Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 16
Cap 15: Orgulho Ferido




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No dia seguinte, o rapaz não conseguia encarar Zara nos olhos.

Viu que a menina tinha dormido na poltrona e sequer tinha comido a maçã.

Quando Zara acordou, encontrou ele sentado na cadeira da escrivaninha com outra bandeja de comida, que ele já havia trocado. Ela piscou um pouco tentando entender a situação, mas não conseguiu conectar coisa com coisa graças ao sono.

Avalon se levantou e puxou Zara pelo braço com força, sem olhar nos olhos dela.

– Aii, o que você tá fazendo, seu louco? – Ela perguntou irritada resistindo, tentando se soltar. Mas ele era maior e tinha mais força. – O que foi que eu fiz agora, ein? – Perguntou quase desistindo, até que ele parou de puxar e os dois ficaram estáticos.

Ela o encarava e ele fitava o chão.

– A questão é o que você não fez. – Disse com raiva, fazendo Zara já não entender mesmo nada. Ela o olhou confusa, e Avalon, mesmo sem encará-la, sentiu o olhar confuso que tanto lhe irritava. – Agora senta aí e come. – Falou por fim quase jogando-a na cadeira, para depois deitar na cama e cobrir os olhos com o lençol.

Avalon bufou impaciente e Zara ficou encarando o prato, ainda confusa.

– Esse estresse todo só pra eu... – Ia completar com “comer”, até que sentiu seu estômago revirar fazendo um barulho.

– Até seu corpo concordou comigo. – Disse o rapaz ainda na mesma posição. – Agora faz o favor de comer e escolher se vai ficar comigo ou com o Airon. – Falou emburrado surpreendendo a menina pelas palavras escolhidas. Ele bufou e depois percebeu o que disse. Ficar comigo ou com Airon.

– Quer dizer, ir comigo ou ir com ele e com o outro garoto. – Se explicou com o tom de voz mais baixo. Zara encarou o prato e começou a comer devagar.

Até então não tinha percebido como estava com fome.

– Avalon. – Chamou depois de terminar de comer, temendo que o rapaz estivesse dormindo. Ele respondeu com um resmungo baixo. – Airon mentiu quando disse que você não era dobrador? – Perguntou.

– Sim e não. – Respondeu o rapaz. – Ele mentiu porque, sim, eu sou dobrador. – Explicou. – Mas não mentiu, porque ele nunca soube que eu sou. – Finalizou.

Zara pensou por algum tempo.

– Como treinava a dobra sem ele ver? – Perguntou mais curiosa do que séria.

– Eu não treinava. – Disse apenas, mostrando que não responderia mais perguntas.

– Eu vou com você. – Zara disse logo depois de Avalon, surpreendendo-o um pouco.

Ele se sentou e encarou o chão, sendo observado por Zara.

– Ótimo, vamos. – Disse Avalon ao ver que ela já tinha terminado de comer. Segurou-a pelo braço, agora sem apertar, e puxou-a para fora do quarto. Parava pelos corredores estreitos para falar com algumas pessoas e dar algumas ordens, mas não soltava o braço de Zara.

Avalon levou Zara em uma carruagem fechada, ela não via a cidade a fora, e quando sua saída foi permitida ela já estava diante do navio.

Ficar diante de um navio da Nação do Fogo dava arrepios na garota. Pareciam colossais máquinas de matar. Zara olhou assustada para a embarcação e deu um passo hesitante para trás.

– O que foi? - Perguntou Avalon mais a frente, perto da enorme rampa do navio.

A besta se aproxima, a neve negra cai do céu. Seu casco impenetrável o gelo pode quebrar, seus comandantes impiedosos a sua alma vão devorar. A boca vermelha se abre na costa do Polo Norte, sob sua língua negra descem suas salamandras assassinas. Não há um pobre sequer que tenha escapado da besta fera de metal. O monstro do fogo. – Zara recitou roboticamente uma velha canção de terror da Tribo da Água do Norte.

Avalon sentia-se sujo e aterrorizado com o ponto de vista dela. Não tinha palavras para responde-la.

– Desde que eu tinha um par de anos de vida, Mamãe e Papai me dizer para ficar longe de qualquer coisa que envolvesse o fogo. Só depois de maior vim usar tochas, mas sempre quase apagadas. Mesmo a nossa comida é feita em água fervente. – Dizia olhando estaticamente para o navio sendo carregado com suprimentos pelos servos. – Cresci achando que meu pai havia sido morto pela Nação do Fogo, cresci abominando passado, o presente e o futuro de vocês. E agora eu preciso ajuda-los. – Finalizou sem conseguir tirar os olhos da embarcação.

Avalon se aproximou de Zara, tapando a vista dela para o barco. Ele ainda não a encarava nos olhos, tinha vergonha por ter sido carregado por ela na noite anterior.

– Se você entrar ali, eu prometo que não haverá nenhuma salamandra assassina, eu prometo que ninguém vai devorar a sua alma. – Disse mais sério do que nunca, surpreendendo a garota. – Se você quiser, posso apagar todas as fontes de fogo de todo o navio. – Falou por fim.

Zara não entendia porque ele não a olhava nos olhos.

– Não tem como apagar todas elas. – Disse com um meio sorriso. – Avalon. – Chamou, e depois se inclinou para entrar na vista dele. Avalon a encarou meio hesitante. – Você é uma fonte de fogo. – Disse sorrindo meio tímida e logo voltou-se para a embarcação, tentando calcular seu peso.

Avalon não havia movido um músculo e a sua respiração ficou ofegante. Virou-se para olhar a menina, e encontrou Zara olhando para o Navio.

Ela mantinha as mãos atrás do corpo e os cabelos presos no alto da cabeça, com exceção dos fios próximos a nuca, que ainda eram pequenos demais para serem presos. Tinha o olhar brilhante, como sempre.

Emburrado e frio, Avalon entrou no navio pela língua negra sendo seguido por Zara, e logo ambos foram para a popa. Zara ficou no ponto máximo, mais para frente, onde água era cortada pelo casco pontudo do navio.

Ela tinha vontade de dobrar água, tinha vontade de dobrar terra.

– Zara. – Avalon chamou se aproximando dela, ficando ao seu lado enquanto olhava o encontro do mar com o céu. Ele apoiou os cotovelos na borda, ficando um pouco inclinado para frente e dobrand uma das pernas. A garota olhou para ele em resposta. – Obrigado. – Falou num sussurro.

– Pelo que? – Perguntou Zara sem entender ao certo.

Avalon olhou para ela, apoiando o corpo num só cotovelo e virando o resto do corpo na direção dela. Zara ficou encarando o olhar intenso e cor-de-mel do rapaz, e logo não conseguiu sustentar o olhar no novo rosto limpo dele.

– Queria te pedir algo. – Disse se desencostando e começando a soltar o laço de sua faixa. Zara ficou estática com medo do que ele estava fazendo tirando a roupa em sua frente.

Ele desamarrou completamente o laço e soltou a faixa no chão, para depois começar a abrir a parte superior de seu kimono de batalha, ficando de peito nu.

Zara não teve tempo de ter vergonha quando viu a pele nua de Avalon.


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Notas finais do capítulo

Pedi por mais de duas leitoras e me apareceram 4. Agora eu quero cinco! *-* É sério gente, eu to muito desanimada, a história está se rastejando por causa da minha falta de ânimo para escrever. ):