As Sete Coisas escrita por maguita


Capítulo 9
Parte II - Amor: III - Sorrisos


Notas iniciais do capítulo

Capítulo saído do forno pra vocês, povo lindo!

Gente! Eu não tinha visto antes porque sou meio retardada pra lidar com o sistema do site, mas hoje eu vi que tem três favoritos! Fiquei tão feliz que vocês não têm ideia, sério! Muito obrigada a essas pessoas lindas ♥

Bem, boa leitura!



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Parte II - Amor

III
Sorrisos





Ser divertido parecia um pré-requisito para uma pessoa poder andar com os Marotos. Lílian não precisava conviver com eles por muito tempo para saber que aqueles quatro eram, muito provavelmente, os estudantes mais divertidos de Hogwarts. Sempre rindo de alguma piada interna, aprontando (embora não mais com más intenções) com os outros alunos e escapando miraculosamente de detenções enquanto riam da última aventura.

A sala comunal estava sempre cheia com as risadas deles, e, mesmo que já estivesse acostumada à cena, Lílian não conseguia deixar de se encantar com os sorrisos de Tiago. O modo como seus olhos viravam meias-luas, como ele jogava a cabeça para trás e sua voz continuava bonita mesmo que um tanto mais alta enquanto ria de alguma piada feita por Sirius ou alguma pergunta inesperada de Pedro.

Ela aprendera, com o tempo, que Tiago tinha vários tipos de sorrisos. A maioria deles era causada pelos amigos, fazendo os planos da próxima Lua Cheia ou simplesmente conversando. Havia o sorriso que ele dava nas aulas, quando recebia algum elogio dos professores; o sorriso da vitória após um jogo de quadribol; o sorriso de empolgação toda vez que saía com Lílian e, o preferido dela, o sorriso que ele lhe dava quando estavam sozinhos.

Lílian não se considerava uma garota particularmente divertida ou engraçada. Esse era o papel de Marlene, e às vezes de Dorcas. A ruiva era a garota séria e apegada às regras, que dava um exemplo tão bom aos colegas da Grifinória que fora escolhida como monitora-chefe. Ela não era a melhor contadora de piadas ou planejadora de infrações às regras (embora, depois de começar a namorar Tiago, ela tenha ficado um pouco menos rígida neste aspecto); não, ela era simplesmente uma garota preocupada com os estudos, a família e os amigos.

Mas Tiago estava sempre sorrindo perto dela. Desde o primeiro encontro, a ruiva reparara, ele raramente ficava sério ou mostrava uma expressão diferente de felicidade. Ela nunca perguntara o motivo, e não precisava. Sabia que o garoto estava feliz por finalmente ter sua chance e por ver que ela não tinha intenções de desmanchar o namoro. Por isso, quando saíam juntos, fosse em Hogsmeade ou na propriedade de Hogwarts, Tiago sempre exibia um discreto sorriso, apenas um curvar de lábios que acrescentava um brilho suave aos olhos por trás das lentes redondas dos óculos.

Naquela tarde livre de sexta-feira não foi diferente.

Os dois estavam sentados à sombra de um carvalho próximo ao lago. Uma toalha quadriculada servia de tapete para o casal e uma pequena cesta de vime cheia de guloseimas que Tiago pegara na cozinha antes de encontrar Lílian nos jardins. Ele estava recostado no tronco da árvore, com a ruiva ao seu lado, apoiada em seu ombro enquanto folheava as páginas de um livro que despertou a curiosidade do moreno.

“O que está lendo, Lílian?”

Ela demorou um pouco para responder, terminando de ler a página e marcando-a com um dedo.

“Sherlock Holmes”, disse, virando um pouco a cabeça para encarar Tiago e deparando com uma expressão curiosa em seu rosto. “Você nunca leu?”

“Não... é sobre o quê?”

“Holmes é um detetive. Ele não é da polícia ou algo do tipo, trabalha por conta própria, e as pessoas vão até ele quando querem que crimes ou casos impossíveis sejam resolvidos”, explicou Lílian, após um momento de reflexão. Ela nunca tivera que explicar Sherlock Holmes a ninguém antes, porque suas amigas nunca a viam lendo os livros e todos no mundo trouxa conheciam a personagem. Mas Tiago, crescendo numa casa bruxa, provavelmente não fazia ideia da existência de tais histórias.

“E ele é bom?”, perguntou o garoto, analisando a capa do livro com interesse.

“O melhor.”

“Eu duvido”, disse Tiago, mas havia uma nota de diversão em sua voz que fez Lílian rir. “Por que você não lê para nós e prova que ele realmente é bom?”

“Espere só, mocinho, você verá”, Lílian marcou a página em que havia parado e voltou ao começo do livro. Normalmente, a garota não gostava de interromper sua leitura, mas Tiago tinha uma influência inexplicável sobre ela. Limpando a garganta, Lílian lançou um olhar discreto ao moreno, notando o seu sorriso favorito presente no rosto dele, e começou a ler.



Nos dias seguintes, o sorriso de Tiago parecia estar colado no rosto do garoto com um feitiço permanente. Ele sorria o tempo todo, sem perceber, em qualquer situação. Não ficou sério quando quase derreteu seu caldeirão na aula de poções (e quase provocou um ataque cardíaco no Prof. Slughorn por acidente), quando um dos artilheiros do time foi atingido por um balaço no jogo contra a Corvinal e teve que ser substituído, ou quando teve que ficar limpando as bancadas nas masmorras – uma vingança de Slughorn pelo susto que levara.

E quando seus amigos achavam que não podia ficar pior, Tiago andava cantarolando pelos corredores, um tanto desafinado, atraindo olhares e risadas dos outros alunos. Lílian estava começando a ficar preocupada, e por isso sentou com Marlene, Dorcas e os Marotos para debater sobre o que fazer com Tiago Potter.

“Acho que devíamos levá-lo à enfermaria...”, comentou Marlene, apoiada por um aceno vigoroso de Pedro. “Ele pode ter sido atingido por uma azaração sem saber...”

“É muito difícil alguém acertar o Tiago”, disse Remo, franzindo o cenho. “Não acho que seja o caso de levá-lo até Madame Pomfrey.”

“Então o que faremos?”, perguntou Sirius, frustrado. “Ainda hoje peguei o Pontas dançando com o travesseiro! Ele está ficando doido, é isso.”

“Sem falar naquele sorriso que ele não desmancha por nada. Está ficando assustador”, comentou Lílian, e Remo e Dorcas riram com gosto. Tanto a ruiva quanto os outros amigos encararam os dois com expressões indagadoras, e tiveram que esperar até que as risadas cessassem para ouvir uma explicação.

“Ora, agora faz sentido. A culpa é sua, Lílian!”, disse Dorcas, batendo palminhas.

“Minha?”

“Sim, sua”, Remo riu. “Não é segredo para ninguém que Tiago está infinitamente mais feliz desde que você aceitou o pedido de namoro...”

“Ah, então você enfeitiçou o Pontas.”

“Sirius, cale a boca, sim?”, Remo não alterou o tom de voz e ignorou o olhar indignado do amigo. “Com certeza Tiago está pensando em alguma coisa, Lílian. Ele só fica animado assim – ou quase assim – quando vamos aprontar alguma por aí”, e lançou à garota um olhar significativo, que a ruiva logo entendeu como os-planos-da-lua-cheia.

Mas o que Tiago poderia estar aprontando desta vez, sem a ajuda dos amigos, a ruiva não conseguia imaginar. Provavelmente era relacionado a ela, mas como Lílian participaria de um plano de Tiago? Ela fazia vista grossa na maior parte do tempo, mas não ia com os meninos quebrando as regras a torto e a direito.

Então, quando Tiago apareceu no dia seguinte, pedindo a ela que o seguisse sem fazer perguntas, a garota ficou desconfiada até o último fio de cabelo. Seu primeiro instinto foi responder com um firme e sonoro “Não!”, mas aquele sorriso, o sorriso que era só dela, estava lá. Lílian acabou assentindo e seguiu Tiago para fora do castelo, xingando-se mentalmente por não ter tanta firmeza quando ele sorria daquele jeito.

Caminharam pelos jardins em silêncio, Tiago um passo à frente, até chegarem à orla da Floresta Proibida, quando Lílian parou de andar imediatamente. O garoto voltou-se para ela, curioso.

“Pode dizer de uma vez o que está aprontando?”, pediu Lílian, cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha.

“Se eu disser, estrago a surpresa, Lílian.”

“Então eu me recuso a continuar!”

Tiago riu abertamente. Lílian fez muito esforço para não admirar o modo como seus cabelos balançavam quando ele jogava a cabeça para trás, fixando os olhos na grama. O garoto se aproximou a passos calmos e parou diante dela, um sorriso mínimo enfeitando seus lábios.

“Eu juro, não vou botar você em perigo nem arriscar uma expulsão. Sei que se acontecer alguma coisa, você vai me matar, e eu ainda quero viver, sabia?”, comentou divertido, e Lílian revirou os olhos. “Mas o segredo faz parte da coisa toda. Pode confiar em mim?”

A garota apenas respirou fundo por um momento, sabendo que a hora de dizer não havia sido no castelo. Deixou que Tiago pegasse sua mão e a guiasse para dentro da floresta, rezando para que nada acontecesse aos dois. Mas sabia que, com ele, estaria segura, porque o garoto conhecia as propriedades do castelo como ninguém – ela ainda não fazia ideia de como -, mesmo que ela não entendesse o que o garoto poderia querer fazer na floresta durante o pôr-do-sol.

Ai dele se tentasse alguma coisa.

Tiago a guiou até uma clareira que deixou Lílian boquiaberta. Vista de fora, era apenas mais uma clareira como outra qualquer, mas, uma vez dentro do cerco de árvores, era possível ver o chão coberto de pétalas caídas dos lírios que cresceram misteriosamente entre as raízes das grandes árvores ao redor. Um aroma suave e envolvente emanava de cada flor, deixando o ar gostoso de respirar.

Lílian deu passos hesitantes até o centro da clareira, admirando cada parte que conseguia ver. Ela não sabia como aqueles lírios haviam crescido ali. Mas havia muitas coisas sobre Hogwarts que ela não sabia, então resolveu não se importar. Tiago foi até ela com um sorriso bobo nos lábios, e recebeu um sorriso radiante da garota.

“É lindo, Tiago!”

“Você nem viu a melhor parte”, disse ele, fazendo um sinal para o chão que a princípio Lílian não entendeu. “Mas para isso temos que deitar.”

Após um segundo de ponderação, Lílian deitou no chão em meio às pétalas e, poucos segundos depois, Tiago deitou ao seu lado. Quando finalmente olhou para cima, a garota ofegou. Finalmente entendera o que Tiago queria tanto mostrar.

O céu, ainda poente, exibia a mistura de cores mais bonita que Lílian já tinha visto na vida. Tons de laranja, amarelo e rosa dançavam entre si com harmonia, ficando mais escuros à medida que o sol se despedia do hemisfério. Os olhos de Lílian brilhavam tanto que Tiago teve certeza de que aquele era o melhor modo de comemorar a data. Mais uma vez, ele não conseguia parar de sorrir quando Lílian soltou outra exclamação e segurou sua mão, maravilhada ao ver as estrelas despontando por trás dos últimos raios coloridos no céu, piscando e cintilando para eles.

Tudo ficava ainda mais bonito junto ao perfume dos lírios. Lílian estava sem palavras, e demorou até conseguir desviar os olhos do céu para encarar um Tiago sorridente.

“Descobri essa clareira há alguns dias, e só conseguia pensar em te mostrar”, disse ele, tímido. Lílian levara um bom tempo para se acostumar à surpreendente timidez do namorado. “Mas eu tive que esperar um pouco.”

“Eu sinto que vou parecer a namorada mais insensível do mundo ao perguntar, mas esperar pelo quê?”, Lílian o encarou hesitante, e Tiago riu baixinho.

“Não é insensível. Estamos juntos há dois meses, Lílian”, disse ele, e a garota teve vontade de bater a cabeça numa das árvores por não ter lembrado. Prevendo isto, Tiago apertou sua mão gentilmente e sorriu. “Não se preocupe. Acho até que é um milagre termos chegado tão longe”, ele deu uma risadinha. “Mas no próximo mês, você providencia a comemoração, se serve de consolo.”

Lílian riu e entrelaçou seus dedos nos dele.

“Vai ser difícil competir com isto, mas vou planejar algo”, prometeu, e Tiago assentiu com uma expressão divertida. “Acho que essa é a coisa mais linda que você já fez por mim, Tiago.”

“Se você deixar, farei muito mais.”

Lílian não tinha mais como negar para si mesma (e nem para os outros) que estava completamente apaixonada por Tiago. Cada pequeno gesto dele a envolvia de um modo que a garota se via apenas ansiando pelo próximo encontro ou apenas por passar um tempo ao lado dele. Lílian se virou e esticou o pescoço para deixar um beijo na bochecha de Tiago.

“Pode fazer uma lista, então. Vou cobrar isto no futuro.”

Tiago abriu o sorriso mais deslumbrante que Lílian já tinha visto, naquele momento.


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Notas finais do capítulo

É isso, povo :3 Eu sei que na música, a Miley diz "your old Levi's", mas preferi fazer essa alteraçãozinha, hehe. Acontece que eu tentei fazer um capítulo interessante sobre como Tiago fica bonito usando roupas trouxas e tal, só que não teve acordo. Ficou ~muito~ sem graça, então mandei tudo às favas e escolhi algo diferente (que não sei por que não tem na música, mas ok, haha). Espero que tenham gostado :3

Até o próximo! x



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