O Sangue do Olimpo escrita por Belona


Capítulo 8
Hazel


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora!!! Tinha vários capítulos para escrever... Mas finalmente esse aqui saiu. =)



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Hades começou a andar em direção às escadas. O segui, e logo Perséfone estava atrás de mim.

Entramos naquele corredor lado a lado, e eu observei tudo ao redor. As paredes chegavam a brilhar de tão limpas, e eram brancas como a neve. Existiam algumas portas, mas estavam fechadas. Passamos por algumas mesinhas de decoração, com vasos de barro cheios de terra. Perséfone agitou a mão e lindos lírios brancos surgiram nelas.

– A aura morta deste maldito palácio acaba com minhas flores. – Ela resmungou.

– É só você plantá-las todos os dias – Hades deu de ombros.

– Há! Tenho coisas mais importantes a fazer. Tipo ajudar minha mãe nas colheitas dela. Agora, no Verão, ela está fora, graças a Zeus! Mas meu trabalho se torna mais divertido nesta época.

Hades parou e a encarou.

– Trabalho mais divertido... Tipo... Caçar amantes?

Perséfone revirou os olhos e estendeu a mão. Nela, apareceu uma gorda romã. Os dois riram e continuaram.

No fim do corredor comprido havia uma porta. Quer dizer, duas, daquelas que se abre para dentro. Elas estavam escancaradas, e no recinto eu podia ver uma mesa enorme, com três tronos na ponta e várias cadeiras ao lado.

Fui orientada a sentar. Não havia muito que se pudesse notar, era um grande salão de uma cor estranha. Sentei em uma daquelas cadeiras simples. Hades sentou no trono maior, Perséfone a sua direita.

Meu pai bateu palmas e bradou:

– Que o jantar comece!

Imediatamente, as cadeiras se encheram de gente. De verdade. Ao meu lado apareceu uma garota pálida, magra e com um vestido branco.

– Oi – disse, apenas porque ela parecia confusa.

– Olá – ela respondeu. – Onde estamos?

– No... Mundo Inferior?

Ela me encarou.

– O que é isso?

– Ah, depois irão explicar para ela. A maioria vê meu reino como quer ver. – Hades disse, despreocupado.

– De onde você é? – Perguntei.

– Alemanha.

Levantei as sobrancelhas.

– Como morreu?

– Morri? – Ela parecia espantada, depois relaxou – Estava na Segunda Guerra Mundial...

– Segunda Guerra? – Foi minha vez de exclamar.

– O jantar não conta apenas com recém-mortos. – Perséfone disse, colocando um pedaço de pimenta na boca. – Coma, Hazel.

Olhei para meu prato. Estava cheio de pimentões, pimentas, alho, cebola, aspargos e um grande pedaço de frango coberto com um molho de ervas. Iria dizer que já tinha jantado, mas me descobri morrendo de fome. Hesitante, peguei um pedaço de pimenta e mastiguei. Surpreendentemente, me encontrei com mais fome ainda e com mais vontade de comer pimenta. Era suculenta e pareceu explodir em minha boca. Mas era deliciosa.

Os outros convidados estavam perfeitamente arrumados. Muitos com uniformes do exército, espadas na cintura, arcos nas costas, lanças apoiadas nas cadeiras. Comiam como se estivessem entre amigos, riam tanto que suas cadeiras chegavam a deslizar para trás. Havia também mulheres. Algumas de vestidos longos e bufantes, outras de roupas normais. Algumas com lenços na cabeça, outras no completo estilo.

Diverti-me, ouvindo as piadas que contavam, as incríveis histórias que tinham vivido, os detalhes e os problemas de suas famílias. Pareciam estar mais vivos do que muitos que realmente viviam.

Olhei para meu prato vazio. Havia tido muita comida ali, mas eu a devorara toda e ainda não me sentia satisfeita. Olhei para o cálice acima do prato. Peguei-o com hesitação e olhei seu conteúdo. Era grosso e vermelho escuro.

Perséfone e Hades me observavam.

– Beba. – Hades ordenou.

Voltei a olhar para o líquido, me perguntando o que era, mas acho que já sabia resposta. Lentamente, levei o cálice aos lábios e deixei que o líquido inundasse minha boca. Demorei a engolir, ainda tentando descobrir o sabor, mas assim que o fiz, pareceu que tinha engolido um pedaço extragrande de ambrósia. Aquilo desceu por minha garganta, queimando, e assentou em meu estômago. Imediatamente, pareceu que eu tinha nascido de novo. As preocupações em minha cabeça abrandaram, aliviando meu cérebro. Toda a tensão foi em bora, e meu corpo pareceu relaxar.

– Quando fiz isso com Nico, ele não quis retornar ao mundo mortal por duas semanas. – Hades riu.

– É... Sangue? – Perguntei.

Ele deu de ombros.

– Só se você considerar como sangue. Entenda, Hazel, que te mostrei como você também tem uma fonte de energia. Dê um choque em Jason Grace, e verá como ele se levanta rapidinho. Ponha fogo no Valdez, e verá um espetáculo. Dê um copo de água para o Jackson, e verá como se faz uma verdadeira tempestade em copo d’água. Dê um copo de sangue a você, e veremos seu desempenho na batalha.

Assenti, ainda me sentindo completamente bem.

– Não me trouxe aqui só para isso, não é? – Perguntei.

– Não, não. Trouxe porque quero que veja ela. – Ele indicou o trono ao seu lado, e uma mulher de vestido preto e cabelo louro, preso em um rabo de cavalo grego, apareceu.

– Hécate... – Murmurei.

– Olá, Hazel.

Fiquei de olhos semicerrados, encarando-a.

– Pensei que os deuses não pudessem adentrar no território um do outro.

– Os menores podem. – Hécate justificou, pegando uma pimenta.

– Então vou receber um curso de treinamento intensivo sobre como ser uma filha de Plu... Hades?

– Vai receber um curso de treinamento intensivo sobre como ser uma filha de Hades/Plutão, com a bênção de Hécate e com direito a estadia no palácio de seu pai durante o tempo necessário. – Hades disse.

Huuuuuuum.

– Mas... Tenho apenas duas semanas até que Gaia acorde. – Falei, escolhendo as palavras com cuidado – Hum, acho que meus amigos precisam de minha ajuda, hã, ou colaboração.

Os três olharam para mim.

– Ela não sabe – Perséfone juntou as mãos.

– Mas nem nós sabemos direito. Era para sentir orgulho? – Hades perguntou.

– Bom, os filhos são de vocês – Hécate disse.

– Você também tem! – Perséfone retrucou.

– Esperem! – Pedi. Percebi que a mesa estava vazia novamente, todos os convidados haviam se “retirado”. – Como assim, eu não sei? Não sei mesmo! Quero saber!

– Não podemos contar a você. –Perséfone lamentou. – É muito complicado. Nem sabemos direito como funciona.

– Ah, que ótimo – comprimi os lábios.

Hécate me observava.

– Vá dormir, Hazel, então amanhã começaremos o seu intensivo. Acho que vamos nos dar muito bem.

Então um cheiro fétido povoou a mesa.

– Ah, deuses... – Hades abanou o ar a sua frente. – O que foi isso?

Então ocorreu dois guinchos, e eu estremeci. Conhecia aquele som muito bem. E o cheiro também. Cheiro de peido.

Saltando pela mesa estava Gale, a doninha.


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Notas finais do capítulo

Deixem comentários... Sempre fico feliz =)