Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 27
Cap 26: Retorno Turbulento




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Airon e Gumo estavam extremamente acabados, sujos e aparentemente famintos. A jovem Avatar ainda não tinha imaginado como reagiria ao reencontrá-los, mas tudo o que conseguiu fazer foi sorrir e correr ao encontro dos dois. Ela abraçou Airon e Gumo, passando o pescoço de cada um por um braço e apertando-os.

– Ai, Zara... Estou um pouco dolorido... – Resmungou Gumo com um pequeno sorriso de canto. Havia sentido falta da garota, e vê-la bem era um enorme alívio.

– Desculpe. – Ela disse sorrindo soltando os dois e olhando para baixo. Não sabia como agir diante daquela situação. – Muraoka! Estes são...

– Airon e Gumo, sei disso. – a mulher disse com um sorriso abobalhado, ainda sem tirar os olhos de Sozen.

A Nômade do ar foi até o grande Tigre-leão, para tentar admirá-lo cada vez mais, e talvez descobrir ou sentir algo novo diante da criatura.

– Estávamos preocupados... – Resmungou Airon, tentando fingir o alívio por reencontrar Zara.

– Você não faz ideia do que passamos até aqui... Sozen é mesmo incrível... – Disse Gumo ao começar a contar a história do que havia acontecido depois que Zara sumira. Airon olhava apreensivo para a amiga, até começar a observar melhor o estado e as roupas da mesma. Ela estava com trajes nobres da Nação do Fogo, os cabelos soltos e um pouco maiores que antes, limpa e saudável como nunca. Não parecia ter sido sequestrada ou violentada há poucos dias. – Mas e você?! O que houve?! Você simplesmente desapareceu! – Falava Gumo, interessado, preocupado e curioso.

– Bem... eu... – Ia dizendo Zara, antes de ser interrompida.

– Você! – Rosnou Airon furioso ao finalmente encontrar Avalon no recinto. – Você sequestrou Zara! – Gritou com a voz embargada de ódio, mas Avalon apenas o ignorou. – Olha pra mim quando eu falo com você! – Gritou o irmão mais novo.

Avalon se levantou lentamente e manteve-se em postura perfeita ao encarar Airon. Eram quase da mesma altura, e Avalon era apenas alguns centímetros maior. O mais novo estava com os cabelos curtos e contrastantes com as mexas compridas do mais velho.

– Airon, ele não...

– Não Zara! – Interrompeu Airon mais uma vez. – Esse bastardo está passando dos limites! – Rosnou sem olhar para a amiga. – O que passa pela sua cabeça?! – Voltou a dirigir-se ao irmão, num grito de fúria.

Muraoka assistia a cena com o cenho franzido, irritada com a atitude do garoto.

– Está mesmo querendo cumprir aquela ameaça ridícula?! Quem você pensa que é?! – Gritava Airon em fúria, o rosto vermelho, a postura de ataque. Parecia que ia avançar no mais velho à qualquer momento. – Você não passa de um bastardo órfão, como eu! Mas você é pior! É um mentiroso ordinário, que engana as pessoas e as manipula como bem entende!

Airon começava a sair do controle físico e mental, já chegando mais perto de Avalon que estava a meros cinco metros do mesmo.

– AGORA CHEGA! – Berrou Zara, com a voz reverberando por toda a sala. Estava com a voz dupla de Raava, os olhos brilhantes e a postura nobre. Dirigiu-se ao centro do cômodo ficando entre os dois irmãos. – Isto é um templo, e não uma taverna, portanto eu exijo respeito, ou terei que agir, e ninguém aqui quer que isso aconteça. – Falou por fim. O eco de sua voz durou mais alguns segundos, até que seu corpo voltou ao estado normal e ela olhou apreensiva para os dois.

– Vamos sair daqui. – Pediu Gumo, inocente, tocando o ombro de seu colega.

– Vamos. Zara precisa fazer uma escolha. – Sussurrou Airon apertando os punhos e retirando-se da sala a passos fortes e largos.

Gumo olhou para Zara e Avalon de relance antes de seguir o amigo, deixando claro que estaria ao lado dela para o que precisasse.

– Obrigada, Zara. – Agradeceu Muraoka ao passar pela garota, tocando seu ombro antes de finalmente sair da sala.

Zara virou-se para Avalon, sem encará-lo nos olhos, e se aproximou do mesmo.

– Desculpe por tudo isso. – Ela pediu, sem entender porque sentia tanta culpa nos ombros.

– Zara, sou eu quem precisa e agradecer. – Ele disse levantando o rosto dela para que o encarasse. Fitar de perto os olhos azuis da garota era uma tarefa difícil para Avalon, mas ele precisava ultrapassar aquela barreira, e sentia-se estranhamente seguro quando o fazia. – Em outras situações, eu teria avançado em Airon como sempre fiz. Você me mostrou que esse não é o caminho, e eu estou... me esforçando para conseguir cessar esta luta com o meu irmão.

Zara ouviu as palavras do rapaz com um pequeno sorriso nos lábios, instintivamente olhando para a boca fina do mesmo enquanto o fazia.

– Quero que fique perto de Sozen enquanto Airon estiver assim. – Pediu um pouco preocupada. – Sei que pode se proteger, mas Airon jamais levantaria um dedo diante de Sozen, e se o fizer, eu quero tomar uma atitude. – Avalon assentiu em silencio, compreendendo a posição da garota.

Sozen deu passos silenciosos até chegar nos dois, deixando Avalon tenso com aquela presença.

– Sozen... – Sussurrou Zara acariciando o rosto do tigre-leão. Sozen inclinou a cabeça em direção a Avalon e abaixou a grande cabeça até a altura da mão do rapaz, que ficou estático diante do gesto. Zara pegou a mão de Avalon e pousou na testa do Tigre-leão, fazendo o corpo do rapaz tremer por um momento.

Sozen levantou a cabeça, ainda com a mão de Avalon em seu rosto, e rugiu o mais alto que podia, fazendo Avalon cair no chão assustado, com o coração batendo a mil. Zara gargalhou alto e abraçou Sozen por um momento, logo voltando-se para ajudar Avalona se levantar.

– Ela disse “oi”. – Falou Zara, ainda rindo um pouco. Avalon se levantou tremendo um pouco, e rindo de si mesmo.

Eu gostava de vê-lo sorrir. E talvez Sozen apenas quisesse tirar a tensão dele quando deu aquele susto. Saímos da sala os três, Sozen à minha e Avalon do outro lado. Não havia ninguém no corredor, e o resto do caminho foi silencioso até a cabana de Muraoka. Mas o sorriso espontâneo de Avalon não me saía da mente. Assim como o escândalo ridículo e desnecessário de Airon também não.

Airon e Gumo estavam encostados no balcão da cozinha improvisada, enquanto Muraoka esperava pelos outros três do lado de fora. Ela parecia estranhamente decepcionada e preocupada, e chamou Zara para uma conversa antes que entrassem na cabana.

– Zara... Eles precisam ir embora. – Disse sendo bem direta. Zara desviou o olhar, já imaginava que Muraoka diria aquilo. – O dobrador de fogo pelo menos, ele está desequilibrado demais, não temos tempo. – Concluiu, tentando ser compreensível para que Zara não se magoasse.

– Vou resolver ainda hoje. E se alguém não cooperar, terá que assumir a responsabilidade. – Disse a garota, carregando na expressão tamanha responsabilidade e compromisso.

Antes de ser amiga, antes de ser Zara, sempre fui Avatar. Agir como tal é necessário.

Zara fez questão de entrar na cabana primeiro, com Avalon em seu encalço e Sozen logo atrás. Airon ergueu-se de súbito para falar algo encarando o irmão, quando Zara levantou uma mão espalmada na direção dele, encarando-o nos olhos.

– Airon, se você dirigir mais um apalavra a Avalon, serei obrigada a te jogar de cima dessa montanha, então vê se cala a boca e escuta. – Ela disse sendo curta e grossa, deixando todos no recinto um tanto tensos e surpresos pela postura fria que assumira.

Zara procurava lembrar dos conselhos de Raava, e agora entendia que aquela conversa fora mais útil do que jamais imaginaria.

– Eu vou ser muito direta com todos vocês, e quero que me escutem e entendam que falo como Avatar, é o meu dever. – Disse seriamente.

Logo todos estavam reunidos ao redor dela, exceto por Airon que ficou encostado numa parede apenas escutando, ainda abismado com o modo como Zara se dirigira a ele.

– Primeiro, o óbvio. Vou contar tudo o que aconteceu desde que me separei de vocês dois. – Falou olhando para Gumo, encontrando segurança no olhar compreensivo do amigo. – Naquela noite, Airon saiu do quarto de repente, e eu já não estava conseguindo dormir. Então eu o segui e vi que tinha ido apenas buscar Vivi. Então... Avalon me sequestrou...? – Falou um tanto confusa.

Airon fitava o irmão om ódio no olhar, quando Avalon sussurrou algo depois de um suspiro tenso. Zara o encarou, confusa. Era a hora da verdade.

– Como me encontrou? E por que me sequestrou? – Perguntou Zara, falando baixo com a voz macia.

– Ele já tinha te ameaçado antes, devia estar querendo...

– Airon. – Zara o limitou antes que terminasse a frase, censurando-o com o olhar. – Avalon... – Falou voltando o olhar para o mesmo, pedindo por uma explicação.

Ele suspirou profundamente sem conseguir mais olhá-la nos olhos.

– Eu não te sequestrei. – Declarou num tom baixo de voz, porém bastante calmo. – Estava voltando para casa, numa carruagem, quando vi alguém carregando um corpo no ombro. Era você, com as mãos amarradas atrás das costas, mas eu não sabia que era você, estava muito escuro. Então mandei que parassem a carruagem e corri atrás da pessoa, afinal, era um crime. Não vi quem era, mas consegui te pegar antes que ele fugisse. – Falou lembrando da dita noite.

Todos pareciam muito confusos com aquela história, e Airon, obviamente, não aceitou uma palavra sequer, mas preferiu permanecer em silencio.

– Mas quando eu acordei, você parecia já ter todo um plano. – Retrucou confusa. – E sabia exatamente quem eu era.

– Eu já planejava procurar por você, mas não fazia ideia de que estariam na capital da Ñação do Fogo, o que, por sinal, eu acho que foi uma completa burrice. Deveriam ter ido pra algum vilarejo pequeno... – Ele respondeu, deixando Airon ainda mais irritado, já que ir à capital fora ideia dele.

– Então... depois que acordei, Avalon disse saber onde poderia ter um monge, e disse que poderia me levar até lá. No caso... Até aqui. – Disse Zara, continuando a história. – Nós viemos para cá e encontramos a entrada para subir, e aqui estamos. Agora, Gumo, você pode me dizer como conseguiram chegar até aqui? – Pediu com delicadeza ao amigo.

Ele sorriu de canto antes de animar-se.

– Como eu disse e não canso de dizer: Sozen é incrível! – Ele falou animado, fazendo o peito do Tigre-Leão vibrar com um barulho estranho, demonstrando agradecimento. – Qando você sumiu, Sozen também desapareceu. Ela voltou apenas na manhã seguinte, e quase nos morde para que a seguíssemos. Nos fez usar um barquinho minúsculo para chegar nesta ilha, e eu tive que “empurrar” o barco, o que foi bastante exaustivo. – Falou um pouco acanhado. – Quando chegamos, apenas a seguimos para uma caverna escondida. Quanto mais fundo íamos na caverna, maior o corpo dela parecia ficar.

Zara sorria de canto ao ver que ao menos Gumo não estava com raiva, decepcionado ou criando expectativas em cima dela.

– E como fizeram para subir o túnel? – Perguntou a garota, realmente curiosa.

– E mais uma vez: Sozen é incrível! Ela escalou o túnel inteiro com nós dois nas costas, montados. Claro que eu precisei a umidade do ar nos impulsiona de vez em quando, assim como Airon também usou o “fogo propulsor” dele, mas ela foi sensacional! – Sozen ronronou por um longo instante, e Zara se aproximou dela, orgulhosa.

– Deve estar cansada... – Sussurrou para que apenas o tigre-leão ouvisse. – Então, - disse voltando-se para todos. – Eu estou aqui para aprender dobra de ar, e o controle espiritual. Como eu disse antes, isto é um templo, e não quero confusão, briga, discursão ou qualquer tipo de áurea negativa aqui dentro. – Falou sendo mais rígida que antes, deixando clara a situação. – Não sei qual é o problema entre vocês dois, mas convivi o bastante com cada um para ver que, individualmente, vocês não têm esse humor explosivo e esse imã para brigas.

“Conheço Airon há quase dois anos, e não preciso entrar em detalhes sobre nada. Quero que comportem-se, abaixem a guarda e sejam irmãos. E quem não cooperar vai embora por bem ou por mal.”

Disse elevando a voz.

– Airon, estou extremamente decepcionada com você. – Falou voltando-se para o mesmo, que abaixou a cabeça. – Você sabe que isso é muito mais que uma briga, e que eu preciso que colaborem. Sua cena no Salão de Estátuas foi, por falta de uma palavra melhor, ridícula. E não, eu não tenho escolha alguma a fazer, você é que tem. Vai se comportar por bem ou por mal? – Perguntou por fim, chocando todos na sala e recebendo um olhar estupefato do irmão mais novo.


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Notas finais do capítulo

E agora, rapaz? *-*



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