Fui para a porta e tentei abrir, estava trancada por fora, e na porta estava pregado uma carta:

A pequena bruxa não acorda. Ela não percebe pois fechou os olhos para o mundo.

Eu arranquei a carta e guardei-a. Gabriel virou-se para mim:

–O jogo está chegando ao fim e você ainda não abriu seus olhos.

–Do que está falando? - Indaguei surpresa.

–Isto você deve perceber sozinha. - Respondeu minha mãe;.

Andei pelo quarto procurando uma saída. Abri o guarda-roupa.

Havia uma caixa detalhada. Usei a chave para abri-la, encaixava-se perfeitamente.

Dentro dela estava alguns desenhos infantis. Alguns de uma menina com seu pai e mãe. Outros haviam algumas escritas:

Eu não existo. não devia. Por isso as almas ficam presas aqui. Estou morta sem nunca ter nascido. Há um modo de acabar com isto tudo: -------------------------

Não havia como ler o resto da carta, estava ilegível e rasgada. Peguei e guardei.

Atrás do guarda roupa havia uma luz. Empurrei-o abrindo uma passagem. Era um jardim. Me parecia tão familiar. Tão triste.

Entrei lá. Havia um pequeno lago, porém parecia tão negro e profundo.

–Aquela criança morreu aqui. - Disse Gabriel.

–Porém ainda está viva. - Completou minha mãe.

Eu olhei para eles e fiquei calada. Me agachei.

–Cuidado, não vai querer escorregar aí não é? - Disse Gabriel. Por um segundo pensei ter ouvido baixinho: "Novamente"

Me afastei. O lugar era aberto, havia apenas uma imensa floresta lá fora.

–Este lugar não lhe parece familiar? - Ouvi uma voz que não identifiquei, olhei para trás, Gabriel e minha mãe não estavam mais lá. Não havia ninguém lá.

Virei para frente novamente. Me assustei. Tomas estava lá. Ele me empurrou no lago.

Eu sabia nadar, mas algo me puxava para o fundo. Fui me afogando, enquanto observava na superfície o sorriso cínico de Tomas.