Acordei na mansão, eram nove horas da manhã.

–Jess, quer nadar no lago? - Disse minha mãe.

–Yay! Quero sim!

Eu coloquei o maiô e fui com minha mãe. Passamos por uma sala com espelhos. Meu corpo era o de uma criança de sete anos.

Entrei na água, percebi que estava mais fundo que antes.

–Mamãe, não vai entrar? - Indaguei.

–Não, irei ficar só te observando.

Eu comecei a nadar e minha mãe pediu para que eu ficasse no raso. Não havia raso, o lago estava fundo por causa das chuvas.

Eu pisei em falso e comecei a afogar. Eu tentava voltar para superfície, mas algo estava me puxando.

Minha mãe pulou na água e tentou me tirar de lá, mas ela também afogava.

Alguns moradores se reuniram ao lado do lago, tentando ajudar.

Estava tudo tão escuro, minha vista cansada de tanta água que entrou e quase desmaiando por pouco ar.

Só lembro da mão quando olhei para baixo e da minha mãe sendo levada para mais fundo... E mais fundo...

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Acordei no hospital. Perguntei sobre minha mãe.

–Sua mãe? Ela morreu faz quatorze anos, você nunca chegou a ver o rosto dela. Ela morreu no parto. - Disse o médico.

–Do que está falando?! - Eu estava surpresa e assustada. Ela havia se afogado comigo horas atrás.

–Você tem 14 anos, devia parar de se fantasiar e superar isto logo... - Disse um enfermeira, com cara de preocupação.

–E meu pai? - Indaguei.

–Seu pai sofreu um acidente na estrada, não se lembra? - O médico olhou para mim, surpreso. - Por isto você está aqui.

–Onde ele está? - Perguntei.

–Morto.

Eu quase engasguei. Estava tudo ficando estranho, eu não sabia o que estava acontecendo.

Acordei novamente, no lago. Minha mãe estava gritando e me puxando para cima. Chegou uma ambulância para ajudar e saímos de lá. Ou não. Estava com medo, eu não sabia se aquilo era real, mas eu vi minha mãe sendo puxada para o fundo e trocando de lugar com aquela mão.

Algo errado está acontecendo. O equilíbrio deste mundo está errado. E algo me diz que a culpa é minha...