso, todos ali desviaram a mirada a ela.
Po ficou vendo com cuidado as duas, teve um sorriso e um ligeiro desconcerto, se a lógica da amiga serpente fosse certa Tigresa aflorou seu lado maternal, porém acreditou que fosse instinto, como nas vezes que protegeu filhotes ou cuidou de alguns, ainda que a mente negasse sua própria ideia, deixou vagar pelo pensamento de uma “Tigresa mãe”.
É bonito e gracioso ao mesmo tempo, imaginar ela com um filhote nos braços, amamentando, dando-lhe banho, ensinado kung fu... De repente questionou-se: como seria esse filho? Um panda e um tigre são espécies distantes, não é possível ter crias. Gostaria de não acreditar na realidade. Se tivesse realmente um futuro com a guerreira, jamais receberiam a benção de serem pais, poderia adotar, entretanto é diferente, quando uma mãe tem o bebê em sua barriga, sente-se parte dele, sim existe o amor nas duas situações, contudo...
— Se eu fosse um tigre... — sussurrou.
***
Quando chegaram à hospedaria foram atendidos por um senhor javali, o esposo da amiga de Elsuko, após breves explicações de Po, dando aquela pitada teatral, o octogenário ordenou a um dos empregados a mostrar as acomodações separadas.
A leoparda enrolada com uma toalha senta-se na beirada da cama, desenrola com cuidado a folha de bananeira em uma das patas, dentro um tipo de alimento feito de farinha de mandioca e raspas de coco. Com cuidado corta um pedaço e leva a altura do queixo, analisa e em seguida saboreia, é um gosto diferente, jamais experimentou algo parecido, resolve comer outro pedaço até não restar nada.
— Nunca pensei que tapioca fosse tão bom assim... — comenta suspirando, limpando os lábios com o dorso da pata.
No momento em que se vestiu, com uma camisola bege, deixada por uma das empregadas do lugar, senta-se novamente sobre a cama, as patas entrelaçadas ao colo e a vista concentrada a esse ponto. Pensa sobre o real motivo de estar com os mestres do palácio de jade, ainda que se arrependesse por trair a confiança deles, principalmente de Po, há um grande motivo, isso a fez ter coragem e prosseguir com o plano.
Levanta e caminha com passos largos até a porta, abrindo-a coloca a cabeça para fora do quarto, a fim de ver alguém, em seguida com silêncio anda pelos corredores, chega a uma enorme escada, na qual é a divisória de fêmeas e machos, atreve-se a subir.
Está agora a frente à porta de madeira do quarto de Po, suspira antes de dar duas batidas, de dentro escuta a voz do urso, com certa irritação.
— Eu não quero jogar Macaco!
Ela tem um meio sorriso.
— Sou eu, Po.
— Song é você? — questiona ele, a felina o responde com um “sim”. De maneira rápida pula da cama, nesse curto tempo seu pé enrola nos cobertores, fazendo-o cair ao chão. — Aí! Minha cara droga!
— Está tudo bem? — preocupa-se.
Não é preciso respondê-la, pois a estar a sua frente, lhe presenteia com um sorriso, mesmo sendo falso.
— Então o que foi?
— Podemos conversar alguns minutinhos? —pergunta com a voz baixa, como se mais alguém pudesse escutá-la.
— Oh sim claro, entre. — Abriu um pouco a porta, para a felídea passar, feito isso a fecha por de trás. — Sobre o que? É algum problema?
— Não, só preciso desabar com um amigo. — lhe dá um sorriso. — Você é meu amigo, não é?
— Claro, afinal foi eu que te dei um coração no formato do meu traseiro.
Ambos riem por breves segundos, depois se sentam sobre a cama, a leoparda das neves mantém a vista abaixada o tempo todo.
— Po... Se você gostasse muito de alguém, e esse estivesse em apuros, faria algo para ajudar, mesmo sendo errado?
Não foi a pergunta, mas a forma como ela a fez, que o incomodou.
— Bem... Se eu gostasse de alguém, não que eu goste, quer dizer, meu pai ou mestre Shifu, talvez, iria depender da situação.
Volta a vê-lo, o encara por segundos e começa com a voz pesada.
— Eu... — Abre boca para responder-lhe, mas não pode. Descobriu que se falasse diria mais do que deveria. — Obrigada, eu devo ir agora. — Dispunha a sair, porém é impedida por ele.
— Espera só isso? Você não veio apenas para uma pergunta? O que realmente está havendo?
Ela olha tentando dizer algo, mas seus olhos já diziam tudo
— Não é nada Po... Desculpe pelo incomodo.
— Eu sou seu amigo, pode me contar. — pede com preocupação desenhada na face.
***
Está deitada sobre a cama, com o olhar ao teto, cerra os olhos brutalmente, sentido os músculos relaxarem, devido à suavidade do colchão e os as cobertas macias, suspira aliviada, balançando a cauda vagarosamente, agradece por ter novamente uma cama para deita-se.
Como um baque na mente, lembra-se das palavras de Elsuko, leve alegria contorna o rosto, imagina a figura de sua mãe e pai, gostaria de acreditar que eles estejam vivos... Suspira derrotada.
De repente escuta a janela de seu quarto abrir-se, temendo ser um bandido, posiciona em modo de ataque, ao se aproximar, vê que é o mesmo que havia conversando na floresta, o guepardo misterioso. A surpresa é acompanhada de duvida, e por um momento não sabe o que dizer. Por cima de seu ombro pode ver que a escuridão se fez.
— Princesa... — Ele a reverência, pegando em sua pata e a beijado delicadamente. O gesto faz a mestra paralisar, rapidamente a retira. — É agradável vê-la novamente.
— O que faz aqui? — questiona com o tom de voz autoritário.
—Desculpe meus modos, vim vê-la, saber se está tudo bem. — sorri de canto, um sorriso encantador.
— Você é um estranho para mim, não me disse quem é, ou por que raio quer me proteger, se me conhece, de onde?
As palavras se congelaram na sua boca. Em seu lugar, um gemido de compreensão escapa enquanto começa avançar a ela, na qual retrocede.
— Posso me sentar? — aponta à direção da cama, Tigresa dá de ombros, como se não ligasse. Feito isso o felino espera alguns segundos antes de pronunciar quaisquer palavras. — A única coisa que milady pode saber é que eu era seu amigo, quando pequena.
Aquela confissão havia aturdido de tal maneira que não pode reagir, até que consegue articular.
— Meu amigo... Mas eu não me lembro de você, me diga tudo o que sabe. — pede com empolgação nítida, senta-se ao lado do felídeo, mantendo certa distância.
“Igualzinha a sua mãe...” — pensa, notando o brilho a mais no olhar da princesa.
— Meu nome é Daisuki, nasci e cresci no vale da sombra, meus pais eram empregados do palácio. — pausa a voz, lembrando-se dos pais, em seguida continua. — Após falecerem, fiquei com seus deveres, fazia de tudo um pouco.
— A onde eu entro nessa história?
— Eu cuidava da senhorita, eu era como seu protetor...
— Uma babá? — questiona, com sarcasmo.
— É uma “babá”. — ri levemente. — Éramos grandes amigos, adorava-lhe ensinar golpes de kung fu.
Nesse ponto se fez um silêncio, desvia a mirada dos olhos azuis do guepardo, a fim de manter o foco em seu relato, talvez acreditasse, pois ele lhe transmite seguridade e verdade, embora ainda tenha duvida.
— Vossa majestade quando pequena era esperta, mas arrumava tanta confusão... — a voz é doce, sorri de uma maneira que não havia feito até o momento. — Às vezes eu tinha que esconder suas artimanhas. — acrescenta.
Com a última palavra que pronuncia, Tigresa lembra-se do broche em formato de flor, cujo ele lhe deu. Pega do bolso da calça e o mostra.
— E isso o que é? — Os olhos daquele guepardo a contemplam de uma maneira especial. — Por que me olha assim?
Ele amplia o sorriso. Parece o sorriso de um “homem” bom: um sorriso franco, amável. Estende sua pata à sua direção, a guerreira parece titubear. Devolve-lhe o objeto por fim.
— Eu dei a sua irmã.
Não soube o que dizer em seguida, apenas detalha a flor com cuidado e delicadeza, uma simples rosa de metal prateado. A tristeza vem com as lembranças da amiga Harume, entrega à mestra laranja, essa pega com receio, nota a mudança de sua fisionomia, quis perguntar sobre a irmã, mas não o faz, conhece essa expressão de dor, entende que ele gostava dela. Ao guardar o broche deposita a pata ao seu ombro coberto por o tecido da capa, Daisuki a mira novamente, um ligeiro desconcerto e queimação sobre a região é imediato, acredita ser o poder do Chi real. Sorri de lado para assim levantar, Tigresa faz a mesma ação.
— Espera a onde vai?
— Devo ir... — Aproxima-se da janela a qual entrou.
— Conte-me mais antes. — pede.
— Eu não posso. — Está de costas para ela. Os olhos cerrados e os punhos levemente fechados. Gostaria de lhe dizer a verdade, de falar mais, embora ainda a fizesse matá-lo. — Quando tudo isso tiver acabado, talvez eu diga. — acrescenta colocando o capuz de cor azul marinho.
— Como assim... Ainda não me disse a razão de estar aqui, por quer me proteger. — Anda dois passos à frente. — Por favor...
Suspira, a voz dela vai a seus tímpanos em forma de suplica, se arrepende por breves instantes por estar ali, gira nos calcanhares, retorna os passos que fez ficando a poucos centímetros da guerreira, ela mantém o olhar ao dele, assim como o mesmo. Deposita um beijo em sua testa, fazendo-a espantar-se, mas não recuar, visto que sente extasiada pela ação.
— Seus pais teriam orgulho de você Harume. — afirma, ainda com as patas em seus ombros e o lábio a sua testa. — Nunca se esqueça disso. — acrescenta.
Ele já havia começado a sair pela janela com a vista sempre em direção ao chão. A líder dos cinco furiosos fica ali na mesma posição, da qual o vê, mil pensamentos se faz presente, quer impedi-lo, todavia é impossível devido o estado a qual se encontra.


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Notas finais do capítulo

A Esmeralda é o filhote mais fofo, eu a quero para mim... E Daisuki? Lindo e misterioso. Expirei-me em um personagem da Dreamworks, cujo duvido adivinharem. Tudo bem depois desse meu momento autora apaixonada por personagens. Vamos o que interessa.
Se alguns de vocês estão com ideias inapropriadas com Daisuki e Tigresa já podem tirar da mente, ambos são amigos e nada mais, embora o guepardo tenha relacionado com alguém próxima à mestra... Quem seria?...
Song colocará seu plano em ação, ou será apenas um momento carente dela com Po? O que vocês acham?
Um personagem forte e cinza... Seria ele do primeiro filme, cuja Tigresa lembrou-se quando pequena? Quem é?
Obrigada como sempre pelos comentários, até mais, beijos. Favorite ou recomende se você ama essa fanfic como sua irmã ama o Justin Bieber.