Os Guardiões - Reino dos Elementais escrita por Kai


Capítulo 6
As canibais da Baviera


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



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Katherine fazia questão de que Klaus explicasse tudo, enquanto eles lutavam e corriam para sobreviver. As coisas que lhes perseguiam eram ultrajes, nojentos e pareciam ser apenas femininas, elas usavam mantos sujos e encardidos como mendigas, sua pele era como madeira e seus cabelos cobertos e cheios de folhas, galhos, terra, no entanto nada parecia afetá-las com exceção do fogo. Klaus não tinha explicado exatamente o que eram, mas disse que elas eram pragas, infestações, que se alimentavam de carne humana ou elemental. Kathe por meio de socos fazia rajadas de ar empurrarem elas para longe ou simplesmente serem jogadas contra as árvores, apesar disso, quanto uma caía outras duas corriam em sua direção para arrancar sua carne e experimentar o gosto de seu sangue.

Klaus utilizava a terra a seu favor, em determinado momento, controlou as raízes das árvores para que soterrassem outras duas, em outro momento fez uma parede de terra se erguer e derrubar outras. Suzana se aproveitava da água presente no solo para atacar por meio de rajadas cortantes. Apesar disso as consequências eram deixar o solo seco e não propício para as árvores, com isso quem mais defendia seus amigos era Jack. Katherine se lembrava do dia que achou o primo num orfanato: triste e solitário, infelizmente ela não tinha trazido ele para uma vida melhor como achava que poderia, seus pais lhe diziam que o sangue de seus tios deveria ser vingado, e que Jack merecia viver com eles, como uma família. Agora, ela não sabia se eles estavam vivos ou mortos.

Enquanto corria pela floresta, Klaus guiava eles até que chegassem na casa de Wagner e Magna, seus pais. A sílfide via o desespero nos olhos verdes do gnomo de cabelos cor de caramelo, ele não queria perder seus pais como Jack e possivelmente Katherine ou ter que esquecê-los como Suzana, que se mantinha forte desde que eles tinham ido embora da China. Num certo momento, uma das criaturas canibais florestais deu um salto em cima de Suzana, ela gritou e foi arranhada profundamente pelo ser que estava pronto para terminar de arrancar a pele dela;

–Não!- gritou Klaus, ele tento impedir mas foi rodeado por outras canibais e se defendeu fazendo a terra se erguer e abatê-las;

–Deixe-a em paz!- gritou Jack. Ele fez uma bola de fogo que atingiu a canibal em cheio, fazendo ela cair do lado chamuscando. Klaus pulou em direção a Suzana com os olhos lacrimejando e ajudou a ondina a se levantar, mesmo ferida. Outras canibais foram pulando se aproximando cada vez mais deles quatro, e então Jack disse;

–Klaus, leve Suzana para a casa de seus pais. Katherine, defenda eles! Eu cuido dessas pestes!- Klaus assentiu com relutância e tentou levar Suzana consigo. Katherine olhou para Jack e disse;

–Tome cuidado- ela não poderia perdê-lo. Logo em seguida, ela se foi e Jack ficou para proteger seus amigos. Ele lançava chamas dos punhos, queimando e incendiando as canibais, algumas ousaram pular em cima dele mas foram explodidas ou detidas em chamas. Quando mais e mais canibais vieram, Jack fez sua última tentativa incendiando o perímetro fazendo elas se afastarem. Minutos depois, ao longe, ele ouviu passos profundos, grossos e impetuosos. A figura que se aproximava era monstruosa, terrível, tenebrosa e sobretudo sombria.

*****

Katherine tinha expulsado e derrotado dezenas talvez várias canibais, lançando rajadas de ar ou fazendo elas saltarem pelos ares. Suzana estava quieta, ainda reclamando da dor, enquanto Klaus levou eles até uma planície verdejante com um imenso cogumelo no centro. Não era exatamente um cogumelo, mas Kathe pensava ser um cogumelo. A casa era escura, cinzenta mas com o formato parecido com o de um cogumelo. Apesar disso, fora da casa, um homem alto, meio barrigudo, usava um gorro vermelho, tinha barba cinzenta mal feita, pele caucasiana, macacão azul como o de um mecânico e camiseta branca por baixo, além das calças marrons. Ao lado dele estava uma mulher branca, cabelos cor de mel curtos e definidos, saia de seda, meias pretas, sandálias velhas, vestido marrom como o de uma camponesa, e a boina vermelha.

Destacadamente, a mesma garota que eles tinham encontrado na floresta estava perto deles provavelmente conversando;

–Pai!- gritou Klaus. O homem se virou com os olhos cheios de refúgio assim como a mãe que correu para o encontro, eles não pareceram estranhar a presença de duas garotas com ele, mas pareciam já saber delas, talvez a garota (que ainda estava perto da casa-cogumelo) da rosa na orelha tivesse contado a eles;

–Filho! O que aconteceu? Por onde esteve?- perguntava Wagner, o suposto pai de Klaus. Eles não puderam se abraçar, já que o gnomo ainda sustentava Suzana com os ombros;

–Quem são essas moças bonitas?- perguntou Magna, a mãe de Klaus. O garoto ficou vermelho, revirou os olhos e disse;

–Agora não, mãe. Leve Suzana daqui, ela está ferida!- a mulher assentiu e disse;

–Venha querida- Suzana a seguiu para adentro da casa. Chegando lá Suzana e a garota da rosa se entreolharam acirradamente. Os olhos de Katherine se viraram para pai e filho;

–Pai, não temos muito tempo. Têm várias hags lá fora e Jack está lá tentando impedi-las de avançar! Precisamos de um plano!- Antes de Wagner falar qualquer coisa, um som estrondoso se ouviu da floresta. Não era um ser comum, ele era forte, alto (a mesma altura que Arkadius e Cléver), tinha pele cinzenta, as unhas e dentes eram pontiagudos e crescidos. Portava na mão direita uma clava de madeira, com 70 centímetros de comprimento e extremamente grossa. Seu corpo estava coberto por um manto de couro coberto por uma couraça talhada com ossos... ossos humanos. O mais odioso era que pela sua mãe esquerda arrastava o corpo de um garoto pálido, de cabelos pretos e roupas chamuscadas além de ferido e desacordado;

–Jack!- gritou Katherine. Klaus e Wagner se viraram assustados, o ser monstruoso urrou em sinal de ira e falou estrondosamente;

–Em nome da primeira mãe e do senhor das trevas, invoco as forças negras dos bosques para que devorem seus corações e derramais vosso sangue!- Ele apontou a clava e várias hags correram como infestações daquele trecho da floresta. Wagner e Klaus se prepararam e lançaram em cheio um corredor de terra, a partir do solo, e então abateram várias hags. As outras se espalharam e se organizaram em grupinhos de 5 ou 6 para atacá-los, Katherine saltou no ar e deu um chute que gerou uma rajada de ar a qual lançou várias hags longe. O gigante medonho olhou para Jack por um momento e depois o lançou longe. Para tentar pegá-lo, Kathe se lançou e gerou uma leve correnteza para conduzi-lo ao chão sem um impacto maior mas uma hag pulou em cima de Katherine. Quando a hag tentou arrancar o pescoço dela, uma bola de fogo explodiu a canibal fazendo ela cair queimada do outro lado. Kathe pensou que fosse Jack, mas ele estava desmaiado, pensou então que era Fang, mas pelo contrário, uma outro animal a defendeu.

Uma raposa vermelha, cuja imagem tremulava quase como fogo estava perto de Katherine. O estranho era que ela não possuía cauda, seus olhos eram verdes, um tom de verde que lembrava o da garota com a rosa ataviada a orelha. As semelhanças se aproximavam tanto, que a própria raposa tinha na orelha a mesma rosa que a da garota, ela a entregou a Katherine que ficou desnorteada e a raposa começou a atacar outras hags, pulando em cima delas, mordendo-as em chamas ou simplesmente arrancando suas gargantas. Kathe se aproximou de Jack e tentou levantá-lo para lhe levar até a casa de Klaus quando viu que não só Wagner e ele defendiam a casa das hags como outros rapazes também. Um deles era alto, tinha cabelos cinzentos, olhos verdes, corpo definido, calças de pano comum, e camiseta polo além do típico gorro vermelho o outro era um rapaz mais baixo, cabelos cor de cobre, pouco gordo, usava camiseta verde e shorts remendados.

Eles defendiam com toda força, Klaus e o senhor Wagner lançavam pedregulhos, enquanto os outros dois disparavam corredores de pedra. Num último momento quando pensou em avançar viu que em frente a casa cogumelo, Suzana estava em pé com a senhora Magna, Katherine pensou em dizer a ela para que fugisse e fosse entrar na casa mas a ondina estava de pé com o cajado de Moisés em mãos. Seus olhos brilharam o mesmo azul que brilhou no Himalaia mas ela não foi tomada pelo espírito da água, pelo contrário, lançou o cajado na frente das hags e ele se transformou em uma cascavel e passando pelos rapazes devorava as hags, uma por uma, nenhuma conseguiu escapar! Por fim, a enorme serpente se deparou diante do ser monstruoso e quando foi tentar devorá-lo, ele desapareceu numa nuvem de fumaça verde negra que se transformou numa coluna e se dirigiu aos céus.

A cascavel pulou em direção a Suzana e se transformou em um cajado de madeira novamente. A ondina caiu fraca no chão, sem lembrar do que tinha acontecido.


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Notas finais do capítulo

Obrigado