Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline


Capítulo 12
Cap 11: Um Desabafo




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– Eu sei que sou um retardado e que fiz muitas coisas abomináveis. – Desabafava o garoto. - Mas depois que a conheci eu venho tentando pausar toda essa situação. Gumo, eu a amo desde que ouvi o nome dela. – O dobrador de água estremeceu. - Eu não queria nascer assim, eu não pedi essa habilidade. Eu não pedi para ser assim. – Declarou bem devagar.

– Mas o que você fez? – Perguntou Gumo, incerto de se queria mesmo saber. Airon demorou um pouco pensando em como explicaria.

– Quando eu tinha nove anos descobri que podia dobrar fogo. – Disse tentando manter a voz firme. - Mas eu não dobrava igual às outras crianças. Eles moviam jatos de chama, eles faziam a chama crescer. Eu fazia arte. – Disse encantado com suas lembranças. - Eu desenhava com fogo, minha mira era perfeita. Meus instrutores me faziam acertar alvos minúsculos há uma distancia inacreditável, e eu não via dificuldades. O fogo sempre me obedeceu. – Aquela frase fez o corpo de Gumo estremecer. O elemento mais selvagem, o mais incontrolável... Ele o obedecia.

“Aos onze anos descobri que podia criar fogo, e o meu fogo era perfeito, era azul! Era incrível! Mas ninguém via o meu potencial, eu era apenas o neto bastardo do senhor do fogo que fora uma vergonha para a Nação. Eu via os outros dobradores machucando as pessoas. Eu vi eles ferirem crianças e mulheres. Era terrível! Eu não podia deixar aquilo acontecer! Mas meu Tio nunca se importou, ele não queria me ouvir...”

– E o que você fez? – Perguntou Gumo depois que viu que Airon dera uma pausa em suas palavras.

– Eu precisava... E-eu não podia deixar passar... – Dizia gaguejando, incerto de suas palavras.

– O que você fez, Airon? – Perguntou Gumo, amis uma vez. Sendo mais autoritário.

– Eu segui eles.- Disse o menino. - Eram três. Precisei apenas de três jatos certeiros. E-eu os atingi na nuca. Eles caíram no chão, desacordados. Na mesma hora. – Disse olhando para algum ponto no horizonte. Ele aprecia estar mais assustado do que nunca, parecia estar procurando a morte à espreita.

Gumo nunca o vira tão louco.

– Você os matou? – Perguntou num sussurro quase mudo de medo.

– Não, Gumo! Minha nossa! – Exclamou Airon envergonhado por ter causado tal impressão. - Nunca matei ninguém! – Completou deixando Gumo ainda mais confuso. De acordo com Zara, Airon havia matado todas aquelas crianças. - Eles não acordaram mais. – Continuou Airon. - Mas não morreram. Eles ainda respiravam e as vezes falavam dormindo. Eu não sei bem o que fiz naquele dia, mas depois daquilo eu precisava entender aquilo. Precisava entender aquela habilidade! - Parecia mais impressionado com aquela história do que deveria.

Está louco... Pensava Gumo.

– E eu não tinha nada a perder. – Disse mais baixo. - Passei um ano fazendo experiências...

– Em crianças. – Completou Gumo julgando o rapaz.

– Gumo, deixe-me contar. – Disse um pouco chateado o dobrador de fogo. - Eu fiz experiências, muitas terminaram exatamente igual aos três primeiros mas então eu entendi. Com o Fogo eu posso queimar as ligações deles. Nos neurônios das pessoas têm descargas de energia, e eu posso manipular, posso pará-las, posso aumenta-las! Com as experiências eu aprendi a atingir certos neurônios que tem certas funções. – A conversa parecia assustar Gumo cada vez mais. O dobrador de água se afastava um pouco de Airon. Era tudo muita loucura, mas a pior parte era que... fazia sentido.

– Eu consegui criar a dobra, Gumo! – Exclamou orgulhoso de si, impressionando ainda mais o colega. - Eu peguei uma menina que não era dobradora, Vianna, eu dei a dobra para ela! Nunca repeti aquilo, tentei, mas não consegui. Vianna era minha obra prima! – Contava-lhe encantado. - Mas eles a pegaram. Eles a levaram...

Um grande silencio se fez, e Gumo não tinha palavras para expressar seu medo e sua incredulidade.

– Eles levaram todos... – Disse Airon abaixando a cabeça. Só então Gumo entendia o que havia acontecido. - Disseram que se eu levasse o peixe eles me devolveriam Vianna. E quando Zara me pegou naquele dia, tudo o que eu queria era levar o peixe para recuperar Vianna, mas Zara me disse coisas. Ela me explicou... – Sussurrava perdido em seus pensamentos, embargado em suas próprias lembranças.

Ele é só um louco que não sabe controlar o poder que tem. Concluiu Gumo mentalmente.

– Eu a amo tanto... – Sussurrou com sofrimento incomensurável na voz. - Não podia deixa-la saber.

– Airon, o que fizeram com as crianças? – Perguntou Gumo. Precisava ouvir tudo da boca dele.

– As crianças... – Sussurrou com um sorriso insano e triste no rosto. - Elas são lindas, não é? São perfeitas...

– Airon! – repreendeu Gumo. – Você as matou? – Perguntou impaciente.

– Eles levaram todas elas junto com Vianna. – Disse. - Eles descobriram a minha pesquisa, mas não me pegaram. Eles se interessaram por coisas maiores, mas eu não queria, eu fugi. Eu queria estar com Zara. – Dizia atrapalhando-se em suas próprias palavras. - Eu a amo. – Concluiu.

Gumo já não sabia o que pensar.

– O que vai fazer agora? – Perguntou o dobrador de água, depois de longos minutos de silencio.

– Eu vou esperar. – Sussurrou com um sorriso fraco e triste. O sangue que escorria de sua boca tornava a cena ainda mais deplorável. – Avalon vai vir me pegar e me levar ao meu tio. – Dizia encantado com suas próprias palavras. – Meu tio vai me aceitar, ele me ama. Ele amava minha mãe, eram muito amigos. – Falou já delirando.

Gumo sabia que o Senhor do Fogo Zuko jamais o aceitaria se soubesse das coisas que ele fez.

– Airon, por quê o seu irmão te odeia? – Perguntou Gumo.

– Ah, essa é fácil. Eu nasci dobrador, ele não. – Sussurrou e fechou os olhos, talvez desmaiado, talvez dormindo.

Gumo levou as mãos à testa, apertando as laterais de sua cabeça para tentar deglutir tudo o que havia visto, ouvido e descoberto. Por um instante, desejou que pudesse ser um curador, como Zara era, assim poderia curar os ferimentos de Airon.

Nunca recebi tanta informação num dia só, desde a minha ultima prova de história... Pensou casualmente.

Por pior que pudesse parece a situação, para Gumo tudo se resolveria fácil, afinal, já sabia por que os dobradores estavam sumindo, os desaparecimentos haviam acabado, afinal. Demoraria um pouco para que os dobradores nascessem, afinal, estavam em sua maioria mortos, mas eles nasceriam, sem dúvidas. Assim como os Nômades do Ar nasceram.

O que ainda o assustava era a capacidade de Airon.

“Nos neurônios das pessoas têm descargas de energia, e eu posso manipular, posso pará-las, posso aumenta-las! Com as experiências eu aprendi a atingir certos neurônios que tem certas funções.” Lembrava-se da voz de Airon.

Manipular os neurônios das pessoas, criar dobra! Parecia tudo impossível demais.

Não importa o quão obcecado ele seja por essa tal Vianna, eu não acredito que ele pôde criar a dobra de fogo. Pensou Gumo, sendo sincero consigo mesmo.

Criar a dobra era uma habilidade impossível até mesmo para o Avatar! Mas retirar a dobra de alguém... É o que Zara deveria fazer com ele. Pensou Gumo mergulhando no mundo dos sonhos.

Estava cansado demais.


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