Wolfhardt escrita por Lena Saunders


Capítulo 10
Just a Breakfast


Notas iniciais do capítulo

Olá meu lobinhos!
Me esforcei para mostrar um pouco dos novos personagens nesse capítulo!
Espero que gostem e agradeço todo o carinho!
~ Lena



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Eu acordei da pior forma possível, com aquela sensação desesperadora de quando não sabemos onde estamos ou o que aconteceu. Tateei a cama e não encontrei nenhum dos meus irmãos.

Ah é. Eles têm seus próprios quartos agora. Não dormem mais ao meu lado.

Me levantei em um pulo e, tomada pelo desespero, corri de porta em porta, chamando-os para descer. Apenas Kylle, Maeve, Edwin e Meghan permaneciam nas camas.

Foi agonizante esperar o elevador, mas resisti ao impulso de clicar um zilhão de vezes no botãozinho.

Scott estava na cozinha, sentado ao lado de uma mulher loira. Madelaine.

Eles estavam em silêncio e pareciam desconfortáveis, o que contrariava completamente a existência de uma pilha de panquecas perfeitamente macias e douradas sobre a mesa.

– Bom dia! - Eu disse, anunciando minha presença. - Scott, você viu Khyra ou Astryd?

Ele negou com a cabeça. A porta exterior da cozinha se abriu. Aaron estava rindo, com um saco de farinha sobre os ombros e sendo seguido por Katherine, que trazia duas caixas de ovos.

Eles pareceram assustados ao me ver.

– Ãh bom dia, Lunna. - Katherine sorriu docemente ao me ver.

Ela já estava com o uniforme e uma maquiagem natural, impecável. Eu dificilmente teria notado se não fosse pela "aula" que recebera de minhas irmãs ontem. Ela parecia radiantemente saudável e bela.

– Lunnie, não sei como dizer isso, mas você está parecendo um panda. - Aaron franzia as sobrancelhas. - Mas não um fofo. Um que foi atropelado por um monster truck.

Procurei meu reflexo no vidro do microondas e entendi o que os assustara.

Os cachos artificiais haviam se misturado e agora pareciam um grande nó sobre minha cabeça, enquanto a maquiagem, antes perfeita, agora fazia dois enormes círculos negros ao redor de meus olhos. Eu devia ter limpado meu rosto antes de dormir. Fabuloso.

– Bom dia, Lunna! - Astryd disse, enquanto entrava ao lado de um garoto muito mais velho.

Seus cabelos negros estavam úmidos e seus olhos azuis pareciam eletrizados.

Peter se sentou ao lado da... Cunhada? Não sei. A árvore genealógica daquela família era mais confusa do que as aulas de álgebra que eu estava sendo forçada a assistir.

– Bom dia, Madelaine. - Ele disse, esticando a mão para as panquecas. - Bom dia sobrinhos. Namorada do meu sobrinho.

Ele piscou para mim e eu fiquei completamente confusa. Aaron estava corando e vi Astryd se sentar ao lado de Scott, interessada nas panquecas.

– Onde, diabos, está a Kyra?

Ela deu de ombros e encheu a boca com a comida. Peter, em compensação me lançou um sorrisinho que poderia ser descrito apenas como malicioso.

– Procure na sala de estar, aquela com o piano negro.

Não esperei outra palavra. Me virei e sai andando. Comecei a temer que minha vida naquela casa fosse se resumir a isso: procurar e encontrar meus irmãos.

No fim das contas, Peter estava certo.

Sentado no chão, com a cabeça deitada sobre a mesinha de centro, Alec dormia profundamente. Kyra estava no sofá, respirando tão levemente que poderia estar morta.

Observei o bloco largado ao lado de Alec. Seus desenhos não eram tão bons quanto os de Scott, mas o garoto tinha talento. Os dois primeiros desenhos mostravam Kyra de longe, dançando e depois conversando com alguém. No terceiro, ela estava de mãos dadas com Meghan.

A partir daí, os retratos eram mais de perto, apenas de seu rosto. Todos em preto e branco. No último dos sete desenhos, ele desenhara Khyra dando um raro sorriso e com os olhos tão rubros quanto sangue.

Chacoalhei o ombro do garoto de leve. Ele demorou para levantar o rosto marcado em minha direção. Seus olhos demoraram ainda mais para se focar.

– Porque você só pintou os olhos dela no útimo desenho? - Minha curiosidade falou primeiro.

– Foi quando ela aceitou tirar as lentes. Ela tem olhos lindos.

Ele corou no mesmo momento, notando o que havia dito. O melhor momento para arrancar a verdade das pessoas é quando elas estão bêbadas, sonolentas ou com muita, muita raiva.

Meu pai me ensinou isso.

– Bem, esse vai ser o nosso segredo, certo? - Ele usou tanta força para concordar com a cabeça que pensei que ela fosse se descolar de seu pescoço. -Mas é melhor você subir e esconder bem isso, antes que Aaron veja.

Entreguei novamente o bloco para ele e o assisti sair correndo com os lápis na mão. Ergui Khyra sobre meu ombro e a carreguei até seu quarto. Era nesses momentos que eu era grata pela força exacerbada que vinha no pacote de licantropia. E pelo fato de ela pesar metade do que deveria.

Coloquei minha irmã na cama e fui para o meu banheiro. Era estranho não ter que enfrentar fila toda vez que eu quisesse tomar um banho ou escovar os dentes. Eu estava começando a pirar com o silêncio, o espaço e a paz.

Removi o que quer que tivessem passado no meu cabelo para os cachos ficarem impecáveis e quase arranquei minha pele tentando tirar a maquiagem.

Coloquei meu uniforme - limpo e lavado, dessa vez - e, antes de sair, me lembrei de Katherine e de sua maquiagem.

Fui ao quarto de Astryd e peguei emprestado seu rímel e o delineador. Precisei lavar o rosto e recomeçar três vezes, até ficar mais ou menos satisfeita com o resusltado.

Acordei todos os meus irmãos antes de descer para a cozinha. Eles teriam um bom tempo para enrolar e se arrumar.

Aaron e Katherine haviam cozinhado panquecas, feito suco e, aparentemente, assado dois bolos. Torradas, manteiga e requeijão estavam dispostos sobre a mesa, enquanto Astryd, Scott e Peter devoravam tudo o que podiam verozmente.

Rebecca - acho que essa era ela - entrou na cozinha bocejando, já devidamente arrumada. Imediatamente Elizabeth apareceu de camisola, sentada em cima da bancada, com as pernas abertas e dando a todos uma visão bem clara de sua calcinha com estampa do Mickey.

– Rebecca! - Elizabeth gritou, fechando as pernas. - Pare com isso!

– Não é minha culpa! Porque você sempre tem que gritar comigo?! - Rebecca estava gritando de volta, quase ensurdecendo todos do ambiente.

– Mamãe! - Elizabeth berrou. - Mande-a parar!

– Já chega vocês duas! - Madelaine não parecia realmente brava. - Vocês estão me deixando louca!

E imediatamente toda a família de Aaron explodiu em risadas enquanto eu e meus irmãos nos encaravamos em confusão.

– Sou só eu ou vocês também estão confusos? - Astryd perguntou.

– Desculpe. - Katherine disse entre as risadas. - Nós nos esquecemos que vocês não estão acostumados com a família toda. Elizabeth tem o dom da camuflagem e Rebecca pode anular a maior parte dos dons fisicos. Infelizmente os dons delas costumam ficar... Ãh....

– Ligados. - Aaron continuou.

Franzi a testa involuntariamente. Eu gostava de Katherine, mas tinha certeza que ela conseguia terminar as próprias frases.

– Isso não explica a explosão de risada. -Astryd disse, enquanto pegava seu terceiro ou quarto pedaço de bolo.

– Sabe qual é meu apelido, garotinha? - Madeleine perguntou com um sorriso parecido com o que Katherine dera antes de ir atrás daquele garoto na festa. Talvez não fossem parentes de sangue, mas eu não podia negar a semelhança.

Astryd simplesmente arqueou uma sobrancelha. Ela provavelmente estava resmungando internamente sobre não ser uma garotinha.

– É Mad, como "louco" em inglês. Eu posso mexer no psicológico das pessoas. Posso brincar com suas vontades e fazê-los acreditar no que eu quiser.

– Grande coisa. - Scott parecia aborrecido enquanto esfumaçava algo em seu bloco. Ele logo precisaria de outro. - Edwin também pode fazer todo mundo ver o que ele quiser.

– Talvez. Mas eu posso levar as pessoas à loucura. Posso fazê-las pensar que estão sendo perseguidas, esquecer quem são ou o que estavam fazendo. Posso penetrar tão profundamente na mente humana que a pessoa nunca mais será a mesma. E vocês, garotinhos, quais são seus dons? São bons o bastante para valer o investimento do meu irmão e de Tessa?

Me lembrei do que Aaron me dissera. Nem todos os licantropos possuem dons. Ela, obviamente, se orgulhava dos dela.

Ela podia criar seqüelas na cabeça das pessoas e se orgulhava disso. Como se a mente humana já não fosse suficientemente perbetubadora sem ajuda.

Engoli o ódio amargo que dançava em minha língua.

Astryd se levantou e ligou a TV que ficava pendurada na parede, perto do portal de entrada. Ela mudou três vezes de canal até encontrar o que queria. Pude apenas franzir a testa em resposta. O olhar desafiador dela me era completamente estranho.

A repórter estava falado tão rápido que era dificil entender suas palavras. Mas Astryd já sabia o que ela diria.

"Sete mortes já foram confirmadas. As equipes de busca continuam tentando encontrar os corpos dos outros passageiros envolvidos no acidente. Um dos passageiros do carro foi encontrado na margem do rio. Foi encaminhado para o hospital e permanece inconsciente, mas vivo. Espera-se que ele possa ajudar a explicar o que causou a colisão."

Ela respirou profundamente e se virou para Madelaine, seus olhos desfocados.
As palavras correram livremente, tão naturais quanto a sua respiração

– Eles encontrarão apenas mais oito dos mais de vinte corpos hoje. Esse passegeiro, um garoto de dezessete anos, será o único sobrevivente. A motorista do carro se distraiu com o bebê que estava no banco de trás, chorando. Ela se virou para ver se a filha estava bem mas tirou o carro da pista e colidiu frontalmente com o ônibus. O motorista do ônibus tentou tirar o veículo da zona de risco, mas acabou derrubando ambos os veículos no rio. O bebê estava morto antes d'água encher seus pulmões e o garoto só escapou porque estava sem o cinto de segurança e conseguiu sair.

Ela respirou fundo e seus olhos voltaram a se focar.

– Todos já estão mortos agora, então boa sorte tentando enlouquecê-los.

Então, a garota loira saiu marchando para fora da cozinha enquanto eu me perguntava quem era ela e o que ela fizera com a minha irmãzinha. Olhei para Scott, indagando silenciosamente sobre o que estava acontencendo e ele deu de ombros, folhou o bloco, arrancou uma folha e entregou para Madelaine, antes de seguir nossa irmã.

Katherine olhou sobre o ombro da mãe e segurou a respiração. Madelaine estava... Chorando.

– Mãe, o café já está pronto, quer me ajudar a chamar todo mun...

– Ah, me deixe em paz garota! Eu nem sou sua mãe de verdade!

Madelaine largou o desenho, se lavantou bruscamente e saiu da cozinha, o ódio emanando por cada poro do corpo dela.

Katherine se manteve imóvel, olhando para as panquecas, sua respiração nem sequer se alterou.

Me sentei do lado de Peter que não poderia parecer mais divertido com a situação e dei uma olhada no desenho.

Madelaine era muito, muito mais jovem e estava com uma barriga enorme. Ela estava sentada ao lado da cama de uma mulher muito parecida com ela. A mulher estava pálida e magra, mas o que mais chamava a atenção eram suas garras, segurando com força na coberta, perfurando tudo o que conseguia encontrar, enquanto suas presas perduravam sua boca e faziam o sangue escorrer por seus lábios finos.

Peter se levantou e pegou a travessa de cookies da mão de Katherine, que já não parecia tão abalada.

– Bem, sobrinha, você está radiante, mas ainda está de pantufas. Nós saímos em meia hora e é melhor você estar calçando algo que não tenha plumas.

Com essas palavras ele colocou a travessa na minha frente.

– Pode começar a comer. Suponho que Katherine e Aaron irão chamar o resto da...

– Não precisamos. - Aaron disse, lembrando a todos que ele ainda estava ali. - A Lunna chama.

Ele piscou para mim e eu sorri instintivamente em retribuição. Eu sabia o que ele estava pedindo.

Inspirei e deixei o uivo correr por minha garganta. Logo pude ouvir Astryd, Aaron e Scott. Meghan, Kylle, Edwin e Maeve se juntaram a eles. Mas não Khyra. Nunca Khyra.

Rebecca apenas ficou parada, meio assustada, observando enquanto minha família preenchia a cozinha. Eu ouvia a risada de Elizabeth ao ver Meghan montada nos ombros de Kylle, enquanto Katherine o repreendia, temendo a queda de minha irmãzinha.

Edwin parecia mais sonolento do que nunca. Prova disso eram os passarinhos que voavam de um lado para o outro da cozinha, apenas para sumirem em nuvens de fumaça.

Depois da minha família, os gêmeos e Alec foram os primeiros a chegar.

Sem camisa, seus rostos em completa confusão e as garras e presas de fora. Alec estava de pantufas, mas seus irmãos estavam descalços.

– O que aconteceu? - Dylan, provavelmente, exigiu.

– Hora do café! - Aaron respondeu enquanto puxava a cadeira ao meu lado e se sentava.

– Nós pensamos que a casa estivesse sendo atacada! - Alec reclamou.

– Ah, claro. E você ia atirar essas pantufas nos invasores? - Não consegui resistir.

Minha frase arrancou risadas de todos, com excessão de Khyra e Alec. Khyra não costumava rir.

– Foi a Kat quem me deu. - Ele tentou se defender, inultimente.

– Mas era para usar com uma camisa, querido. - Katherine respondeu.

– Por que? Estou te distraindo? Tudo isso... - ele apontou para si mesmo. - ... É demais para você?

Ele foi na direção dela, como se fosse abraçá-la, mas ela o empurrou com força e, preciso dizer, Katherine é forte.

Ele deu dois passos para trás e quase pude ver sua cabeça acertando uma das quinas do armário. Quase.

– Cai fora, Alec. Somos irmãos.

– Teoricamente não somos. Minha mãe e seu pai só são casados.

A garota revirou os olhos.

– Teoricamente eu vou chutar a sua bunda se continuar com isso.

Ele mostrou a língua para ela e se sentou na cadeira que Peter desocupara.

Me levantei e deixei Meghan se sentar no meu lugar. Eu precisava escovar os dentes e pegar as mochilas deles.

Duas garotas ruivas apareceram na porta da cozinha. Janna e sua irmã, Eccho, eu acho.

Janna segurava um revólver em cada mão, enquanto Eccho tinha algo que se parecia com uma metralhadora.

No segundo em que elas apareceram, dois enormes leões apareceram no meio da cozinha. Edwin.

Os felinos estavam na frente de meu irmãozinho e as duas apontaram as armas em sua direção. Eu me posicionei para derrubá-las, mas elas simplesmente pararam, seus olhos desfocados.

– Certo, meninas. - Era a voz de Katherine. - Não há nenhum perigo real. É apenas um garotinho que cria ilusões. Abaixem as armas e eu devolverei a visão de vocês, tudo bem?

Elas abaixaram lentamente as armas e seus olhos voltaram a se focar.

– Edwin, pare. - Eu já havia me esquecido da presença de Kylle.

Os leões desapareceram instantaneamente.

Edwin permaneceu imóvel, com os olhos arregalados e os batimentos acelerados. Eu podia ouvir seu coração desrritmado.

Ele precisava aprender a controlar isso. Todos nós precisávamos. Estariamos em perigo novamente se eles continuassem descontrolados. Se nós continuássemos.

Meghan deixava todos, principalmente eu, abalados, no limite do estress. Edwin ficava criando ilusões e confundindo a todos, as gêmeas estavam se arruinando. O ego e a confiança de Kylle me preocupavam, Scott não não interagia com as pessoas e Khyra parecia sempre prestes a ter uma ataque, sempre confusa.

Os dons estavam corrompendo-os como me corromperam.

– Muito bem! - A voz animada de Aaron quebrou o silêncio. - Quem já acabou de comer precisa sair da cozinha para liberar espaço.

Peter passou o braço por cima de meus ombros e me guiou em direção a saída.

– Ah não. - Era Lorelai. Não a vi chegar. - Meninas, o que eu disse sobre armas à mesa? Francamente...

– Papai, por favoooor... - Janna pediu.

Rebbeca revirou os olhos e saiu, praticamente marchando. Eu também não havia visto Johnatan, ao lado da esposa. Preciso me distrair menos.

John caminhou até a pia para descascar uma laranja enquanto as armas deslisavam no ar em direção à sala. Telecinese.

– Ai! - Elizabeth gritou.

Ela se tornou visível. A metralhora a atingira na nuca. Katherine dissera camuflagem, mas parecia invisibilidade.

Essa parecia ser minha vida agora. Garotas invisíveis, armas na mesa e garotos sem camisa aparecendo para o café da manhã.

Olhei para meus irmãos. Edwin, Meghan e Kylle estavam rindo. Maeve sorria enquanto comia um pedaço de bolo. Eles pareciam bem. Pareciam felizes.

– Ok! Todo mundo! Quinze minutos para sairmos! - Katherine avisou. - Não marquem nada para hoje a tarde, teremos treino!

Peter continuou me guiando pelos ombros até o elevador. Torci para que ele não notasse meu nervosismo. Treino. Ainda não sabia com certeza o que isso significava, mas sentia que seria ruim. Quase saí correndo quando a porta se abriu, revelando o corredor do meu quarto.

– Não se preocupe, lobinha. Você está se saindo bem. - Sua sobrancelha estava arqueada e seu sorriso malicioso retornara. - Eles gostam de vocês e vão aceitar o que quer que você e sua familia estejam escondendo.

E, com essas palavras, ele fechou as portas do elevador. Senti o gosto metálico do sangue. Eu realmente precisava aprender a controlar minhas presas.

O caminho até a escola foi infernal. Theresa trocara a van por um ônibus, então todos tinham seu próprios assentos. Fui no banco de trás, entre Meghan e Isaac. Os dois pareciam igualmente felizes e empolgados.

Pobre Meghan. Me perguntei se ela me perdoaria quando descobrisse. Se descobrisse.

Eu já freqüentara a escola por quase uma semana, mas, com exceção de Aaron, Cora, Derek e James, ninguém nem sequer olhava para mim no corredor.

Entretanto, quando passei pelas portas de entrada com Aaron, Isaac, Kylle, Khyra, Scott, Astryd, Maeve, Edwin, Meghan, os gemeos, Alec, Katherine, Janna, Rebecca, Elizabeth, Eccho e Peter, todos os olhares pareciam estar em nós.

– Eu vou levar Janna para a sala. - Kylle anunciou. - Também posso deixar Meghan e Edwin se você quiser, Lunna.

Kylle sendo educado e prestativo? Algo estava errado. Mas não havia motivo para não aceitar.

– Certo, mas certifique-se de deixá-los dentro das salas.

E assim, Kylle levantou Edwin no colo e guiou Meghan pela mão, enquanto Janna o seguia. Fiquei feliz com sua prestatibilidade.

– Ãh... Falando nisso, Elizabeth, acho que você está na sala de Scott.

Ela fez uma careta.

– Pelos deuses, apenas Lizzie. Mas ok. Scott é ele, né?

Scott levantou levemente a cabeça do bloco e concordou com um aceno.

– Eu mostro a sala para ela.

E os dois saíram. Ela falava sem parar enquanto ele rabiscava e dava leves acenos de cabeça.

– Isaac, Kat, Eccho, Becca e Peter estão conosco, Lunnie.

Vi Peter piscar para mim quando Aaron me chamou pelo apelido.

– Eu, Astryd e Khyra já vamos indo, Lunna. - Maeve disse. - Nos encontramos no portão, ok?

Confirmei enquanto observava minhas irmãs se afastarem. Minha família já fora embora.

Aaron me puxou pela mão, forçando-me a encarar sua família.

– Ok. Alec, Dylan e Ethan, as salas de vocês são perto das nossas. - Aaron disse. - Melhor irmos logo ou chegaremos atrasa...

– Hey! Lunna!

Ah, isso esplica a pressa repentina de Aaron.

– Oi James. - Respodi, tentando ser educada.

– Você vai na festa amanhã?

– Já dissemos que não, James. - Aaron respondeu no meu lugar. E eu não gostei nem um pouquinho.

– Que festa? - Katherine perguntou. Tenho certeza de que vi seus olhos brilharem.

James teve apenas um segundo de confusão, mas se recuperou com maestria.

– Vai ser na minha casa, amanhã. É para recepcionar os novatos. E vocês, quem são?

Katherine olhou de mim para Aaron, com a mandíbula rígida e encarou James com o mesmo sorriso malicioso do tio, Peter. A parte engraçada é que Peter era irmão de Tessa e Kat não tinha nenhum parentesco real com ele, apesar de todas as semelhanças.

– Somos a familia dela. E você, quem é?

A confusão de James durou mais dessa vez.

– Eu sou James. Desculpe, você disse família?

– Ah sim. - Peter se juntou a conversa, posicionando-se ao lado de Katherine. - Claro que ainda tem os menores, que já foram para a sala. Somos todos primos. Menos o Isaac, claro. Ele é irmão dela.

– Quem é Isaac? Então você e o Aaron são primos? - James insistia em fazer as perguntas à mim.

– Ah, sou eu. - Isaac disse, enquanto passava os ombros ao redor do meu pescoço. - Muito prazer, garoto.

Eu ainda não havia reparado, mas Isaac seguia o padrão da família de Aaron: alto e musculoso. Entretanto, ao contrário de Alec e dos gemeos, ele parecia perigoso. Até a forma como ele vestia o uniforme - mangas erguidas e gravata mal amarrada - colaboravam para essa imagem.

A comprovação disso foi a leve expressão de surpresa de James.

– Nós estaremos lá as oito. - Kat piscou para ele. - Nos aguarde.

E, com essas palavras, ela empurrou eu e Aaron pelo corredor.

A aula seguiu normalmente naquele dia, embora Aaron aparentasse estar preocupado. Ele estava distraído e alheio às coisas.

Cora passou o intervalo todo mostrando o programa de edição que usaríamos para a tela verde e Dereck não poderia parecer mais entediado.

Na hora do almoço eu começara a me acostumar com Elizabeth aparecendo aleatoriamente e com as discussões entre Jana e Rebecca.

Eles eram uma família grande e barulhenta, mas eram adoráveis e, apesar dos infinitos conflitos, pareciam realmente se importar uns com os outros e, surpreendentemente, comigo e com meus irmãos.

Assim que a louça foi retirada da mesa, todos se calaram. Admito que a mudança brusca me espantou um pouco.

– Hora do treino. - William anunciou, atirando uma sacola preta para mim. - Aí tem uniformes para todos vocês. Lá fora em dez minutos.

Ao fim dessas palavras todos de levantaram sem pestanejar e foram trocar de roupa. Estava na hora. Não haveria como escapar sem levantar suspeitas.


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