O Sangue do Olimpo escrita por Belona


Capítulo 9
Frank


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora! Tive uns trabalhos da escola pra fazer, aí quase não tive tempo de escrever uma palavra. Espero que a leitura compense a demora =)



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Ficar de guarda foi uma escolha, e não muito boa.

Não me entenda mal, mas o caso é que eu odeio fogo, sinto medo dele, por mais que seja duro admitir. Eu sei que não estou com a madeira, Hazel está com ela, mas mesmo assim... Parece que eu sou um toco de madeira que pode queimar de repente e acabar com minha vida, não que seja uma coisa abominável e que aja concordância em alguma dessas coisas.

Observei o vulcão entrar em erupção. Lá longe, quatro pessoas estavam na praia. Faltava um, mas eu não sabia dizer quem era. O problema maior não era bem esse.

Havia surgido uma árvore no convés. Era grande, de tronco grosso e marrom. As folhas eram verde-vivas. Não sei como, fiquei hipnotizado por ela e só lembrei muito tempo depois do que estava fazendo e de onde estava. Desde então, recusava olhar para trás.

A água tinha se tornado negra. A ilha tinha morrido, e eles ainda estavam lá. Vi as árvores morrerem, uma a uma, a partir do vulcão. Era uma questão de segundos até que atingisse a praia.

Pensei em me transformar em algo voador, mas no momento em que me precipitei para agir, vi os quatro se elevarem no ar. Depois, vieram como uma bala para o navio, e tive que me abaixar para não ser atingido.

Eles rolaram pelo convés até bater na amurada. Imaginei que era estúpido perguntar se estavam bem, então o que fiz foi ficar parado, esperando-os se recuperar. A distância da ilha era grande o suficiente para não haver a preocupação de zarpar logo, com medo de que a morte que ela emanava chegasse até nós.

– Leo – falei. – Onde está Leo?

– Droga – Jason disse, enquanto apoiava a cabeça nos cotovelos. Ele estava pálido.

– Foi você quem trouxe a gente pra cá, não foi? – Annabeth perguntou.

– Foi... Mas esqueci de Leo.

– Você não esqueceu de Leo – Piper disse, se levantando. – Ele simplesmente não estava lá. Além disso, é imune ao fogo. Provável tenha conseguido alcançar o topo do vulcão...

– Se não tiver esbarrado em uma árvore. – Percy completou.

– Ah, malditas árvores! – Jason disse, batendo o pó das calças. – Vocês encontraram alguma?

– Encontramos – os outros três estremeceram.

– Frank, você devia ter visto. Eram altas...

– De tronco grosso e com folhas verdes, que te deixa hipnotizado? – Interroguei. – É eu vi.

– Como você sabe? – Annabeth estreitou os olhos e se levantou. – Frank, como você viu?

– Elas eram iguais àquela ali, não eram? – Apontei para trás com o polegar.

Eles olharam, chocados, para a grande árvore no convés.

– A minha não era daquele jeito – Piper disse.

– A minha também não – Jason confirmou.

– Nenhuma era igual às outras – Annabeth disse. – Frank, como você conseguiu parar de olhar para ela?

– Apenas me virei – dei de ombros. Eles me olharam como se eu fosse de outro planeta. – Ei! Não tenho culpa se...

– Ah, desculpe – Annabeth disse. – É que essa ilha é muito... Muito...

– Persuasiva? – Piper arriscou.

– É... Pode ser. Tive que cortar o tronco ao meio e derruba-la. – Annabeth revelou. – E como vocês conseguiram sair?

– Invoquei um relâmpago – Jason disse casualmente.

– Acho que o poder persuasivo da árvore teve que competir com o meu – Piper disse com uma cara de quem achava isso muito estranho.

– Tampei o nariz – Percy contou.

– Estranho – Annabeth estava com a testa franzida. – Acho que lá a hipnose é mais forte do que aqui...

– Tanto é que conseguimos olhar para a árvore e desviar os olhos com facilidade? – Perguntei.

– Acho que sim – Piper respondeu. – Mas essa árvore é de Frank, não é?

– Acho que não – Jason opinou. – Se nossas árvores são uma diferente das outras, não deveríamos ver essa de modo igual, mesmo que seja a de Frank.

– Está dizendo que essa é uma árvore dos sete? – Percy parecia estar tentando engolir a ideia.

– Hum, não posso afirmar – Jason disse. – Mas não concorda?

– Há possibilidade. – Percy confirmou. – Quem se habilita?

– Acho que eu vou – Disse.

– Que os deuses te acompanhem – Piper levantou as mãos.

Aproximei-me devagar, um passo de cada vez. Então parei abruptamente e me virei.

– Droga, mas e o Leo?

– Estão tentando nos separar – Annabeth batia o pé. – E estão conseguindo.

– Droga, droga, droga... – Piper colocou as mãos no rosto e se apoiou na amurada.

– Devemos voltar? – Percy perguntou.

– Acho melhor não – Falei. – O vulcão ainda está ativo.

Olhamos para a grande torrente de fumaça que subia pelo céu.

– Vejam pelo lado bom – Jason disse. – É fogo.

– Veja pelo lado ruim. – Percy retrucou – Deixamos o Leo.

– Eu não tive culpa – Faíscas saíram das mãos de Jason.

– Não disse que você é culpado – Percy respondeu. – Só disse que Leo ficou na ilha. Ou está entre a vegetação morta e, muito provavelmente, morto, ou está naquele vulcão.

– Optemos por ele estar no vulcão – Interrompi. – Agora vamos à árvore.

Sem cerimônia, me aproximei dela e a olhei fixamente. Nada aconteceu. Coloquei a mão em seu tronco, mas nada mudou. Voltei a me afastar.

– Bom, acho que se tivéssemos um filho de Ceres aqui seria bom – Falei.

Então a árvore mudou. Estalou, como se estivesse envergando (e estava mesmo). Envergou tanto que se quebrou ao meio.

– Uau – Piper deu um passo para trás. – Isso foi muito estranho.

Um blunch inesperado fez com que todos nós déssemos um pulo. Uma mulher com um vestido longo, cor de creme, acomodado por um cinto de couro surgiu. Ela tinha cabelos chocolate descendo pelas costas e um olhar louco.

– Em falar em Ceres, olhe quem apareceu – Ela abriu os braços.

Ficamos quietos, observando-a. Piper e Jason estavam do meu lado esquerdo e Percy e Annabeth do direito. Percy inclinou-se para frente, até o ouvido da namorada e sussurrou:

Devo chamá-la de Ceres ou Deméter?

Annabeth sussurrou em resposta:

Chame-a...

– Como quiser – Ceres interrompeu, sorrindo. Seus olhos eram cor de aveia.

– Como quiser o que? – Piper perguntou. O sussurro tinha sido quase inaudível, e eu tinha escutado por ter meus ouvidos de buldogue, tigre, leão, gato...

– Chamem-me como quiserem – Ela explicou com paciência. Atrás dela, a ilha voltou a viver. – Sou Deméter e Ceres ao mesmo tempo.

Quase engasguei.

– Como?

– Ah, Zhang, você ouviu – Ela abanou a mão. – Os deuses enfim conseguiram essa proeza.

– Como conseguiram essa proeza? – Jason perguntou.

– Hum, certos... Favores – talvez imperceptivelmente, ela olhou para Annabeth, mas acho que fui o único a perceber, e ela desviou o olhar rapidamente e voltou a sorrir. – Enfim, isso não importa. Importa é que eu estou aqui.

– Hum, Deméter... – Annabeth hesitou – Com todo o respeito e gentileza o possível, por que está aqui?

– Espero que não seja para levar mais alguém – Percy resmungou baixinho.

– Ora, estou preparando-os para a batalha. É por isso que todos vocês estão... – Ela percebeu que tinha falado demais e cobriu a boca com as mãos.

– Sumindo? – Completei. – Alguém mais vai sumir?

Ela sacudiu a cabeça.

– Não...

Os cinco suspiraram de alívio.

–... Sei – Ela completou e a tensão voltou. – Mas não importa. Eu vim apenas para um pequeno recado.

Aguardamos em silêncio.

– Vocês sabem que agora os gigantes estão de volta – Ela mexia as mãos metodicamente enquanto falava. O olhar agora era cheio de preocupação – E Gaia está se levantando. Todos sabem disso...

Eu sentia que ela estava tentando adiar alguma coisa. Se fosse algo a ver com Hazel...

– Mas agora, às vésperas das Calendas de Agosto, ela está ficando cada vez mais forte e... – Ceres fechou os olhos com força – Ela ganhou uma forma física.

Se ela esperava algum ataque histérico da nossa parte, ficou decepcionada. Ela abriu os olhos.

– Não estão preocupados?

Annabeth engoliu em seco.

– Que tipo de forma ela tomou?

– Uma mulher. – Ceres disse, ainda meio desapontada. – Jovem e bonita. Cabelos compridos e cor de terra.

– Igual àquela que vemos em nossos sonhos? – Jason perguntou pesarosamente.

– Sim, igual à que vocês veem em seus sonhos – Ela suspirou e se encostou na amurada.

– Mas isso não é ruim – Falei. – Se conseguirmos matá-la... – A palavra saiu rouca de minha garganta. – Essa é a melhor forma.

A deusa sorriu triste. As coisas estavam acontecendo tão rápidas, com deuses vindo e indo, aparições, ilhas e vulcões... Mas eu me sentia no calor da guerra. Eu era filho de Marte, descendente de Poseidon. Parecia que eu podia sentir os dedos da batalha me envolvendo e me puxando para dentro dela. Não sabia por que aquele pensamento tinha vindo justo naquele momento, ou por que eu sentia isso. Mas agora não havia cerimônia, não havia surpresas, apenas fatos. Ela era Deméter e Ceres ao mesmo tempo, acredite quem quiser. Gaia está levantando, salve-se quem puder. Os sete iriam tentar salvar o mundo. Essa ideia era meio tosca, mas era um fato e, como eu disse, era incontestável. Ah, mais um fato: provavelmente iremos morrer tentando.

– Matá-la... – Ceres pronunciou a palavra tristemente. Eu tinha a impressão de que ela estava assustada. – Talvez seja o melhor jeito... Mas o mais perigoso também. Suponhamos que a forma física dela é um semideus. E ela, a Gaia completa, é um deus. E como semideus, ela é tão forte como um... Filho de Júpiter.

Jason não conteve um dar de ombros.

– Mas as coisas não param por aí – Ela continuou, tocando na árvore. – Não acreditem em seus olhos, muito menos em seus ouvidos. Ignorem as troças da mente, ouçam apenas o coração.

O que ela falou foi tão breve, mas ao mesmo tempo tão aterrador que prendi a respiração, com medo de que o ar fosse alguma estratégia para matar semideuses.

– Muita coisa está para acontecer – Ela nos encarou. – E isso inclui a batalha final.

– Vocês estarão lá, não estarão? – Piper perguntou. – Os deuses.

Ceres mordeu o lábio.

– Não sei... Os deuses estão se guardando em seus domínios. Por isso vocês estão sendo levados. Manter-se na forma unificada é trabalhoso, exige força. Se vacilarmos em uma batalha, não existirá lado amigo ou inimigo.

O silêncio era como veneno.

– Mas não se preocupem – Ceres disse. – Vocês são os sete heróis do Olimpo. Nunca se esqueçam disso. – Ela bateu na árvore, e deusa e árvore sumiram sem barulho. A ilha estalou e morreu.

– Nada como boas notícias – Reclamei.

– Boas notícias dão fome – Piper disse. – Vamos, pessoal. Se formos para ver a linda Gaia, vamos com o estômago cheio. Talvez lhe dê mais trabalho – Ela troçou, mas todos a seguiram. Estávamos fazendo de tudo para retardá-la.


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Notas finais do capítulo

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