–Alô, Gina? Me ajuda! – Clary falou ao celular, dentro da cabine do banheiro do restaurante.

–O que foi, criatura? Você sabe o que meus pais acham sobre ligações na hora do almoço...

–Ele está aqui! – Clary a interrompeu.

–Ele? Ele quem?

–Elijah!

–Onde?

–Aqui no La Pasta.

–O que diabos você está fazendo no La Pasta?

–Almoçando!

–Sozinha?

–Claro que não, com meus primos.

–E ele? Veio com alguém?

–Não... Não que tenha chegado, pelo menos.

–Okay... Estou começando a achar que ele mentiu e que na verdade ele realmente é um psicopata e que está te seguindo.

–Gina!

–Okay, parei. Para que você me ligou?

–Eu não faço a menor ideia do que fazer! Falo com ele, espero ele vir falar comigo... O que eu faço? E se ele for mesmo um psicopata e estiver me seguindo? Ou se for casado? Ou com filhos? Ou bígamo? Ou ex presidiário? Ou até mesmo...

–Blair! – Gina a interrompeu, meio dando risada, meio irritada. –Respire fundo e relaxe! Pare de surtar! Se ele falar com você, aja com naturalidade. Pare de fazer conclusões precipitadas.

Clary respirou fundo como Gina mandou, e, aos poucos, conseguiu se acalmar.

–Estou bem. Obrigada.

–De nada. Sinceramente, não sei o que você faria sem mim. – Gina se gabou, rindo.

–Nem eu, Gina. Nem eu.

“Respire, Clary Blair Kent. É só um cara. Você é uma bruxa quase híbrida de lobisomem. Respire.”

A morena sentou com os primos e tentou se distrair brincando com os pequenos, mas seu olhar sempre se voltava para Elijah, que estava sentado de costas para ela. Provavelmente não a tinha visto.

Clary ficou aliviada. Seria constrangedor tentar flertar com ele com os primos olhando. Pensando melhor, já é constrangedor para Clary flertar com ele e ponto. Ela está uma pilha de nervos.

–Sua comida – Kiera chegou com os pedidos, o que fez as crianças pararem de falar e a mente de Clary focar somente em comer sua comida.

A refeição seguiu-se sem problemas. Elijah comia sozinho, as vezes falando ao telefone, as vezes mandando mensagens. Ele definitivamente não estava esperando alguém.

Logo após pagar a conta, Clary levou seus primos para fora do restaurante. Ela viu que Elijah estava no telefone enquanto tomava um café. Momento perfeito para escapada.

Ela andou tranquilamente os primeiros passos, aliviada por não ter passado vergonha na frente de Elijah.

Mas então ela ouviu uma voz lhe chamar.

–Clary!

Quando ela se virou, viu Elijah sorrindo para ela, usando, assim como no dia que eles se conheceram, um terno.

–Clary Kent, não é? Não sei se você lembra de mim, mas eu sou Elijah Mikaelson.

17 anos atrás...

Os olhos de Sandra Thibault estavam tomados de lágrimas. Suas mãos tremiam enquanto segurava o palito que conformava ao mesmo tempo tanto os seus piores pesadelos quanto os seus maiores sonhos.

Ela estava grávida.

Ela agora soluçava com força, abraçando o ventre com vontade. Sua mente ponderava o que haveria no futuro. Seria seu bebê caçado? Ameaçado? Chamado de aberração, só por causa dos pais? O futuro era tão incerto sobre como seria a vida dessa criança que Sandra só conseguia pensar no quão assustada ela estava.

Mal notou quando um homem de cabelo castanho escuro, olhos verdes e bastante musculoso entrou na casa da mesma idade de Sandra. Ele entrou no banheiro e encontrou a bruxa encolhida e chorando em um canto. Ele sentou-se ao seu lado e simplesmente a abraçou.

–Derek... – Sandra soluçou, as lágrimas não paravam de cair. Derek somente a abraçou mais forte. Ele sabia o porquê de Sandra. Ela havia falado para ele sobre suas suspeitas. Derek sabia que, se fosse em circunstâncias diferentes, Sandra e ele estariam comemorando que nem dois idiotas.

Mas não agora.

Depois de muito tempo, Sandra parou de chorar. Ela limpou os olhos e se sentou ereta, ficando de frente para Derek.

–O que nós vamos fazer agora? E se o bebê nascer com alguma anormalidade física que não pode ser escondida de caçadores? E se o Klaus descobrir sobre isso? E se...

–Sandra. Se acalme. Só respire um instante. – Derek a interrompeu. Sabia que a esposa sempre agia assim quando estava nervosa. Sempre exagerando.

–O que faremos, Derek?

O lobisomem sorriu para a esposa. Ele sabia de todos os perigos, mas a única coisa em que conseguia pensar era em como seria esse bebê. Ele queria que fosse uma garota, que seria igual a Sandra. Ou um garoto, para que ele pudesse ensinar todos os tipos de armas que ele conseguisse. Ele faria o mesmo se fosse garota, mas Sandra não iria gostar muito.

–Vamos embora. Vou falar com o John. Podemos ir amanhã, pela manhã.

–Mas para onde? E como vamos esconder que eu estou GRÁVIDA?

–Vamos para casa da sua amiga, Victoria. Ela é vidente, não é? Pode nos ajudar em como devemos lidar com a situação.

Sandra abraçou o marido forte. Amava o jeito em que ele sempre estava calmo, sempre pensando a frente. Totalmente o oposto dela, que sempre estava surtando sobre o presente.

–Vamos arrumar as malas.

Alguns meses depois...

–Aleluia! – Derek acordou com a voz de sua esposa que, mesmo com a barriga de grávida, estava pulando de alegria fora da cama.

–Querida, pare de pular. Pode fazer mal a você e a Blair. – Derek disse, meio sonolento, enquanto levantava.

–Deixe disso, amor. Eu estou grávida, não doente. Além disso, É HOJE!

De repente Derek ficou bastante acordado.

De fato, hoje seria o nascimento de Blair.

Eles passaram esse tempo todo escondidos na casa de Victoria Baudelaire. A bruxa é uma grande amiga de Sandra, que tinha habilidade de magia ancestral, além de ter a Visão. Ela sabia exatamente o que o destino reservava a Blair, mas nada revelava. Victoria é uma mulher misteriosa. Sabia os caminhos do destino.

Por isso, foi a única a não ficar surpresa quando Klaus encontrou a família Thibault, exatamente 24 horas depois do nascimento da pequena Blair Thibault, que futuramente será conhecida como outro nome.

Clary Blair Kent.