Yin Yang escrita por Beatrice Ricci


Capítulo 11
Dança


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoas amadas, antes de começar quero agradecer a: Frosty Girl e Larissa Castanho , obrigada por comentar suas fofas :)



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O amanhecer na hospedaria foi calmo, como o cantar dos pássaros, a maioria dos hospedes estão em salas de jantares separadas, desfrutando do café da manhã feito pelos cozinheiros do lugar. A variedade de alimentos é deleite aos olhos e aprazível ao estomago, como: macarrão cozido, pão com recheio, conhecido como Baozi, leite de soja, sucos naturais, ovos cozidos, pasteis fritos, e outros tipos de comida feita com farinha.
Para o júbilo dos quatros furiosos, e da dama dançarina, nos quais numa mesa redonda comem alguns desses alimentos, enquanto esperam Po e Tigresa.

— Os dois estão demorando. — comenta Víbora, com preocupação nítida na voz.

— Certamente estão cansados da viajem. — afirma Louva-a-deus, com a boca cheia de um grão de arroz, sendo ele pequeno, não tem necessidade de comer tanto.

— O Louva está certo, daqui a pouco eles estão aí. — concorda Macaco, levando a boca um bolinho de arroz. — Esse bolinho está divino. — acrescenta.

— Concordo. — fala Garça, ao seu lado esquerdo. — Se Po estivesse aqui não sobraria nada.
Todos acenam com a cabeça concordando, exceto Song, ao contrário da maioria, não está focado nos alimentos ou nas conversas aleatórias, seu semblante é sério, é de estranhar a leoparda das neves ter a fisionomia circunspecto, Víbora a única com juízo na mesa, diferente dos machos que a rodeia, percebe, entretanto não a questiona, sabe como a maioria dos felinos são, preferem guardar segredos e viver isolados, afinal vive com uma, a diferença entre a amiga Tigresa e felídea a sua frente, uma considera como irmã a outra apenas uma conhecida.

Os minutos seguintes são de risadas e piadas dos quatro machos, durante o tempo, a dona da hospedaria checa como estão, em sua ultima vinda a eles, a serpente notou o olhar que Song deu a ela, como se fosse cúmplice de algo, pensa por instantes, se a desconfiança da líder dos cincos furiosos é de fato excessiva ou com razão, poderia continuar com seus pensamentos, mas é interrompida pela voz do dragão guerreiro, cujo está com sorriso de orelha a orelha.

Desejando bom dia a todos, senta-se no meio de Víbora e Song, ao fazer a felídea pergunta o motivo de estar exultante, o urso a responde com: “Estou de bom humor.” Depois disso, não o questionou novamente.

Comendo alguns bolinhos, o panda mantém a mira no vácuo, sua mente obriga a reviver o momento, cujo teve com Tigresa, cada detalhe é lembrando com os mínimos detalhes, principalmente o beijo, foi apenas o roçar dos lábios, porém para sua mente é a porta para sonhos inadequados.

Piscou repetidamente ao escutar a melodia de uma flauta, segue o olhar a direção do som, vê um panda vermelho aparentando vinte anos, o responsável pelo tanger, suspira aliviado, os olhos continuam atentam a ele, pergunta para Víbora em um sussurro, o que está acontecendo, a serpente o responde em seguida:

— A senhora disse que teria demonstrações de dança.

— Dança?...

— Isso vai ser legal, mulheres... — comenta Macaco. O olhar sedutor feito por ele causa o revirar dos olhos das duas fêmeas.

A música inicia-se, com ajuda de outros instrumentos musicais, a primeira bailarina atravessa a porta, uma coelha branca de estatura média e vestida com Qipao rosa, sua boca é escondida por um leque com detalhes de flores douradas e pretas, as três seguintes idênticas a mesma, para Macaco a primeira a entrar o deslumbrou, apesar dos amigos falarem que todos são iguais.

A ultima a entrar deixa Song surpresa.
Distinta de todas as outras dançarinas, essa é uma leoparda das neves, com as mesmas vestes, com tudo chama atenção dos machos do lugar, incluindo Po, no qual não se encanta pela beleza da felídea e sim os olhos de safira familiares, aperta os olhos, como se o gesto o ajude a reconhecê-la, Song desvia a mirada ao amigo ao lado, deduz o que faz, rapidamente o puxa pela pata, causando estranheza a ele e os outros, com o sorriso, cujo transmite gáudio pede uma dança, atônito com o pedido, nega, ela insiste.

— Vai lá Po, é uma dança. — zomba Macaco, usando as patas para tampar o riso.

— Aposto que você é ótimo dançarino. — fala Louva-a-deus, com a mesma zombaria de Macaco.

— Não, eu não, sei dançar. ¬— afirma novamente.

— Não acredito que o dragão guerreiro tem medo de dançar. — diz com ironia, a leoparda.

— Eu não tenho medo, só não sei como dançar.

Com inquietação e apreensão, o panda rodeia com os olhos o local, certifica-se que ninguém observa a cena, a favor de sua aflição, miradas de diversos animais o faz de espetáculo, engole em seco, como se ele tivesse engolido uma pílula sem água, o corpo rígido assemelhando-se a postura de um soldado ao comandante, dançar realmente não sabia, apesar de ter arriscado algumas vezes a fazer meros passos, o estilo gracioso nunca foi seu estilo.

Song examina de vez em quando em silêncio a face do dragão guerreiro, nega acreditar nas palavras dele, possa ser que tenha razão, pois ela o viu dançar uma vez, entretanto é apenas uma distração. O puxa pelo braço sem deixar o sorriso largo, cujo oferece a ele, ambos tem atenção das dançarinas.

— Song, por favor, eu disse...

Antes que posso terminar a frase um xale rosa rodeia o seu pescoço, franze a testa, quando percebe o que sucede, suas bochechas esquentam, num vermelho intenso, com um gesto ousado por parte da amiga, segura o tecido nas pontas, o fazer descer e subir ao ritmo da melodia tocada, quase sexual, a amiga sorri como se prega uma peça em alguém, o fez girar no próprio eixo num puxão, deixando o xale cair em seguida no chão, atordoado pelo giro Po balança a cabeça e pisca repetidamente, ao ter a visão nítida Song baila com um leque, enquanto seu quadril movimentar-se de forma provocativa.

— O que faz? — pergunta temeroso.

— Eu danço, e você?

O circulo feito pelas dançarinas encurrala amiga e ele, o panda desvia a mirada algumas vezes com vergonha devido à atenção recebida por elas e os outros; morde o lábio por reflexo ao ter o rosto cerca ao de Song, ao fazer, a leoparda vira-se de costas, pega nas patas do urso, fazendo-o depositar na cintura, os olhos de Po se abrem assustado, Garça e Víbora tem as mandíbulas abertas completamente, devido a petulância da felídea com o amigo, Macaco e Louva-a-deus, surpresos cospem o suco, cujo tomavam.

— Gosta de Dançar Po? — questiona, de forma lenta.

— Eu-eu não sei.

Incomodado pelo gesto da colega, tenta afasta-se, mas é impedido, suas patas estão agora no ventre da felina, ela o provoca, pergunta a si próprio a razão de ter a boca seca e a fala bloqueada, não deve-se sentir assim, afinal é apenas uma dança.

— Ela está dançando com ele — começa Macaco — ou tentando acasalar?

— Macaco! — grita Víbora constrangida.

— Porque ele sempre consegue todas as garotas? —pergunta Louva-a-deus, o semblante emburrado. — Eu gostaria...

— Talvez a razão de ser pequeno e exigente faça diferença. — Acrescenta Garça, com ironia no tom de voz.

— O que você disse?

A resposta não é obtida, pois Víbora os silencia usando a calda, e antes que os dois reclamem, são interrompidos por Macaco, no qual chama a tenção deles para a felina na entrada do refeitório, neutra observando Po e Song dançar.

Com os olhos atentos na cena que sucede a sua frente, não consegue ter a imagem precisa das duas figuras, pois estão de costas, mas vê quando Song enrola a calda em uma das pernas de Po, passeia com os olhos pelo ambiente, nota a algazarra dos homens e mulheres, suspira e como se nada acontece, dá alguns passos para ir até seus amigos, nesse curto espaço de tempo uma das dançarinas a aborda, não faz questão de escutá-la, no momento em que está na mesa com os quatros furiosos, pega uma maça, em seguida a analisa, nega a olhar aos quatro.

— Vou treinar um pouco — fala, mordendo a maça. —, me visem quando estiverem prontos para partir. — termina, deixando-os logo depois.

Ela saiu da hospedaria com seu passo macio, sem ruído, uma andar discreto, sabe que não deve demonstrar frustração pelos acontecimentos anteriores, Song é como uma naja pronta para ter sua presa, se esse é o jogo dela, não irá cair, a outros assuntos em prioridade, como: a missão e nesse instante, o sonho que teve antes de deixar os braços de Morfeo.

Com a fruta no talo, joga em qualquer lugar, não fazendo a mínima importância, senta-se numa pedra próxima a uma arvore e que parece menos favorecida pela iluminação dos primeiros raios do sol. Em seguida, com gesto tranquilo, fecha os olhos para assim meditar.

As imagens do sonho fizeram presente, acusa-se por não conseguir concentrar-se, aperta a vista escurecida, como se isso ajude, não causa efeito, num baque abre a vista e grita irritada, amaldiçoa passando as patas pela face.

Relembra o sonho, sem ter outra opção, às vezes Oogway dizia que poderia ser acontecimentos do passado ou do futuro, a certeza de ser realmente real traz a dúvida na mente. Apóia os cotovelos nas coxas, faz esse gesto desde pequena, ao estar chateada ou frustrada, bufa com desagrado por fim.

Uma jovem tigresa aparentando cinco anos de idade está sentada em sua cama, as patas cruzadas sobre o colo, a vista de semblante triste a uma porta de metal. As lágrimas caíam tocando as bochechas, e prosseguia rodeado o queixo até o colo, ela tocou com as pontas dos dedos a face molhada, os soluços antes incontroláveis, agora banidos; baixou o olhar aos pés, esses balançavam lentamente, voltou à vista a porta, dando um pulo foi até ela, estreitou um dos olhos a fechadura, viu algumas crianças passando no corredor, deduziu que era hora do café da manhã, não tinha nada mais o que fazer, além de ver as duas ovelhas pequenas conversando, no tempo que durou.

Seguiu de volta a cama, mas antes que pudesse dar mais um passo, a porta abriu-se, voltou a mirada, desta vez a mulher responsável do orfanato, uma ovelha, com um movimento rápido coloca a refeição da criança sobre um banco de madeira, ao lado da porta, a deixa antes de pronunciar quaisquer palavras de “bom dia” ou “boa refeição”, apenas a ignorou, como se fosse um prisioneiro encarcerado, pode-se dizer.

— Bom dia. — disse a si mesma, para depois desfrutar da comida em silêncio.

Terminado deposita a bandeja com as migalhas de pão e bolo novamente no banco, sentou-se na cama, a janela de grades de ferro sua única distração no momento, durante esse tempo, agradou a contemplar o céu azul, sem nenhuma nuvem, certamente irá chover, deduziu, respirando com pesar, fechou os olhos, poucos segundos depois caiu no sono, com um dos cotovelos sustentando o peso da cabeça, impedindo que caísse, estava cansada, passou a noite chorando, devido a conversa que ouviu de um porco e um coelho, afirmando que ela era um monstro e ninguém a adotaria.

— Ei.

Acordou de súbito, esfregando os olhos, quando a vista tornou-se clara sorriu ao ter no gradil da janela o seu único amigo, um panda, de olhos enormes, verde cor de jade, arrastou-se pela cama, ficou em pé, tendo o equilíbrio, pousou ambas as patas nas duas grandes no centro da janela.

— O que faz aqui? Alguém irá vê-lo.

Ela entreabriu os lábios num sincero sorriso, suas palavras saíram em um sussurro.

— Prometi a você. — justificou-se.

— Seu pai sabe que está aqui? —perguntou ela, ignorando sua fala. A fisionomia se descontraiu. — Estará encrencado...

— Talvez — encolheu os ombros. —, mas isso não importa. — Abaixou a cabeça. E fixou o olhar na cesta a frente de seus pés. — Trouxe algo para você.

— O que é? — questionou, com empolgação.

— É uma cesta cheia de doces, frutas e bolinhos. — começou ele com energia. Vagou o olhar a amiga, como se nela buscasse as próximas palavras. — E um presente... — saiu em um sussurro. — Espero que goste, quer dizer, se não gostar pode dizer, fui eu mesmo que fiz...

— Tudo bem — interrompeu, estendendo a pata a altura do queixo do amigo. — Sei que vou gostar. Não se preocupe. — deu-lhe outro sorriso, nesse ele viu a verdade nas palavras ditas.

Ela apanhou as comidas enroladas em guardanapos, entre as grades da janela, pois a cesta não passaria por ali, por ultimo o presente do panda, cujo estendeu a pata com um pequeno embrulho, assemelhando-se a papel de arroz,e a entregou cuidadosamente.

Tendo-o, a felina abriu usando as pontas dos dedos, o medo de quebrá-lo se fez presente, ainda não controlava a força que tinha. Ela lançou-lhe um rápido olhar, desembrulhou e finalmente contemplou o tal presente.

Em sua pata direita, um cisne feito de madeira, do tamanho do seu dedo indicador, analisou com surpresa e deslumbramento, a peça não era uma obra prima, porém o fato de ser o primeiro presente a receber, fez seu coração aquecer, sorri, com a simplicidade do animal artesanalmente, não tinha acabamento, ou qualquer tintura, apenas dois pingos de tintas, sendo os olhos do cisne.

— O que acha? — Riu frouxamente, coçando a nuca. — Não tive tempo para terminar, tenho que ajudar meu pai na loja, quase não sobra tempo.

— É lindo... — respondeu, ainda com a mirada no presente.

— Obrigado, uma vez me disse, o cisne é o seu animal favorito.

— Você lembrou-se? — Voltou a vê-lo, desta vez encarando os olhos dele.

— Somos amigos, por que não lembraria? — Deu de ombros.

— Obrigada.

                                              ***

O panda agora sentado novamente com seus amigos, após a suposta dança com Song, cuja falou de ir ao banheiro para se lavar, devora os últimos bolinhos de sua tigela, nesse tempo os quatro furiosos cochichavam entre si e de vez em quando dava-lhe olhadelas a Po, mas como se ignora-se continuava a comer.

Limpa as patas viscosas em sua bermuda, dando por fim a refeição, Macaco aproveitando a oportunidade o questiona:

— Po, que tal achou dançar com Song? — Ri apertando os olhos com uma ponta de malícia.
Ele pensa antes de respondê-lo.

— Legal, ela dança bem. — Encara-o com inocência.

— Só isso?

Afirma acenando com a cabeça.

Os outros atentos a conversa, observando o semblante calmo e sincero do amigo.

— A Tigresa deve ter achando legal também. — afirma o primata, trazendo o seu olhar.

— Do que está falando?
Garça e Víbora trocaram miradas de receio, enquanto Louva-a-deus come, apesar de ser pequeno seu apetite dificilmente termina.

— Nada, só que ela viu vocês dois dançarem e saiu daqui para treinar.

Houve o silêncio por algum tempo entre eles, apenas a conversa dos outros animais.

— Eu vou falar com ela.

— Sobre? — questiona Garça.

— Nada de mais, só irei falar com ela sobre... A missão. — pausa a voz e prossegue em seguida. — Iremos ir e quero saber... Sei lá.

Com fim de suas palavras, levanta-se do assento, pega algumas ameixas, deixado a presença deles.

— Você tinha que fazer isso Macaco? — pergunta a serpente voltando-se para o primata.

— Não fiz nada errado. — defende-se, dando uma risadinha no final.


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Notas finais do capítulo

A treta está lançada, o que vai acontecer? Se vocês tem palpites me digam



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