Wolfhardt escrita por Lena Saunders


Capítulo 4
The Times They Are A-Changin




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/464792/chapter/4

O bastardo teve a capacidade de falar aquilo como se não fosse nada. Ele era filho dos Alphas. Eu não entendia quase nada de alcatéias, mas ficou bem claro pela expressão amedrontada dele que ele seria o próximo Alpha. Eu estava me segurando para não socá-lo ali mesmo. Quero dizer, não custa nada avisar esse tipo de coisa, não é?

Ele me olhou, apreensivo, e compreendi. Seus pais ainda não haviam dito nada. Estavam esperando uma demonstração de respeito. Uma prova de que não éramos apenas usurpadores. Pela expressão de sua mãe eu sabia que por ela não havia necessidade, mas eu não me importava.

Abaixei a cabeça rapidamente, imitando o gesto anterior de Aaron, e olhei para meus irmãos, esperando que eles fizessem o mesmo. A maioria o fez, mas Meghan ficou apenas com uma expressão confusa em seu rosto. Esperei que aquilo bastasse para eles, afinal, ela só tem 7 anos, mas eles continuaram imóveis. Isso seria muito mais difícil do que eu pensava.

– Meghan, querida, por favor demonstre seu respeito. - Eu disse, embora aquilo fosse bobagem para mim.

– Ele não quer a gente aqui. - Ela apontou para o pai de de Aaron. - Ele te odeia.

Me odeia. Não odeia que estejamos ali. Não odeia meus irmãos. Apenas eu. Com isso eu poderia lidar. Olhei para os pais de Aaron. Sua mãe parecia assustada e seu pai continuava indiferente.

– Meghan, nós fomos convidados para jantar e eles não nos prejudicarão. Demonstre respeito. Agora. - Eu disse, minha voz carregada de autoridade e força.

Ela moveu lentamente a cabeça, nunca quebrando o contato visual com William.

– Sinto muito. -Ela disse. Mas era possível ver em seus olhos que ela não sentia.

Aquilo causou uma mudança quase radical nos dois. William deu um pequeno sorriso, claramente aliviado, e Theresa aumentou ainda mais seu sorriso, acenando para que entrássemos.

– Não tem problema, pequenina. Vamos, entrem, vocês devem estar famintos. - Theresa não estava se esforçando para ser educada. Era óbvio que ela era assim naturalmente.

Ela nos guiou pela enorme mansão, que possuía belos quadros em todas as paredes. Passamos por várias portas, das quais era possível ver diferentes salas, com utilidades diversas. Em uma delas era possível ver várias pinturas, com jornal forrando o chão e algumas telas em branco no centro, enquanto outra, realmente enorme, tinha sua parede coberta por livros. Havia lindos tapetes por todos os cantos e maravilhosos lustres, delicados e não muito chamativos.

Caminhamos pelos corredores até chegarmos em uma enorme sala, comuma longa mesa de vidro, que parecia ter dezenas de cadeiras de encosto alto. No centro da mesa, preso no teto, um lustre lindo, repleto de gotas de cristal, que pareciam cair levemente sobre a mesa conforme a luz alternava entre uma e outra.

Nos sentamos nos lugares onde haviam pratos. William, como o patriarca da casa, se sentou na ponta da mesa, com a esposa do lado direito e o filho do lado esquerdo. Me sentei ao lado de Aaron, e Kylle ao lado de Theresa. Nossos irmãos e irmãs se sentaram um do lado do outro, na minha esquerda e na de Kylle.

Logo duas moças trouxeram bandejas douradas, muito brilhantes, e as colocaram sobre a mesa. Eu quase desmaiei. Havia peixe, bifes, costelas e até um porco inteiro, com uma maçã na boca. Não pude deixar de pensar que crianças normais ficariam horrorizadas com o porco inteiro daquele jeito, mas meus irmãos pareciam prestes a atacá-lo a qualquer momento.

– Podem se servir. - Anunciou Theresa. E logo meus irmãos estavam se deliciando com a carne. Havia arroz, salada e um pouco de massa, mas eu sabia que eles apreciavam muito mais a carne. Deveriam ter esperado os anfitriões começarem a refeição, mas os pais de Aaron pareceram não se importar. Pelo contrário. William deu um pequeno sorriso quando viu Edwin lutando para cortar um bife especialmente grande e Theresa parecia mais maravilhada do que minha própria família.

Comemos em um relativo silêncio, com comentários ocasionais, principalmente de Meghan, Theresa e Edwin. Quando todos já havíamos acabado, as mesmas duas moças que trouxeram as bandejas retiraram-nas e trouxeram outras. Repletas de bolos, pavês, tortas e até sorvete. Achei que Astryd fosse chorar de alegria.

Eles comeram até quase passar mal e haviam acabado de terminar quando Theresa perguntou se eles gostariam de ver um filme. Eles pareciam tão felizes, mas eu sabia que na verdade ela queria se livrar deles um pouco. Khyra foi com eles para uma enorme sala por onde havíamos passado quando entramos, e que mais parecia um cinema, com um projetor, poltronas confortáveis e uma pipoqueira no fundo. Uma das moças que servira a comida os acompanhou. Enquanto se afastavam ouvi Edwin perguntando porque eu e Kylle não íamos ver o filme.

Sentamos na primeira sala pela qual passamos, a que eu deduzi ser a que eles usavam para receber visitas. Os sofás eram elegantes assim como o tapete com desenhos de arabescos, e a lareira e as cortinas longas traziam um ar acolhedor para o ambiente.
Kylle, eu e Aaron nos sentamos em um sofá de frente para William e Theresa. Kylle ainda não havia dito uma única palavra desde que chegamos.

– Fico contente que tenham vindo hoje, Lunna. - Disse Theresa. - Aaron nos contou que vocês não sabem o que aconteceu com seus pais, querida, sinto muito.

– Tudo bem, já faz algum tempo. Aprendemos a viver sozinhos. - Eu disse, assustada com o súbito comentário sobre a minha família.

– Mesmo assim, deve ser difícil. Principalmente agora, com mais um lobo entre vocês. - William finalmente se manifestou.

– Kylle sabe se comportar, não é Kylle? - Ele concordou com a cabeça. - Embora agora vá ficar mais caro viajar todo mês. - Eu disse, me referindo à lua cheia.

– Ah sim, Aaron nos disse sobre isso também. - Havia alguma coisa que Aaron não tivesse dito? Olhei para ele com um olhar acusador e ele encolheu os ombros em um pedido silencioso de desculpas. - E é sobre isso que eu gostaria de falar.

Ela. Não eles. Por William eu já estaria à quilômetros de distância.

– Você não precisa viajar mais, querida. Se quiser, ficaríamos felizes em receber vocês dois na lua cheia. Não haveria problema algum. Podem ficar na floresta conosco.

Senti Aaron prendendo a respiração do meu lado. Ele também não esperava por aquilo.

– Eu sou muito grata pelo convite da senhora, mas não gostaríamos de incomodar. Além disso, minha irmã Khyra também vai se transformar logo e os senhores não teriam espaço nem paciência para três lobos extras. - Tentei ser simpática ao recusar, mas Theresa parecia estar magoada.

– Ah sim. Sua irmã albina, suponho? - Perguntou William, e eu temia o rumo daquela conversa. - Na verdade, você tem duas irmãs bastante peculiares eu diria.

– Duas, senhor?

– Sim. A menorzinha é bem interessante. Ela, de certa forma parece entender bastante sobre sentimentos. Passou grande parte do jantar dizendo como vocês e até mesmo nós estávamos nos sentindo.

Isso era exagero. Ela disse apenas umas três vezes, mas eu não iria contrariá-lo.

– Meghan tem esse poder, senhor. Ela sabe como as pessoas se sentem e ás vezes, pode até influenciar esses sentimentos.

Ele arqueou a sobrancelha.

– Esse poder, você diz? - Seus olhos brilharam. Eu já vira essa expressão antes, era a mesma que Kylle fazia quando tinha a presa garantida. Como se fosse o dono do mundo.

– Ãh... Sim. Não sei como vocês chamam esses poderes, mas esse é o dela. - Eu disse, um pouco na defensiva.

– "Esses poderes". - Ele estalou o pescoço. Não sei se foi consciente. -Isso me leva a deduzir que outros de seus irmãos também possuem dons incomuns.

– Claro senhor. Todo lobo tem, não é? - Sorri, tentando parecer mais agradável.

– Na verdade, Lunna, não. Apenas alguns lobos raros possuem dons. - Disse Theresa, com seu tom maternal.

Aquilo me surpreendeu verdadeiramente.

– Lunna, tenho uma proposta para você. - William parecia animado com essa proposta. Praticamente outro homem. - Eu suponho que não seja fácil criar, sozinha, sete crianças...

Kylle rosnou.

– Me perdoe. Cinco crianças e dois adolescentes, se contarmos com... Khyra. - Assenti confirmando o nome de me irmã. - Nós te recebemos para saber se você representava algum risco para nós, e eu sinceramente acredito que não. Dessa forma, você pode ficar na cidade pelo tempo que quiser, contanto que mantenha o segredo da licantropia.

Eu assenti sorrindo, era aquilo que eu queria, sua permissão.

– Mas, acredito que você deva estar cansada de morar em um trailer. - O que Aaron não havia dito aos pais? - Por isso, quero convidar você, juntamente com seus irmãos, a morar conosco por um tempo.

Theresa soltou um som que poderia ser um gritinho de felicidade. Eu e Kylle nos levantamos, prontos para pegar nossos irmãos e irmos embora. Esse tipo de coisa geralmente era seguido de um contrato, suborno ou correntes.

– Ah não. Não se preocupe - William acenou com a mão. Nos sentamos novamente. - Não os forçaremos a ficar, se esse não for o seu desejo. Mas pense em como seria. É uma casa ridiculamente grande. Eles teriam banquetes todas as noites e nós poderíamos ensinar todos vocês. Compraríamos roupas e o que fosse necessário. - Seria o suborno, então. - Um dos seus irmãos desenhou durante o jantar, compraríamos material de arte para ele. Bonecas para a menorzinha, carrinhos para aquele garotinho menor. Nós podemos cuidar de vocês. E poderiam partir quando quisessem.

Pensei sobre aquilo. Estava óbvio que ele tentava me comprar. Se ele conseguisse minha confiança, ganharia de graça um lobo e seis futuros lobos. Mas sua oferta era tão tentadora. E minha loba sabia que eram confiáveis. Mas nada é de graça.

– É muito generoso, senhor. Mas não sou boba. Sei que tudo tem um preço. Qual seria o seu?

Ele deu uma risada sonora, apoiando a mão no sofá com tranqüilidade, como se dissesse: Eu sei o que estou fazendo, vê como estou à vontade? Ao nosso redor, todos estavam em um completo silêncio. Theresa segurava a mão do marido e Aaron parecia prestes a desmaiar.

– Você é muito inteligente garota. Você diz que seus irmãos têm dons. Imagino que você também. Ao contrário do que pensa, dons são relativamente raros. Seus irmãos crescerão e, se um dia você quiser ir embora, estará livre para fazer isso, assim como eles. Entretanto, até lá, vocês pertencerão a minha alcatéia. Não vou exibi-los por ai, se esse é o se medo. Mas sua família aumentaria a reputação da alcatéia de uma forma que até hoje eu apenas sonhava. Trarão novos membros e, talvez, possam até ficar conosco, se for seu desejo.

– Apenas isso? Nenhuma outra condição? - Perguntei, ainda um pouco desconfiada.

– Nós devemos ajudar os da nossa espécie. - Disse Theresa. - Além disso, o que ele não está dizendo é que se ficar aqui será mais fácil garantir que não arrumem problemas.

Esse parecia um motivo infinitamente melhor. Olhei para Kylle, tentando descobrir sua opinião sobre isso. Seus olhos brilhavam. Ele já teria aceitado por ele, estava apenas esperando a minha resposta. Aaron parecia ansioso, ficava mexendo nas mãos e repentinamente ficou muito interessado no tapete.

– Preciso falar com minha família. Com sua licença. - Me levantei novamente e vi Kylle me acompanhando.

Fomos até a sala onde nossos irmãos estavam e fechamos a porta, mantendo a família de Aaron para fora da sala. Suas reações foram variadas quando perguntei se gostariam de morar ali. Astryd me garantiu que aparentemente tudo ficaria bem. Meghan, Edwin e Maeve pareciam prestes a chorar de alegria, enquanto Khyra e Scott se mantiveram quase quietos, com enormes sorrisos. Estava decidido.

Abri a porta e encontrei William, Theresa e Aaron.

– Acho que isso significa que ficaremos. - Eu disse, e Thresa esticou os braços, me abraçando. Foi uma sensação bastante estranha, mas reconfortante. Meus irmãos comemoraram e se espalharam pela sala.

Aaron sorriu docemente e William parecia orgulho de si mesmo por ter me convencido.

– Bem, acho que vocês devem se conhecer melhor, não é? - Eu disse, começando as apresentações oficiais. - Eu e Kylle somos os únicos lobos, com 16 e 14 anos, respectivamente. Depois há Khyra, com 13 anos e Scott, que tem 11. - Apontei para eles. - As gemêas Maeve e Astryd têm 10 e são seguidas por Edwin, que possui 8 anos, e, por fim, há a pequena Meghan, com 7 aninhos.

Olhei para meus novos Alphas, esperando suas reações. Theresa estava a ponto de chorar. Se de tristeza ou alegria, eu não sei. William parecia concentrado em Scott, que estava sentado no chão desenhando.

– Ele realmente gosta de desenhar, não é? - Ele perguntou.

– É o dom dele. - Expliquei. Vi suas expressões confusas e continuei. - Ele desenha cenas do passado, presente e futuro com perfeição. O único problema é que quase nunca sabemos em qual tempo elas ocorrem.

Olhei para seu desenho atual. Era Kylle, no meio da transformação. As arvores, os músculos, cada detalhe idêntico à realidade. Mas ele nem estava lá. Ele levantou uma folha, me mostrando. Éramos nós, na outra sala, conversando à alguns minutos. Esse era o desenho no qual ele estava trabalhando no muro da escola.

– Então ele prevê o futuro? - Perguntou Aaron, curioso.

– Ah não. Isso quem faz são as gemêas.

Todos olharam para as duas, no canto da sala, discutindo. Como de costume.

– Elas não parecem se entender muito bem. - Disse Theresa com a voz preocupada.

– Elas têm dificuldades para compreender o ponto de vista uma da outra.

Nesse momento, Astryd parou, inspirou fundo e seus olhos se tornaram brancos, escondendo íris e pupila. Levou alguns segundos até ela voltar ao normal. Seu corpo ficou mole e ela despencou.

– Astryd! - Eu praticamente gritei. Corri até ela enquanto os outros se afastavam. Segurei-a no colo. - Khyra, pegue água. Astryd, eu estou aqui. Respire.

Mas eu sabia que ela não podia me ouvir.

– O que está acontecendo? - Perguntou Theresa, com interesse e preocupação genuínos.

– Ela teve uma visão. Normalmente não são tão fortes assim.

Khyra chegou com um copo de água e eu o ofereci para Astryd, que tinha recuperado a consciência. Ela bebeu desesperadamente.

– Está tudo bem, querida.

– Eu sinto muito. - Ela olhou para Theresa e tremeu um pouco, como se estivesse com frio. - Melhor atender.

Os três moradores da casa a olharam como se ela tivesse enlouquecido e o telefone começou a tocar. Estavam claramente surpresos. Theresa se afastou para atender, enquanto eu continuava acalmando Astryd. Quando Theresa retornou, seu rosto estava pálido.

– Will. - Ela disse. - Emma está morta. A alcatéia está retornando.

– Como ela morreu? - Perguntou Aaron, falhando miseravelmente em esconder sua dor.

– Fo.. Foi um acidente de carro. Um cami... caminhão cruzou a preferencial. Tanto sangue. Tanto sangue. - Foi Astryd quem respondeu. Theresa ficou imóvel olhando para minha irmã. De Astryd ela olhou para Maeve, e depois para o marido.

– Astryd vê todas as coisas ruins e Maeve, - Apontei para a outra gêmea.- as boas. - Expliquei. - Ela precisa dormir agora, podem me ceder um sofá?

Eles olharam de uma gêmea para a outra, tentando entender se eu não as estava confundindo. Eu não os culpava. Astryd tinha os cabelos negros e os olhos azuis agradáveis, se vestia como uma boneca e sorria sempre. Já Maeve era loira com olhos acinzentados tempestuosos e acessórios pretos. Ela tinha uma argola na sobrancelha e outra no nariz. Ela mesma se furara. A garota estava sempre com o humor ácido.

– Venham, vou levá-los para seus quartos temporários. - Theresa despertou de seu transe e andou em direção a escada, esperando que a seguíssemos.

Eu estava prestes a negar e dizer que voltaríamos amanhã com nossas coisas, mas não poderia arrastar Astryd até o trailer nessas condições, e já estava bem tarde. Levantei com minha irmã no colo e segui nossa anfitriã.

Scott, Edwin e Kylle ficaram em um quarto, Khyra e Maeve, em outro.
Eu não podia deixar Astryd sem supervisão no momento, e Megan se recusou a ficar longe de mim, então acabamos as três no mesmo quarto.

Theresa disse que amanhã nos organizaríamos melhor e buscaríamos nossas coisas. Ela nos trouxe toalhas para o banho e nos desejou uma boa noite. Hoje, dormiríamos em camas confortáveis e não em colchões no chão duro.

Verifiquei se todos estavam limpos, bem e na cama, e caminhei até a sacada do "meu quarto". Me sentei, encostada na parede, enquanto apreciava a brisa fresca e as estrelas que estavam espetaculares naquela noite. Ouvi um barulho vindo do lado esquerdo e, do nada, Aaron estava na minha sacada. Ele se sentou do meu lado.

– Oi Lunnie. - Ele sussurrava. - Você está bem? - Assenti. - Aconteceu tudo tão rápido. Ontem não nos conhecíamos e hoje moramos juntos. Suponho que amanhã eu deva te pedir em casamento?

Eu ri baixinho da sua piada.

– Eu sei. - sussurrei como ele. - Mas meus irmãos estão limpos, alimentados e em camas confortáveis. Não posso reclamar.

A brisa ficou mais forte e dei uma leve tremida. Ele cordialmente me ofereceu seu casaco, mas eu aleguei que ele ficaria com frio e que seria melhor se eu entrasse. Ele discordou e me abraçou, me mantendo aquecida.

– Então... Amanhã deveríamos ir comprar alguns materiais para o baile. Você tem alguma idéia para um tema? - Ele tentou puxar assunto.

– Na verdade, eu acabo de pensar em "Noite Estrelada." - Eu disse, com a voz já sonolenta.

– Como o quadro? - Ele fez uma careta.

– Não. Como isso. - Apontei para o céu, cheio de estrelas prateadas.

– É uma ótima idéia. Podemos usar pequenas luzes para imitar as estrelas e variar a decoração entre tons de prata, preto e azul. Eu também andei pensando e acho que poderíamos fazer um baile de mascaras, para mudar um pouco as coisas.

– Poderíamos? - Eu adorei a idéia.

– Claro! O baile é nosso. Podemos fazer praticamente tudo.

– Isso seria tão incrível!

– Eu sei. Eu nunca fui à um baile antes, mas, se preciso organizar esse, quero que seja o melhor.

Continuamos conversando por muito tempo, discutindo sobre enfeites e até sobre a cor do vestido dele. Eu disse que rosa era, sem duvidas, a cor perfeita para ele e que destacaria seus olhos. Rimos bastante e eu não me lembro de ter ido para a cama ou de ter dormido.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!