As Sete Coisas escrita por maguita


Capítulo 8
Parte II - Amor: II - Olhos


Notas iniciais do capítulo

Capítulo novo, pessoal! Esse deu trabalho, eu estava completamente sem ideias, mas finalmente consegui. Espero que tenha ficado bom, e que vocês se divirtam!

Boa leitura!



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Parte II - Amor


II
Olhos





Vozes se mesclavam à música animada que preenchia a sala do Prof. Slughorn. Era mais uma reunião de Natal do Clube do Slugue, mas desta vez o professor resolvera inovar um pouco: no convite entregue a cada estudante selecionado, fora determinado que todos deveriam usar máscaras, para deixar a noite mais divertida. Uma vez na festa, teriam que adivinhar quem estaria por trás de cada máscara, e só então poderiam tirá-las.

Lílian não via vantagem para si naquela brincadeira. Qualquer um podia reconhecê-la por causa dos cabelos flamejantes. Mesmo assim, suas amigas a convenceram a usar uma delicada máscara branca que cobria parte do nariz e destacava um pouco seus lábios avermelhados, combinando com o vestido branco de bolinhas pretas que lhe caía pelos joelhos.

Estava na festa há meia hora e ainda não reconhecera ninguém. Falara com três pessoas por pouco tempo, e ninguém dissera seu nome, tampouco. A garota estava tão entediada, porque nem chegara a encontrar Alice ou Frank, que se pegou desejando que Tiago aparecesse logo ou até que Sirius estivesse ali – pelo menos ela teria algo do que rir.

Decidindo-se por comer alguma coisa, Lílian conseguiu aos poucos vencer a distância até a mesa de comes e bebes, cumprimentando pessoas ocasionalmente com acenos e sorrisos. Era óbvio que todos a reconheciam, com as madeixas ruivas à mostra (ela tentara deixar as coisas mais interessantes com uma peruca, mas Marlene arrancara o adereço de suas mãos, dizendo que o disfarce era uma máscara, não o cabelo), mas ainda assim, não diziam seu nome.

Ela não imaginava por quê.

Passou mais alguns minutos com os olhos vagando pelo salão, até que um garoto se aproximou, segurando duas taças de hidromel. Lílian aceitou a que lhe era oferecida e quase sorriu ao ver que a máscara dele também era branca, mas sem enfeites. Seu novo acompanhante estaria irreconhecível para qualquer um na festa, com os cabelos misteriosamente arrumados, roupas impecáveis e falando pouco.

Por um momento, Lílian quase não o reconheceu, mas ao prestar mais atenção à parte do rosto escondida por trás da máscara, não refreou um sorrisinho.

“Já estava achando que você não viria”, comentou divertida.

“Imagine se eu ia perder a chance de ver você assim”, Tiago sorriu. “Mas como sabia que era eu? Ninguém acertou até agora.”

“Admito que esse cabelo penteado é um disfarce e tanto, e você também não está usando óculos”, viu Tiago remexer o bolso do paletó, resmungando algo sobre não estar enxergando direito e prendeu uma risada. “Mas é claro que eu reconheceria você.”

“Como?”, ele já começava a tirar a máscara, parecendo bem feliz por se livrar do adereço.

“Seus olhos.”

Para Lílian, os olhos de Tiago eram os mais bonitos que ela já vira. Aquele tom castanho esverdeado, sempre brilhando, sempre vivos e atentos. Ela perdera a conta de quantas vezes já se perdera nos olhos do garoto, desde que começaram a sair. Com aqueles olhos, sentia-se protegida do que quer que fosse. Ela jamais seria enganada por cabelos arrumados ou máscaras, quando se tratava de reconhecer o olhar de Tiago. Tinha tanta fascinação por seus olhos quanto ele tinha pelos dela.

O garoto finalmente arrumou os óculos no nariz e sorriu mais largamente. Lílian tirou a própria máscara também e retribuiu o gesto. Começaram, então, a se divertir tentando adivinhar quem seriam os colegas por trás das variadas máscaras, comemorando quando acertavam e rindo quando erravam. Diferente do primeiro encontro, não havia mais desconforto entre os dois. Aos poucos, conseguiram vencer a insegurança que os impedia de manter uma conversa natural, e simplesmente passaram a aproveitar a companhia um do outro.

Passava da meia-noite quando finalmente voltaram à torre da Grifinória. A sala comunal, alegremente enfeitada com uma grande árvore de natal, velas, bolas coloridas e cristais que emitiam um brilho perolado (um requinte de Remo, que fora contagiado pela época), estava vazia. As mesinhas apenas mostravam alguns sinais dos últimos estudantes que estiveram ali naquela noite, exibindo um tabuleiro de xadrez com a partida inacabada e um prato com farelos do que seriam alguns petiscos natalinos.

Diante das escadas, Tiago pigarreou, impedindo Lílian de subir direto para o dormitório. A ruiva se voltou para ele e aguardou.

“Vamos a Hogsmeade amanhã?”, perguntou o garoto, num tom casual.

“Claro, vamos”, Lílian sorriu minimamente. “Algum plano?”

“Ah, tenho sim. Mas você verá na hora”, alguma coisa no sorriso travesso de Tiago fez Lílian estreitar os olhos em desconfiança. “Te encontro nos portões, depois do almoço?”

“Ok...”

Um brilho empolgado acendeu os olhos de Tiago e ele alargou o sorriso.

“Perfeito! Até amanhã, Lílian. Boa noite.”

E plantou um beijo suave na bochecha da garota, antes de correr escada acima. Lílian sentiu o rosto ficando muito quente e levou os dedos até o local que Tiago tocara. Um sorriso mais largo do que ela gostaria de exibir apareceu em seus lábios e ela também correu escada acima, controlando-se para não cantarolar muito alto e acordar suas colegas.



Lílian estava sentindo uma ansiedade inexplicável. Desde o momento que acordara, na manhã de Natal, e contara às amigas a pequena conversa que tivera com Tiago antes de dormir, sentia essa inquietação crescendo em seu estômago. Elas quase perderam a hora do café da manhã, concentradas na conversa que resultou em Dorcas rindo animada, Marlene batendo palmas e Lílian completamente vermelha.

“Ah, ele vai pedir, eu sei que vai!”, gritava Marlene, pulando na cama da ruiva. “Eu sempre soube que isso ia acontecer, eu disse, Dorcas, eu disse!”

“Mas eu também achava que isso ia acontecer!”, Dorcas tentava se defender, mas Marlene não estava escutando. Lílian duvidava que a amiga pudesse sequer ouvir a própria voz em meio a tantos gritos e risadas, mas não conseguiu evitar a vermelhidão no rosto ou as risadas tímidas que ela mesma acabou dando.

Fora mais uma manhã servindo de boneca para as amigas, que fizeram questão de deixá-la absolutamente linda. Lílian não costumava se admirar muito no espelho, mas desta vez não pôde evitar: gostara imensamente da maquiagem leve e do discreto diadema que enfeitava seus cabelos cascateando pelas costas do pesado casaco preto. E, pelo modo com Tiago não conseguira dizer nada quando o encontrara nos portões de Hogwarts, ele também gostara do que via.

Aquele encontro havia sido o melhor de todos, na opinião de Lílian. Visitaram a Zonko’s, tomaram cerveja amanteigada, foram até a casa de chá (apesar de a ruiva saber que Tiago não gostava muito do lugar, ele fez questão de ir), passearam admirando a neve sobre os telhados das casas, fizeram uma divertida guerra de bolas de neve perto da Casa dos Gritos em meio a muitas risadas, e, finalmente, estavam saindo da Dedosdemel, com sacolas cheias de doces.

Não havia sido muito diferente dos outros encontros, na verdade, mas Lílian podia sentir que havia uma diferença enorme, embora ainda não soubesse qual era. Foi só quando Tiago a puxou para sentar num tronco caído perto dos limites do povoado que ela entendeu. Ele deixou a sacola quase vazia de doces sobre a neve, e voltou o olhar para Lílian. Havia um brilho naquelas íris esverdeadas que ela não soube decifrar, mas que a encantou muito. Estava tão concentrada nos olhos dele que não percebeu o nervosismo tomando conta de Tiago. Ele pigarreou e a garota piscou, como se estivesse saindo de um transe.

“Lílian, eu...” ele desviou o olhar por um momento e se encolheu um pouco no casaco. “Eu venho pensando nisso há alguns dias... na verdade há muito tempo.”

A garota continuou em silêncio, esperando Tiago encontrar as palavras. Ele não entendia por que estava tão nervoso, afinal, não era a primeira vez que pedia alguém em namoro. Mas era a primeira vez que pedia Lílian, e com chances de receber uma resposta positiva. Respirou fundo e voltou a encarar a ruiva.

“Você sabe que eu gosto muito de você. Há séculos. Eu quase não acreditei quando me chamou para sair naquele dia, achei que nunca fosse ter uma chance com você, mas aconteceu”, um sorriso bobo apareceu em seus lábios, e Lílian não pôde evitar fazer o mesmo. “Para melhorar, você aceitou sair de novo comigo, e de novo, e todas as vezes que eu convidei. Às vezes eu achava que estava sonhando, porque você sempre dizia que isso nunca ia acontecer... mas está acontecendo, não é? Nós estamos saindo. E eu sei que, se você não gostasse de mim, nunca teria aceitado”, Lílian assentiu e Tiago não prendeu a risada. Adorava a sinceridade dela. “Então, eu vinha planejando esse nosso encontro de hoje há semanas. Não tinha idéia do que dizer, como dizer, nem nada do tipo. Ontem, quando você disse que vinha, eu fiquei acordado até tarde, ensaiando um discurso horrível que eu esqueci completamente depois que Sirius me acertou com o bastão porque queria dormir”, e Lílian gargalhou, enquanto Tiago massageava a cabeça onde fora atingido. “Então, está sendo tudo de improviso mesmo. Acho até que estou falando demais...”, lançou um olhar pedindo desculpas à ruiva, que apenas meneou a cabeça, sorrindo minimamente.

“Não, eu acho fofo”, disse ela, e as bochechas de Tiago, já coradas pelo frio, ficaram escarlates. “Vá em frente”, Lílian sorriu.

“Ok, eu nunca me atrapalhei tanto com isso...”, Tiago bagunçou os cabelos numa tentativa de se acalmar e fitou os olhos de Lílian. A garota sentiu um arrepio percorrer sua espinha diante da intensidade do olhar dele. “Lílian Evans. Você aceita ser minha namorada?”

Houve um momento de silêncio, durante o qual nem Lílian nem Tiago respiraram. Ele estava inexplicavelmente apavorado. E se, depois de tudo, Lílian o rejeitasse? Não sabia o que faria se isso acontecesse, realmente. Lílian, por outro lado, já sabia o que ia dizer desde que sentara no tronco ao lado dele. Estava apenas apreciando um momento raro de Tiago Potter incapaz de esconder seu nervosismo.

Talvez estivesse andando demais com os Marotos, porque normalmente ela não gostava de se divertir com o medo alheio. Mas, desde que começara a conviver mais com Tiago e Sirius, começara a achar graça em algumas pegadinhas deles, principalmente em momentos como aquele. Quando achou que já tinha prolongado demais o silêncio, respirou fundo, e podia jurar que Tiago ficara muito rígido sobre o tronco. Acabou sorrindo com o comportamento dele. Desde quando Tiago era inseguro daquele jeito?

“Ora, Sr. Potter, achei que nunca fosse pedir”, comentou, segurando a mão dele sobre a neve. Tiago arregalou os olhos por um momento, antes de Lílian completar: “É claro que eu aceito.”



Quando os dois chegaram à sala comunal de mãos dadas, foram recebidos por gritos dos amigos. Marlene, Dorcas, Sirius, Remo e Pedro haviam montado uma pequena festa para celebrar o acontecimento histórico que era o começo do namoro de Tiago e Lílian. A maioria dos colegas ainda não estava na torre ou já estava nos dormitórios, de modo que eles não se preocuparam em procurar outro lugar para fazer a reuniãozinha.

“Eu vivi para presenciar esse dia!”, dissera Sirius após abraçar Tiago e se dirigindo para a ruiva, que não o evitou. Pelo contrário, ela exibia um sorriso radiante que logo se alastrou para os rostos de todos os presentes na sala. “Você tinha razão, Aluado, claro que tinha.”

Lílian olhou indagadora para Remo, que apenas sorriu e encolheu os ombros.

“Eu sempre soube que isso ia acontecer”, disse ele, serenamente. “Estou muito feliz por vocês dois.”

“E quem não está, criatura?”, perguntou Marlene, praticamente pulando na ruiva. “Ah, eu sabia! Hogwarts inteira vai ficar em polvorosa, ah vai!”

“Mas todos sabiam que eles estavam saindo...”, comentou Pedro, piscando os olhos em confusão.

“É diferente, meu caro Pedro, é muito diferente”, disse Marlene, numa excelente imitação do Prof. Slughorn. “Agora eles estão oficialmente namorando, meu caro!”

Tiago não pôde evitar um largo sorriso ao ouvir aquela frase. Esperara tanto tempo por aquilo, e finalmente estava acontecendo. Várias vezes, no caminho para o castelo, se perguntara se estava sonhando ou não. Sabia que não, mas era tão surreal que ele não podia controlar sua mente.

Lílian, ainda rindo da comemoração (um tanto exagerada, na sua opinião) dos amigos, olhou disfarçadamente para Tiago. Ela sabia que, a partir do momento que o convidara para sair, estava começando um caminho sem volta. Sabia que teria que assumir seus sentimentos e aturar muitos comentários dali para frente. Mas também sabia que realmente gostava dele, e que o sentimento era recíproco. Vendo como os olhos de Tiago brilhavam naquele momento, cheios de alegria, Lílian teve certeza de que não se arrependeria.

Por aqueles olhos, e tudo que eles representavam e mostravam de Tiago, ela sabia que valeria a pena.


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Notas finais do capítulo

Bem, gente, taí o capítulo :3 Espero que tenham gostado, hehe. E, é claro, um feliz Dia das Mulheres para as leitoras *-* Ou feliz resto do Dia das Mulheres, né, olha só a hora... Enfim, parabéns a todas nós, e vamos lembrar que nosso dia é todo dia!

Até o próximo capítulo! x



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