Os Guardiões - Reino dos Elementais escrita por Kai


Capítulo 25
Batalha de Waheelas


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/464187/chapter/25

Os ventos gélidos e impetuosos que vinham da região da maior ponta das falésias de Moher, enchia o ar com uma nevasca que fazia toda região abaixo dos pés de Jack ficar quase que devastada. Claro, ele era um salamandra, conseguia aquecer-se suficientemente ao ponto de sentir um desconforto totalmente friorento, mas àquela altura, ele não sabia como os soldados gnômicos ainda conseguiam se segurar nos hipogrifos. Apesar do salamandra não conseguir distinguir qual era o horário, sabia que já tinha anoitecido há muito tempo, e Cailleach cada vez mais ficava forte. Jack estava explodindo seus sentimentos por dentro para manter-se focado no que deveria fazer: Katherine tinha sido capturada, ele sabia disto, mas o que faziam com ela? como ela estava? a única pessoa que o salvou, lhe deu um motivo para continuar a viver...

Fang, a fênix, também parecia estar triste e com uma vontade crescente de achar Kathe, ela piava e grasnia insistentemente achando que Katherine pudesse ouvir ao seu chamado naquela nevasca sombria e aterrorizante. Jack não sabia como os soldados gnômicos podiam ser tão fortes, tão resistentes, eles eram gnomos que dedicavam todas as suas vidas para proteger Sidh e seu povo, honrando o nome de seus pais e até mesmo mães. A grande maioria viviam na Irlanda e apesar do medo que corroía fora dos muros da cidadela, eles empunhavam fortemente suas lanças, escudos e espadas de pedra e aço.

A cabeça da bruxa não estaria tão longe deles assim, afinal eles voavam com fênix e hipogrifos, alguns dos animais elementais mais raros que ainda existiam. O salamandra guiava Fang na frente da frota de apenas 25 soldados quando o vento e toda a nevasca deu lugar a um rosnado enorme que parecia soar dos mais altos céus;

–O QUE É ISSO?!- gritou um dos soldados gnomos, Jack virou para trás tentando dizer que se acalmassem e continuassem a formação, mas era tarde demais. Os gnomos desfizeram a formação de batalha e se espalharam abaixo da nevasca que iludia a visão de Jack, quando ele se virou para frente viu uma grande face amedrontadora feita de neve que abria sua boca cheia de dente pontiagudos e o engoliu. O salamandra gritou, mas ninguém podia lhe ouvir. Fang grasnia mais do que nunca e então ambos caíram do céu em confusão. A fênix tinha assumido sua forma pequena e inofensiva enquanto eles se debatiam metros abaixo. Jack rapidamente acolheu Fang em seus braços e tentou invocar chamas que amenizassem extremamente a queda, mas conseguiu apenas explodir e cair direto na neve.

Seus cabelos pretos estavam totalmente salpicados de neve, e as roupas cheias de neve. Um frio odioso se espalhou pelo seu corpo, fazendo ele se encolher ao tentar levantar com dificuldade. A cabeça doía e as pernas pareciam bambas. Olhou para os soldados gnomos, e um deles apontou para o céu: a nevasca tinha parado, mas a cara medonha e aterrorizante tinha desaparecido e no lugar dele uma espécie de escudo enérgico se formava assumindo uma bolha por quilômetros. Ninguém poderia entrar ou sair;

–Estamos presos- falou o Niggey da torre do grifo, seu nome era Ótis;

–EU já vi aquilo antes- explicava Jack em voz alta -Eu e os outros filhos da luz tivemos nossos talentos elementais bloqueados meramente, Cailleach quer apenas nos afrontar. Não vamos deixar que isso aconteça- Agora tudo fazia sentido para o salamandra, a primeira mãe era tão poderosa que podia conjurar campos de força que bloqueavam os elementais para que os tornassem vulneráveis em seu alcance: na terra. Assim como os gnomos temiam os silfos, e o conselho ao tal Paralda, Cailleach não conseguia atacá-los com voracidade no ar.

Percebendo que os hipogrifos andavam desorientados e que alguns tentavam voar mas grasniam e piavam estridentemente, Fang simplesmente encolhia-se expelindo poucas chamas e piava fracamente. Jack percebia que ela ainda queria voar, ser livre como fora na Shambala, achar Kathe, levar o salamandra consigo, e alçar nos céus feliz, mas a felicidade já não existia ali, o salamandra não acreditava em finais felizes. Os soldados tiveram que puxar ou arrastar os hipogrifos para que lhes seguissem naquele trecho da floresta por algum tempo. Naquele momento Jack percebeu que já tinha anoitecido há muito tempo, e a neve caia depressivamente como se toda alegria ou motivo de acreditar em esperança estivesse sendo lhe sugado ou retirado.

O salamandra ouvia gritos, vozes sacudindo sua mente, as gargalhadas ecoadas das trevas e pensamentos sombrios na mente. Ele sentia-se fraca, a visão a cada passo ficava turva, os joelhos tornavam-se trêmulos e os braços tão fracos quanta a relva. O vento que vinha na direção que andavam balançava os pinheiros, e não havia animais naquele trecho da floresta, apenas sussurros e faces que assustavam a Jack de vez em vez....Katherine...as freiras....seus pais....Klaus.....Bob....Suzana. O que ele tinha feito para ter sido tão idiota com todos eles? No orfanato fazia apenas aquilo que era errado e frustrante, seus pais tinham lhe entregue para ser criado por estranhos que o conjuravam como demônio, enganou o próprio amigo, a própria Kathe tinha brigado com ele... não era Suzana que destruía a tudo que tocava, era Jack, sempre tinha sido ele.

Não! Cailleach e Ahura estão mexendo com sua mente!

Uma voz tinha gritado na cabeça de Jack e ele sentia-se vendo alucinações, memórias retornando, algo estava errado. Olhou para os lados cambaleando e viu os soldados gnomos sendo atacados por coisas sombrias, um deles gritava para o salamandra dizendo para ele acordar, se erguer: algo estava acontecendo. Antes que Jack pudesse se levantar e fazer qualquer coisa, viu que criaturas grandes e vorazes, com pelagem cinzenta, grandiosos como ursos, mas extremamente parecidos com lobos, atacavam os soldados. Uma das bestas tinha atacado um soldado e rasgado sua garganta, uivando de felicidade, enfiou o focinho e arrancou a carne do pescoço bebendo também seu sangue, o hipogrifo gritou e apesar de não poder voar, atacou a besta mista de urso e lobo.

Ótis tinha erguido as mãos formando duas colunas de terra e começou a lançar discos sólidos que quase afugentavam as bestas, outros disparavam flechas de pedra lascada, e alguns tentavam atacar com suas espadas. Jack olhou para Fang durante alguns momentos, e a escondeu no interior do tronco do pinheiro, não podia perder a fênix assim como perdeu Katherine. saltando a barreira formada por um dos soldados para bater nas bestas, Jack invocou bolas de fogo de ambas as mãos e começou a jogá-las nos ursos-lobos que pareciam estar reunidos em um número maior e mais ferozes, quando seu bando passou a ser queimado;

–Soldados de Sidh!- chamou o salamandra, fazendo os outros gnomos que reuniram atrás dele em fileiras horizontais com suas armas -Ataquem essas bestas covardes que obedecem a mamãe!- Jack não sabia de onde tinha surgido essa coragem, mas ele estava com raiva dos gnomos que estavam jogados no chão mortos ou aqueles que estavam feridos e tinham se escondido. Enquanto que Ótis lançava ordens e comandos de que rajadas de terra fossem lançadas, e várias flechas afrontaram os ursos-lobos, Jack disparava chamas na forma de golpes e chutes a qual lançava no ar. Uma das bestas havia saltado em cima dele com tanta fúria, que sua única solução foi usar os pés para empurrá-lo verticalmente e usar os punhos flamejantes para queimá-lo de alguma forma.

Os ursos-lobos diminuíam seu número, até que um deles capturou Ótis aos rodopios que gritava por socorro e pulou em disparada para o interior vasto da floresta. Jack gritou de raiva e então Fang pulou atendendo ao chamado dele e voou, o salamandra estava com tanto ódio que as chamas o impulsionaram a correr o mais rápido que podia, saltando todos de árvores, atravessando buracos e desviando das árvores, ele não podia deixar que mais ninguém morresse ou sofresse por sua imprudência. Os outros gnomos saltaram em seus hipogrifos, que não podiam voar, mas cavalgaram com tamanha velocidade que superavam as éguas do silfo Zéfiro, emprestadas a Waeros para que vencesse a primeira mãe.

–Desista, garoto- sussurrava a primeira mãe para Jack -Você e seus amigos puderam ter fugido de mim, ouvido os conselhos imbecis de leprachauns carrancudos e espíritos ridículos, mas só eu posso viver para sempre-o salamandra rosnou e usou as chamas que invocou dos pés para subir em uma árvore e chutar uma rajada de fogo contra o urso-lobo que tinha capturado Ótis. O Urso-lobo havia rosnado de dor e sofrimento quando deixou o gnomo escapulir-lhe por entre os dentes e cair do lado para qual fugia: o fim da floresta, mas estava escuro, e Jack não conseguia enxergar, a raiva tinha tomado sobre ele.

–Isso, alimente-me- aconselhava Ahura -Queime. Destrua.Mate. Torture. Faça que sofra com o que fez-Jack se sentia cada vez mais induzido, conjurou uma bola de fogo da palma da mão direita e invocou uma rajada de chamas tão intensou que fez seu rosto brilhar e as pontas dos dedos esquentarem, ele se sentia forte, vivo, alguma coisa fazia-no sentir prazer com aquilo, por um momento quis gargalhar, sofrimento lhe oferecia prazer, até que olhou para o urso-lobo que era queimado com a pele carne-viva e os ossos quase à vista, no que Jack tinha se transformado?! Ele caiu no chão, as lágrimas vieram aos seus olhos, ele tentou se esconder, mas não havia lugar que pudesse o esconder dele mesmo. Ao ouvir o som dos hipogrifos que cavalgavam na direção do fim da floresta, vasculhou em busca de Ótis e pensou no que diria acerca do urso-lobo morto. Pulou o corpo quase que queimado-vivo e viu o corpo de Ótis, ele estava com enormes arranhões pelo corpo e sangue saía dele;

–Jack...Jack...Socorro...- sussurrava ele quase que segurando o pelo braço, mas sangue borbulhava de sua garganta e o fez engasgar e morrer. Lágrimas escorreram pelo rosto do salamandra e o fizeram choram ardentemente. Os outros gnomos chorarem atrás dele, e alguns hipogrifos corriam para comer a carne do urso-lobo, alguns soldados assustaram-se e começaram a gritar pelo nome de Ótis em irlandês ou na língua comum dos elementais;

–É sua culpa!- gritava um dos gnomos com uma espada sangrenta -Juro que vou matá-lo, que tipo de filho da luz é você?!- Outros gnomos ficaram prontos para atacar o salamandra, defendê-lo, voltarem para o conselho, mas eles tinham outros que estavam mortos: antes eram 25 soldados, agora resumiam-se a 13, com a perda de Ótis, só restavam doze deles;

–Silêncio!- gritou um outro gnomo que bateu naquele que ameaçava Jack, eles ouviram sons de folhas se movendo e terra escavada, ele mostrou a cara repleta de folhas, as garras e os dentes: era uma hag. Quando ela pensou em atacar, alguém entre eles lançou uma flecha, mas algo dizia que ela não estava sozinha. Ambos se entreolharam e puxaram seus hipogrifos, fartos com a carne do urso-lobo, os 13 andaram pouco a pouco e se depararam com a vista marítima, fria e quase alpina das falésias de Moher, mas também centenas de hags rosnando, dagdas com suas claves em mãos, centauros sorrindo e bradindo suas espadas de ferro, Sátiros com videiras encantadas por suas flautas e todo o resto do exército renegado pronto para derramar a última gota de sangue.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigado