Os Guardiões - Reino dos Elementais escrita por Kai


Capítulo 7
Chá e discussões em família


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



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A partir daquele dia, Katherine jamais visitaria Klaus, se fosse para ser atacada por monstros canibais com toda certeza ela não queria passar as férias de inverno com eles. Depois da batalha com um gigante cinzento e bestas devoradas pelo cajado-serpente de Suzana, com a maior naturalidade os pais de Klaus e seus dois irmãos se trataram de proteger a casa contra tais visitas. Segundo o sr.Wagner, sal afastava hags, ele colocou um círculo de sal ao redor do limiar da casa para repelir tais seres, Kathe não confiava tanto em tais dogmas mas não poderia deixar de acreditar em alguém que tinha lutado para proteger sua família. Depois do combate, Katherine achou Fang, a ave de fogo piava e parecia estar com a asa ferida. Jack tinha conseguido andar mas com um pouco de dificuldade, Suzana por outro lado estava tão fraca que tinha desmaiado, Klaus ainda não tinha contado aos seus pais que estava namorando com a ondina por motivos ainda sigilosos mas todos notavam a preocupação em seus olhos.

A casa-cogumelo de Klaus era modesta, simples mas confortável. Haviam muitos quadros antigos, que eram as caricaturas dos avós, bisavós, primos e até tios de ambos lados da família e com isso eram considerados importantes. Um deles, segundo Klaus, era Meia-suja (o bisavô por parte de mãe), Katherine não sabia se aquele era o apelido ou apenas o nome dado a ele, o fato era que o bisavô materno de Klaus havia lutado na Guerra dos Gnomos que ocorreu na Irlanda por ter perdido seu irmão: Meia-rasgada, longa história segundo a sra. Magna. A sala da casa tinha dois sofás e uma poltrona vermelha, onde Wagner estava sentado, no sofá perto da poltrona (perto da lareira com fogo verde. ou fogo fátuo) estava a mãe de Klaus e os seus dois filhos.

O mais alto estava sentado de forma desleixada com as pernas abertas e o sorriso torto, ele olhava para Katherine como se quisesse alguma coisa dele. O mais novo brincava de cama de gato, entrelaçando os dedos e ficando com as mãos cada vez mais juntas, A senhora Magna tinha nos braços um bebê que segundo Klaus era a "atração" principal da família. Magna também tinha acabado de voltar do quartinho que reservou para Suzana nos fundos, no intuito dela dormir, tudo era muito limpo e na mesa entre os 8 (contando com Jack que ainda estava com uma dor de cabeça, e Klaus que estava lendo o diário de Paracelso para achar respostas mas Kathe desconfiava que ele queria evitar contato com seus familiares) tinha biscoitos com gotas de chocolate em um prato branco, Kathe não tinha aceitado por sei educada, enquanto Jack estava bebendo café para tentar organizar a mente enquanto Klaus estava fechado. O senhor Wagner bebia chá em uma das xícaras, enquanto sua esposa sussurrava algo para o bebê. O silêncio era desconfortável, até que Katherine o encerrou;

–Então.... senhores... pais de Klaus?- o senhor Wagner assentiu e colocou a xícara com chá no pires e a deixou na mesa;

–Eu não queria atrapalhar esse momento familiar mas... aquelas coisas que nos atacaram lá fora eram o que, exatamente?- Wagner tinha expressões frias e severas, seu rosto e braços tinham algumas marcas de batalha e de expressão;

–Acho que já deve saber do que se trata- falava o gnomo adulto, com uma voz dura e quase impenetrável -São hags, elementais da terra como nós mas que obviamente são inferiores, não concorda?- perguntou ele. Kathe não quis responder, o pensamento que o pai de Klaus tinha era o mesmo que dos conselheiros da ilha Tartária e de muitos outros elementais. Entre nós não havia só seres humanos com tais habilidades (como gnomos e silfos) mas também goblins, que são tratados como empregados, e animais domesticados como a própria Fang, que estava deitada no colo de Katherine sendo acariciada;

–O fato é que diferente de gnomos, como nós, elas se alimentam de carne humana para sobreviver. O que acho estranho é que não são vistas há décadas, talvez séculos- disse Klaus ainda evitando contato visual com os outros;

–Então como é possível que elas tenham aparecido, e ainda por cima em tamanha quantidade?- perguntou a sra. Magna. Todos ficaram em silêncio por algum tempo, deixando espaço sonoro para o crepitar do fogo da lareira;

–Que dia vocês chegaram?- perguntou o garoto mais velho. Ela parecia ter parado de encarar Katherine e agora estava mais instigado com o assunto, diferente do seu irmão mais novo;

–Afinal, o pequeno Klaus não é do tipo que "fala" com os outros sabe ? Mesmo que sejam da própria família- agora ele se dirigia ao irmão do meio que ainda os ignorava;

–E seu nome é...?- perguntava Kathe;

–Fagner- disse ele. O que parecia óbvio, Wagner era pai de Fagner. Jack tentou não rir, piorando ainda mais a "dor" de cabeça. O garoto estava quieto desde que Suzana tinha expulsado as hags, motivo pelo a qual ninguém tinha ideia;

–Este é o Rômulo, mas chama ele de Rom - terminou Fagner;

–Pelo menos o bebê tem um nome melhor, Adam. E eu? Não, Não, vamos chamá-lo de Rômulo-

–Oh, cale a boca seu pirralho!- E então Rom e Fagner começaram a se bater e a fazer ameaças estranhas como queimas a cama de ambos ou torturar uns aos outros. Katherine franziu a testa surpresa, ela não esperava uma discussão familiar, ao contrário de Klaus que via aquilo como algo comum, talvez ele estivesse ali há tanto tempo que já tivesse se acostumado a ser o "certinho" da família;

–Calem a boca, seus fetos desenvolvidos! Eu não fiquei 9 meses esperando cada um de vocês para isso me acontecer!- gritou Magna. Adam, o bebê gnomo, começou a chorar e então a discussão ficou deliberada;

–Olhem só o irmão de vocês, Klaus, ele é o do meio e mesmo assim já é um rapaz maduro!- Jack e Katherine agora entendiam o fato do gnomo, o tempo todo, não ter gostado do fato deles estarem indo para a Baviera na Alemanha. Sua família era totalmente bizarra. Adam chorava sem parar, Fagner e Rômulo ainda brigavam, Wagner simplesmente estava com um pensamento longe com seu gorro vermelho virado de lado quase caindo, lembrando um pouco o jeito de Klaus pensar;

–Calem a boca!- gritou o gnomo. Todos ficaram assustados e ficaram quietos, até mesmo a sílfide se assustou, ela nunca tinha visto Klaus daquela forma;

–Eu e eles- falava enquanto apontava para Jack e Katherine -Fomos escolhidos pelo fogo sagrado de Prometeu para impedir que as trevas se ergam e destruam o mundo que conhecemos! Será que podem parar de brigar?! Pelo menos uma vez nos últimos 13 anos que eu moro, podemo ficar em paz?!-

–Ha Ha - ria Fagner sem graça ao se levantar, ele empurrou o gnomo, lhe encarou e disse -Claro, sempre se achando o mais inteligente, e o melhor da família, não é Klaus? Pois saiba que não é porque você foi escolhido por um fogo qualquer que pode mandar na gente entendeu?! Somos sua família, não seus empregados, Você é uma desonra para nossa família! Nem seu gorro você tem mais! Não passa de um perdedor!- antes deles começarem a brigar, Katherine pensou em afastá-los mas todos foram repreendidos;

Fagner, sente-se e ouça seu irmão

–Mas pai...!- falava ele;

Será que não percebe a gravidade? Mesmo que eu concorde com o fato de sempre brigarmos, Você, Klaus, está errado. Não pode gritar assim conosco- O gnomo do meio fechou a cara assim como Fagner, que era o mais velho. Até Adam estava chorando cada vez mais baixo quando Wagner se levantou de sua poltrona e dirigiu o olhar para as janelas que mostravam a planície verdejante e um pouco mais o céu cinzento e a neve que caía, o vento era frio e cortante;

–Quando Gaio me disse que vocês foram os escolhidos, eu não acreditei- falava o gnomo adulto -Mas a situação que vos aguarda é pior do que eu pensava. Ontem, foi 31 de outubro, o começo do fim- Aquelas palavras arrepiaram Katherine e ela não entendia aquelas palavras;

–Como assim? Fim do mundo, do que o senhor está falando?- perguntava Jack;

–Há muito tempo- respondia Klaus. Fagner revirou os olhos e murmurou algum insulto -Os celtas acreditavam que haviam apenas duas estações, invés de quatro como conhecemos, Verão e Inverno. O começo do inverno era o retrato do fim das flores e da vida, mas um início de uma nova era, assim eles retratavam isto no dia 31 de outubro também conhecido como...-

–Samhain- falou Wagner. Seu olhos impetuoso agora se dirigia a eles e sua família -Mas é essa é apenas a metade da história. Como já devem saber, muitos elementais se intitulavam deuses, seres poderosos e com isso julgavam os não-elementais como inferiores e súditos-

–Com isso se alimentavam de carne humana, como Perunú- implicou Kathe;

–Não necessariamente- disse Klaus -Alguns deles também tinham seus próprios festivais, como faziam na Roma Antiga- Wagner assentiu e prosseguiu;

–O Samhain não era apenas o começo de uma nova ou do "ano-novo" celta, era neste dia que os celtas cultuavam os elementais da terras conhecidos como deuses pagãos entre eles estava a primeira mãe e o dagda que enfrentamos (neste caso, o dagda era o gigante cinzento) A primeira mãe exigia a adoração dos súditos para alimentar seu poder sobre a natureza, enquanto que os dagdas protegiam as tribos, em troca eles comiam certos sacrifícios vivos-

–No entanto com o cristianismo crescendo, tais elementais enfraqueceram e muitos perderam seu poder ou morreram, inclusive até há pouco tempo acreditava-se que a primeira mãe estivesse morta mas com o que acabamos de ver... ela ainda está viva, e quer revanche-falou Magna. A história dos elementais agora fascinante para Kathe;

–Mas... revanche do que exatamente?- perguntou Jack;

–Da guerra do Solstício. Ela foi travada num inverno do século XIX entre gnomos e a primeira mãe com seus aliados, naquele tempo ela queria se levantar e devastar a Europa com a seca e a fome assim como quase fez na época da Peste negra- Klaus agora entendeu o que estava de fato aconteceu. A guerra entre os gnomos não foi feita só por suas diferenças, mas também pela Primeira mãe;

–Se ela e Ahura estão se unindo... Será algo catastrófico, Talvez... talvez seja por isso que Gaio tenha me dado isto- Klaus tirou do bolso a insígnia com o trevo de quatro folhas dado pelo gnomo leprachaun. Cada um dos conselheiros, como já sabia, era o representante de clã gnômico, em alguns dias ela começaria;

–E a insígnia... Entendo, Gaio te confiou como o embaixador ideal para evitar o que estar por vir- falou Wagner. A mãe de Klaus e seus irmãos viam o garoto com outros olhos, já que ele estava com a insígnia do leprachaun representante de seu clã. Fagner tentava não mostrar o ciúme em seus olhos. Todos agora entendiam como as peças se encaixavam, e como tudo agora tinha passado a fazer um simples e único sentido> se eles não chegassem a tempo ao conselho, a primeira mãe e Ahura iriam devastar tudo em busca da relíquia da terra.


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Notas finais do capítulo

Obrigado