Avatar: A Lenda de Zara - Livro 3: Fogo escrita por Evangeline
Airon lutava com cerca de sete homens, todos armados e adultos. O dobrador de fogo lidava com todos eles com certa dificuldade, mas a dobra de fogo lhe ajudava sem sombra de dúvidas. O fogo de Airon era azul, o que impressionava Gumo.
– Vamos, Airon, deixe de ser tão resistente! – Gritava alguém atrás de todos os homens que lutavam com Airon. Pela voz, não parecia ser alguém muito mais velho.
– Eu não pretendo morrer assim. – Disse Airon com dificuldade, entre as defesas das cortadas de espadas e os jatos de fogo.
A voz do outro lado gargalhou alto.
– Então fazemos o seguinte... – Começou a propor o outro, e logo os sete que atacavam Airon se afastaram, deixando Gumo ver quem era que falava com o dobrador de fogo. - ...você se entrega e eu não as mato. – Disse casualmente.
O outro rapaz começava a caminhar na direção de Airon, que permanecia firme em seu lugar. E quanto mas se aproximava, mais Gumo arregalava os olhos.
Era um garoto com roupas nobres da Nação do Fogo, e se Gumo não estivesse vendo Airon na sua frente, poderia jurar que era ele.
– Elas? – Perguntou Airon desentendido e furioso, fazendo o outro rir.
– Sim... A sua queridinha pupila, e a sua mais nova namoradinha. – Disse o rapaz. Zara! Pensou Gumo sem gostar nenhum pouco de acertar tão rápido quem seria a “namoradinha”.
Airon tinha ódio nos olhos ao fitar o outro rapaz.
– Não se atreva. – Falou ameaçadoramente. O outro fez uma careta de desgosto e estalou os dedos. Logo dois homens agarraram os braços de Airon com força tamanha que não importava o quanto ele tentasse sair, não conseguia.
– Eu me atrevo ao que eu quiser. – Sussurrou o outro, em seguida dando uma joelhada no estômago de Airon. Assim que se recuperou do golpe, o dobrador de fogo soltou um jato de chamas azuis pela boca acertando bem o rosto do outro.
Até mesmo Gumo se encolheu quando ouviu o grito do rapaz, cuja voz era muito parecida com a de Airon.
Ele levou as mãos ao rosto e virou-se de costas, para depois de um tempo virar-se com uma risada sombria e tirando as mãos do rosto. Uma queimadura havia deixado seu rosto inteiro em carne viva.
A risada parecia assustar a todos ali.
– Isso é jeito de tratar teu irmão? – Falou com uma voz baixa e assustadora. – Ah, esqueci, você não tem dó de ninguém. – Disse irônico fazendo Airon se encolher. – Tudo pela ciência! – Gritou chutando o mais uma vez.
O irmão de Airon o agrediu muito mais. Chutava-lhe o rosto e o peito, deixando o rapaz tonto e sem ar. Gumo encolhia-se a cada vez que um golpe era dado em seu antigo colega.
– Eu já sei o que fazer! – Dizia enquanto espancava o próprio irmão. – Vou trazer suas duas queridinhas para te verem assim! – Ria de si mesmo. – Depois eu mato as duas, na sua frente! – Gritou com ódio na voz.
– Não... – Sussurrava Airon. – Não encoste nelas... – Dizia com tamanha dificuldade, graças a falta de ar e as dores.
Uma risada foi ouvida mais uma vez.
– Como você é ridículo! Nem consegue escolher só uma delas! – Gritou mais uma vez. – Tenho vergonha de ter o seu sangue, seu verme! – Berrou mais uma vez, enquanto o batia cada vez mais.
Gumo parecia acumular mais e mais raiva daquele suposto irmão de Airon. Para o menino, ninguém deveria fazer aquilo com sua própria família! Deveria valorizar o que tem, e não sentir vergonha.
Lembrou-se de sua pequena Lyn e franziu o cenho determinadamente enquanto pensava em algo para libertar Airon dali.
Foi quando ouviu um som atrás de si. Olhou rapidamente e suspirou aliviado ao encontrar Sozen.
O animal entrou na clareira onde estavam Airon, seu irmão e todos os outros. Olharam para o animal com curiosidade e medo. Mas acima de tudo, pareciam admirados.
Sozen parou diante do irmão de Airon, sem sequer olhar para o garoto ferido.
– Tigre-Leão. – Cumprimentou o irmão, ajoelhando-se diante de Sozen que já estava na altura do quadril do rapaz. – É uma honra estar vivo para ver um dos seus. – Disse completamente submisso à Sozen, que apenas permanecia parada diante dele.
De acordo com a tradição, O Tigre-Leão só se curva diante do merecido. A sabedoria de um desses animais é comparável à dos Tartarugas-Leões. Então Sozen virou-se e parou diante de Airon.
O irmão sinalizou para que os dois soldados o soltassem, e Airon caiu no chão, deitado e de mau jeito. Parecia um real verme, ferido e acabado.
– Olá, Sozen. – Sussurrou para o animal. Sozen pôs a pata na testa de Airon e ficou naquela posição por algum tempo, para então aproximar seu rosto ao do garoto e abrir a boca brevemente, soltando seu hálito neutro no rosto dele.
– Avalon e Airon, Filhos de Gorion e de Azana, a Bastarda de Ozai. – Disse Sozen, deixando todos os presentes boquiabertos. – O Avatar perdoa os sinceros. – Finalizou sua fala e soltou mais de seu hálito quente no rosto do outro irmão, para então virar-se de volta a Airon e curvar-se a ele.
Avalon levantou-se estupefato e deu alguns passos para trás. Não podia acreditar no que vira e ouvira. Tinha a expressão decepcionada e raivosa no rosto recentemente queimado.
– Avalon... – Sussurrou Airon, ainda caído no chão de maneira degradante. – Fique... Eu posso ajudar... – Disse com muita dificuldade.
Sozen retirou-se da clareira tão elegantemente quanto havia entrado, e os homens iam embora aos poucos deixando os irmãos sozinhos.
Agora com o rosto queimado, Avalon nada parecia com Airon.
Ele olhou para Airon com nojo estampado no rosto.
– Quem precisa de ajuda é você. – Falou antes de cuspir na frente do irmão e voltou para seu navio, para então ir embora deixando Airon sozinho caído no chão.
Sangue saía de seu nariz e de sua boca. Hematomas e cortes por seu corpo, seu rosto ferido e a expressão fraca. Estava quase desmaiado. Em sua roupa, um rasgão que descia do ombro direito até o centro de seu peito, e outros furos menores graças a ponta do sapato de seu próprio irmão.
Gumo olhava para Airon sem saber o que fazer. Achava que ele estava desmaiado, e sabia que tinha que tomar uma atitude.
Aproximou-se de Airon devagar e tirou seu próprio casaco para enrolá-lo. A noite já havia caído, e clima estava frio para o dobrador de fogo, mas não para Gumo que vivera no Polo Norte.
– Gumo... – Sussurrou Airon com muita dificuldade. – Gumo, eu fiz coisas horríveis. – Continuou dizendo.
– É melhor descansar, você não me deve satisfações. – Disse o dobrador de água, e um sorriso triste apareceu no rosto de Airon.
– Não... Ele vão me pegar, sei que vão. – Murmurava Airon, e logo Gumo deixou que falasse o que quisesse, era um direito dele. – Gumo... depois que eu a conheci, tudo mudou... Eu não... EU não pedi para nascer assim... – Dizia com dificuldade.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!