POV Alvo

Eu deveria ser o garoto mais feliz de Hogwarts. Eu tinha fama e a segunda garota mais bonita da escola. Mas eu não era.

Eu podia ter muitas coisas, mas não tinha quem eu queria, minha melhor amiga Rosa. Com muita frequência ela aparecia em meus sonhos. Com o cabelo ruivo, que ás vezes parecia castanho, flutuando ao redor do belo rosto. A pele clara e macia esticada num sorriso que apenas ela sabia dar. Os olhos escuros sempre cheios de mistério e sabedoria e no rosto uma expressão confiante.

Rosa sempre me chamara atenção, mas ela nunca havia mexido tanto comigo antes como fazia agora. Ela definitivamente tinha deixado de ser uma menina e se tornado uma mulher.

Mas agora ela estava nos braços de outro. A minha garota estava entregue a um beijo e não era eu quem estava segurando-a. Eu nunca senti tanto ciúme em minha vida.

Desde muito cedo eu a estava procurando pelo castelo, mas ela não estava no dormitório, não estava na Sala Comunal, nem tomando café. Provavelmente estava nos jardins. Desisti de procurá-la e comecei a caminhar pelos corredores até que me debrucei sobre uma janela e fiquei olhando os campos. Eu estava sozinho, não queria conversar com ninguém.

Já tinha encontrado Luana durante o café e ela havia me beijado na frente de toda escola. Fiquei extremamente constrangido, não gosto de me expor, mas Luana pareceu gostar e isso já me deixou feliz. Ela me deixava enfeitiçado. Foi cercada por garotas de todas as casas e vi muitos garotos me olhando com inveja. Conhecia Luana desde que entrei em Hogwarts e ela sempre me pareceu muito bonita e atraente, mas ela foi para a Sonserina e só há dois anos, quando minha irmã mais nova foi para lá, é que voltei a ter contato com alunos daquela casa e consequentemente, com ela.

Sempre que podia, Luana me provocava. Jogava seu charme e eu caia, como um feitiço, até que um dia, ela me beijou e eu gostei. Até então, eu não tinha visto problema em pedi-la em namoro. A garota que eu gostava não me olhava do modo como eu olhava para ela.

Eu estava escorado no parapeito da janela, sentindo a brisa matinal no rosto, imerso em pensamentos, mas quando olhei para baixo, percebi um garoto e uma garota sentados na beira do lago. Imediatamente reconheci a garota. Reconheceria aqueles cabelos ruivos nem que estivesse morto. Era Rosa, mas o que ela fazia com aquele garoto? Eles estavam um pouco longe, mas percebi um brilho vermelho nas vestes dos dois.

Então, como se estivesse apenas esperando eu olhar, um vulto de cabelos ruivos e vestes verdes, desceu correndo e pude escutar varias vezes o nome de Rosa. Apenas minha irmã conseguia chamar a atenção assim. Fiquei cuidando para ver o que aconteceria.

Assim que minha irmã alcançou Rosa, o garoto levantou-se e voltou ao castelo. Resolvi voltar a Sala Comunal, pois se ele realmente é da Grifinória, voltaria para lá, ainda mais quando não se há nada para fazer dentro do castelo.

Cheguei antes dele e sentei-me em uma das poltronas em frente à lareira. Como eu havia previsto, escutei alguém dizendo a senha para a Mulher Gorda e o tal garoto entrou.

Estava passando por mim, indo rumo aos dormitórios, quando fiz algo que surpreendeu até a mim mesmo.

–Era você que estava com a minha prima lá fora não é? – falei sem olhar para ele.

–Sim, por quê? Algum problema? – perguntou Alex confuso.

–Não nenhum. Desde que não a magoe, está tudo bem. – respondi friamente.

–Eu não estou entendendo você. Por que toda essa preocupação? – respondeu Alex sentando-se na outra poltrona. – O que importa a você a minha relação com a Rosa?

–Ela é minha melhor amiga. Me preocupo com ela. – falei começando a me irritar.

–Se se preocupa tanto assim com ela, porque a magoou daquele jeito? - disse Alex irritando-se também.

–Magoar!? Do que você está falando? Jamais magoaria Rosa. – respondi confuso.

–Você não sabe então? Já faz muito tempo que estou interessado na sua prima, mas ela quase nunca me notou, porém eu costumo cuidá-la muito e cada dia mais me apaixono por ela. Ontem à noite, ela passou aqui com tanta dor em seu rosto que quase a segui até o seu dormitório, mas me segurei. Então, hoje pela manhã, era ainda muito cedo quando ela desceu com os olhos inchados, provavelmente ela nem percebeu, mas era óbvio que tinha chorado muito. Eu costumo levantar cedo para caminhar e assistir o nascer do sol. Mas sinto em dizer, a sua vez já passou, Rosa está magoada e só você ainda não viu. – Alex praticamente gritou as palavras para mim e elas me atingiram como um punhal. Fiquei um bom tempo paralisado e em choque antes que eu conseguisse pronunciar outra palavra.

–Como pode saber tudo isso? Quem disse que o eu sou culpado por ela ter chorado?- perguntei no mesmo tom que ele havia me dito àquelas palavras.

–Eu simplesmente sei que foi você, mas não se preocupe. Você a magoou, e eu vou curá-la. Vou conquistar Rosa. Ela já aceitou ir comigo à Hogsmeade e sinto que ela gosta de ficar comigo. Não vai demorar muito para ela ser toda minha, ainda mais com você magoando-a tanto – respondeu. Enfureceu-me o modo como ele falara de minha amiga. Como se ela fosse uma garota boba qualquer.

–Rosa não é boba, logo perceberá seu jogo...

–Se eu não te conhecesse, diria que está com ciúme. – interrompeu-me com um sorriso zombeteiro. A súbita mudança de assunto me pegou de surpresa.

– Ciúmes? É claro que não, ela é minha prima. Só quero protegê-la. – a minha explicação pareceu mais uma tentativa de convencer a mim mesmo.

–Admita. Você é apaixonado por ela e arrumou uma namorada só para esquecê-la porque sabe que os seus pais e os pais dela não vão aprovar.

Eu queria ter respondido, mas tudo que ele havia dito era verdade e eu não soube como reagir diante da verdade sendo jogada na minha cara desse modo. Fiquei tanto tempo em silêncio que ele voltou a se recostar na poltrona, eu ainda permaneci com uma postura tensa. Eu fiquei com um pouco de vergonha. Meu pai havia enfrentado tanta coisa salvando o mundo e eu não sabia como reagir diante da verdade.

O ar estava tão tenso que chegava a ser palpável. Escutei alguém dizer a senha.

Rosa passou pelo buraco do retrato e olhou para mim e para Alex. No rosto, uma expressão que dizia que para ela o dia não podia ser melhor. Ela sentiu a tensão no ar.

Antes que ela pudesse falar alguma coisa, Alex se levantou e foi até Rosa, e na minha frente a beijou. Eu nunca senti tanta raiva e tanto ciúme na minha vida.

Antes que eu pudesse pensar duas vezes, levantei minha varinha, apontei para as costas de meu novo inimigo e falei:

–Petrificus totalis.

Alex ao receber o feitiço, imediatamente ficou imóvel e desabou no chão. Rosa me olhou desesperada, com raiva de dor nos olhos, falou:

–Porque você fez isso? – seus olhos marejaram. Tive vontade de ir até ela e abraçá-la. – Não é a primeira vez que você me decepciona. Eu sinto muito Alvo, mas acho que não podemos mais ser amigos.

E foi como se o mundo todo desmoronava ao redor de mim.