Wolfhardt escrita por Lena Saunders


Capítulo 2
Radioactive




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Eu estava correndo, mais rápido do que jamais achei possível, procurando qualquer vestígio do meu irmão idiota. Minhas pernas doíam e conseguia sentir meu pulmão ardendo com a exaustão. Ele poderia estar em qualquer lugar.

– O que você esta fazendo? - Aaron perguntou, me alcançando.

– O que você acha? Uma corrida noturna. – Respondi, virando os olhos.

– Não foi o que eu quis dizer. Vire um lobo. Vamos ser muito mais rápidos assim. - E, com essas palavras, ele pulou, se transformando no ar. Exibido.

– Melhor não. - Respondi - Vá por ali. - Apontei para esquerda e ele abaixou a cabeça, como se tivesse entendido. - Se encontrá-lo, não se aproxime, apenas volte e me chame. Ele deve estar assustado, não te conhece e não sabe que você é como nós.

Nos separamos e eu continuei correndo, procurando o rastro de Kylle. Por ele ter saído de casa a algum tempo eu não estava conseguindo farejá-lo. E então eu ouvi. Um uivo triste, dolorido, de cortar o coração. Meu irmão. Virei-me para a esquerda, e continuei correndo. Porque é isso que eu faço, é nisso que sou boa. Correr.

E ali estava o cheiro dele. Mas algo estava estranho, como se seu cheiro estivesse errado. Demorei a perceber o que era. Merda. Merda. Merda. Aaron tinha encontrado-o antes, e, obviamente, ignorado minha advertência. O cheiro dos dois se misturava e seguia por mais alguns metros. Quando os vi, quase chorei de alegria. Até Prestar mais atenção à cena.

Kylle estava caído de quatro, ofegando e tentando se levantar. Eu sabia que ele não conseguiria. Espasmos o atingiam de vez em quando. Ele suava frio e parecia mais vermelho do que o normal. Suas mãos e pescoço já mostravam os sinais da transformação, suas veias proeminentes e pelos surgindo aqui e ali. Até ali ele agüentava. Mesmo antes de se transformar ele, como todos os meus outros irmãos faziam isso.

Ele rosnava para Aaron, que, ainda na forma de lobo, parecia um pouco calmo demais para o meu gosto. Aaron saltitou até meu lado, sua calda balançando, e me encarou, seus olhos dourados quase brilhando de orgulho. Como se dissesse: "Viu? Eu achei primeiro". Ele se transformou de novo, e o capuz ainda cobria seu rosto, como o meu. Mais tarde, perguntaria à ele se esconder o rosto era algo que todos nós fazíamos.

Me aproximei de Kylle que parecia repentinamente assustado por eu não ter atacado o "lobisomem estranho". O cheiro do suor, misturado com vomito me atingiu, minha garganta se contraindo por reflexo.

– Kylle, olhe para mim. - Puxei seu rosto com cuidado na minha direção, para que ele parasse de olhar para o outro garoto. - Está tudo bem. Ele é um amigo. Se acalme e pode se concentrar na transformação. Eu estou aqui e vai dar tudo certo, eu juro.

Ele pareceu relaxar um pouco, mas logo outro espasmo o fez uivar.

– Respire. Eu estou aqui. Esta tudo bem. Você esta se saindo bem. - Eu continuava repetindo e agradecendo mentalmente a Aaron por ter ficado longe e nos dado alguma privacidade.

Meu irmão tremeu, as veias dos braços se dilatando enquanto suas costas se arqueavam, os braços se esticavam, os dedos pálidos cavando o solo. Um calafrio, cortado por um gemido de dor.

A cabeça dele caiu. Outro gemido, esse acabando com um som mais agudo, quase como um uivo. Os músculos dos braços dobrando-se enquanto ele agarrava o chão novamente. Seus braços se encheram de pêlos curtos, que sumiram rapidamente.

Suas costas arquearam, esticando-se tanto que eu conseguia ver a linha rígida de sua espinha, os músculos serpenteando e ondulando. Então ele cedeu, suas respirações arfantes tão barulhentas quanto folhas farfalhantes. Seus dedos estavam longos e retorcidos como garras, afundando na terra enquanto seus membros se esticavam até o limite, os ossos estalando.

Repentinamente ele parou. Os tremores diminuindo e os músculos relaxando. Mas não estava acabado. Não estaria até ele ser um lobo.

As costas dele se elevaram, seu corpo balançou e ele deixou escapar um grito abafado. Ele conseguiu arfar rápido duas vezes antes das convulsões voltarem. Seus braços e pernas ficaram rígidos. Suas costas se curvaram em uma forma fora do normal, a coluna se salientando. Sua cabeça caiu para frente; a pele ondulou e as costas se curvaram ainda mais. Um choro longo borbulhou por sua garganta.

Sua cabeça se levantou e por um segundo seus olhos encontraram os meus, arregalados e se revirando com a dor.

– Isso é normal. Está quase no fim.

Os dedos dele se afundaram na terra molhada, as pontas desaparecendo, as costas das mãos mudando, tendões se salientando, pulsos ficando grossos. Pêlos começaram a surgir e vi seu nariz se alongar, tomando a forma de um focinho, mas logo tudo voltou lentamente ao normal. Agora aquilo parecia errado.

Ele estava impedindo a transformação conscientemente.

– Kylle! - Ele me ignorava, rosnando de frustração. - Kylle! Olhe para mim! - Puxei seu rosto novamente. - Você precisa parar de lutar. Apenas respire fundo e liberte o lobo.

Ele abaixou a cabeça, respirando. Uma vez. Duas vezes. Três vezes. Um uivo agonizado preencheu meus ouvidos e seus ossos se esticaram, os pelos apareceram, as garras se afundando na terra e a cauda aparecendo. Eu admito, a primeira transformação era algo bizarro. Nosso corpo nunca tinha passado por isso antes e demorava para acontecer, além de ser dolorosa.

– Está tudo bem Kylle. Acabou. Você é um lobo. - Assim que acabei de falar ele se acalmou, ainda ofegante. Ele uivou em comemoração e abanou a calda e correndo em círculos ao meu redor.

– Kylle, depois conversaremos sobre a sua irresponsabilidade, ouviu? - Ele abaixou as orelhas, como se estivesse envergonhado. - Esse é Aaron. Ele é como nós, e é um amigo. Eu acho.

Como se fosse sua deixa, Aaron abaixou e se transformou, correndo ao lado do meu irmão. Eu os deixei correr e brincar como filhotes por alguns minutos, antes de anunciar que precisávamos ir.

Agora que era um lobo, seria mais fácil para Kylle voltar ao normal. Mas ele só deveria fazer isso quando chagássemos no trailer. Eu estava prestes a dizer isso quando ele fechou os olhos e respirou fundo, seus ossos se ajustando a forma humana e os pelos desaparecendo.

Assim que voltou a forma humana ele tombou lateralmente, caindo de exaustão. É claro.

Ele ficaria desacordado nas próximas horas. Eu e Aaron carregávamos seu corpo de volta para o trailer. Carregar um garoto pesado e nu levou mais tempo do que eu pensava que levaria. Ele ainda estava febril.

No meio do caminho Aaron fez um ruído estranho, que demorei para reconhecer como uma risada rouca.

– O que foi? - Perguntei enquanto tentava equilibrar os ombros de Kylle.

– Eu estou apenas me lembrando da minha primeira transformação. Demorei mais do que ele e meus pais ficaram uivando e correndo ao meu redor, tentando me apoiar. Depois, nós apenas brincamos a noite toda. Foi uma das melhores noites no fim das contas.

– Aposto que sim. - Respondi, um pouco triste por não ter tido a mesma experiência.

– E a sua, como foi? - Havia uma pontada de animação em sua voz.

– Nada muito memorável. - Tentei encerrar o assunto.

– Vamos, pode me contar. Não vou rir se você disser que acordou em um galinheiro. Já aconteceu com algumas pessoas que conheço.

– A minha foi... Diferente. Foi durante a lua cheia.

Ele parou de repente.

– Você sabe, não tem graça brincar com esse tipo de coisa. - Ele parecia quase... Ofendido. Voltamos a caminhar.

– Que tipo de coisa? Eu estou falando serio. Eu nem sabia o que estava acontecendo. Eu fiquei lutando contra aquilo durante horas. - Tremi com a lembrança. - No fim, acabei vencida pela exaustão. Acho que não preciso dizer que fiquei contente quando descobri que como lobo eu tinha energia para pelo menos voltar para casa.

– Lunna... – Estremeci. Era a primeira vez que ele dizia meu nome. Soava diferente vindo dele, quase como se fosse uma palavra agradável. - Perdoe-me a ignorância... Mas como você poderia não saber? É praticamente a primeira coisa que aprendemos em nossas vidas. Como o fato de que sol aparece todos os dias e que precisamos respirar para viver.

– Eu sabia que era diferente das outras crianças, mas meus pais nunca me disseram nada. Sempre achei que era só... Esquisita. - Disse, pensando em como meus pais me ensinavam em casa, e não me deixavam frequentar a escola.

– Como assim? Alias, porque eles não te ajudaram na primeira noite? Era o mínimo a ser feito. - Eu concordava.

– Eles sumiram antes.

– Perdão?

– Quando eu tinha doze anos, eles simplesmente nos abandonam. Me transformei alguns dias depois.

– O que?! - Ele parou. Estávamos exaustos. - Eles simplesmente te largaram com vinte irmãos?!

– Vamos parar um pouco. - Colocamos Kylle no chão e nos sentamos um pouco afastados, para não incomodá-lo. - São apenas sete, não vinte. Mas sim, eles sumiram.

O local onde nos sentamos era agradável, mesmo de noite era possível ver as pequenas flores que cresciam por ali. Alguns vaga-lumes voavam por perto, e, devido ao meu olfato, eu sabia que tínhamos assustado um coelho. A grama era macia e havia uma enorme arvore, que não consegui identificar, e nos encostamos nela. No fundo, eu estava me sentindo em algum cenário de livro, como no país das maravilhas.

– Então você passa as noites de lua cheia sozinha? E como consegue dinheiro, comida... – A voz de Aaron me tirou de meus devaneios, cortando toda a minha concentração.

– Não. Passo com os meus adoráveis irmãos. Minha família. E eu caço. As pessoas pagam por carne e peles, você sabe.

– Como um lobo? Você não tem medo de dar alguma coisa errada? Eu me lembro que meus pais me levavam com eles na lua cheia quando eu era menor, mas eles eram dois e eu apenas um. Eles conseguiriam me manter fora de problemas.

– Eu não me transformei mais.

– O que?! - Ele parecia chocado.

– É mais seguro assim. Nós estamos sempre em movimento, andando pelo mundo. Então eu nunca fico em um lugar na lua cheia.

– Mas... Por quê?

– Porque é perigoso! Não posso correr o risco de ser pega por um caçador ou qualquer coisa assim! Eu sou a única coisa que eles têm! - Eu estava gritando. Tocar nesse assunto sempre me deixava irritada.

– Lunna, você só se transformou uma vez?

– Sim. - Respondi, perturbada com o rumo que aquela conversa estava tomando.

– Então foi por isso que você não se transformou mais cedo? Você não precisa mais se esconder. Ninguém vai te perturbar aqui. Eu juro. – Senti minhas bochechas queimarem. Maldita mania de ficar vermelhe. "Continue com a cabeça abaixada" eu disse a mim mesma.. – Pode tentar se transformar agora, se quiser.

– Eu não sei como. – Admiti, ainda mais envergonhada por não ter realmente nenhuma prática no que diz respeito a minha forma lupina.

Aaron parecia cada ver mais assustado, para não dizer divertido, com a minha ignorância.

– Certo... Hey, porque não janta em casa amanha?

– O que?! – Eu devo ter demonstrado o quanto tinha estranhado aquele convite, porque ele logo se pôs a explicar.

– Meus pais... Eles vão querer te conhecer. E se você for lá amanha vai ser a maneira perfeita de mostrar que não quer criar inimizades ou qualquer coisa assim.

– Eu... Eu adoraria, mas não posso deixar meus irmãos sozinhos. Alias, nós deveríamos ir logo.

Eu ia me levantar quando ele segurou meu braço.

– Leve eles. Vai ser divertido, eu juro. Você não vai ter que se preocupar em arranjar comida. E nós podemos te ajudar com coisas como a transformação. E podemos ajudar Kylle também. - Sua mão desceu até pelo meu braço, segurando a minha. - Você não está mais sozinha, Lunna.

Aquilo me incomodou. Toda aquela conversa parecia errada. Eu não deveria sair falando sobre a minha vida, sobre os meus problemas. Puxei minha mão.

– Eu não preciso de ajuda! E pare de esconder seu rosto! Eu odeio não saber com quem estou falando!

Nós dois sabíamos que minha raiva não tinha nada a ver com o capuz dele. Essa era apenas uma desculpa, um bode expiratório.

– Ok, não precisava gritar. Mas, só tiro o meu se você tirar o seu.

– Muito bem. NO três então. –Eu disse.

–Um. – Comecei.

–Dois – Dois ele disse.

– Três. – Nós abaixamos o capuz.

Eu olhei para ele. Quero dizer, eu realmente olhei para ele. E congelei.

Existem pessoas que são feias, estranhas, aceitáveis, bonitinhas e bonitas. E existem pessoas que são realmente, realmente, bonitas. Ele claramente pertencia ao ultimo grupo.

Os cabelos loiros curtos e bagunçados o faziam parecer como se tivesse acabado de acordar. Muito sexy. Os olhos verdes tinham um brilho selvagem, quase assustador. Quase. Sua mandíbula era bem marcada e havia um pequeno sinal de barba recém aparada.

Ele era uma daquelas pessoas que esbanja tanta juventude que você pode tentar, mas que nunca conseguirá imaginar velha. A pele dele era clara e pálida, livre de manchas. Seu nariz era harmonioso com o rosto e a boca parecia uma propaganda de creme dental. Na verdade, toda essa perfeição o deixava um pouco assustador, como se não fosse humano. O que eu sabia que não era.

Ele parecia surpreso quando me viu. Ele provavelmente esperava uma garota tão bonita quanto ele. Acho que frustrei suas expectativas.

Nós nos encaramos por um tempo, em um silêncio confortável, até Kylle se mover ali perto.

– Melhor continuarmos. - Ele disse, colocando o capuz em seu lugar original.

Nos levantamos, seguramos Kylle e não trocamos nenhuma palavra durante o resto do trajeto.

Quando chegamos ao trailer, minha pequena irmã Khyra nos recebeu. Ela sinalizou para que fizéssemos silencio.

– Todos já dormiram. – Ela disse, sussurrando.

Deixei Aaron com Khyra do lado de fora e carreguei Kylle até um colchão livre. Eu o cobri e saí para me despedir.

Aaron, agora sem o capuz, encarava Khyra em silêncio.

– Pode ir dormir Khyra.

Ela assentiu sorrindo e se retirou em silêncio, como sempre.

– O que foi? – Perguntei diante da cara maravilhada que ele fazia.

– Eu estava apenas pensando... Ela é albina, ou apenas muito pálida e loira? Quantos anos ela tem?

– Ela tem 13, e sim, é albina. Mas não a trate como se ela fosse doente. Ela é normal.

– Não é não.

Rosnei para ele. Porque ele sempre tinha que me contrariar?

– Não foi o que eu quis dizer. – Ele respondeu, na defensiva. – Eu estou apenas pensando em como vai ser quando ela se transformar. Ela será um lobo albino, Lunna. São incrivelmente raros. Duvido até que exista mais algum atualmente. Minha alcatéia ficará encantada em conhecê-la

A situação me atingiu aos poucos. Eu nunca tinha pensado nisso antes. Para mim, minha elegante e silenciosa irmã mais nova sempre fora normal. Agora, eu não tinha tanta certeza. Mas esse garoto na minha frente queria exibi-la para sua alcatéia como um tesouro, algo digno de um museu. Eu quase podia ouvi-lo dizer: “Vejam o que eu encontrei. Raríssima, não acham?”. Ele nunca se aproximaria dela.

Continuei rosnando.

– Eu já disse que não, garoto. E você não vai exibi-la para ninguém. Alias, não precisa mais se preocupar. Partiremos pela manhã.

– Não partirão não. – Ele disse com sua uma arrogância que eu já tinha notado ser típica.

– E você vai nos impedir? – Rosnei, embora por dentro me divertisse um pouco com a idéia de ele tentar me impedir. Pobrezinho.

– Não vou precisar. Lunna, eu te conheço há apenas algumas horas, mas sei que você não vai ter coragem de levá-los embora. Não depois que eles ficaram tão felizes com essa vida nova. Se lembra como eles pulavam quando chegamos?

Ele tinha razão. Eu não os via tão feliz desde antes dos nossos pais sumirem.

– Um jantar. É tudo o que peço. Um jantar. Depois, se você quiser, não precisa mais ficar. Pode ir para sempre.

– Ainda não entendo o que te faz pensar que isso seria uma boa idéia.

Nós sussurrávamos para não acordar ninguém.

– Pense bem Lunna. Kylle acabou de se transformar e você sabe que Khyra é a próxima. Você evita se transformar, mas como vai controlar dois lobos recém transformados sozinha? É impossível. Você não está cansada de fazer tudo sozinha?

Permaneci em silêncio. Silêncio esse que eu esperava que demonstrasse que eu não estava convencida.

– Nós podemos ajudar, de verdade. Você não precisa se unir a alcatéia ou qualquer coisa assim. Apenas vá, jante e converse com meus pais. Eles podem te explicar várias coisas. E te ajudar.

– E se eu não precisar de ajuda? Já te ocorreu isso?

– Lunna, é claro que você acha que não precisa. Você é uma loba. Nós nunca achamos que precisamos. Mas isso não significa que seja a verdade.

– Aaron, está tarde, é melhor você ir. – Me virei e caminhei em direção ao trailer.

– Vai ter porco, bife e costelas. – Parei.

– Costelas? – Meu estomago quase chorou de emoção ao ouvir aquilo. Se estômagos chorassem, é claro.

– Sim. E sobremesas. Bolo e, talvez, até sorvete. – Astryd adorava sorvete. - Eu sei que você caça, mas acho que para bancar os uniformes, as roupas e as outras despesas, você deve ter que vender a melhor parte das caças.

Ele estava completamente certo. Oito pessoas precisam de bastante dinheiro para viver com tranqüilidade. E a cada dia ficava mais difícil encontrar lugares que comprem animais mortos de uma menina desconhecida. Por sorte tinhamos Kylle, mas Aaron não precisava saber disso.

– Um jantar? – Ele perguntou, levantando a mão.

Pensei em como meus irmãos ficariam contentes. Ele também prometera sobremesas. Por quê não? Era apenas um jantar.

– Um jantar. – Apertei a mão dele.

– Nesse, caso, até amanhã. – Ele sorriu, correndo e saindo do meu campo de visão.

– Até. – Minha voz saiu como um sussurro.

Eu o ouvi uivar depois de alguns segundos e uivei de volta, rindo internamente e saltitando para o trailer.

Entrei e verifiquei meus irmãos. Eu sabia que Kylle só acordaria no dia seguinte e que estaria morrendo de fome, então deixei bastante carne descongelando na pia.

Naquela noite foi difícil dormir. Me mexi no colchão que dividia com Meghan durante vários minutos, que mais pareciam horas. Eu estava exausta, mas minha cabeça trabalhava a mil por hora. Por fim, acabei dormindo. A última coisa que me lembro de pensar antes de dormir foi num par de olhos verdes me encarando em silêncio, em um lugar isolado e florido na mata.


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Notas finais do capítulo

Kylle S2
Tenho planos muito fofos para ele.
Três comentários e posto o próximo :3
~Lena