As Sete Coisas escrita por maguita


Capítulo 6
Parte I - Ódio: VI - Amigos idiotas


Notas iniciais do capítulo

Atrasei um dia, sinto muito, pessoal. Mas aqui está o capítulo novo, e também o final da Parte I. Eu sei que são sete coisas, mas já tem todo um esquema no planejamento dessa fic, relaxem, a autora não endoidou hahahahahahaha.

Participação especial e um tanto dolorosa do Severo, porque como disse meu amigo, ele tinha que aparecer pelo menos uma vez ;;

Bom, espero que gostem (ou que não odeiem) :3 Boa leitura!



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Parte I – Ódio


VI
Amigos idiotas





O dormitório estava escuro e vazio. Marlene e Dorcas tinham dado um jeito de mais nenhuma garota subir por um tempo, para que Lílian pudesse desabafar em paz. Na verdade, mesmo que suas amigas não tivessem feito isso, a ruiva já havia providenciado seu abrigo: fechara as cortinas de sua cama e lançara todo tipo de feitiço protetor e silenciador para que ninguém a incomodasse enquanto chorava.

Abraçada ao travesseiro, Lílian tentava abafar os soluços de raiva e mágoa. Raiva de Potter. Mágoa de Severo. Ela conseguira ser forte na hora da confusão nos jardins, mas agora que tudo acabara, precisava de um tempo para aceitar o que acontecera. Ouviu a porta do dormitório sendo aberta e fechada delicadamente. Então, as vozes das amigas, um tanto abafadas por causa dos feitiços, chegaram aos seus ouvidos:

“Lílian, como você está?”, perguntava Dorcas, encarando as cortinas fechadas com preocupação. Marlene tentou afastar o pano vermelho, mas sua mão foi repelida. “Precisa de mais um tempo?”

A garota respondeu que sim, com uma voz engrolada, mas então lembrou que suas amigas não podiam ouvi-la. Removeu o feitiço silenciador e repetiu o pedido.

“Deve estar sendo muito difícil para você, não é?”, disse Marlene, franzindo o cenho. “Pessoalmente não entendo o que fez você ser amiga do Snape por tanto tempo, mas o que ele disse hoje...”

Um soluço abafado atravessou as cortinas. Dorcas amarrou a cara para Marlene, que arregalou os olhos, numa pergunta muda de “O que eu fiz?”

“Eu acredito que ele não teria dito aquilo se não estivesse numa situação tão humilhante”, comentou Dorcas, tentando consolar Lílian e ignorando as caretas de Marlene. “Você sabe, Lílian, garotos são muito orgulhosos. Principalmente os sonserinos.”

“Isso não tem nada a ver com orgulho, Dorcas”, respondeu Lílian, secando a trilha que as lágrimas fizeram em suas bochechas. “Se Sev- Snape disse aquilo, é porque ele pensava isso de mim há muito tempo.”

Admitir isso apenas fez Lílian chorar com mais vontade. Dorcas murmurou que a deixariam em paz e pediu desculpas por piorar seu estado emocional. A garota não conseguiu responder, mas sabia que suas amigas entenderiam. Sabia que levaria um tempo até se recuperar do golpe de ser chamada de Sangue Ruim pelo melhor amigo. Mas foi o comentário murmurado de Marlene enquanto saía do dormitório com Dorcas que fez Lílian sentir um ódio profundo por Potter e seus amigos:

“Se Black aprendesse a ficar de boca fechada, nada disso estaria acontecendo.”

A porta se fechou com um clique. Lílian estava sozinha novamente, juntando as peças daquela tarde que deveria ter sido agradável, mas que acabara se tornando uma das piores de sua vida em Hogwarts. Se Black ficasse calado? A culpa disso é dele?

Era bem possível, na verdade, que toda aquela cena nojenta no jardim após os N.O.M.’s tivesse acontecido porque: a) Potter tinha uma necessidade natural de se exibir sob qualquer situação; b) Black era mimado e podia perfeitamente ter feito algum pedido que envolvesse maltratar Sev- Snape; c) todos eles eram idiotas. Juntando esses fatores, podia-se obter aquela tarde como resultado.

Lílian era racional o bastante para saber que um dia, talvez em outra circunstância, Snape acabaria xingando-a do mesmo jeito. Mas um outro lado, aquele que tendia a culpar Potter por qualquer problema que acontecesse em sua vida, insistia em concordar com Dorcas.

Não importava qual dos lados estava certo. O fato era que, por causa de Potter e seus amiguinhos estúpidos, ela perdera seu melhor amigo.

Tudo porque Black era um desocupado ridículo e Remo não sabia colocar os dois no lugar deles. E ela nem queria mencionar Pettigrew, porque se ele fazia algo de útil nas confusões, era apenas para atiçar Potter e seu exibicionismo barato.

Como ela gostaria de nunca mais ter que olhar na cara deles.



Obviamente, ela não podia desaparecer. Até as férias de verão começarem, precisaria aguentar Snape pedindo desculpas, Black agindo como se nada tivesse acontecido, Potter sendo Potter (embora um pouco mais quieto, por algum motivo desconhecido) e, na opinião dela a pior coisa, Remo tentando explicar o que havia acontecido.

Era a terceira vez que ele a interceptava no corredor para conversar. Estava tão insistente quanto Snape. E, no momento, aquilo não era uma boa qualidade para nenhum dos dois.

Mesmo assim, ela acompanhou Remo até os jardins no período livre após o almoço.

“Lílian, eu sinto muito por tudo que aconteceu, mas você precisa entender...”, ele começara, mas a garota o interrompeu, parando de andar.

Eu preciso entender?”, repetiu, e Remo pareceu hesitar. “Remo, eu entendi perfeitamente bem o que aconteceu naquele dia. Sempre entendi que Potter e Black não valem nada, sempre soube que eles implicavam com... ele, desde o Expresso de Hogwarts no primeiro ano, e sempre fiz o que pude para impedir isso. Só faltava eu entender que você nunca vai tomar uma atitude para encerrar essas palhaçadas.”

Remo baixou os olhos. Lílian sabia que estava tocando num assunto delicado, mas já havia perdido a paciência com tudo aquilo. O garoto fez menção de falar algo e ela esperou, os braços cruzados sobre o peito.

“Você não entende...”, murmurou ele. “Eu não consigo.”

“Entendo sim, Remo. Você sabe que sim. Sei que você tem medo de tomar uma atitude e no fim das contas ficar sozinho, mas não é por isso que você, como monitor, pode deixar aqueles dois...”

“Fazerem o que bem entendem, eu sei” Remo terminou o discurso por ela. Lílian já dissera aquilo tantas vezes que ele sabia de cor. A garota ficou calada, porque o fato de Lupin completar seu discurso era auto-explicativo. “Eu sei, também, que o que eles fizeram foi horrível. Eu devia ter feito algo, e sinto muito por não ter agido quando devia. Mas você conseguiu algo do Tiago, Lílian.”

“E o que seria?”, perguntou Lílian, sem disfarçar a descrença na voz.

“Percebeu que ele está mais quieto ultimamente?”, ao ouvir a pergunta, Lílian pestanejou e assentiu lentamente. “Querendo ou não, parece que finalmente todas as discussões de vocês estão começando a fazer efeito. Ele não consegue esquecer tudo que você gritou naquela confusão.”

Lílian duvidava muito que Potter fosse capaz de refletir sobre qualquer coisa que o botasse no lugar dele. Ela havia reparado, sim, que ele estava muito quieto esses dias. Não fazia muitas cenas, ficava sentado conversando com os amigos em voz baixa e mal olhava para ela – o que, na opinião da ruiva, era um prêmio e tanto. Mas achava, simplesmente, que Potter estava fazendo um plano de alguma palhaçada para o final do ano letivo. Como Remo continuava a encarando em expectativa, ela cruzou os braços e respondeu:

“Seria bom se ele entendesse que as pessoas não estão no mundo para que ele possa pisar nelas quando bem entender.”

“Ele está começando a entender, Lílian”, por algum motivo, Lupin parecia aliviado. “Dê um tempo a ele, e você verá. Eu nem vou mais me dar o trabalho de defendê-lo para você.”

“Olha, Remo, eu não tenho que dar tempo ao Potter para nada. Não temos nada um com o outro e você sabe disso”, Lílian desviou os olhos para a grama ondeando com uma brisa fraca. Remo anuiu, esperando ela terminar de falar. “Só não entendo como você, que é tão legal, consegue andar com aqueles dois.”

Remo acabou sorrindo levemente. Se apenas Lílian soubesse como Tiago e Sirius eram de verdade, não estaria dizendo aquilo. Mas ele nunca poderia explicar aquilo. Palavras não eram o bastante para traduzir o que o unia a Tiago, Sirius e Pedro.

“Eles são bons, Lílian. Um dia você verá isso.”

Lílian apenas meneou a cabeça. E os dois voltaram para o castelo, conversando sobre assuntos irrelevantes. Ela agora não sentia mais tanta raiva de Remo. Ficara absolutamente irada com ele por não ter tomado uma atitude, mas sabia que, no fim das contas, ele realmente não podia fazer nada. Não tendo medo de ficar sozinho outra vez.

Essa idiotice ela era capaz de perdoar. Mas tinha certeza de que nunca perdoaria Potter e Black. Eles não mereciam a mínima consideração, principalmente depois do que fizeram com Snape. Enquanto subia os degraus do saguão de entrada com Remo, Lílian viu Snape descendo em direção aos jardins. Foi um momento particularmente tenso, quando os três pararam no meio dos degraus, Lílian e Snape se encarando e Lupin olhando de um para o outro. Snape fez menção de falar alguma coisa, mas a garota fingiu não ter notado e passou direto. Remo demorou-se tempo o bastante para ver Severo fechando a boca e baixando os olhos, voltando a descer as escadas a passos duros.

Quando Lílian entrou na sala comunal novamente, a primeira coisa que ouviu foi a risada rouca e chamativa de Black. Aparentemente, Potter havia se recuperado bastante bem de suas palavras ácidas e já estava contando piadas ou algo que o valha. A garota olhou de esguelha para Remo, que suspirou derrotado. Ela sabia que Potter não mudaria facilmente, se é que mudaria em algum momento. Sabia que ele sempre estaria fazendo coisas ridículas apenas para que Black não ficasse entediado, e sabia que os dois continuariam sendo idiotas pelo resto da vida.

Com um último aceno discreto para Lupin, Lílian foi se sentar com as amigas, que não estavam poupando esforços para animá-la nos últimos dias. Sentia-se grata às duas, porque sabia que se não fosse por elas, ainda estaria chorando no dormitório, culpando Potter em pensamento. Ela passou as próximas horas concentrada apenas na conversa com suas amigas, e até conseguiu rir sinceramente dos exageros de Marlene. Foi apenas quando decidiram subir as escadas que Lílian voltou a passar os olhos pela sala comunal e, pela primeira vez em muito tempo, seu olhar cruzou com o de Potter. Não durou mais que um segundo, porque ele rapidamente virou o rosto, como se não tivesse coragem de encará-la por muito tempo. Black, por outro lado, passou por elas no caminho até as escadas e deu uma piscadela à ruiva, que permaneceu séria. Ouviu a voz do garoto soando alta nas escadas enquanto Potter andava a passos lentos atrás do amigo.

“Anda logo, Pontas!”

Potter pareceu levemente incomodado por Sirius estar fazendo barulho na frente das garotas, mas logo apressou o passo e alteou a voz, falando em seu tom normal:

“Estou indo, Almofadinhas!”

Lílian revirou os olhos e seguiu suas amigas escada acima. Decidira não criar expectativas, não dar importância. Fingiria que Potter e seus amigos idiotas, com exceção de Remo, não existiam. E assim seria poupada de mais idiotices e decepções.

Era tudo que ela queria.


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Notas finais do capítulo

Well, esse é o final da Parte I. Espero que tenham gostado, se divertido com as raivas da Lílian e que tenham tido tanta vontade de bater no Tiago quanto eu tive ao escrever, hahaha. Semana que vem, começa a Parte II!

Qualquer erro ou problema, por favor, me avisem. Vejo vocês no próximo! xo



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