Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 38
Cap 37: O Propósito de Tenzin




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Os dois dias seguintes se passaram muito rapido para Zara, mais do que gostaria que passassem. Quanto para Avalon, lentos demais. Zara estava distante, e um lado do rapaz sabia que se tratava de sua missão, mas outro estava bastante carente da atenção de sua nova namorada.

No dia marcado para a saída deles, Zara acordou antes mesmo do sol, e se banhou rapidamente, para ir até a frente da casa, de onde podia observar boa parte da vila. As casas eram simples, de pedra, com telhado de palha. Imaginava se algum dobrador dali tinha sumido.

– É bastante pacata, não é? - Perguntou Tenzin, recém acordado, vindo por trás da menina e se pondo ao seu lado, de braços cruzados. Aida estava escuro e frio para ele, então o homem abracava-se com vivacidade.

– O quê? - Zara perguntou, deslocada do assunto ao qual o monge se referia.

– A vila. - Ele sussurrou, observando todo o lugar com os olhos sábios e cansados. Zara ainda suspeitava daquilo. Não queria acreditar que Tenzin, o filho do Avatar anterior, não tivesse nada mais importante para fazer do que ajudar uma vila tão pequena e escondida do Reino da Terra como aquela.

– Pacata demais... - Concordou Zara, decidindo deixar suas suspeitas de lado. Tinha muito em quê pensar, e não queria colocar as escolhas pessoais de Tenzin na lista. O homem suspirou lentamente, para então voltar-se mais uma vez para a porta.

– Zara, você já conversou com Pema? - Perguntou o homem antes de se retirar, pergunta que confundiu a cabeça da garota.

– Bem... não... - Disse a Avatar, confusa. Ele lhe sorriu paternalmente e piscou.

– Talvez seja uma boa ideia. - Comentou antes de voltar para a sala aquecida da casa. Zara pensou um pouco naquilo, mas decidiu que precisava organizar melhor seus pensamentos.

Quase meia hora depois, Zara ainda diante da casa a observar a vila, surge Sozen ao lado da menina. O Avatar alisou o pescoço de seu Fuury com carinho, lembrando-se de quando ainda era menor que um gatinho. Lembrar-se daquilo a fez sorrir nostalgicamente.

Sozen encarou a garota por alguns segundos, e a mesma perdeu-se no branco do olhar do Tigre-Leão.

– O que fazer, Sozen? - Sussurrou num suspiro cansado. Sentia-se encalhada na praia, sem saber exatamente para onde ir, mesmo tendo tantos lugares para visitar.

Mal notara, o sol já estava acima do horisonte, e as pessoas dentro da casa já se preparavam para o café-da-manhã. Zara entrou na sala de estar aconchegante, de onde ouvia os sons tão familiares de alguém cozinhando. Mas apesar de acordados, todos estavam em silencio. Não precisou procurar muito para encontrar Jinora meditando no canto da sala, sentada no chão. Tinha as mãos sob os joelhos e a cabeça quase abaixada.

Zara se interessou um pouco mais que o normal por aquela cena, mas deixou passar e foi até a cozinha, onde Pema preparava um café-da-manhã farto, além de mantimentos para a viajem que tinham em frente.

– Bom dia, Zara. - Cumprimentou a mulher com o típico sorriso materno. Zara sorriu-lhe e se encostou no balcão, perto de onde a mulher trabalhava.

– Bom dia... - Respondeu a garota.

– Sei que quer falar comigo, apenas espere o café, certo? - Ela falou com a voz mais sábia que o usual. Zara assentiu.

Após o café-da-manhã, Pema calmamente organizou a cozinha e deixou o marido lavando a louça, enquanto conduzia Zara para o quarto que dividia com o marido.

– Zara, sabe como me apaixonei por Tenzin? - Perguntou a mulher, sentando-se na cama e convidando a garota a fazer o mesmo, bem ao lado de si.

– Vagamente. - Respondeu, sentando-se no espaço ao lado de Pema.

– Tenzin sempre foi muito gentil e cavalheiro, - Começou a contar. - mas sempre teve problemas com mulheres. Quando eu o conheci, ele namorava com Li Bei Fong, uma dobradora de terra muito conhecida. - Disse, suspirando nostalgicamente. - É ela quem ele está procurando hoje. - Revelou, surpreendendo Zara que arregalou os olhos, prestes a sentir muito pela mulher. - Ah, não, não. Não se preocupe, meu marido me ama muito. Ele está procurando Li por sua causa, Zara. Antes mesmo de saber quem era você, Tenzin sabia que você precisaria dela.

– Por quê? - Perguntou a garota.

– Li Bei Fong é a filha de uma das amigas de Aang, Toph. - Explicou Pema. - Ela é hoje, a única pessoa viva que ainda sabe os conhecimentos de Toph de dobra de metal. - Disse, conquistando maior interesse da Avatar.

– E porquê estão aqui há tanto tempo? - Perguntou Zara, confusa.

– Porque Li se escondeu de todos alguns anos depois de Tenzin casar comigo. - Dizia Pema. - Assim que soube da minha gravidez, Li escolheu sumir, e apesar de Tenzin não falar sobre isso à ninguém, eu sei que ele tem quase certeza de que Li está escondida num canto subterrâneo. - Zara parecia cada segundo mais interessada. - E as entradas para os túneis ficam aqui, nesta vilinha tão simples.

Após alguns segundos em silêncio, Pema observava a garota pensativa.

Algumas horas depois da conversa com Pema, Zara desapareceu. Gumo já não se preocupava, estava na laje da casa, dobrando belamente algumas gotas d'água para divertir a pequena Jinora. Avalon, por outro lado, não era acostumado com os desaparecimentos repentinos da Avatar.

– São lindas... - Sussurrava Jinora encarando três gotas gordas que giravam uma ao redor da outra no ar, diante de seus olhos. Gumo sorria de canto à canto ao ver, mais uma vez, alguém que tanto admirava a sua dobra.

Ele vestia roupas verdes, com poucos detalhes, como um camponês qualquer do Reino da Terra. Seu cabelo estava um pouco maior que o comum, dando um aspecto quase charmoso ao moreno. Jinora, por outro lado, seis anos mais nova, usava roupas típicas dos nômades do ar, e os cabelos presos em dois coques aos lados da cabeça.

Gumo estava agachado casualmente diante da menina sentada, e tirava as gotas vindas diretamente das nuvens.

– Como é a sensação de dobrar a água? - Perguntou a menina, surpreendendo um pouco o rapaz.

– Bem... - Sussurrou pensativo. - Há muito tempo atrás, os primeiros dobradores d'água observavam o movimento do oceano. - Começou a contar, mas antes que Jinora se dissesse conhecedora da história, Gumo dobrou a água diante dela, para que ficasse na forma de um oceano com cerca de dois palmos de largura. Os movimentos ondulantes daquele pequeno oceano hipnotizaram o olhar da menina.

– Apenas tiveram alguma noção do que fazer, quando perceberam que a Lua - Uma pequena bola d'água foi habilidosamente dobrada para flutuar acima do pequeno mar. - era quem comandava aqueles movimentos.

Gumo se levantou, entusiasmado com a sua própria história, pequando água das nuvens mais altas para abastecer a sua narrativa.

"Eles perceberam todos aqueles empurra e puxa que a Lua fazia, e o incrível poder que exercia sob o oceano inteiro."

O rapaz mostrou simples movimentos de empurrar e puxar, os mais primitivos dentre todos os dobradores d'água. Os olhos de Jinora brilhavam.

"Com o tempo, a técnica foi melhorando, e quando o primeiro Avatar da água nasceu, Tuí e La foram encontrados, ensinando-o os conhecimentos sobre aquela dobra tão fluída."

Uma miniatura de uma silhueta na forma de uma pequena mulher feita d'água, que Jinora conseguiu reconhecer como sendo Zara, apareceu ajoelhada diante de dois peixes que giravam um ao redor do outro. Jinora era fascinada pelo mundo espiritual, e ao perceber o maior interesse pela forma dos peixes, Gumo deixou que a massa de água que formava o corpo de Zara se unisse aos peixes, e girassem em volta um do outro.

"Não demorou para que aprendessem as propriedades incríveis que a água possuía. As três formas, a cura, e todos os lugares onde a água podia ser encontrada."

Gumo transformou um dos peixes em gelo, e o dobrou belamente como se o mesmo nadasse ao redor da cabeça da menina.

– Tuí e La são o Yin e Yang, não são? - Perguntou animadamente Jinora, com a voz meiga e inteligente.

– Muitas coisas são o Yin e Yang. - Explicou Gumo. - Tuí e La, - Dobrou os dois peixes, um de água e um de gelo, nadando um ao redor do outro. - Os dois dragões Lendários da Nação do Fogo, também chamado de ouroboro. - Dobrou dos dragões compridos que giravam um ao redor do outro, formando um oito. - Até mesmo...

– Raava e Vaatu. - Sussurrou Jinora, confundindo o rapaz, que logo deixou toda a água voltar lentamente apra as nuvens.

– Eu ia dizer a água e o fogo... - Ele comentou, sorrindo e desviando o olhar, enquanto voltava a se sentar ao lado dela. - O que é Raava e Vaatu? - Perguntou, interessado.

– São o Yin e Yang, assim como os seus exemplos. - Ela respondeu com simplicidade. Sorriram um para o outro e deitaram na laje. Gumo ficou dobrando as nuvens, deixando-as em formatos interessantes para que Jinora adivinhasse.
Enquanto isso, Avalon estava inquieto na cozinha, o que fazia Pema sorrir de canto.

– Não se preocupe, príncipe, a sua menina volta logo, e sã e salva. - Tranquilizou-o, pousando a mão em seu ombro.
Avalon sorriu para a mulher e suspirou, voltando-se para a janela e encarando-a por algum tempo.

– Sei que volta, mas não gosto que ela saia sem a minha companhia. - Sussurrou Airon para a aia ao seu lado, fitando o céu. Estava na varanda do quartel de segurança máxima. Com o desaparecimento dos dobradores, os membros do conselho militar eram mantidos naquele quartel, de modo que ficassem intactos até que aqueles desaparecimentos diminuíssem, ou se encerrassem.
Cerca de uma hora depois, Vivi reapareceu na varanda. A grande ave negra e majestosa fitou seu companheiro intensamente enquanto ele dormia serenamente na cama de solteiro diante da porta da varanda.

Airon estava com o cabelo muito bem cortado, e tinha vestes elegantes dos militares da Nação do Fogo. Enquanto dormia, sonhava com a Ilha do Avatar Roku e as coisas que vira por lá. Sonhava com suas experiências, das quais não se orgulhava, e franzia o cenho ao lembrar de Zara no estado Avatar.

Vivi inclinava a cabeça para observá-lo, até que deitou-se ao lado da cama e adormeceu.

Ao fim do dia, Zara voltou para a casa, recebendo um olhar afastado e tenso de Avalon, e o mesmo interessado de Jinora e Gumo. Estava suada e aparentemente cansada, embora não psicologicamente.

Ela olhou para todos dentro da casa, e via seus companheiros, Jinora e Pema. Só faltava um.

– Tenzin! - Chamou dentro da casa, procurando incessantemente pelo homem. - Tenzin! - Chamou mais uma vez, até que ele apareceu vindo de seu quarto, tinha acabado de tomar banho e se vestir.

– Algum problema? Pensei que já tivessem partido. - Perguntou confuso.Todos estavam na sala, e Zara voltou-se para a porta.

– Eu peço que todos tenham calma, e falem baixo. - Ela falou extremamente sério, deixando os presentes um tanto tensos. - Eu vou apagar a luz, vamos deixar apenas a da cozinha acesa, tudo bem? - Perguntou, vendo todos assentirem, apesar de Avalon ter ficado apenas neutro.

Ela apagou as velas e lampiões da sala, deixando o cômodo bastante escuro, então saiu da casa. Após alguns segundos, Zara entrou mais uma vez, acompanhada por uma figura pálida, com cabelos compridos e bagunçados, vestes sujas por baixo de grandes placas de metal presas às suas coxas, costas e braços. Na cintura, correntes estavam enroladas habilidosamente, assim como em suas canelas e pulsos.

– Li, estas pessoas estão comigo. Peço que seja paciente com elas. - Falou Zara com a voz séria e baixa. Tenzin e Pema sentiram seus corpos arrepiarem, e se entreolharam rapidamente, antes de olharem mais uma vez para Li Bei Fong diante de seus olhos.


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