Olhava para a garota a minha frente e sentia a raiva me consumir.Aquilo não era verdade...não podia ser.

–Vem, temos que conversar. Peguei em seu braço e a levei ate o meu quarto.

–Você me machucou! Aline esfregava o braço onde eu tinha segurado.

–Você pode me explicar que historia é essa de dizer para minha que você esta grávida?Perguntei,ignorando o que ela disse.

–Ué?Eu só disse a verdade.

Ri de nervoso, enquanto passava a mão pelo cabelo.

–Que verdade?Que verdade?Você não esta grávida Aline!

–O que você quer dizer com isso?Que não acredita em mim?

Fechei os olhos e suspirei. Depois voltei a encara-la.

–Aline... Se isso for uma armação sua é melhor você dizer agora... Eu prometo que não vou ficar bravo com você.

–Você esta me ofendendo!Eu nunca mentiria com uma coisa dessas!

–Mas como você foi descobrir só agora?

–Faz um tempo que eu estou me sentindo mal, mas não falei nada pra você antes, porque achei que não era nada, mas a minha menstruação atrasou e fiquei desconfiada e ontem resolvi fazer o teste e deu positivo. Ela abriu a bolsa e tirou um teste de farmácia e apontou para mim.

–Veja você mesmo.

Peguei o teste e ele tinha duas listras rosa aparecendo. Desabei na cama, olhando para aquele objeto, que poderia significar o fim de tudo o que estava acontecendo entre mim e a Luna.

–Mas como isso é possível?Eu sempre me cuidei e você sempre disse que se cuidava também.

–Bruno você sabe muito bem que essas coisas acontecem...

Não isso não pode estar acontecendo!É muita azar.

Comecei andar de um lado para o outro no quarto tentando encontrar uma solução para aquele problema, e de repente uma luz surgiu na minha cabeça.

–Mas esses testes de farmácia podem dar errado!Eles não 100% seguros.

–Para de tentar encontrar uma saída!Eu já disse que estou grávida, eu sei disso!Mas se é tão importante para você, amanha mesmo eu faço o teste de sangue e venho te mostrar.

–Eu não estou tentando achar uma saída!Mas esse negocio de gravidez e coisa seria e é preciso ter certeza.

–Pode deixar Bruno, amanha você vai ter certeza e vai se arrepender de desconfiar assim da mãe do seu filho.

–Nada de drama Aline!

–Desculpa, mas eu fico nervosa com você desconfiando de mim!Eu nunca, nunca inventaria uma coisa dessas, ouviu bem?Nunca.

–Tudo bem, foi mal, mas é que você joga essa bomba em cima de mim e como espera que eu reaja?

Aline me abraça.

–Tudo bem, não vamos brigar. Agora o que importa é só o nosso bebe e temos que pensar também no nosso casamento...

–Casamento?Me afasto dela.

–Casamento,claro!O que você achava ?Que eu ia cuidar desse filho sozinha?

–Mas casar?Nós não podemos casar!

–Eu tenho 17 anos e não posso e nem quero ser mãe solteira e aposto que os meus pais também não vão querer isso.

–Você não pode estar falando serio... Como nós vamos casar agora?

–Olha vamos fazer o seguinte... Eu vou embora e amanha quando eu trouxer o resultado do exame à gente conta para os meus pais e você vai ver o que acontece.

Aline saiu do quarto sem me dar chance de falar nada.

Assim que a porta fechou senti a tristeza me invadir. Como as coisas podem ter mudado tanto?Como?Uma hora eu estava feliz com a Luna e agora estava prestes a casar com a Aline. Isso não pode ser, não, não pode.

Luna

Fiquei encarando o celular um tempão, enquanto andava de um lado para o outro no meu quarto. Ligar ou não ligar?Eis a questão.

Secretamente eu tinha esperança que o Manoel tivesse apenas desistido de mim e resolvido ficar em Nova York, mas é claro que essa é uma possibilidade pouco provável. Ligar?Ou não?

Será que seria melhor ir ate a casa dele ou pedir para ele vir aqui?

Me joguei na cama e fiquei olhando o teto.Olhos azuis apareceram e me encaravam e eu sorri.Nem da para acreditar que o Bruno e eu estávamos juntos,era tão bom que nem parecia verdade,mas para nós ficarmos juntos de vez eu precisava fazer aquela ligação.

Respirei fundo e peguei o celular. Agora vai. Comecei a digitar o numero do Manoel, mas no mesmo instante o celular toca e era ele.

–Alo?Atendi insegura.

–Oi amor!Que saudade!Acabei de chegar na cidade e to louco para te ver.

Minha boca ficou seca e meu coração estava sendo esmagado.

–Oi Manoel...

–Esta tudo bem?

–Esta sim... Quer dizer, mais ou menos, na verdade eu preciso falar com você.

–Nossa, pela sua voz a coisa deve ser seria mesmo.

–E é mesmo. Será que você pode passar aqui em casa mais tarde?

–Claro, eu tinha que falar com você também, eu vou dar uma passada em casa e já chego aí.

–Vou te esperar, tchau.

–Tchau.

Desliguei com o coração na mão. Eu sou um monstro!Como posso fazer isso com ele?

Não sei se passaram segundos ou horas enquanto eu esperava o Manoel, mas parecia uma eternidade. Porque ele esta demorando tanto?Já estava quase ligando outra vez quando ouvi a campainha. Minhas mãos começaram a suar quando ouvi minha mãe atender a porta.

Vamos lá luna, essa é a hora da verdade.

Escutei os passos da minha mãe na escada e pouco depois ela bateu na minha porta.

–Filha?Tem uma pessoa aqui que quer te ver.

–Pode deixar entrar, mãe.

A porta se abriu, mas a pessoa que eu vi entrar não era o Manoel.

–Você?

–Eu. Porque estava esperando outra pessoa?

–O que você quer aqui Aline? Perguntei impaciente.

o que essa garota quer agora?

–Eu vim ter uma conversinha com você, cara a cara.

–Eu não tenho nada para conversar com você.

–Mas eu tenho uma conversa para ter com você.

–Então fala logo, não tenho tempo pra perder.

–Eu vou ser rápida, só vim te pedir, ou melhor, eu vim mandar você ficar longe do Bruno.

Soltei uma risada.

–Você não aceita a derrota mesmo, né?O Bruno não te ama, ele me ama e a gente vai ficar juntos.

–Ele pode ate te amar, mas... Vai ser comigo que ele vai casar.

–Você esta louca Aline!

–Não, eu não estou. Ela abriu a enorme bolsa que estava e tirou de lá um objeto pequeno e me entregou.

–O que é isso?

–Isso é o meu teste de gravidez e eu sei que você entende o que significa essas listrinhas.

Olhei para aquele pequeno teste e a compreensão me atingiu.

–Você...?

–Sim, querida, eu estou grávida do Bruno e nós vamos nos casar.

As lagrimas embaçaram minha visão. Isso não pode ser verdade.

–Agora você entende né?Chega de ficar rondando o Bruno, agora ele é um pai de família, ele é meu marido.

Minhas mãos tremiam e meu corpo todo estava paralisado.

–Saí do meu quarto...

Pedi com uma voz quase inaudível.

–Eu vou embora sim, mas você esta avisada... Você perdeu querida, o Bruno é meu, sempre vai ser meu.

–Sai do meu quarto!SAI DO MEU QUARTO!

Finalmente consegui me mover e comecei a empurrar a Aline para fora.

–Não precisa me empurrar!Eu vou sozinha.

–SAI DAQUI! Eu apenas gritava e sentia as lagrimam quentes escorrendo pelo meu rosto, enquanto Aline ia embora com um sorriso enorme.

Minha mãe apareceu correndo, assustada por causa da gritaria.

–Luna?O que esta acontecendo? Ela veio e me abraçou.

–Eu não acredito!Não acredito!

Minha mãe ficou abraçada comigo,mas nem assim a dor diminui,eu perdi o Bruno outra vez...outra vez.