Os Guardiões - Reino dos Elementais escrita por Kai


Capítulo 20
Confronto na cidadela


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura



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Fazia dias desde que Klaus contou ao conselho, sem ter chamado Jack e Suzana, que Draupnir (a relíquia da terra) estava escondida no lugar em que Waeros tinha sido enterrado. Fazia quase 1000 anos que ninguém sabia ao certo onde o fundador da cidadela tinha sido enterrado, alguns rumores surgiam como ele estar na torre setentrional ou no punho de Waeros, lugar onde ele reservou arrogantemente para mostrar seus feitos e honrarias. Entretanto, ninguém tinha achado ao certo. Em uma manhã gélida típica de um inverno que estava chegando, Jack lançava chamas na parte do castelo em que ficava aberta ao ar livre.

Como o jardim já murchava e morria por causa do frio, Jack poderia ficar só sem que goblins ou conselheiros lhe interrompessem. O salamandra sentia raiva, uma raiva a qual nunca sentira em sua vida até aquele dia. Como podia ter traído seu amigo? Como podia não ter contado a verdade tempos atrás? Claro, não era sua culpa, Suzana tinha lhe beijado, e não ele. Mas o que diria a Klaus, o gnomo que agora era o embaixador de toda a facção dos duendes,? Ele simplesmente o ignorava e nem olhava para Suzana. Jack via que por mais incrível que parecesse, a mais afetada parecia ser Suzana. A ondina estava confusa, caótica, trancada em si mesma. Enquanto Klaus os rejeitava, Jack quase que explodia, Suzana simplesmente trancou-se, tornou-se mais reservada e distante como uma cálido crepúsculo que beira o solstício.

Jack ouvira falar a partir dos guardas golens que algo de ruim estava acontecendo ao redor da Irlanda, e até em lugares próximos como a Islândia e o país de Gales. O salamandra jamais tinha saído de Londres até o dia que foi levado por Katherine, ele simplesmente ouvira falar desses lugares como inóspitos, lugar de agricultores e rebanhos de carneiros. Agora entendia a proporção do plano da Primeira Mãe e de Ahura. Eles jamais iriam conseguir as metrópoles, pois a quantidade de pessoas ou elementais que viviam nelas era muito grande, portanto, começariam a atacar pela região rural: campos, florestas, lagos...tudo aquilo a qual o ser humano jamais conquistou, e sim destruiu.

O salamandra lembrava que não tinha recebido o treinamento completo no chalé de fogo. Alastair, conselheiro das salamandras na ilha Tartária, parecia ter sido a único a ter gostado dele, mas tinha sido Dante que tinha lhe dado a primeira aula. De qualquer forma, Jack achava que se saía bem desde que conseguira domar Fang: depois de tempos à fio invocando fogo, conseguia expelir chamas dos punhos fazendo socos e rajadas de fogo a partir de chutes. Ele não conseguia ser tão bom como Dante que conseguia se locomover de um lugar distante do outro por meio das chamas ou como Rose que tinha curado Fang, segundo Katherine, mas Jack se esforçava. A raiva lhe percorria todos os músculos e membros fazendo uma sincronia tão peçonhenta que ele sentia o próprio corpo queimar. Jack não sabia como tinha invocado chamas ou espantado com tamanha fúria tríade negra no Shambala quando salvou Klaus, aquilo ainda o assustava, mas ele próprio desconhecia seus limites;

–Jack- falou uma voz gélida e dócil -Por favor, pare- Jack se virou e percebeu que era Suzana. Os cabelos do salamandra tinham crescido deixando ele com aspecto mais velho, parecia estar maior (quase tanto quanto Klaus), porém continuava pálido;

–Onde está Fang?- perguntou Jack tentando ignorar Suzana e voltando para seu treino -Pensei que estivesse com você- Suzana fez uma cara azeda e respondeu;

–Eu nunca tive muito apreço por animais, Jack. Desculpe. Mas Fang está voando sobre o castelo, ela não gosta muito dos outros animais- O salamandra sabia o porquê do comportamento de Fang. Ela era uma fênix, um ser livre, que se expandia como chamas e tinha o costume de atacar aqueles que se posicionavam contra seus protegidos. Os outros animais eram estranhos, selvagens, ferozes. O castelo de Waeros tinha cocatrices, animais voadores mas que tinham serpentes no lugar de seus rabos e aparência de galinhas ou galos, criados para produzir ovos e com isso fazer alguns alimentos de preferência elemental.

Suzana se aproximou de Jack e tocou em seus braços;

–Jack...eu...desculpe...-sussurrava ela com alguma amargura e tristeza .Jack franziu a testa e abaixou os olhos, depois segurou as mãos dela e disse;

–Você diz desculpas demais. Peça desculpa a Klaus- ele a largou e voltou a socar;

–Não, ele não me entende. Só você pode me ouvir- uma chama surgiu nas mãos de Jack, mas ele conseguiu se controlar o suficiente para não machucar Suzana;

Pois eu simplesmente não queria. Você é a causa de tudo isto ter acontecido. Katherine e Rose sumiram, Klaus não querer olhar mais para nossa cara, Cailleach e Ahura estão sucumbindo ao poder, e você só se importa em querer falar comigo? Qual o seu problema?!- lágrimas surgiram nos olhos de Suzana e se derramaram como duas torneiras que pingavam em uma monótona e depressiva casa. Suzana se afastou de Jack, virou-se para trás e despediu-se chorando. Jack jogou-se no chão lembrando das palavras da espírita... As paixões traem, mas o verdadeiro vence o medo...

Do que Jack tinha medo? Perder seus amigos? Jamais saber sobre seus pais? Não conseguir reencontrar Katherine? Morrer?

Ele não sabia, simplesmente não sabia.

Jack estava prostrado, solitário debaixo de uma das árvores daquela parte do castelo quando ouviu o grasnido de Fang descendo os céus indo até ele. O salamandra olhou para a fênix e a acariciou, mas Fang estava inquieta, algo de ruim estava acontecendo, ela jamais estivera tão violenta e repreensiva. Voou para longe quando algo gelado caiu no braço de Jack, ele sabia o que era aquilo, e percebeu o medo que a fênix tinha sentido. Correu para dentro dos corredores do castelo e vislumbrou da janela mais próxima: neve. Neve caía e despencava dos céus sobre a cidadela de Sidh, enchendo o rio e a cachoeira com dezenas de flocos, o rochedo parecia um mar branco enquanto que os gnomos corriam assustados. Por que temiam tanto a neve? Jack ouviu passos ecoarem e então viu que um dos goblins lhe puxou pelo braço e o levou até o conselho.

Os conselheiros pareciam desesperados, enquanto que Klaus pedia para que se acalmassem;

–Senhores, Senhores, por favor, se acalme. É apenas neve...- implicava o gnomo Klaus;

–Neve?- grunhiu Alento -Nós sabemos muito bem o que isso significa!- Petrus tremia de medo, até que Cassius se pronunciou no salão depois de pigarrear fazendo os empregados goblins se posicionarem em seus lugares depois do tumulto assim como os soldados que cercavam o lugar;

–Todos sabemos o que isso significa. Há dias atrás, o conselho tomou conhecimento que a primeira mãe estaria acordando e enviando seus "filhos" para atacarem a Irlanda e afrontar o nosso povo. Independentemente disso, sabemos que ela não pode tocar nos portões de Sidh devido ao poder de Waeros- Poder de Waeros? Ele só poderia estar se referindo à relíquia -Porém, nossos cidadãos estão com medo. Dirijo-lhes mais uma vez dizendo para que mantenham a calma e que os soldados se dispersem dizendo que é apenas uma neve passageira...-

–Passageira?!- rosnou Klaus -Todos da história do conselho sabem o que isso significa. Em mais de um século, nunca nevou por aqui, há não ser durante o Samhain. Nós temos que contar a verdade para as pessoas! As trevas estão se levantando, devemos nos defender!- bradava o gnomo, Jack pela primeira vez admirava a coragem de Klaus. Entretanto, muitos dos empregados já tinham saído em uma confusão dizendo que iriam fugir ou que iam se jogar do rochedo para terem uma morte menos dolorosa caso ficassem na cidadela vivos;

–Silêncio!- gritava Cassius irritado com o movimento gerado por Klaus até que todos se silenciaram quando um guarda veio correndo dos corredores. Ele era baixo, tinha cabelos castanhos e olhos castanhos de mesmo tom, estava sujo e ferido, além de sua armadura um pouco danificada;

–O que aconteceu contigo?!- bradou Alento;

–Senhores...os portões da cidadela estão sendo atacados...Não podem entrar...mas se continuarem...Sidh irá cair...- ele arfava até que jogou-se no chão. Os soldados correram para fora, seguindo as ordens de Klaus: proteger a cidade caso o que quer que fosse ou fossem conseguissem entrar em Sidh. Jack correu para o corredor e percebeu que as janelas do castelo debatiam-se e um forte vento impetuoso açoitava-as, além da neve que bombardeava. Jack chamou por Fang várias vezes até que chegou na parte onde treinava momento antes. Suzana aparaceu com desgosto com fang no braço;

–O que está acontecendo?! Por que todos estão gritando?!- Jack explicou para ela rapidamente o que o guarda tinha dito;

–Temos que impedi-los- assentiu Suzana. Jack ainda não tinha perdoado Suzana, mas eles eram filhos da profecia. O salamandra soltou Fang que conseguiu adquirir seu tamanho natural: grande e espaçosa. Ela puxou Jack pelo bico e o colocou no seu corpo, Jack puxou a ondina e então Fang voou partindo em direção aos portões de Sidh.

O vento frio e aterrorizante, ecoava como gritos de raiva e a neve descia com mais rapidez a medida que se afastavam do castelo de Waeros. Jack não conseguia enxergar o templo pentacular ou as casas gnômicas abaixo, há não ser os portões petrificados e imóveis de Sidh. Pela primeira vez, Jack e Suzana viam o que existia do lado de fora. A cidade era cercada pelos dois lados pela floresta e fechada pelo rochedo, a única coisa que a fechava o longo e fortificado muro com dois imensos portões de bronze e ferro mesclados. Os soldados gnomos defendiam os portais controlando rochas, mas haviam muitos renegados. Dezenas de hags atacavam os muros ferozmente e deixavam corpos de vários gnomos no chão comendo a carne e o sangue deles, sátiros atacavam com suas flautas fazendo raízes prenderem gnomos no chão, mas o mais assustador estava lá: Dagdas muito altos davam socos nos muros ou batiam com suas claves;

–O que vamos fazer?- sussurrou Suzana amedrontada. Jack não tinha tempo para elaborar um plano, mas tentou se concentrar;

–Você consegue controlar a água em todos os estados, não?- perguntou Jack. Suzana o olhou com incredulidade e logo entendeu o plano do salamandra.


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Notas finais do capítulo

Obrigado