Quando Tudo Aconteceu escrita por Mi Freire


Capítulo 5
Capítulo IV


Notas iniciais do capítulo

Uma grande surpresa nesse capítulo pode mudar muita coisa. Ou não.



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O que aquele garoto ousado pensa que eu sou? Provavelmente deve ter pena de mim por eu não ter amigos ou uma vida social e animada como a dele assim como todos os outros. Só que isso, em momento algum, realmente não me faz falta. Eu odeio essas pessoas, me sinto muito melhor quando não estão por perto. Pelo menos assim eu não preciso me preocupar em agradar ninguém, ser boa o suficiente, tentar ser o que não sou para gostarem de mim, fingir gostos e preferências. Admitoque sou completamente áspera, fechada, sempre tive dificuldade em receber amor.

Claro que eu não posso deixar de perceber o quanto ele se esforçou para se aproximar de mim, suas boas intensões, o jeito fofo dele todo nervoso ao fazer um simples convite, mas também não resisti a vontade incontrolável de curtir um pouco com ele, talvez, por um momento, eu tenha deseja quebrar a tensão entre nós, mas acabou não funcionando, já que o babaca por sua vez falou coisas que eu não gostei e também achei muito merecido ele ter recebido um não, duvido que as garotas que babam por ele já tenham dito não a ele.

Eu jamais iria a essa festa, nem se quisesse. Primeiro que, eu nunca fui a uma festa dessas, todos ficariam me olhando, comentando, me fazendo sentir mal. Depois, o Vicente jamais permitiria uma coisas dessas. Ele mal nos deixa sair de casa, imagine passar a noite na farra e só voltar de madrugada? Não, nem pensar.

Cheguei da escola aquela quinta-feira disposta a fazer qualquer coisa para tirar aquele garoto do pensamento. Deixei Isabel dormir pelo resto da tarde, mas para isso ela teria que não se importar com o volume alto do som que liguei para poder dar um jeito na casa. Passei o pano, varri, tirei o pó, arrastei os moveis, limpei de baixo, lavei louça, dei uma ajeitada no meu quarto e só terminei a faxina no finalzinho da tarde completamente exausta e suando.

O Vicente chegou no horário esperado, mas poderia ser sempre uma surpresa. Não se pode esperar nada dele, as vezes ele gosta mesmo de surpreender. Notei que ele estava bem cansado e parecia irritado, não queria ser alvo da sua raiva, e nem fiz tanta questão que ele percebesse que a casa estava limpinha e cheirosinha, subi correndo pro meu quarto, tomei um banho e troquei de roupa.

― A senhorita pode me explicar o que significa isso? – levei um susto ao descer e ver que ele ainda estava sentado no sofá de paletó e com sua pasta de trabalho. Em mãos ele tinha uma folha de papel, que de longe reconheci ser do meu fichário.

Me aproximei só para ter certeza. Era um texto meu. Um pensamento que escrevi durante a aula de química já que não tinha o menor interesse de prestar a atenção na aula.

― Isso é meu. – gaguejei já sentindo as lágrimas nos olhos. Acho que deixei cair a folha no chão quando cheguei da escola. E mesmo que tivesse, ele não tinha nenhum direito de pegar a folha e ler seu conteúdo, nem mesmo depois de perceber que não se tratava de um trabalho escolar ou algo do tipo, mas sim, algo particular meu.

De repente me senti exposta, traída, abusada. Como se o Vicente tivesse entrado dentro de mim e descoberto tudo que eu evitava que as pessoas soubessem ao meu respeito.

― Que isso é seu eu já entendi. Pode me explicar o que está escrito aqui? – ele levantou-se parando diante de mim, parecia um poste de tão alto comparado a mim. Além de me sentir pequena, me senti afrontada, como se não pudesse ter mais particularidades.

De repente, enquanto ele ainda estava esperando minha resposta, me senti preparada para fazer alguma coisa. As coisas não poderiam ser assim sempre do jeitinho que ele queria. Eu tenho sim o direito de ter segredos, de querer me expressar de alguma forma, de querer guardar algumas coisas só pra mim.

Tomei a folha das mãos dele.

― Onde está Isabel? – ele perguntou, ainda muito bravo, mas sem argumentar o fato de eu ser uma simples adolescentes e querer escrever de vez enquanto como uma forma de desabafar.

Quem nunca se sentiu perdido ao ponto de acreditar que a escrita era sua única saída?

― Ela está fazendo o dever de casa. – menti. Virei as coisas para que ele não percebesse o quanto eu queria chorar.

― Chame ela imediatamente. Vou só tomar um banho e descerei para o jantar. Coloquem a mesa pra mim, por favor.

Às vezes me sentia como uma verdadeira escrava.

Só quando fui dormir que pude finalmente chorar em paz sem que ninguém escutasse. Ainda estava com muita raiva do Vicente, por ele ter invadido minha privacidade. Sei que foi descuido meu, afinal, qualquer um poderia ler uma folha de fichário encontrada no chão. Mas ele sabia que aquela folha me pertencia, e além de curioso acho que ele queria me contrariar, e leu de propósito. Odiei ainda mais o fato de ter que jantar com ele, na mesma mesa, tendo que olhar pra ele todo o tempo como se estivesse mesmo interessada no que ele dizia. Por não poder ter escolhas, por não poder querer comer em qualquer outro lugar, pois tinha que seguir as regras e as ordens dele. Me vi odiando aquela vida inferior, tendo que me sentir todo o tempo como uma pássaro enjaulado sem poder voar até onde eu quisesse.

Antes de dormir, quando finalmente parei de chorar, já tinha tomada uma decisão.

No intervalo sei que ele fica quase sempre no mesmo lugar, na mesma mesa redonda, com os amigos, jogando conversa fora, dando risada e comendo alguma besteiras. Respirei fundo, deixando meu lugar e meu livro para trás, para ir até ele. Precisávamos conversar.

― Posso falar com você um minuto? – perguntei, parando próxima a mesa dele. Todos pareciam não acreditar que eu estava mesmo fazendo aquilo, admito, que nem eu acreditava.

Veja só onde cheguei por me deixar levar pela raiva. Agora era tarde demais para desistir e voltar atrás.

― O que você quer? – ele foi me áspero. Não era o que eu esperava dele. Mas era compreensível que ele estivesse agindo daquela forma após o meu "fora". Aposto que ele ainda está com o orgulho ferido.

― Sobre aquele convite para a festa de hoje à noite... Ainda tá de pé? Eu pensei melhor na noite passada, e sim, eu quero ir com você.

Ou eu estava enganada demais ou vendo coisas demais, após ter achando que ele deu um leve sorriso. Mas acho que foi só coisa da minha cabeça. Provavelmente agora era a vez dele de se vingar de mim pelo que eu disse ontem na saída do colégio.

― A que horas eu vou te buscar?

Quase levei um susto com a sua resposta bem educada, ao contrário do que eu esperava que merecia.

― Não! Não precisa me buscar. – disse sem graça. Nem podendo imaginar a cena quando Vicente visse ele enfrente a nossa casa me esperando. ― Te encontro em frente ao Clube as nove e meia.

Eu estava mesmo começando a enlouquecer pra valer. Onde eu estava com a cabeça quando pensei em sair com o Bernardo indo até essa tal festa no Clube? O Vicente não poderia nem imaginar algo assim ou ele me mataria. Isso tudo porque eu queria me ver livre daquela prisão que ele chama de lar, nem que fosse por uma noite.

Em casa, quando contei a Isabel, ela quase faltou surtar comigo, toda empolgada, e já querendo ir também. Mas seria demais sumir nós duas na mesma noite. Acabei convencendo ela a não ir. E que ficasse em casa, ou eu jamais me perdoaria por ter enfiado aquela ideia em sua cabeça e o Vicente descobrisse e punisse a nós duas.

Fiquei muito confusa quanto ao que vestir: usaria um vestidinho com sapatilhas ou jeans com tênis? Por via das dúvidas, já que odeio me sentir exposta e qualquer friozinho me deixa arrepiada, e não quero nem pensar na possibilidade do Bernardo dar uma de esperto me dando seu casaco para me cobrir, optei pela segunda opção. Vesti meu jeans surrado de um tom azul escuro, meu moletom fechado sem zíper cinza com uma frase em inglês cor-de-rosa e meu All Star preto.

Saí de fininho pela porta um pouco antes da hora marcada, já era noite, e meu coração batia tão acelerado, tive medo que o Vicente pudesse ouvir do seu quarto, e eu acabasse me entregando. Eu nunca antes fugi e nunca antes cometi tamanha loucura. Cheguei em frente ao Clube muito mais cedo que o esperado, mas fiquei feliz, ao perceber que Bernardo tinha tido a mesma ideia que eu. Quando ele me viu – estava com os amigos – acenou de longe e veio até mim, sem eles, ficou me olhando de baixo pra cima, sem disfarçar, acho que estava me analisando e me achando uma ridícula por não estar vestida com as outras, de maneira tão vulgar.

Pigarrei me sentindo completamente envergonhada.

Acho que ele entendeu meu recado. Parou de olhar pra mim como se tivesse voltado a realidade, me deu um breve sorriso em conforma de cumprimento e me levou até a entrada no Clube, onde entregamos nossos convites, o meu estava com ele, e entramos.

Assim que entramos no grande salão de festa fui tomada pela onda de energia daquele povo dançante, pulando de um lado pra outro dando risadas esquisitas, esfregando-se um nos outros (isso, garotas com garotos), bebendo, fumando, tudo que eu já esperava encontrar em uma festa de adolescente, mesmo que eu nunca antes tivesse pisado meus pés dentro de uma. Mas disso ninguém precisava ficar sabendo, são só detalhes. Pelo menos estava confortável por ninguém estar me encarando, me olhando, comentando. Estavam muito mais preocupados em curtir a festa a ficar dando atenção a uma tanto faz como eu.

― Então – o Bernardo se abaixou um pouco, já que sou menor que ele que nem chega a ser tão alto, e falou no meu ouvido, pois a música eletrônica tocava muito alto. ― você quer uma bebida?

― Ah, não. – balancei a cabeça negativamente. Apesar dele ter se preocupado com meu bem estar e estar tão perto de mim que me causa calafrios. ― Eu não bebo. Estar bom assim, pelo menos por enquanto.

― Então tudo bem. – ele deu de ombros. Vi que em um canto mais afastado estavam seus três amigos, entre eles a garota que também sempre anda com ele. Notei que apesar de estarem longe, eles queriam estar com ele, o Bernardo, mas por alguma razão, que muito provável seja eu, eles preferiram dar um tempo essa noite. E eu agradeço mentalmente por isso. Não sei se já estou preparada para forçar simpatia a mais pessoas. ― Eu também não bebo muito. Mas vou pegar um refrigerante para mim. Tem certeza de que não quer?

― Refrigerante? Parece ótimo. – forcei um sorriso, ele retribuiu antes de se afastar para ir até o balcão e pegar as bebidas.

Enquanto isso, continuei parada no mesmo lugar esperando por ele, com um certo medo de me mexer e dar algo errado, e o Vicente acabar descobrindo minha grande mentira do século. Eu nunca tinha ido a uma festa como aquela, não me surpreendi muito, mas era exatamente como eu esperava. Não me animou nenhum pouco, eu não sei dançar, eu não bebo, eu não tenho amigos e tenho muita dificuldade em me divertir, nem sei porque aceitei aquele convite afinal. Eu poderia me vingar do Vicente, por ser tão intruso, de tantas outras maneiras...

― Aqui estar. – ele voltou me entregando um copo com Coca-Cola com uma rodela de limão e gelo. ― Hum... Você quer dançar, ou algo do tipo? Falar com alguém? Conhecer pessoas? Se divertir?

― Não! Está bom assim. – olhei bem pra ele. Percebi que não ficou nenhum pouco decepcionado com a minha resposta como se já esperasse por ela ou algo bem parecido, talvez até pior. ― Prefiro ficar de longe observando. Mas se você quiser se sinta à vontade para ir onde tiver vontade. Eu vou ficar bem aqui.

Ele praticamente festejou por ser ver livre mim pelo menos por algum tempo, parecia que eu estava tirando um peso de suas costas. Ele saiu muito rápido do meu lado, para cumprimentar as pessoas, socializar, pegar mais refrigerante, rir com quem ele gosta, especialmente, a loira corpuda de cabelos compridos e olhos claros, que é a mãe da filha dele.

Particularmente não tenho nada contra ela, e nem deveria ter, eu mal conheço a garota, nem se quer lembro seu nome. Mas admito sim, a beleza dela ofusca tudo a sua volta, é de dar inveja. A garota parece ter nascido com brilho próprio. Não me admira, que mesmo depois de separados, o Bernardo ainda morra de amores por ela, assim como todos os garotos do colégio. Praticamente se rastejam aos pés dela, mas diferente do que imaginava, ela parece não se orgulhar disso, pelo contrário, na maior parte do tempo parece nem ligar pra eles. Mas ela também não os menospreza, nem se gaba ou cospe no chão para eles beberam. Ela apenas age naturalmente, como uma garota normal.

― Voltei. – ele abriu um sorriso muito largo. Certamente estava mais animado que antes por algum motivo. ― Quer ir lá pra fora um pouquinho? Aqui dentro está muito abafado, agitado, acho que não dá nem pra ouvir a minha voz.

Ele tinha razão. E lá fomos nós, ele na frente para me orientar, e eu atrás acompanhando seus passos. Bernardo me levou até um espécie de jardim, canteiro, não sei, perto das piscinas interditadas, caso alguém resolvesse dar uma de esperto e se afogar bêbado. Ali havia algumas pessoas conversando em grupinhos pequenos e casais enfiando a língua dentro da garganta um do outro. Mas como não conheço ninguém, não me importei. Apenas saboreei a sensação ótima de poder respirar ar fresco, porque lá dentro do salão de festas, eu já estava começando a me sentir mal com toda aquela fumaça de cigarro, bêbados se esbarrando e mim todo o tempo, a música alta entrando pelos meus ouvidos.

― Pronto! Aqui está bem melhor. – ele parecia satisfeito consigo mesmo, até um pouco orgulhoso. Tentei não olhar muito pra ele, não queria que ele pensasse que eu queria algo mais além da sua companhia para me tirar de casa aquela noite. Mesmo que não soubesse meus reais motivos de estar ali. ― Porque você não chamou aquela sua prima, amiga, não sei, pra vir com você? Eu poderia ter arrumado um convite pra ela, caso você estivesse de acordo.

― O quê? – acho que não entendi exatamente o que ele quis dizer. Estava começando a me sentir confusa. ― Prima? Que prima? Eu não tenho nenhuma amiga.

― Aquela branquinha de cabelo escuro ondulado que tem olhos grandes verdes. – ele gesticulava como se não soubesse como agir diante de mim ou como puxar papo. Eu sou mesmo uma esquisita.

― Ah... Isabel. Ela é minha irmã. – eu sorri. A minha revelação pareceu ter o deixado desconcertado.

― Sua irmã? – ele me olhou todo sério. Acho até que não estava acreditando em mim. ― Vocês não se parecem em nada... Eu não sabia que você tinha uma irmã.

― Você realmente não sabe quase nada sobre mim. – retruquei sorrindo de um jeito provocante.

― É... Eu realmente não sei nada sobre você. – ele me puxou pelo cotovelo, me fazendo sentar com ele em um banco logo atrás de nós. ― Que tal você falar um pouquinho mais sobre você? Não precisa ser tudo, claro. Desde que você se sinta à vontade.

E eu estava. De uma maneira muito desconcertante, eu estava me sentindo à vontade ao lado dele, pela primeira vez.

― Bom... Ela não é exatamente minha irmã. Não de sangue. Mas sim de consideração. E uma grande amiga.

― Entendi. Ela é adotada, mas ela não sabe.

― Não! – eu comecei a rir. ― Você não entendeu. Não é só ela a adotada. Eu também sou adotada.

Ele deixou o queixo cair. Não literalmente. Mas de uma maneira fofa, mas que deixava claro que minha revelação o pegou de surpresa.

― Me conta essa história. – ele pediu.

Então eu disse, que fui adotada pelo Vicente aos dez anos, que antes dele, eu vivia de orfanato em orfanato como uma rejeitada, até ele aparecer. Isabel foi adotada a dois anos atrás, e é dois anos mais nova também. Parece pouco, sim, em alguns aspectos realmente é. Mas ela se adaptou fácil, eu a ajudei muito nos primeiros meses.

― Nem dá pra acreditar! Eu jurava que você era filha do Vicente. Digo, de verdade. Pois de alguma forma, sim, você se tornou filha dele.

Começamos a conversar de uma maneira tão natural e divertida, falando sobre nós dois, que nem vi a hora passar. Já era quase meia noite e eu não estava nenhum pouco a fim de voltar pra casa. Não agora, que eu finalmente consegui me abrir com alguém que eu mal conheço. Não me arrependo disso, e sei que a partir de agora muita coisa pode mudar, e apesar dessa ideia me assustar um pouco, eu estou bastante ansiosa, um sentimento novo me preenche por dentro.

― Acho que seu celular tá tocando. – ele me alertou. Eu estava tão distraída ouvindo o som da risada dele, que era tão melodiosa, muito melhor de perto do que eu já tinha ouvido de longe, e nem percebi o me celular tocar desesperadamente dentro do bolso da calça.

― Clarissa? Finalmente você me atendeu! Estou ligando a um tempão e nada de você atender. – era a Isabel muito aflita. ― Clary, você precisa voltar pra casa agora. Quando eu digo agora, é agora, não estou de brincadeira. Eu tentei ao máximo te encobrir. Mas você sabe como é o papai, ele tá sempre com um pé atrás em relação a nós. Eu inventei a desculpa de que você estava na casa de uma amiga. Desculpe, mas foi a primeira ideia que me passou pela cabeça. Ele está danado atrás de você. Acho melhor você ligar pra ele, ou dá um jeito de aparecer, ou, sei lá, encontrar uma amiga urgentemente e inventa uma desculpa melhor.

Sem mais explicações, ela desligou.

― Ei, o que aconteceu? Quem era? Que cara é essa? – o Bernardo fazia mil e uma perguntas, e eu só pensava que agora que o Vicente descobriuminha primeira travessura, eu estava ferrada quando voltasse pra casa. ― Era seu pai pedindo pra você voltar?

― Pior que isso. – olhei finalmente pra ele apavorada. ― Você precisa me ajudar agora. – toquei o braço nele em sinal de desespero.

Tentei contar rapidamente a história sem entrar muito em detalhes, e como um anjo que cai do céu, o Bernardo disse que tinha uma ideia pra me tirar dessa. Ele foi correndo de volta até a festa, demorou um pouquinho até voltar a aparecer, com uma garota.

Uma garota um pouco mais alto que eu, com traços delicados e infantis, o cabelo preto, lisinho e fino. Um sorriso bonito de boneca.

― Essa é a Marina. Marina, essa é a Clarissa. – ele nos apresentou de maneira formal. Eu sorri pra ela, mesmo ainda sem entender o que ela tinha a ver com tudo isso. E ela sorriu pra mim ― Clarissa, a Mari vai te ajudar. Você só precisa ligar para o seu pai, dizer que está na casa de uma amiga estudando, que já está tarde e que você prefere dormir lá, mas caso ele não acredite, ele pode confirmar a história ligando no telefone dessa tal amiga – ele balançou um celular rosa no ar, que deveria ser dessa tal Marina, pra eu poder ver. ― e perguntando se de fato você está com ela.

Não sei se o Vicente acreditaria, mas que era uma desculpa boa, era sim. Eu torcerei pra que ele acreditasse. Nada poderia dar errado.


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Notas finais do capítulo

E ai, me digam! O que vocês acharam: Vicente vai descobrir tudo e punir a Clarissa? A mentirinha que o Bernardo inventou vai realmente funcionar com uma ajudinha da Mari? Comentem!



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