No dia seguinte, quando acordei, senti as lágrimas secas em meu rosto. Comecei a lembrar-me das coisas que haviam acontecido no dia anterior.

Imagens voltaram à minha mente, mas para ocupá-la com outras coisas, me arrumei e me dirigi à Sala Comunal.

A Sala Comunal estava deserta. Fiquei confusa, geralmente estava cheia de gente, mas só então olhei para fora da janela e percebi que não devia passar das 07h00min da manhã. O sol estava começando a nascer. Ninguém levantava cedo assim, principalmente no sábado.

Olhei para o mural de recados e vi que haveria um passeio para Hogsmeade no próximo fim de semana. Eu gostava de ir a Hogsmeade, ver coisas diferentes, mas já vi que durante essa semana eu ia escutar muita gente falando sobre com que iriam. Era o fim de semana dos Namorados. Senti um aperto no peito ao saber que mais uma vez eu não iria ir com quem gostaria ainda mais que ele tinha namorada agora.

Eu já havia recebido inúmeros convites, não sei se porque realmente gostavam de mim ou porque meus pais eram famosos, e por conseqüência, eu também.

Saí da Sala e me dirigi à mesa da Grifinória. Pensei que o Salão estaria deserto, mas me enganei. Na mesa da Grifinória, reconheci um sextanista e duas quartanistas. Fiquei me perguntando o que fariam acordados tão cedo.

Sentei-me sozinha e comecei a comer uma tigela de cereal. Percebi que estava faminta, pois não havia jantado na noite anterior. Enquanto comia, fiquei imersa em pensamentos.

–Você é Rosa Weasley, não é? – tive um sobressalto quando percebi que o sextanista que eu vi sentado na mesa estava falando comigo. – Eu me chamo Alex O’Connel.

–Sim, sou eu. Prazer em conhecê-lo Alex. – respondi. Ele sorriu para mim e retribui o sorriso. Percebi como ele era bonito. Com o cabelo castanho escuro desajeitado, mas não de forma exagerada, como se ele tivesse arrumado desse jeito de propósito. Os olhos azuis davam um brilho para a pele bronzeada. Os dentes eram brancos e brilhantes, e o sorriso era caloroso e simpático.

Depois de uma pausa, ele perguntou.

–Você costuma levantar cedo assim todos os dias? – Queria ter ficado ofendida com a pergunta, mas vi que ele não havia feito por mal.

–Não, geralmente durmo bem mais, mas eu estava sem sono. – acabei falando a verdade, porém omitindo uma grande parte dela. Algo nele não me deixava mentir. - E você? – perguntei.

–Sim. Eu gosto de assistir o nascer do sol. – respondeu.

–Se levanta cedo todos os dias e nunca me viu, por que perguntou? – perguntei rindo.

–Sei lá, eu estava sem assunto. – respondeu rindo também. – Prefere que eu fale do clima?

Dessa vez não me segurei e comecei a rir. Não havia nada tão engraçado, eu só estava me sentindo leve depois da noite difícil que eu havia passado. Ele estranhou minha reação.

–Quer dar uma volta no lago? Podemos conversar mais. – perguntou com um sorriso sincero nos lábios. Fiquei surpresa com a pergunta, mas aceitei.

Caminhamos por um longo tempo até sentarmos na beira do lago. O dia começava a esquentar conforme o sol subia no céu. Eu gostava cada vez mais de meu novo amigo. Eu sentia que começava a gostar dele, não como eu gostava de uma certa pessoa, mas ele conseguiu fazer com que eu esquecesse a dor em meu peito.

Depois de um tempo, Alex me fez uma pergunta inesperada:

–Rosa, quer ir comigo a Hogsmeade? Sei que ainda falta uma semana, mas eu realmente queria ir com você por que gosto de sua companhia e sei que surgem muitos pretendentes para você durante a semana. – essa última parte era verdade, para mim, o que não faltava era opções, mas eu raramente ia com alguém a não ser meus amigos. Gostei do jeito que ele falou que gostava da minha companhia, eu também gostava de ficar com ele.

–Sim, eu vou. – respondi sorrindo. Pelo menos eu não iria sozinha e teria alguém para passar o dia dos namorados. Ele sorriu ao ouvir minha resposta.

Voltamos a rir e conversar quando escutei alguém me chamando. Virei-me e vi minha prima e melhor amiga Lilian correndo em minha direção. Correu até mim e assustou-se ao ver que eu estava acompanhada.

–Desculpe Rosa, preciso conversar com você. – falou uma Lilian ofegante.

–Bom Rosa, eu preciso ir. Nos falamos mais tarde. Tchau. – despediu-se Alex. Desgostosa, despedi-me também. Não estava pronta para voltar à realidade.

Virando-me para a minha prima, vi que ela encarava o garoto que agora ia rumo ao castelo com os olhos um pouco fora de foco. Acenei com a mão na frente de seu rosto e ela voltou a me focalizar.

–O que queria conversar comigo? – perguntei.

–Na verdade, eu queria te contar uma coisa. Você não vai acreditar. O meu irmão...

–Tem uma namorada. – interrompi. – Eu já sei.

–Você sabe? Como pode saber? Quem te contou? Você vai fazer algo para separá-los, não vai? Aquela loira falsa não gosta dele de verdade. Você ainda gosta dele? – Lilian praticamente gritou. Sua reação me surpreendeu.

–Calma aí. Eu vi o seu irmão aos beijos com a loira falsa ontem de noite. – falei usando o mesmo termo. – É claro que eu ainda gosto dele, mas que eu poderia fazer, a vida é dele, não minha.

–Mas ele é seu melhor amigo! Sabe que ela está com ele só porque é famoso. – falou Lilian voltando ao seu tom normal.

–Na verdade, saber eu não sei, mas imagino. – respondi.

–Você pode não saber, mas eu sei. Ontem à noite, eu estava fazendo a lição de casa, parece que eu sou a única que faz, mas isso não vem ao caso, quando ela chegou toda pomposa. Eu a ouvi falando que estava namorando meu irmão, eu quase derrubei meus materiais. Eu fiquei quieta e escutei alguém pedir se ela realmente gostava dele, mas ela respondeu que não, mas ele era famoso, bonito e traria fama para ela também. E mencionou sua mãe e como ela foi parar diversas vezes no Profeta só porque era amiga do meu pai.

Minha visão ficou vermelha. Eu não gostava que falassem assim da minha mãe. Diversas vezes escutei pessoas gritando ou falando para mim ou para meu irmão, que nossa mãe deveria ter casado com o nosso tio Harry, por ele ser mais famoso, mas minha mãe sempre viu ele como um irmão e além disso, ela ama meu pai.

Voltamos para o castelo e ainda não estava na hora do almoço, então subi para a Sala Comunal e Lilian foi para as masmorras.

Cheguei ao retrato da mulher gorda e falei a senha. Entrei na Sala e ela estava quase deserta novamente. Provavelmente, os outros alunos estavam nos jardins, exceto dois garotos. E como eu tenho uma sorte do tamanho do mundo, claro que eles eram Alvo e Alex. Estavam sentados nas poltronas em frente à lareira. O ar era tenso, como se tivessem acabado de brigar.

Quando me viram entrar, Alex levantou-se e veio até mim. E na frente do garoto que eu gosto, fez algo que deveria ter me enfurecido, mas que na verdade, eu gostei.

Ele me beijou.