P.O.V Lisa

Oh my, Jesus humilha o Satanás! Jesus humilha mi-milha, milha, milha... O Satanás! Porra, há quanto tempo eu não canto essa música?! Épica, é a palavra que a descreve esse trechinho de merda que a nação inteira sabe de cor e saltitado.

Mas voltando a normalidade que minha vida é: Hoje eu acordei sem vontade nenhuma de ir para a escola, não que eu queira ir para a escola os outros dias, mas assim que abri os olhos por causa do meu despertador, uma coisa estranha ardeu dentro de mim como se fosse um sinal para que hoje não saísse do meu quarto e muito menos da minha casa. / Isso se chama preguiça. / Não, é sério! Acho melhor eu voltar para minha casa e ignorar o puxão de orelha que vou levar. / Deixa de frescura, você já está na rua da sua escola. / Ok, mas só porquê estou vendo a Cat e o Jake me esperando.

Estavam distraídos conversando, nem notaram minha aproximação.

– Bom dia gente bonita. – Falei beijando a bochecha do moreno por trás e sorrindo para Cat, mas o gesto desapareceu de uma vez só. – Quer saber, bom dia o caralho. Eu não estou feliz.

– Bipolaridade mandou lembranças, Lisa. – Jake riu.

– O que aconteceu? – Perguntou a loira.

– Estou com uma coisa estranha entalada, alguma coisa ruim vai acontecer hoje comigo ou irei presenciar algum desastre.

Os irmãos afastaram um passo de mim, o que me fez fazer uma cara de bunda para eles.

– Está parecendo aquele filme de terror em que o cara consegue detectar como a pessoa vai morrer só tocando nela. – Disse a laranja idiota.

– Pensei a mesma coisa.

Ótimo, peguei fama de psicótica que vê o futuro. Daqui a pouco vão ficar pedindo conselhos em questões banais e não vão querer que eu os toque.

– Isso mesmo. – Usei o máximo de sarcasmo que podia. – Tomem cuidado comigo, ou vou controlar como e quando irão morrer. Bu!

– Acordou com o pé esquerdo e com o sexto sentido ligado ao mesmo tempo. – Amo minha amiga, devia ter uma camisa escrito isso.

– Cuidado Cat, se a irritar ela vai acabar com sua vida.

Mostrei os dois dedos medianos que tenho para eles e gritei um auto e sonoro “vão tomar no cu”, acho que as pessoas ao meu redor se assustaram.

– Foda-se a opinião de vocês! Eu não preciso disso, eu tenho minha dignidade! – Gritei.

Sim, eu estou puta agora! Cansei dessa filha da putagem de zoar comigo, qual é, eu nem posso acordar com um pressentimento que todo mundo vem tirar com a minha cara?! Ah, vai te catar!

– Calma Lis, nós estávamos brincando. – Jake acariciou minha cabeça.

– Coitadinha da pobre Elizabeth. – A loira fez um biquinho.

Revirei os olhos e aceitei o carinho que meu namorado fazia em minha cabeça. Unf, eu mereço esse tratamento especial.

Meu momento feliz foi cortado assim que o sinal tocou, anunciando que os alunos tinham que entrar na escola e ir para suas respectivas salas.

– Tchau Cat, te vejo no intervalo. – Falei me distanciando, a mão do moreno tinha enlaçado minha cintura.

– Tchau pombinhos. – Gritou de longe nos fazendo rir.

– Estamos virando aqueles casais melosos? – Perguntei.

– Acho que sim. – Riu. – Você vive lá em casa, lembra aquele final de semana em que você ficou lá?

– Claro, como esquecer?

– Só falta você me levar até a SUA casa, estamos há mais de dois meses namorando e eu só conversei com sua mãe quando ela te leva a minha casa ou quando é chamada pela diretora. – Vamos dizer que a tia Belle gosta muito do Jake. – Por que não quer que eu conheça sua casa? Sabe que não me importo dela ser humilde.

– Eu sei, – Todos acham que minha mãe recebe o salário de babá e que não tenho pai, então... – apenas espere mais um pouco. Juro que você irá lá algum dia.

Chegamos á sala e estava o maior fuzuê de todos por parte dos populares.

– O que aconteceu? – Perguntei sentando em minha cadeira.

– Não que eu seja obrigada a te falar. – Clare começou. – Mas temos a maior bomba da história dessa escola!

– E o que seria? Você comprou um esmalte que foi feito no Sei-lá-quistão? – Sorri cínica e Jake balançou a cabeça rindo.

A loira de farmácia ir retrucar, mas uma de suas amigas falou de uma vez.

– A filha de Nicole Marie está estudando aqui! – E vários gritinhos foram seguidos disso.

Fiquei totalmente branca e arregalei os olhos, sem acreditar em meus ouvidos. A moreninha anêmica disse o que?! A filha de quem está estudando aqui?!

– Você não tinha dito que era super amiga dela Clare? – Outra garota disse.

– E sou, mas pelo visto a Elizabeth não me contou isso, provavelmente é uma surpresa. – Disse jogando os cabelos para o lado.

Depois disso já não escutava o que acontecia ao meu redor, via as bocas mexendo, mas não saia som nenhum. Como elas descobriram isso?! Eu devia esperar que uma hora ou outra soubessem que eu estava em N.Y, já que minha mãe está aqui há um tempão e vários tabloids falam dela e eu até fui naquela festa de socialites. Mas nunca passou pela minha cabeça que iriam descobrir onde eu estudo!

– C-como podem ter certeza que ela estuda aqui? – Perguntei meio nervosa. –Quero dizer, leram em algum lugar?

– Uma bolsista como você não deve estar atualizada com as notícias. – Riu esganiçada. – Mas a Elizabeth apareceu em várias revistas de fofocas, sem nenhuma foto, mas sempre falando dela. Um dos paparazzis da revista a viu entrando na escola, então deduziu que estava se matriculando.

Como eu iria saber que os paparazzis estavam atrás de mim?! Para mim iriam perseguir minha mãe e o namorado dela em momentos românticos, e não a filha de dezessete anos dela vivendo a vidinha mais ou menos! O que será que andam falando de mim nessas revistas?

– Ér... Clare, querida. – Chame e ela olhou. – Pode me emprestar uma dessas revistas? É rápido.

– Só porque estou de bom humor, língua-presa. – Jogou uma das várias que tinha em mim e eu agarrei.

– Lis, por que quer saber sobre isso? – Jake perguntou.

– Interesse, sou meio estranha. Ás vezes gosto de ler revistas de fofoca, é bom estar atualizada. – Sorri forçado.

– Tudo bem. – Falou meio incerto.

Abri a revista e vasculhei as páginas procurando algo sobre mim. Acreditam que algum jornalista aí escreveu uma matéria de mais de CINCO PÁGINAS sobre mim?! Minha vida está imposta! Como eu era em Paris, meus escândalos, o divórcio de meus pais, meus antigos relacionamentos (É que já namorei dois caras famosos, eles não eram esses filhos da puta. Eram muito legais, ambos conheci enquanto comprava livros) e até curiosidades. Como eles sabem que eu tive um cachorro chamado Sparks?! Ou que sei falar mais de três línguas diferentes?! Até tem uma foto ruim minha com a Cat aqui em Nova York! Sério, eu subestimei o jornalismo investigativo.

Na última página tinha uma foto borrada minha entrando na escola e com os dizeres “Alunos de ‘Grande Futuro’, será que vocês terão a honra de estudar com a indescritível, Elizabeth Marie?”. Sei que sou foda, mas isso chega a ser assustador.

– Quando será que ela vai chegar? – Perguntou mais uma garota, parecia que ia chorar. – Se ela virar nossa amiga nos dará roupas exclusivas da ‘La douce séduction’?!

– Aposto que ela deve chegar em uma limusine, usando uma roupa que a mãe criou exclusivamente para ela. –Delirou.

– Bem que ela poderia ter Twitter para falar quando irá chegar! – Reclamou.

– Tomara que seja gostosa. – Um garoto falou recebendo comentários idiotas de seus amigos.

Eu acho que vou desmaiar. O fuzuê só acabou quando a professora de Química entrou e mostrou sua bela cara de “Quem falar na minha aula vai ser expulso”. Pela primeira vez fico feliz por começar uma aula!

...

O sinal do intervalo tocou e eu corri para fora de sala, ignorando meu namorado. Corri para a sala de Cat, ela saiu pela porta (Não, pela janela!) e eu a puxei até chegarmos dentro do banheiro feminino.

– O que aconteceu Lisa?! – Perguntou preocupada.

– Elas descobriram, todo mundo sabe quem eu sou! – Falei desesperada.

– É O QUE?! – Gritou, mas depois abaixou o volume. – Como? Quem contou?

– Na verdade, não sabem que sou filha de Nicole Marie. Mas sabem que “ela” virá estudar aqui e segundo a fofoca que ouvi no meio da aula, a revista twittou que a Elizabeth foi vista andando pelas redondezas desse bairro um pouco antes do horário de aula!

– Ai meu Deus. – Falou devagar.

– Eu sei! O que vou fazer?

Ficou em silêncio pensando.

– Nada.

– Como assim nada? – Perguntei segurando seus ombros.

– Eles não sabem que é você, nada de ruim irá acontecer Lisa, se acalme.

– Ok, – Respirei fundo e relaxei os músculos. – você está certa Cat. Vai ficar tudo bem para mim, eles não sabem que sou eu a filha de minha mãe.

Saímos calmamente do banheiro e fomos para o jardim, perdi minha fome e pelo visto a loira também.

– Puta que pariu. – Ela falou parando de andar.

– O que hou... – Parei de falar e abri minha boca em um “o” perfeito.

No jardim não tinham apenas os alunos e alguns professores, mas também vários paparazzis! Como a diretora permitiu que eles entrassem?! Pensei nisso até que a vi no meio dos professores que procuravam felizes da vida pela “menina”.

– Fudeu, eles vão te reconhecer. – Disse assustada, mas não tanto quanto eu. – Temos que fugir.

– Mas eles estão na entrada/saída da escola também. – Puxei meus cabelos. – Não tem mais jeito!

– Tem sim! Para tudo tem um jeito!

Cat segurou meu pulso e me guiou rapidamente para a saída, um pitada de esperança pintou dentro de mim, mas ela foi quebrada.

– ELA ESTÁ ALÍ! – Gritou um dos paparazzis.

Nem consegui mais andar, pois mil e uma pessoas me cercaram.

– Mas essa é a Lisa, a bolsista! – Falaram algumas pessoas.

– Elizabeth, é verdade que você está namorando um garoto nessa escola? – Um de vários microfones foram apontados para mim.

– Eu...

– Elizabeth, como é viver em uma cidade totalmente diferente de Paris?

– É legal, eu...

Claustrofobia, isso era o que eu estava passando. Várias pessoas gritando meu nome, jornalistas fazendo perguntas, estudantes questionando se sou eu mesma e até consegui ver a cara de tacho que a Clare estava fazendo.

– Lisa! – Cat me chamou, ela ainda estava do meu lado, perguntas também eram feitas a ela.

– JÁ CHEGA! – Gritei o mais alto que podia, saibam que minha voz é muito potente. Aos poucos as vozes foram diminuindo. – Se quiserem me entrevistar para tal revista ou tal site de fofoca, favor ligar para minha empresária! Estou em um ambiente escolar, então, por favor, me deixem estudar, pois o estudo vem acima de qualquer coisa.

Os adultos aplaudiram minhas palavras e Cat começou a rir, ela sabe muito bem que eu durmo na maioria das aulas.

– Você tem empresária? – A loira perguntou sorrindo.

– Não. – Ri.

Paparazzis e jornalistas foram indo embora, mas conseguiram tirar várias fotos aposto. Procurei uma pessoa no meio da multidão de alunos que ainda me cercavam, e finalmente encontrei os olhos azuis escuros que eu tanto amo.

Corri até Jake e procurei qualquer sinal de decepção ou fúria que poderia estar em seu rosto, mas não encontrei nada. Na verdade, ele até sorria.

– Jake eu... –Tentei falar.

– Vem rápido, antes que esses perseguidores arranquem suas roupas para vender no E-bay. – Segurou minha mão e me levou até sei lá onde. Legal, todos amam me arrastar.

Não fomos muito longe, mas nos escondemos no Ginásio da escola, onde teve a festa de Hallowen.

– Jake, eu juro que queria te contar isso, mas não sabia como. Desculpa ter te decepcionado ou ter te enganado, mas eu juro que essa não era minha intenção! Por favor, não termine comigo ou pare de falar comigo, eu te amo. – Falei rápido. – Eu sei que devo ter acabado com a chance de ficar com você e também fui uma idiota, mas me perdoa!

Esperei que ele respondesse, mas antes disso, meus olhos estavam cheios d’água. Uma lágrima traiçoeira caiu de meus olhos, mas ele tratou de limpá-la com um dedo.

– Você não me decepcionou, nem acabou com as chances de ficarmos juntos e muito menos é uma idiota. – Disse sorrindo. –Na verdade, é um pouco idiota sim, mas isso não vem ao caso.

– N-não está bravo? Mas eu te enganei. – Falei enxugando lágrimas invisíveis.

– Posso te contar um segredo? – Assenti. – Eu já sabia de tudo isso.

Opa! Acho que isso me deixou mais surpresa do que quando Hannah Montana acabou (N/A: Se alguém souber um site para assistir online todas às temporadas eu ficaria agradecida. Saudades!)

– Como assim você sabia de tudo?! – Perguntei confusa. – Explica essa merda aí!

– Bem, um pouco depois de começarmos a namorar eu fiquei curioso sobre você, já que não dava nenhuma brecha sobre o assunto família e passado. Pode me chamar de possessivo, mas eu te stalkeei legal. Descobri sobre uma tal de “Elizabeth Marie”, que amava animes, livros, aprontou muito em Paris e era filha de uma grande estilista. – Falou. – Coincidentemente eu sou amigo de um menino chamado David Marc, que é filho de um famoso e tal. Nos conhecemos em uma viagem que a escola tinha feito para um hotel, mas isso é irrelevante. Resumindo: Perguntei pela internet se ele conhecia uma tal de Elizabeth Marie, e ele disse “A Lisa?! Claro que conheço, somos super amigos! Outro dia a encontrei em N.Y, se tiver chance converse com ela... Por falar nisso, acho que ela está namorando com um menino da escola que você estuda! Nossa, vocês já devem ter se encontrado e nem se lembram!”.

Fiquei um tempo associando tudo que meu namorado falou...

– Então todo esse tempo que você cobrava para conhecer minha mãe e perguntava sobre meu passado, era só para me sacanear? – Arqueei a sobrancelha.

– Sim, eu queria saber como seria sua reação. – Sorriu.

– Se eu não estivesse tão feliz por você não estar bravo comigo, te daria um chute agora! – Mas em vez disso pulei em seus braços.

Ficamos nos beijando e ignoramos o sinal avisando que as aulas tinham voltado, tínhamos “coisas” mais importantes para fazer. / Depois eu que sou a pervertida, só para as outras pessoas saberem: Essas “coisas” não são apenas beijos e abraços. / CALA BOCA CELESTE!