Quando Tudo Aconteceu escrita por Mi Freire


Capítulo 32
Capítulo XXXI


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, olha eu aqui. Vi que o numero de leitores aumentou um pouquinho, mas que mesmo assim sempre as mesmas pessoas comentam. Bom, isso não é um problema. Desde que todos estejam gostando da história apesar de seus altos e baixos. Mas é importante que vocês comentem, por minimo que seja. Só pra me motivar um pouquinho.



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Espiei pelo cantinho da janela lateral da casa quando a Clarissa chegou em seu vestidinho branco de verão e sapatilhas azuis. Saí pela porta dos fundos e fui até ela com todo cuidado do mundo para não fazer nenhum barulho. Ela tocou a campainha. E eu fui me aproximando por trás, lentamente, fazendo-a esperar, só para surpreende-la.

Tapei seus olhos e ela soltou uma risada graciosa.

― Bernardo! Você me deu um susto.

Virei-a de frente pra mim e abracei com toda a força que podia.

― O que você estava fazendo lá atrás? – ela perguntou, passando a mão no vestido que eu amassei e tirando o cabelo do rosto. Ela estava sorridente e tinha as bochechas vermelhas por causa do sol, eu não deveria estar muito diferente.

― Nada de mais. Vamos? Meu pai emprestou o carro pra gente. Sei que ainda sou menor de idade e que não é certo dirigir por aí como se o carro fosse meu. Mas pelo menos meu pai tem o consentimento. E nada pode dar errado, eu sou um ótimo piloto. – peguei a mão dela, e a puxei.

Não tinha percebido que ela estava com uma bolsinha de alça preta até ela jogar a bolsa no banco de trás do carro. Liguei a rádio, dei partida no carro e lá fomos nós rumo ao shopping.

Durante todo o trajeto ela ficou falando sobre as decisões que havia tomado após tentar conversar com seu pai sobre a gente e não ter resultado em nada. Eu gosto de tudo nela, o que ela diz, o que ela pensa, o que ela faz. Mesmo assim eu me vi na obrigação de ir conversar com ele qualquer hora dessas. Não me parecia justo eles estarem brigados por minha causa. Já que o Vicente não acredita que eu seja o melhor pra ela, eu precisava provar pra ele o contrário.

Desci do carro primeiro, abri a porta pra ela descer, dei-lhe um beijo rápido, segurei sua mão sentindo o encaixe perfeito de nossos dedos, andamos juntos até a entrada do shopping.

Eu não conseguia esconder o contentamento de estar ali, juntos. Meu sorriso torto no rosto não sairia por nada. Nada poderia estragar aquela felicidade. Também não conseguia tirar meus olhos dela, me perguntando se aquilo estava mesmo acontecendo, sem que dessa vez precisássemos nos esconder de ninguém.

Clarissa estava muito bonita naquele vestido, os cabelos louros cacheados mais volumoso, a maquiagem em tons claros, o perfume doce da pele suave e delicado, os olhos escuros alegres, os lábios com gloss sempre abertos em um meio sorriso.

Comprei ingresso para a próxima sessão que começaria em quinze minutos, o filme escolhido pela Clarissa foi A menina que roubava livros. Em seguida compramos pipoca e refrigerante.

Ao sentarmos na última fileira no fundo, bem no cantinho escuro, eu deixei tudo de lado e me inclinei para o lado dela. Eu queria beija-lo durante todos os trailers e se possível, durante todo o filme também. Eu não queria, não podia, despedaçar nenhum minuto do nosso tempo.

Eu era o cara mais sortudo do mundo aquela tarde.

― Bernardo, por favor. – ela ria, baixinho. ― O filme já começou!

Eu continuava a beija-la, a tocar seu rosto, a sentir meus dedos nos fios dos seus cabelos macios, a sorrir pra ela mesmo em meio a pouca luz do cinema, fazendo-a sorrir, rir, chamando sua atenção pra mim, dando pipoca na boca dela, por fim, ela acabou se dando por vencida e ficamos cada vez mais colados.

O filme terminou e eu jurava não ter visto nenhuma cena, mas também não me importava, teríamos a vida toda pra rever aquele filme com mais tempo, só que naquele momento eu simplesmente não conseguia me concentrar em nenhuma outra coisa que não fosse nela.

Fomos até a praça de alimentação do shopping, sempre tão cheia, e pedimos lanches no Subway.

Na saída, lá para as cinco horas da tarde tivemos uma surpresa. O céu que antes estava sem nuvens, agora estava chuvoso, porém ainda ensolarado. Chuva e sol, a combinação perfeita.

― Quer que eu vá pegar o carro pra você não precisar se molhar?

― Não, sem problemas. – ela abriu um sorriso largo, apertando firme seus dedos nos meus. ― Vamos no molhar.

Clarissa me puxou com força pela chuva fina, geladinha, por todo o estacionamento, corremos aos risos, até chegarmos ao carro. Mas antes de entrarmos, aproveitando que já estávamos molhados, eu a encostei na lataria do carro e colei meu corpo no dela. Apertando meus dedos na cintura dela, podendo sentir o vestido molhado colado no corpo, eu conseguia sentir o contorno de suas curvas, e aquilo era realmente excitante. Meus olhos encontraram os delas, os cílios escuros molhados, a boca sexy entreaberta esperando pela minha. Eu a beijei, praticamente a ataquei, e ela correspondeu de volta, sugando meus lábios, como se quisesse sugar a minha alma. Ambos cheios de desejos, cheios de vontade um do outro.

Minha mão desceu pela coxa dela, puxando-a para cima de mim como se aquilo fosse possível. Na tentativa de fundir nossos corpos. Clarissa não se queixou, e quando apertei sua pele com meus dedos, ela sufocou um gemido dentro da minha boca, com nossos lábios ainda colados.

Eu a queria. Queria por inteiro. Como nunca antes quis alguém.

O clima entre nós havia subido de temperatura tão inesperadamente, e agora eu me via perdido, sem saber o que fazer a seguir.

― Tá todo mundo olhando. – ela se afastou um pouco, ainda sorridente. O rosto molhado, os lábios comprimidos. ― Vamos entrar?

Abri a porta do carro pra ela entrar, fechei e corri dando a volta no carro para entrar também enquanto a chuva só aumentava de ritmo.

Respirava fundo, ofegante, ereto no banco, as mãos sobre o colo.

― Acho que devíamos esperar a chuva diminuir um pouco. – Clarissa observou, me olhando de canto.

Ela também parecia muito sem jeito pelo que aconteceu agora a pouco, assim como eu. Tive medo de ter ido longe demais, até ela me provar o contrário. Clarissa pegou a minha mão e colocou no colo dela, ela me olhava afetuosa, e eu não conseguia enxergar mais nada a minha frente além dela. Ela se inclinou sobre mim e beijou-me, dessa vez mais calmamente, com mais doçura, dando pausas para sorrir.

― Eu amo você, Bernardo. Eu amo, amo, amo.

Olhei para ela atônito, surpreso, curioso, assustado.

Ela havia mesmo acabado de dizer o que eu achava que ela tinha dito? Como quem lê meus pensamentos, Clarissa dar-me um abraço, mesmo com a dificuldade da marcha e o freio de mão entre nós.

― Você significa tanto pra mim, que as vezes eu não sei lidar com isso. – ela continuou, só para eu ter certeza de que aquele momento era mesmo real. E não só mais um sonho meu.

Sem eu nem precisar pedir, ela subiu em cima de mim, passando uma perna de cada lado do meu corpo no pouco espaço. Clarissa segurou meu rosto e voltou a me beija devagar. Quando ela se afastou, olhando pra mim, eu pude ver atrás dela a chuva batendo forte no para-brisa do carro. Encostei a cabeça no banco, e senti ela deitar a cabeça sobre o meu peito, onde meu coração batia descompensado pela sua proximidade. Eu estiquei o braço e liguei a radio novamente. Depois, meus dedos acarinharam a cabeça dela. E ficamos assim, por um longo momento, em silêncio absoluto. Apenas ouvindo nossas respirações, a música no rádio e a chuva caindo do lado de fora.

― Eu te amo. Sempre vou te amar. – foi a minha vez de dizer o que já queria ter dito há muito tempo.

Quando chegamos em frente da minha casa o céu já estava mais escuro, mas a chuva já havia diminuído bastante.

― Você quer entrar? Meus pais já chegaram.

― Eu quero sim.

Abri a porta de casa, meu pai estava vendo o jornal. E pelo barulho e o cheirinho bom, minha mãe estava na cozinha fazendo o jantar.

― Pai. Mãe. Trouxe uma convidada especial pra jantar com a gente essa noite. – ainda segurava a mão da Clarissa, a um passo atrás de mim. Ela estava tensa e gelada. ― Fique tranquila. Eles vão adorar conhecer você, finalmente. – sussurrei.

Mamãe veio da cozinha com seu avental em volta da cintura, enxugando as mãos com um pano de prato. Ao ver a Clarissa ela a abraçou com carinho. Clarissa pareceu ter ficado bastante envergonhada por um momento, mas meu pai com seus comentários um tanto tolos logo quebrou a tensão do momento.

― Vão lá pra cima e tirem já essa roupa molhada antes que peguem um resfriado. – ordenou minha mãe. ― Filho, dê um toalha limpa para Clarissa tomar um banho quente. Se quiser, ela pode ficar com uma roupa minha.

Esperei sentado enquanto Clarissa tomava um banho no meu quarto. Os momentos que tivemos aquela tarde juntos no shopping, no cinema, no carro, de baixo da chuva rondavam minha mente, e eu não conseguia parar de sorrir até agora. Uma vibração vindo de dentro da bolsa de Clarissa sobre a minha cama despertou-me de meus devaneios.

Era o celular dela. Quinze chamadas perdidas de seu pai.

― Bernardo? – Clarissa me chamou pela pequena abertura da porta do banheiro. ― O que eu vou vestir?

Fui até ela.

― Eu vou pegar algo da minha mãe, com certeza vai servir melhor em você. Acho que você deveria dar uma olhadinha no seu celular. – estendi o mesmo pra ela. ― Seu pai deve estar preocupado com você.

Dei meia volta.

― Eu preferira uma camiseta sua. – ela saiu do banheiro enfim, enrolada na toalha, os cabelos molhados. O vapor saindo logo atrás. Ela digitava algo em seu celular, provavelmente uma mensagem de texto para o pai ou para a irmã, não sei.

― Você pode escolher. Estão todas no meu guarda-roupa. Vou buscar algo da minha mãe pra você vestir por baixo. Fica a vontade. Se troque, e eu já volto.

Dei um tempo a ela. Quando voltei ela já estava vestida dentro da minha camiseta gola V azul marinho maior que seu manequim, praticamente batia em seus joelhos, ela enxugava os cabelos com a toalha, estava descalça e extremamente sexy.

Tentei não ficar olhando muito.

― Agora é minha vez. – passei por ela em direção ao banheiro, antes dei-lhe um beijinho no rosto. ― Trouxe aquilo pra você. – apontei, um short branco de malha sobre a cama.

Durante o jantar meus pais foram bastante gentis com a Clarissa, ela conversou com eles durante todo o tempo. Eu fiquei calado, apenas observando. Eu tinha esperado tanto por aquele momento em família, e agora, ele estava finalmente acontecendo.

Um pouco antes das oito nós descemos para o meu quarto-porão após ajudar a minha mãe com a cozinha. Ela e a Clarissa se deram muito bem, muito mais que a relação entre professora e aluna.

Ainda caia uma garoa fina lá fora, o ar estava mais gelado. Deite-me sobre a cama, chamei a Clarissa e puxei o coberto sobre nós. Ela se aninhou em mim e eu passava o dedo devagar na pele do seu braço.

― Eu queria tanto ficar aqui com você essa noite. Poder dormir aqui, longe dos problemas da minha casa.

― Eu também queria muito meu amor, queria muito que isso fosse possível. Mas vamos devagar. – beijei seus cabelos, sentindo o cheirinho do meu sabonete impregnando nela. ― Quando você estiver na sua casa, no seu quarto, deitada na sua cama, imagina que eu estou lá com você, te fazendo companhia.

Ela levantou a cabeça na direção do meu rosto e nos beijamos pelos próximos minutos, até o momento em que tive que deixa-la em casa. Já estava tarde, ela precisava ir embora.

Acordei na manhã seguinte com alguém pulando da minha cama, sobre mim. Resmunguei alto, estava tendo um sonho ótimo com a Clarissa. Abri os olhos com dificuldade e deparei-me com a Marina, pulando sobre a minha cama, dando risada, feito uma criança.

― O que diabos você está fazendo aqui tão cedo? – tentei me sentar, ela ainda pulava sobre mim. ― Desce já daí.

Puxei-a pelo pé fazendo-a cair sentada na minha frente.

― Vai, me conta tudo. Tudo o que vocês dois fizeram ontem.

― O quê? Mas como você sabe disso?

Esfreguei os olhos, ainda sonolento.

― Ela me ligou ontem, tolinho. Assim que chegou em casa. Esqueceu-se que agora somos, tipo, melhores amigas?

― O.k. Tenha paciência, eu acabei de ser acordado por você, que também é minha melhor amiga, ou pelo menos, faz com que eu acredite nisso. – eu sorri, pisando os pés no chão. ― Eu vou escovar os dentes, jogar água no rosto, descer e tomar café. E só depois a gente conversa.

― Ah Bernardo, fala sério. – ela tacou o travesseio nas minhas costas, enquanto eu ia rumo ao banheiro. ― Você já deveria ter acordado há muito tempo! Já são quase meio dia.

― Primeiro – virei-me pra ela, tentando parecer sério. ― nós estamos de férias, não tenho hora pra acordar. E segundo que eu fiquei até tarde falando com a Clarissa pelo telefone e depois eu fiquei pensando nela por horas até pegar no sono.

― Ah! Que lindo! Meu amigo está apaixonado. – ela zombava de mim, dei as costas, sorrindo. Amigos, revirei os olhos. Tranquei-me no banheiro para fazer a minha higiene pessoal.

Sim, eu estava apaixonado. Completamente apaixonado pela Clarissa. Sentia que finalmente tinha encontrado exatamente tudo aquilo que eu precisava para ser completo.

Marina tomou o café da manhã comigo, mesmo já se passando do meio dia. Sabe-se lá que horas eu iria almoçar naquela tarde. Muito provavelmente na hora do jantar. Éramos só nós dois em casa, meus pais estavam no colégio. Contei pra ela tudo que precisava saber sobre meu encontro com a Clarissa e depois, exigi que ela me contasse como estava o namoro dela com o Gustavo, se os dois tinham se entendido.

Sim, estava tudo bem entre eles novamente. São diferentes, brigam constantemente, mas se amam, se gostam muito. E não conseguem viver longe um do outro por muito tempo. Exatamente como deve ser entre um casal que se ama verdadeiramente. Não há desculpas, orgulho, ressentimento capaz de destruir um sentimento tão grande, tão imenso, tão real e duradouro.

― Estou pensando seriamente em fazer uma surpresa pra ela. – comentei pelo caminho. Após a nossa longa conversa lá em casa, o Miguel nos convidou, dizendo que tinha chamado todos para passar a tarde no Clube. E eu claro, concordei em ir junto. Portanto que a Clarissa fosse também. E ela iria, já estava a caminho. Ela e Isabel.

― Como assim? Um pedido de namoro? – ela me olhou, séria.

― Exatamente. O que você acha? – arquei uma das sobrancelhas.

― Eu acho que vou morrer de inveja! – ela riu, eu também.

Chegamos no Clube por volta das três da tarde, já estavam todos por lá esperando por nós dois, inclusive a Clarissa, que quando me viu praticamente saltou no meu colo, me abraçando forte e me beijando alegremente, assim, diante de todos, sem nem se importar.

A galera toda, especialmente o Gustavo e o Miguel, ficaram debochando de mim. Dizendo coisas que só meus amigos mesmo poderiam dizer. Do quanto eu estava apaixonado, do quanto eu estava bobo com toda essa paixão, o quanto eu parecia disperso em outro mundo, sempre pensativo, sempre com aquele sorrisinho tosco. E até que eles tinham razão, eu não podia discordar, apenas rir junto de mim mesmo. Porque eu estava mesmo me sentindo muito diferente, melhor de certa forma. Como se eu tivesse ali, diante de tudo, tudo que eu sempre quis, tudo o que eu precisava. Não faltava mais nada.

Quer dizer, faltava algo sim. A minha filha, Liz.

Um pouco antes das seis, eu chamei a Clarissa pra ir embora comigo. Queria que ela passasse comigo na casa da Lorena, eu queria ver muito a Liz, e quem sabe até, convencer a Lorena de deixar eu ficar com ela por alguns dias seguidos que não fosse o final de semana. Ela me devia isso, já que tinha ido viajar com ela e o Rafael.

Clarissa e eu fomos conversando pelo caminho, ela tagarelando sem parar do quanto estava surpresa por seu pai ainda não ter feito nada por ela estar agindo assim, tão rebelde. E falou também sobre uns envelopes suspeitos que chegavam do correio pra ele.

Chegando na casa da Lorena, eu toquei a campainha. Clarissa estava logo atrás, esperando por mim. Dessa vez, a própria Lorena me recebeu com um abraço apertado, um beijinho caloroso e um sorriso no rosto que diminuiu rapidamente quando ela viu a Clarissa mais atrás.

― A gente tá junto. Podemos entrar? Eu quero ver a Liz.

― Claro! Claro. Entrem. Fiquem a vontade.

Pelo visto ela estava sozinha em casa, reparei, olhando para os lados. Nada de seus pais, nada do seu namorado insuportável.

― Não reparem a bagunça. Eu estava ensaiando alguns passos novos. – ela disse meio sem jeito, diminuindo o volume do rádio ligado. Provavelmente por causa da presença da Carissa, porque comigo ela raramente agia assim. ― A Liz tá lá em cima, dormindo. Você me ajuda?

Assenti, seguindo-a até a escadas. Clarissa não se importou em ficar na sala, sentada do sofá, esperando por nós. Ela meio que entendia, ou deve ter percebido os sinais da Lorena que não é nada boa em disfarçar seu descontentamento. Pelo visto, precisávamos conversar.

― Vocês estão.... Juntos? – ela perguntou, meio receosa. Abrindo a porta do seu quarto. Liz estava mesmo dormindo, no bercinho.

― Sim, estamos. Eu gosto dela. Ela gosta de mim. – era melhor ser sincero o quanto antes. Para não dificultar as coisas no futuro.

Lorena começou a fazer a bolsa da Liz sem eu nem precisar pedir.

― Eu já deveria ter imaginado. Sabia, desde o início que vocês tinham alguma coisa. – ela não me olhava, estava agindo muito diferente, com pressa, com falta de jeito. ― Isso quer dizer.... Você não gosta mais de mim? Nenhum pouco, pelo visto.

― Não estou entendendo.... Tem alguma coisa errada? – perguntei, confuso. Tudo, absolutamente tudo, parecia errado. O que ela exatamente queria dizer? Porque estava agindo daquele modo? Porque a ideia de estar com a Clarissa parecia não lhe agradar?

― Estou falando de nós dois, Bernardo. – ela virou-se pra mim, entregando-me a bolsa da Liz. Nós não falávamos alto, para não acorda-la. Pelo menos não por enquanto.

― O que tem nós dois? – olhei bem pra ela, perdido. Dentro do seus olhos azuis claro eu vi um quê de decepção. E de repente tudo começou a fazer sentindo dentro da minha cabeça. ― Você tá querendo dizer? Er... Bom, eu não sei. Eu gosto de você, Lorena. E sempre vou gostar. – aproximei-me dela. ― Sei que isso é tudo muito novo pra você, mas eu amo a Clarissa, de verdade. E quero estar com ela. Nunca passou pela minha cabeça e nem pela sua a possibilidade de algum dia voltarmos a ficar juntos. Isso já passou, ficou lá no passado. Hoje, agora, eu estou com ela e você com o Rafael. Mas isso não muda nada. Você sempre será um marco importante da minha vida e temos a Liz.

Dito isso, eu peguei a mão dela.

― Não se preocupe. A Clarissa é o melhor pra mim. Você não imagina o quanto estou feliz com ela. Da mesma forma que você deve se sentir com o Rafael. – desviei os olhos, olhando na direção da Liz adormecida. ― Agora, eu preciso ir.

― Ah sim. Me desculpe. Eu sou meio tonta mesmo. Você sabe. – ela soltou um riso, eu acompanhei. ― Não sei onde estou com a cabeça. Claro que isso não tem nada a ver. Se você gosta dela, deve ficar com ela. Eu só quero o melhor pra Liz. Ela é tudo que nós temos.

Ela pegou a Liz cuidadosamente, que nem se quer chegou a acordar e me entregou, passando para meus braços. Lorena deu um beijinho na testa da filha e um beijo na minha bochecha, deixando a marca do seu gloss avermelhado, com cheirinho do morango.

― Se despeça da Clarissa por mim. Eu vou ficar por aqui mesmo, arrumando esse quarto. Está uma bagunça!

― O.K. Tchau, e se cuida. – fui em direção a porta, sem tirar meus olhos da Liz. ― A gente se vê em breve.


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Notas finais do capítulo

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