13 – O natal. IV
Alec Volturi.
24 de dezembro
Eu sabia que a culpa não era dela... nunca fora. Eu é que escondi dela o que não poderia nem ter cogitado em ser. Mais jamais poderia ter o perdão dela. Seria assim para o resto de meus dias. Para sempre mesmo. O único erro que fora imperdoável á ela... era a desconfiança. E pra ela... não foi proteção;
Já havia me distanciado muito da cidade... viajava a quase 2 horas, em minha velocidade lenta. Eu não queria sair daquela cidade. Mais Anne, me implorara a ir embora. “rumo a Washington” pensei comigo. E ainda continuei a caminhada lenta e pesarosa.
“volte...” – ouvi uma voz que rasgou meu peito em dois “volte agora!” a voz em minha cabeça exigiu. “ela precisa de você... AGORA!” eu não pude contrariá-la. Apenas corri mais rápido que pude... de olhos fechados deixei minha pele á luz da lua em própria vontade. Apenas meus instintos me domavam. Apenas minha vontade de... vontade? De que eu tinha vontade? A voz me ordenava.
“ela precisa que você a salve... vá!” – corri. Perto do hotel onde eu estava, visualizei de olhos fechados.
“ vá Alec! Vá!” a voz me obrigava a superar minha velocidade. Abri meus olhos e meus pás paravam de correr.
Um corpo flácido e esmorecido atravessava a rua movimentada em um sinal e verde... Anne! Um caminhão com enorme velocidade e um motorista desligado corria em direção á Anne.
Meus pés agiram sem comandos meus. Meus braços e instintos foram levados por apenas um suspiro. Meus braços agarravam a figura em meia vida, e a levava para longe dalí, em mesmo tempo; o caminhão acelerava como se nada houvesse por acontecido ali.
- Anne! – chamei. Minha voz era banhada por medo e êxtase em vê-la novamente. Seu corpo caído em meus braços, os cabelos castanhos sem vida.
Os olhos verdes falecidos. Nada mais estava aqui. Ela morrera? Não... não podia ter morrido! Eu a salvei. Concentrei minha audição ás batidas poucas e ritmadas do coração dela... ela ainda vivia. Apenas estava em inconsciência... o mais normal á um humano. O mais simples, depois de descobrir o que EU era. Perto do hotel onde eu me hospedava, apenas uni o útil ao agradável, e em meus braços a carreguei até lá.
- Senhorita “Hally”? – perguntei ao entrar no hall abarrotado de “granfinos”.
- Senhor Manford? Quer seu quarto novamente? O que houve com ela? – as perguntas vazavam da boca da pobre mulher.
- Sim... pode me dar a chave? – ela me alcançou e entrei no elevador, o mais rápido que eu pude.
- Ann... fale comigo... – eu disse olhando para o rosto enfraquecido.
Nada... apenas respirações pouco fluidas. Entrei no quarto e a deitei na cama arrumada. Era como o primeiro dia em que eu entrara naquele quarto.
Ajeitei seu corpo de modo confortável, e parti na busca de álcool. Sim... eu conhecia alguma mínima coisa dos humanos.
Encontrei uma tocha de algodões e um frasco de álcool em gel.
- Ann...? – chamei enquanto passava o álcool por perto de seu nariz.
- Alec? É você? – ela disse abrindo os olhos cor de esmeralda, com um brilho nunca visto antes.
- Ei McField... – disse com os soluços em minha garganta.
- Eu tive um sonho muito real... – ela colocou as mãos nos olhos, esfregando-os.
- Não foi um sonho, Anne. – me obriguei a dizer, e pude sentir o calor e o rubor em meu rosto, unidos aos soluços.
Ela nada disse. Apenas com o mesmo olhar confuso e perdido afagou seu pescoço com a mão direita. E com a esquerda afagou o meu. Fechou os olhos em busca de uma explicação óbvia;
- Desculpe... não cumpri minha promessa. – eu engoli seco e fechei os olhos.
- Não se desculpe... a culpa é minha. – ela pausou com o rosto lacrimejado – não deveria ter me salvado depois do que eu disse... – eu tapei sua boca.
- Eu sou um monstro... não se culpe por isso. – fechei meus olhos acima de seu rosto.
- Um monstro não salvaria minha vida... jamais. – ela obrigou-me a abrir os olhos.
- Eu tento... mais nunca vou deixar de ser o que sou... nada vai mudar. – engoli seco fitando seus olhos de esmeralda.
- Você não tenta, Al. Você consegue... – ela puxou-me para seus lábios.
- Anne... você já sabe o que eu sou... tem certeza de que quer isso pra você? – antes de aceitar sua própria aceitação por mim, fiz a pergunta mais sóbria; - Eu não quero que vá embora... quero que seja meu. Pra sempre... – ela sorriu e seu sorriso cintilou em meu peito.
- Você sabe que isso será mesmo eterno, não sabe? – sorri em meio aos soluços grotescos que emanavam de minha garganta.
- E é por isso que eu o quero... por ser pra sempre. Para ser meu... para o resto da eternidade.
- Eu te amo... mais que tudo que já tive em minha vida, Anne. – desabafei e meu rosto ficou mais límpido. Mais tranqüilo.
- Eu mais. Mais que tudo que eu já senti em minha vida. – ela respondeu.
Nada mais foi dito... meus lábios encontraram os dela. Meu corpo caiu sobre o dela. Nada mais que se passava por fora daquele nosso pequeno mundo. Eu não negaria nada a ela... eu não seria capaz. Ela me aceitara... mesmo não sabendo o que realmente eu tinha capacidade de ser ou fazer. Nossos corpos eram um. Apenas um. Suas mãos desfaziam todos os botões que dominavam minha camisa, e os meus dedos dedilhavam o zíper de sua jaqueta azul escura. Nada havia abaixo dela. Nossos lábios se colavam, apenas a largando para que não a faltasse ar.
Nenhum minuto desse dia poderia ser mais confuso. Mais não ligava para isso. Não importava quanto nada a mais do que fazíamos agora. Nossas roupas tinham se livrado de nós meus lábios eram guiados por seu corpo... tudo o que eu quisera fazer em tanto tempo, era ligado-se agora.
- Feliz natal... – eu disse entre suspiros.
- Feliz natal... – ela repetiu o mesmo tom, com uma maneira hipnótica. Apenas com palavras doces e tomadas por amor.
Foi tão intenso... nada havia para classificar-se.