–O que aconteceu? Minha mãe perguntou.

Ainda estávamos sentadas no chão do quarto e eu ainda chorava muito. Era tanta dor dentro de mim, dor que eu nunca imaginei existir. Mas eu não podia dizer isso para minha mãe, não por enquanto.

–Não aconteceu nada. Respondi, enquanto limpava as lagrimas com as costas da mão.

–Nada?Nada Luna? -Minha mãe me olhava incrédula- E toda aquela gritaria?

Levantei do chão e agora encarava a janela, assim ia conseguir mentir melhor.

–Sabe como é mãe... Coisas de adolescentes idiotas.

–Luna aquilo me pareceu algo um pouco mais do que idiotices...

–Já falei que não foi nada!Ta bom, mãe?

–Tudo bem, não precisa ficar nervosa.

Ela levantou do chão, veio ate mim e colocou a mão no meu ombro.

–Você sabe que pode dizer qualquer coisa pra mim, não sabe?

–Sei mãe, mas não tem nada pra falar.

Nesse momento ouvimos a campainha tocar novamente, meu pai atendeu e ouvi a voz do Bruno e estremeci. Logo ouvi os passos subindo a escada e minutos depois ele estava batendo na minha porta.

–Oi, eu posso entrar? Ele perguntou colocando a cabeça para dentro.

–Eu acho que não é uma boa hora, Bruno. Minha mãe falou.

–Eu quero falar com ele mãe. Falei ainda encarando a janela.

–Você tem certeza?

–Tenho.

–Então tudo bem.

Minha mãe saiu do quarto.

Eu ouvia a respiração do Bruno, mas não tinha coragem de me virar para olha-lo.

–Luna?Esta tudo bem?

Senti as lagrimas escorrendo pela minha face.

–Não Bruno, não esta tudo bem. Me virei para encara-lo e vi o espanto em seu olhar.

–O que aconteceu? Ele veio ate mim e tentou me abraçar, mas me esquivei.

–Você quer saber o que aconteceu?A sua namoradinha veio esfregar o teste de gravidez dela na minha cara!Isso aconteceu! Explodi em lagrimas.

–Não!Ela não pode ter feito isso!

–Pois acredite ela fez! Me sentei na cama e encostei minha cabeça nas mãos.

Algum tempo depois Bruno veio e sentou ao meu lado.

–Por favor, Luna, por favor, não fique assim! Ele implorava.

–E como você quer que eu fique?Como?

–Eu sei que tudo isso é imprevisto, mas juntos nós...

–Juntos?- O interrompi- Nós não podemos mais ficar juntos!Você não vê isso?

–E porque não?É claro que podemos!Luna eu te amo e eu quero ficar com você.

–Mas isso não basta!Você não esta entendendo, tem uma criança no meio disso tudo... Você vai ser pai Bruno, pai!

–Mas isso não muda nada entre a gente!Eu vou assumir essa criança, vou cuidar, mas isso não pode nos impedir de ficar juntos.

Levantei da cama e caminhei pelo quarto.

–Não existe mais a possibilidade de nós dois, Bruno, você tem que ficar com a Aline, tem que ficar com ela e com o filho de vocês.

–Meu deus, Luna!Você não pode estar dizendo isso!Eu já disse que vou assumir a criança e não preciso ficar com a Aline para isso!

Respirei fundo e resolvi que era hora de acabar com aquilo.

–Eu já disse que não dá Bruno!Entendeu?A gente tentou, mas não deu e agora vamos ter que esquecer o nosso amor.

–Como esquecer?Não dá pra esquecer!Demoramos tanto para ficar junto e agora que finalmente conseguimos, não é justo que isso acabe assim.

–Mas acabou... Eu não posso carregar a culpa de separar um pai do seu filho, não posso fazer isso. Eu agora o encarava e nos dois estávamos chorando.

–Então é isso?Você esta desistindo da gente? Bruno parecia muito triste.

–Estou. Falei apenas.

Bruno e eu nos encaramos por mais alguns segundos e então inesperadamente ele veio a te mim e me puxou para um beijo. O sabor do ultimo beijo era salgado.