Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 37
Cap 36: Retornar ao Passado




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Juntos, foram explorar os mapas do Reino da Terra e da Nação do Fogo. Apesar de muito contraria-lo, Tenzin se viu obrigado a permitir que Jinora fizesse parte das pesquisas, e assim foi. A menina dava observações esclarecedoras, que logo eram desenvolvidas por Zara e Gumo.

Finalmente as coisas pareciam estar andando.

Após muita pesquisa, Jinora parecia estar certa mais uma vez. Agora, sabiam que precisariam finalmente viajar mais uma vez, o que todos pareciam extremamente ansiosos para fazer. Mesmo Sozen parecia inquieta.

Decidiram que partiriam em dois dias, e percorreriam todo o Noroeste de Omashu em busca da tal pirâmide. Tratava-se de um deserto, eles sabiam, mas a dobra de areia de Zara era mais que suficiente para encontrar.

Na manhã do primeiro dia de espera, Zara caminhava vagamente pela laje da pequena construção. Olhava para o horizonte, em todas as direções que podia. “A vila é pequena e cômoda”, pensava, “Tenzin não deveria estar aqui”.

Não muito depois, Avalon subiu para encontrar a garota, perto do pôr-do-sol. A noite era a melhor hora do dia para Zara, e a mais fraca para Avalon. Estarem juntos ao pôr-do-sol de certa forma equilibrava um pouco a situação.

– Em quê está pensando? – Zara perguntou ao rapaz, que se pôs ao lado dela olhando o grande astro sumir lentamente entre as mais distantes colinas.

– Eu não sei. – Admitiu o rapaz. – Está tudo muito confuso. – Completou. Zara assentiu com a cabeça e lhe sorriu de canto, voltando o olhar para seu namorado.

– Entendo. – Ela sussurrou.

Antes que alguma espécie de assunto ou conforto se instalasse entre os dois, Sozen surgiu das sombras, mais alta que Zara, como já estava, e caminhou lentamente na direção dela. Zara sentia que, de alguma forma, Sozen não aprovava seu relacionamento com Avalon. Mas naquele momento, sua aparição não parecia se tratar disso.

O Tigre-Leão fitou Avalon por poucos segundos, suficientes para que ele percebesse que ela não o queria por perto. O rapaz trocou um pequeno olhar com Zara, e logo juntou-se aos demais para uma janta simples, porém farta.

Sozen sentou-se elegantemente diante de Zara, com os olhos pálidos, quase brilhantes. A garota ajoelhou-se diante dela e abaixou a cabeça, em respeito, quase como um pedido de desculpas. Sozen abaixou a cabeça e tocou-a no alto da de Zara.

Como num sonho, Zara olhava ao seu redor, quase estranhando a sensação. Há algum tempo não visitava o mundo espiritual, o que a fez sentir brevemente culpada. Lá, Sozen parecia uma espécie de deus, correndo graciosamente pelas colinas, e deixando Zara sozinha no terreno onde, no mundo físico, ficava a casa de Tenzin.

– Zara. – Chamou uma voz terna e feminina. – Avatar Zara. – Chamou mais uma vez, e logo diante de seus olhos uma moça muito bonita apareceu. Usava vestes brancas, tinha longos cabelos castanhos acobreados, quase loiros, e olhos cor de caramelo.

Quando a moça se aproximou, Zara ficou de pé.

– Há tanto tempo que te chamo, Avatar. – Dizia com a voz profundamente triste, o que dou em Zara. – Há tanto tempo que te chamo, e hoje tu és Zara. – Falou, sentando-se, o que induziu Zara a fazer o mesmo.

– Quem é você? – Perguntou Zara, e a linda moça negou com a cabeça, a expressão triste, dolorida, decepcionada. Seu rosto era meigo e belo, porém marcado por linhas duras de expressão, cansaço, dor.

– Não é a pergunta certa, Avatar. – Ela falou simplesmente.

– E qual é? – Zara insistiu, vendo a moça encolher-se como se sentisse mais dor.

– Eu sou Pa’Akay, Avatar Zara. – Disse seriamente. Encarava Zara, com certa frieza que de certa forma assustava a menina. Algumas lembranças começaram a inundar a mente de Zara. – Há tanto tempo que te chamo, mas desde que me achou, quando ainda era Aang, você deixou-me de lado. – Contava a moça. – Me deixou, e hoje, eu te atormento como nunca fiz. A culpa é sua, Avatar, mesmo que não seja de Zara. – Acusou com tremenda dor.

Como num sopro de poeira, a forma do Avatar Aang formou-se ao lado de Zara, sentado e encarando a mulher à sua frente. A moça encarava Aang com os olhos molhados.

– Vê, Aang? Você não pode se livrar de mim. – Dizia a mulher.

– Eu nunca quis me livrar de você. – Pronunciou o homem com a voz séria e sem hesitação.

– Me abandonou sem proteção, quando eu precisei. – Gemeu a mulher.

– Então você morreu. – Disse Zara num sussurro, finalmente lembrando-se. – E graças à sua morte, pude conhecer Tuí e La. – Refletiu. A mulher voltou o olhar para Zara e assentiu, com tristeza.

– Eu morri, e dei início à sua missão, Avatar. – Ela falava. – Missão esta que você abandonou – virou-se para o Avatar anterior. – quando ainda era Aang. – Concluiu, e então Aang sumiu em poeira tão rápido quanto surgiu.

– E qual é a minha missão com você? – Perguntou Zara.

– Você nem sabe quem eu sou, menina. – Ela falava, num tom tenro com palavras ofensivas. – Você nem sabe quem você é. – Disse.

– E quem é você, Pa’Akay? – Perguntou Zara, vendo um sorriso tenro no rosto da bela moça, conforme seu corpo ia desaparecendo gradualmente.

– Como você, Avatar, que ontem foi Aang – começou – ontem eu fui Litta.

– Não perguntei quem você foi. – Acusou Zara, o mais rápido que pôde antes que a mulher sumisse por completo.

– Hoje eu sou Phelia, mas ainda sou Pa’Akay. – Sussurrou e desapareceu da vista de Zara.

Quando a imagem de Litta desapareceu por completo, apenas Sozen sobrara diante de Zara. O Tigre-Leão parecia decepcionado, e Zara logo se levantou, prestes a fazer alguma pergunta, mas Sozen abaixou a cabeça.

– Você precisa retornar ao passado. – Disse voz límpida de Sozen, que ecoou pela mente de Zara, antes de encostar a cabeça na testa de Zara,e ambas voltarem ao mundo físico.

Apesar de o tempo ter se passado muito rápido no mundo espiritual, o sol já começava a surgir no horizonte quando Zara voltou. Todo aquele diálogo tinha sido muito confuso para Zara, mas ela precisaria desvendá-lo. Assim que se viu de volta no mundo físico, concentrou-se para memorizar toda a conversa entre ela, Litta e Aang.

“Princesa Litta era Pa’Akay... Mas o que é Pa’Akay?” Perguntava-se mentalmente.

Sozen a encarava, a postura sábia de sempre.

“Você precisa retornar ao passado”, ouvia a voz do Tigre-Leão em sua mente.

Zara estava mais confusa do que nunca, parecia ter não uma, mas três missões. E não apenas missões, e sim, desafios.

Tinha que desvendar Pa’Akay, que aparentemente agora chama-se Phelia. Deveria procurar pela pirâmide-bússola, e descobrir para quê ela servia. E por último, retornar ao passado. Zara não sabia a ordem certa para fazê-los, muito menos como fazê-los.

Ainda tinha dois dias antes de partir em busca da pirâmide, e achava que durante a viajem teria tempo para desvendar Pa’Akay. Naquele momento, ao amanhecer do penúltimo dia do grupo na casa de Tenzin, Zara decidiu seguir o aviso de Sozen, e procurar retornar ao seu passado.

Desceu as escadas lentamente, estava concentrada. Todos dormiam, e a menina procurava sentir o mundo ao seu redor, como quando tudo começou. Lembrava-se do palácio na Tribo da Água do Norte, lembrava-se dos jardins de gelo.

Lembrava-se dos espíritos da água e do mar.

Ao sair da casa, Zara caminhou até uma colina próxima, um pouco distante da vila, e sentou-se no chão. Fechou os olhos e pôs-se a meditar. Não tentaria entrar no mundo espiritual, tentaria se conhecer melhor.

Você nem sabe quem você é

Ecoou a voz de Litta em sua mente por um instante, até que ela se desprendesse daquele pensamento presente. Deveria visitar o seu passado.

Aos poucos, os sentimentos que tinha durante seus sonhos, aos onze anos, voltavam à tona. Via os dois peixes mais uma vez diante de si, no lago cristalino. Sentia uma intensidade ao seu redor, era quase real. Lembrou-se dos ensinamentos sobre dobra de ar, e por um instante voltou a ser toda a admiração que costumava ter pelo elemento.

Tente equilibrar seus pensamentos até pensar em silêncio.

Lembrava-se da voz tenra de La. Os acontecimentos da Tribo da Água do Norte a faziam sentir certa nostalgia, e Zara procurava, vasculhava quase desesperadamente por algum detalhe.

Você nasceu entre os dobradores d'água, Avatar. Você deve carregar a mudança e o desapego em seu coração.

Lembrou da voz intensa de Tuí. Tudo a confundia. Como poderia mudar e se desapegar, enquanto retorna ao passado. Pensou em Airon, em Gumo, em sua viajem por Templos de Ar, por Ba Sing Se, lembrou-se de seu pai de sangue. O rosto do homem se demorou um pouco mais em sua mente, não queria esquecê-lo.

Logo lembranças sobre Avalon invadiram sua mente, pulando a ordem cronológica com a qual Zara tentava pensar. Quando conseguiu se desfazer delas, um rosto de cabelos compridos e olhos tristes lhe surgiu na mente.

Nada vale a pena quando não ajuda na sua missão.

Dizia a voz do Avatar Kuruk em sua mente. Até que um rosto lhe apareceu, um rapaz de cabelos compridos e barba no queixo, sorrindo.

De súbito, Zara abriu os olhos.

Sentia que estava fazendo errado. Preferiu não continuar. Ao seu redor, a manhã já se passava com o céu azulado e nuvens cheias. Após lembranças, sentia falta de dobrar a água. Mas precisava se alimentar e dormir. Lembrara-se de Tuí e La mais uma vez, e não pretendia esquecer de suas lições nunca mais.


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Notas finais do capítulo

Está próximo o final deste livro, a boa notícia é que vai ter mais um.



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