Quando eu olho pra ela sei que não há mais nada no mundo que eu gostaria além de ter que ficar olhando pra ela por horas seguidas incansavelmente. Quando estou com ela é como se não existisse dor, sofrimento, tristeza ou qualquer outra sentimento diminuitivo e destrutivo. Eu quero está com ela, somente eu e ela, e isso bastaria. Pois ela é a única coisa no mundo da qual eu necessito mais que qualquer outra coisa que possa existir. A felicidade e alegria que ela me trás chega a ser dolorosa. Mal cabe no peito. Sinto-me vivo, forte e capaz de tudo.

A pele dela é tão branca e macia, é como se por um momento eu pudesse tocar as nuvens. As bochechas são rosadas, os traços delicados, o nariz pequenino e afilado.

Seus olhos são grandes e redondos de um azul cor do céu. Um azul tão claro e limpo como a água dos mares. Cristalinos, intensos e profundos. Chegam a ser hipnotizantes.

O cabelo dela é curto e castanho-claro. A franjinha cai lisa sobre a testa rente aos cílios longos e escuros.

Gosto do perfume dela. O perfume infantil. Gosto do cheirinho impregnado na pele. É algo delicado, sensível. O mais próximo que já estive do céu. Quando eu olho pra ela, ela instantaneamente sorri. Seus lábios são pequenos, finos e cor de rosa. Gosto de sensação de tê-la em meus braços como um tesouro precioso. Gosto de quando ela envolve meus dedos com os delas. São pequenos, gorduchos e finos.

Não me canso, nem por um segundo, de observa-la dormindo, o rostinho próximo do meu peito, a respiração sonolenta. Suas pálpebras se movimentam como se ela estivesse sonhando.

Lembro-me da primeira vez que a vi e tomei em meus braços. Não me lembro de ter sentido coisa melhor em toda a vida. Todas as definições para a felicidade, antes de conhece-la, parecem insignificantes agora que eu a conheço. Sei que ela é tudo que eu preciso pra ser feliz e tudo que aconteceu antes, não tem mais tanta importância.

― Filho? – ouço a voz da minha mãe me trazendo do de volta pra realidade. Mamãe coloca a cabeça pra dentro do meu quarto e me olha com um sorriso e os olhos azuis cheios de expectativas. A voz dela é baixa. Nem mamãe e nem eu queremos acorda-la. ― Tá tudo bem ai?

― Tá sim mãe. – sorrio de volta para ela. Mamãe assente de maneira compreensível. Manda um beijo e sai, fechando a porta outra vez e me deixando a sós com a minha menina.

Liz é o seu nome. De origem hebraica que pode significar “lírio” que pode representar “verão”, “amor eterno” e “pureza”.

Pela janelo do meu quarto vejo os primeiros raios solares dessa manhã de domingo. É o meu ultimo dia com ela até ter que deixa-la ir. Ficamos juntos de quinze e quinze dias. Os finais de semana inteiro só para nós dois. Onde podemos fazer de tudo, inclusive nada. Vai depender do bom humor dela.

Liz se remexe e volto a olhar pra ela. Acho que ela está finalmente acordando. Mal posso conter a emoção saltitando dentro do peito. Após alguns segundos ela abre aqueles olhos que é de matar qualquer um do coração. E então, pra me tirar o folego, ela sorri igual um anjo.

― Bom dia minha princesa. – digo baixinho, beijando sua testa e afastando o cabelo dela dos olhos com os dedos.

Liz se remexe, espreguiçando-se. Fico observando seus movimentos sutis. Ela boceja, passa a mão nos olhos e volta a sorrir olhando diretamente pra mim.

― Eu te amo mais que qualquer coisa no mundo. – beijo sua bochecha. Surpreendentemente ela toca meu rosto e sinto o calor de suas mãos pequenas em contanto com a minha pele.

Não é exagero. Não estou blefando. Ela é sim o que mais amo na vida. Nunca pensei que pudesse sentir sentimento tão grandioso. Nunca pensei que amar de verdade fosse tão extraordinário ao ponto de sentir que a emoção mal cabe dentro de mim. Sinto como se a todo tempo estivesse prestes a transbordar. Com ela, a visão que tenho do mundo, é diferente. Vejo felicidade, alegria e esperanças em tudo.

Ela me faz sentir forte, determinado, resistente e preparado para qualquer coisa. Por ela tenho a necessidade de ser sempre o melhor em tudo que faço. Por ela deixei de ser só mais um garoto adolescente passando por uma fase difícil e me tornei um homem com responsabilidades a mais que outros garotos da minha idade.

É verdade, eu já amei outras vezes antes de conhecê-la. Ou acreditei já ter amado. Enganei-me muito com falsos amores. Conheci garotas que acreditei serem as primeiras e as ultimas da minha vida. Com elas eu queria coisas de adulto. Namorar, casar e ter filhos. Mas a grande é verdade é que estive enganado, e só agora eu sei o quanto. Não foram as primeiras e nem serão as ultimas. A vida é um ciclo. E cada experiência é uma nova conquista para um novo aprendizado.

E hoje, mais do que nunca, me sinto preparado para o que der e vier. E se eu tiver que amar outra vez, eu amarei. E se eu tiver que acreditar que é pra sempre, eu acreditarei. E se eu tiver que chorar pela perda, eu chorarei. Eu quero encontrar um grande amor. Amor daqueles de cinema que a gente envelhece juntos cercado de filhos.

Mas por enquanto não quero pensar em mais nada. Quero focar no futuro. Nos meus sonhos, nas minhas vontades, nos meus desejos. Sei que as coisas podem mudar de um dia pro outro. Exatamente como aconteceu. Só que no momento, não há espaço. Não há tempo para brincadeiras, diversão, distração. Só tenho olhos para ela. Só quero pensar nela e eu juntos no futuro. Como é que vai ser, no que vai dá e se seremos felizes eternamente juntos. Tê-la comigo é minha unica garantia. O resto são incertezas nas quais eu acredito.