Wolfhardt escrita por Lena Saunders


Capítulo 1
She Wolf


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.
~Lena



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Faz três meses que viemos para Nova York. Três meses que fuji.

Eu sabia que não seria fácil. Todos nós deveríamos nos adaptar às mudanças e alguns, principalmente os mais novos, demorariam a se ajustar. Mas nada me preparou para aquilo.

Eu estava enlouquecendo com todos eles correndo pelo trailer que chamávamos de casa.

Quando chegamos, percebi que eles precisavam de um lugar para morar e que estavam cansados de ser nômades. Então vendi algumas peles para uma daquelas lojas caras de madame e arranjei esse trailer.
Toda noite espalhávamos os colchões pelo chão e eu contava historias para eles dormirem. Nós tínhamos apenas uma sala, que servia como quarto, um banheiro minúsculo e uma pequena pia ao lado de um fogão, que chamávamos de cozinha. De dia, os colchões eram levantados contra a parede para que conseguíssemos andar e o quarto virava nossa sala. Vivemos tranquilamente por três meses até eles começarem com essa idéia.

Agora meus irmãos pareciam filhotes endiabrados, correndo e gritando como se o mundo fosse acabar. E talvez acabasse mesmo com tudo aquilo. Eu precisava fazê-los parar antes que destruíssem o lugar.

– Chega! Formação para verificação! - Eu gritei, enquanto as criaturas paravam de correr e se arrumavam ombro a ombro. Era importante verificar como eles se vestiam. Eles precisavam parecer normais. - Khyra, amarre seus cadarços. Astryd, você precisa dar um nó na gravata, não apenas jogá-la no pescoço. E onde esta o Kylle?

A garotinha ruiva levantou a mão ansiosa, aguardando a sua vez.

– Sim, Meghan? Você sabe onde ele esta?

– Ele disse que não estava se sentindo bem e que precisava correr.

Ótimo. Ele saiu sem me avisar. De novo. Porque ele sempre tinha que fazer isso? Ele é o mais velho deles. Deveria no mínimo estar aqui no horário, pronto, como todos os outros. Estava prestes a cancelar tudo e ir atrás dele quando o farejei.

– Tudo bem, ele vai estar aqui em alguns segundos. Estão todos bem? Ninguém quer desistir? Ainda há tempo, vocês sabem.

Eles negaram com entusiasmoe Kylle entrou como um redemoinho loiro, quase derrubando a porta, e parecendo estranhamente cansado. Seus olhos dourados pareciam desesperados, mas eu não deveria interrogá-lo na frente de todos.

– Até que enfim! Vá para o seu lugar! - Eu disse, quase mudando de idéia sobre o que estávamos prestes a fazer. - Vamos repassar as regras, mais uma vez. Nada de usar os dons lá. Vocês têm que agir normalmente. Se perguntarem, vocês vivem em uma pequena casa perto da floresta, com nossos pais. Entenderam? Casa, não trailer. Perto e não na floresta. Foram educados em casa até agora. Mudamos-nos muito porque nossos pais trabalham catalogando populações de animais. Tentem se misturar, mas em hipótese alguma comentem sobre o nosso segredo e não convidem ninguém para vir em casa. Não se metam em brigas porque vão ter sérias conseqüências. Se precisarem correr, mantenham uma velocidade normal. Não se aproximem de outros animais. E, se necessário, protejam uns aos outros. Alguma dúvida?

Eles negaram, com sorrisos enormes em seus rostos. Eu realmente não conseguia entendê-los.

– Certo. Peguem suas mochilas. Está na hora da que provavelmente será a jornada mais difícil das nossas vidas. Vocês ainda podem desistir. - tentei uma ultima vez esperançosa, mas o brilho dos olhos deles dizia que ninguém ali iria mudar de idéia. Dei de ombros.- Vamos logo para essa maldita escola. - Eu abri a porta e coloquei o capuz do casaco por cima do gorro, enquanto eles gritavam empolgados.

Apostamos corrida até a margem da floresta, saltando pelas árvores e empurrando uns aos outros. Não há palavras certas para descrever a sensação de correr daquele jeito. É como se nada nem ninguém pudesse me impedir. Como se eu pudesse ser qualquer coisa. Como se fosse a rainha do mundo. Eu me sinto viva.

Quando estávamos prestes a realmente entrar na cidade, eu os fiz parar e caminhar normalmente, cortando toda a adrenalina.

Eu sempre fui contra interagirmos com outras pessoas. É arriscado demais. Perigoso demais. E eu preciso protegê-los. Mas eles não suportavam mais viver isolados.

Deixei os outros irem na frente enquanto tentava conversar com Kylle.

– Você tem certeza que quer ir hoje? Você pode voltar e ir outro dia. Meghan disse que você não estava se sentindo bem e você sabe que já está na idade de...

– Eu estou bem. - Ele me cortou, olhando para os pés. - Eu juro. Apenas ansioso. Não está na minha hora ainda.

Eu sabia que ele não estava bem. Provavelmente nenhum de nós nunca estaria, mas eu não o forçaria a falar.

– Você quem sabe. Qualquer coisa me avise e seja cuidadoso, por favor.

– Você precisa relaxar. Vai dar tudo certo. Nós estamos prontos. Você fez um bom trabalho.

– Tem certeza? Os outros não correm tantos riscos, mas e você e a Khyra? Ela não vai chegar aos 14. Disso eu tenho certeza.

– Vai dar tudo certo. Eu juro. Acho que chegamos. - Disse ele, olhando para a fachada monótona do colégio.

Adolescentes conversavam uns com os outros, enquanto mães apressadas deixavam suas crianças com professoras, que aguardavam do lado de fora. Encostado em um muro afastado, um garoto fumava. Mas não por muito tempo. Umas das professoras tinha visto. Próximo a ele, um casal ria, enquanto dois garotos de uns dez anos, se perseguiam pelo pátio. Ah, escola. O doce inferno.

Respirei fundo.

– Ok, vamos fazer isso funcionar. Se QUALQUER coisa acontecer, me procurem. Entenderam?

Eles teriam concordado, se estivessem prestando qualquer atenção em mim.

Eu os arrastei até a secretaria e pegamos nossos horários. Fiz questão de levar cada um deles até suas salas, lembrei-os que deveriam ir direto para casa assim que suas aulas acabassem e para deixarem o trailer trancado quando chegassem. Devido à diferença de idade, não seriamos todos liberados ao mesmo tempo.

Arrastei-me para o meu armário para guardar todas aquelas apostilas que não usaria nas aulas de hoje. Eu estava me preparando psicologicamente, quando o senti. Um cheiro completamente diferente de todos os que eu já havia sentido. Olhei ao redor procurando o local de onde ele vinha, mas não vi nada além de adolescentes perturbados. Conclui que estava ficando louca e fechei o armário, assustada com o barulho do sinal.

Perdi muito tempo deixando meus irmãos em suas salas, então fui a última a entrar. O Professor nem sequer perguntou meu nome, apenas me mandou entrar e aproveitar para fechar a porta. Só havia uma cadeira vaga, ao lado de um garoto, seu rosto escondido em baixo de um capuz e toda a sua concentração voltada para o caderno onde ele desenhava. Senti os olhares dos outros alunos queimarem minhas costa enquanto eu caminhava até o fim da sala.

– Você se importa? - Perguntei, apontando para a cadeira.

Ele negou com a cabeça, sem nem me olhar. Esse seria um longo dia. Assim que me sentei percebi que o cheiro estranho que havia sentido mais cedo era dele. Não era de forma alguma ruim... Apenas diferente. Me sentei e tentei assistir uma aula entediante sobre a Guerra Civil dos EUA. Durante todo o primeiro tempo ele não olhou para mim e continuou desenhando naquele maldito caderno. Não que isso tenha me incomodado, é claro.

Durante a troca de professores, a sala, antes silenciosa, foi preenchida com o som irritante de adolescentes conversando. Continuei no meu lugar em silencio, ao lado do Sr. Simpatia. Ok, eu admito que aquele silêncio estava me matando, então pensei: Porque não tentar falar alguma coisa?

– Então, qual o seu nome? - Perguntei, e ele rosnou para mim. Que tipo de pessoa (além da minha família, mas é só de vez em quando) rosna para outras pessoas?

Fiquei tão irritada que rosnei de volta, mas ele não parecia surpreso.

– O que você está fazendo aqui? - Ele estava quase gritando e continuava rosnando.

Já conseguia ouvir as pessoas cochichando e olhando para nós. Um excelente começo para quem não queria chamar atenção.

– No momento sendo verbalmente atacada por um idiota. E pare de rosnar para mim.

Ele parou, como se apenas agora tivesse percebido o próprio comportamento.

– Apenas vá embora. - Ele disse. Sem nunca parar de encarar o maldito caderno, escondido sob seus ombros.

E continuou me ignorando de uma forma muito óbvia por toda a aula. E o resto do dia. Nos corredores e durante o almoço ele saía deliberadamente do ambiente quando percebia que eu estava lá. E me ignorava em todas as aulas. Acompanhando o silêncio quase assustador dele, estavam as fofocas. As pessoas criaram boatos incríveis em pouquíssimo tempo. No almoço, uma menina veio me perguntar se é verdade que eu era uma ex-namorada dele que tinha engravidado de um antigo melhor amigo dele. Eu confirmei a história. A reação dela? Impagável.

O ódio que ele parecia sentir por mim era quase palpável, mas eu não conseguia entender o motivo. Eu estaria mentindo se dissesse que aquilo não me abalou. Ou que não pensei naquilo em cada segundo do dia, ignorando completamente os professores. Ou que eu realmente não cogitei apenas pegar meus irmãos e ir embora.

Finalmente, o sinal de fim de aula tocou, e saí com tanta pressa que devo ter derrubado um aluno ou dois, além da professora que estava na porta.

Estava combinado que Kylle me esperaria para irmos juntos para o trailer, então, quando a aula acabou, fui procurá-lo, mas logo percebi que ele devia ter ido sozinho. Caminhei até a margem da floresta e comecei a correr. Sentindo o vento no meu cabelo, e os meus pulmões trabalharem. Meu coração, bombeando cada gota de sangue pelo corpo. Novamente, aquela sensação de estar viva. Eu estava tão distraída que não o vi chegar. Ele simplesmente me derrubou no chão, cortando minha boca.

Nós rolamos por causa do terreno inclinado e ele acabou em cima de mim, ultrapassando meu espaço pessoal e consequentemente minha zona de segurança.

– O que você está fazendo seu estúpido!? - Eu gritei, empurrando-o para o lado e puxando mais meu capuz para a frente do meu rosto. Ele não podia ver meu rosto. Meus olhos deveriam estar com aquele tom sinistro de azul.

– Eu é que pergunto! Nova York é território da minha alcatéia. Você não pode simplesmente vir para cá!

Foram poucas as vezes que eu fiquei realmente, realmente confusa. E essa era uma delas.

– Al-Alcatéia?

– Você tem algum problema mental? - Agora ele me olhava, genuinamente preocupado.

– O que?! Você me ataca sem motivo e eu tenho problema mental?! - Possíveis explicações passavam pela minha cabeça, uma mais absurda do que a outra. Porque ele não podia ser igual a mim. Ninguém podia. Ele provavelmente só tinha algum tipo de distúrbio psicológico ou algo assim. Só podia ser isso.

– Não é sem motivo. Você está no meu território. - Ele estava bravo novamente, rosnando e ficando naquela posição ofensiva.

– Engraçado, da última vez que eu conferi, isso era a América! Sabe, aquele lugar que é território de todos os americanos! - Eu repentinamente o empurrei com força, irritada com tudo aquilo. Ele ficou surpreso e tropeçou para trás.

Eu o empurrei novamente, e ele ficou realmente zangado.

– Esse é seu último aviso: saia da cidade e não volte. - Ele respondeu, seus olhos ainda encobertos pelo capuz.

– E quem vai me obrigar? Você? - Desafiei, esperando que pelo menos ele fosse se acalmar. Ou explicar o que estava acontecendo. Ou qualquer coisa. Menos o que aconteceu.

– É. - Ele disse, se abaixando.

Eu vi seu nariz se alongar e pelos nascerem por todo o seu corpo. Suas roupas sumindo pouco a pouco. Em um piscar de olhos eu estava olhando para um enorme lobo amarelado, bem maior do que os normais. Ele rosnava, enquanto seus olhos me encaravam com mais ódio do que eu achava ser possível.

Ele era um lobisomem. Como eu. Não havia mais como negar. Eu não era a única. Eu realmente não sei o que eu estava sentindo naquele momento. Mas tudo o que eu via era alguém que era como eu. Eu podia até ser uma aberração, mas eu não era a única. Eu simplesmente não pude mais me movimentar. Eu estava chocada. Eu fiquei parada, enquanto ele me rodeada rosnando e esperava qualquer movimento meu.

–Você é como eu. Eu não sou a única lobisomem.- Eu acho que tinha lágrimas nos olhos. E essa não é uma atitude comum para mim.

Ele pareceu verdadeiramente chocado e lentamente, ainda em uma posição defensiva, voltou ao normal. Os pelos sumindo, sua coluna se endireitando e as roupas retornando. Ele se afastou ainda mais.

– Do que você está falando? Você realmente achou que era a única? E não seja idiota. Lobisomens não existem. - Ele parecia descrente, enquanto buscava sua mochila, atirada ali perto.

– Ah, claro. Realmente. Nós somos fadas. Desculpe o engano. Caudas e asas, sabe como é. Bem fácil de confundir. De qualquer forma, me deixe em paz. - Joguei minha mochila sobre o ombro e continuei caminhando até o trailer, esperando, do fundo do coração que ele fosse embora. Tenho que parar de ter tantas esperanças.

– Não precisa ser grossa. Somos licantropos, besta. E isso quer dizer que você não pretende tentar expulsar minha alcatéia nem nada do tipo? - Ele parecia genuinamente curioso.

– Você tentou me matar primeiro, então nada do que eu diga ou faça pode ser considerado grosseria. Licantropos, lobisomens, tanto faz. É a mesma coisa. E que história de alcatéia é essa? - Eu estava cada vez mais confusa e precisava chegar em casa logo.

– Não é não. Lobisomens são monstros, metade homem metade lobo que se transformam em criaturas bípedes deformadas, cheias de pelo e apenas na lua cheia. Nós apenas temos um lado lobo. Você sabe. Esse seu lado orgulhoso, impulsivo e destemido que acha que você pode fazer qualquer coisa.

Ele parecia entender sobre nós. Sobre o que éramos e o que podíamos fazer. Talvez, ele pudesse me ajudar a entender eu mesma. Talvez, ele pudesse me ajudar a controlar a loba. Eu sabia que não poderia confiar em estranhos, mas a loba dentro de mim não se importava. Para ela, ele era mais do que confiável.

– Parece estranho que saibamos o maior segredo um do outro mas que eu não saiba o seu nome. - Esse garoto era bipolar, só podia ser isso. Antes, ele exalava ódio por cada milímetro do corpo, mas agora parecia envergonhado.

– E vai ficar sem saber. Não vou dizer. Você se recusou a me dizer o seu mais cedo, e além disso, você vai rir. - Era verdade.

– Não vou. Dou minha palavra de licantropo. - Ele levantou a mão direita, dobrando os dedos na segunda falange, como se realmente estivesse jurando.

– Certo. Meu nome é Lunna.

Ele riu. É claro.

– Você jurou! Nunca mais vou poder acreditar em você! - Maldito.

– Ok, ok. Me desculpe. - Ele disse, parando de rir. - Mas um licantropo que praticamente se chama lua é algo que não se vê todo dia não é?

– E o seu nome seria? - Se fosse possível parecer mais envergonhado, acho que ele o teria feito.

– Você não precisa saber. Pode me chamar do que quiser.

– Certo, vou te chamar de Luppie. Sabe, como Lobo. Mas só que não. Ou você pode me dizer eu seu nome. - Eu disse fazendo uma falsa cara de inocente.

– Faça isso e vou te chamar de Lunnie. Ãh... É Aaron. - Ele continuava olhando para baixo.

– Eu deveria rir. Sabe, como uma pequena vingança. É um nome diferente, com certeza. Algum motivo especial?

– Elvis. - Ele parecia quer cavar um buraco e se esconder. Talvez ele fizesse isso.

– Perdão?

– Minha mãe era obcecada pelo Elvis Presley. O cantor, você sabe.

– Não entendi.

– O nome do meio dele era Aaron.

Eu tive que rir. E ele pareceu ofendido com a minha gargalhada super sutil. Ou nem tão sutil assim. Ele. Saiu quase marchando, parecendo com raiva.

– Hey, calma aí. Desculpa. Você pode rir do meu nome, mas não posso rir do seu?

– Justo. Então você é uma loba solitária ou algo do tipo?

– Algo do tipo. E você ainda não me explicou sobre a alcatéia. - Ele do nada pareceu animado.

– Ah sim! Você poderia se juntar a nós. Eu teria que verificar antes, é claro, mas tenho quase certeza que eles não irão se opor.

Eu já conseguia ver o trailer.

– É aqui que você está morando? - Escutei um mísero sinal de risada em sua voz. Eu já esperava.

– Sim. - Concordei com a cabeça. - Cheguei! - Eu gritei, esperando que viessem abrir a porta para que eu pudesse me livrar dele.

– E como funciona essa alcatéia?

–Ah, temos os lobos Alpha, os lobos Betas e todos os outros. Nós nos auxiliamos em tudo e mantemos o território. E, é claro, guardamos o segredo sobre a licantropia. Com nossas vidas.

– É como uma família então? - Eles estavam demorando. Deviam ter perdido a maldita chave. Outra uma vez.

– Algo assim.

– Lamento, mas não posso fazer isso.

– Porque não?

– Porque, nesse caso, já tenho uma alcatéia. - Eu respondi, enquanto Khyra abria a porta.

Todos eles correram na minha direção, pulando em mim, como se fosse véspera de natal ou algo do tipo. Eles falavam ao mesmo tempo me contando tudo sobre seu dia incrível na escola, até que perceberam o garoto ao meu lado e se silenciaram pouco a pouco.

– Eu preciso falar com você sobre... - Khyra começou, mas a cortei.

– Um minuto Khyra. Educação em primeiro lugar. Deixe-me apresentá-los: Aaron, esses são meus irmãos. Crianças, esse é o Aaron. Mas ele deixa vocês chamarem ele de Aarie ou Lupie. - Eu disse, piscando para os meus irmãos. Ele é um lobo como nós. - Ele estava assustadoramente quieto.

Todos pareciam chocados e até animados com a idéia de conhecer outro lobo.

– Eles... Todos eles são seus irmãos? - Concordei com a cabeça. - E eles sabem sobre a licantropia? E são sua alcatéia? Eles nem tem idade para serem lobos. São apenas filhotes.

– Não seja bobo. Eles são tão lobos quanto eu ou você. E não os chame de filhotes novamente. Eles podem não ter se transformado ainda, mas sabem morder. É melhor você ir agora. Já vai escurecer e... Onde está o Kylle?

– Era sobre isso que eu precisava falar... - Khyra tinha uma cara culpada. - Ele disse que estava sufocando aqui dentro e que precisava correr. Ele estava estranho, se mexendo mais rápido que o normal. Ele não parava quieto. E estava quente, suando. Acho que ele está doente. Eu pedi para ele esperar você chegar, mas ele falou que não conseguiria.

Olhei para o garoto ao meu lado. Ele estava tão assustado quanto eu deveria estar. Nós sabíamos o que estava acontecendo, mas eu não o deixaria passar por isso sozinho como eu passei. Eu não tive ninguém, mas ele teria a mim.

– Quantos anos ele tem? - Ele estava com medo que eu confirmasse suas suspeitas.

– Apenas 14. Eu preciso encontrá-lo. - A compreensão cruzou o rosto dele. - Pessoal, para dentro. Todos vocês. Ande logo Edwin. Khyra, tranque o trailer. Ninguém sai e ninguém entra até eu voltar, entenderam?

– O que está acontecendo? - Perguntou minha irmã Astryd, enquanto Khyra a empurrava para dentro.

– Eu acho que Kylle está virando um lobo pela primeira vez.


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Notas finais do capítulo

Hey, você! É! Você mesmo!
Muito obrigada por ter começado a ler Wolfhardt!
Espero que se apaixone pelas personagens e pela história como eu!
~Lena